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UMA VIVÊNCIA NO CONTEXTO ESCOLAR CONTRIBUIÇÕES NA FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA

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Academic year: 2021

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UMA VIVÊNCIA NO CONTEXTO ESCOLAR – CONTRIBUIÇÕES NA FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA

GT 06 – Formação de professores de matemática: práticas, saberes e desenvolvimento profissional

Tarciane Fátima Muller, UNIJUÍ, tarci-muller@hotmail.com Isabel Koltermann Battisti, UNIJUÍ, isabel.battisti@unijui.edu.br

Resumo: O presente texto se constitui a partir do relato de uma experiência vivenciada em uma turma da 8ª série do Ensino Fundamental de uma Escola Pública. Os resultados evidenciaram que a utilização de uma situação problematizadora para se iniciar algum assunto instiga os alunos a quererem aprender, dessa forma os educandos passam a participar da aula e interagir uns com os outros e com o professor. Esse método nos mostra que quando o docente busca melhorar sua aula trazendo novos métodos de ensino/aprendizagem, ele viabiliza aos seus alunos uma nova visão do que é o ensino da matemática.

Palavras-chave: Resolução de problemas; Ensino da Matemática; Professor.

Introdução

No Curso de Matemática Licenciatura trabalha-se com as disciplinas de práticas de ensino, as teóricas que tratam de conceitos específicos de matemática entre outras de formação geral, que são um amplo espaço para os acadêmicos conversarem, trocarem idéias, experiências, planejarem suas aulas, analisarem os Documentos Oficiais, e assim discutirem quais são as melhores formas de se apresentar algum assunto, enfim, é o local onde todos os acadêmicos iniciam sua jornada para serem professores.

A ação na escola, relatada neste artigo foi desenvolvida no componente curricular de Prática de Ensino IV: Matemática no Ensino Médio, durante o 4º semestre do curso de Matemática Licenciatura, com uma turma do Ensino Fundamental. Teve por objetivo contribuir na formação profissional do acadêmico, e prepará-lo para as disciplinas de estágio, auxiliando dessa forma o planejamento das aulas, a vivência entre o professor, o aluno e a escola, para que ele conheça os desafios, as dificuldades, e as oportunidades

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dessa vivência que se estabelece na escola. A ação foi realizada numa turma da 8ª série, na Escola Estadual de Educação Básica Leopoldo Ost, de Santo Cristo/RS.

Para apresentar o conteúdo aos educandos, utilizei alguns problemas desafiadores. Com isso as aulas se tornam mais interessantes e produtivas. Pois a partir dos problemas os alunos desenvolvem o raciocínio, a criatividade, a autonomia, eles se tornam mais ativos nas aulas, começam a pensar, refletir e dialogar sobre o que estão fazendo, procurando assim, encontrar a solução do problema. Dessa maneira, o docente consegue fazer com que os educandos prestem mais atenção nas aulas, sendo assim, uma aula mais produtiva e significativa para eles. Segundo o livro PCN, a exploração dos problemas é indicada como ponto de partida da atividade matemática:

[...] Os parâmetros destacam que a Matemática está presente na vida de todas as pessoas, em situações em que é preciso, por exemplo, quantificar, calcular, localizar um objeto no espaço, ler gráficos e mapas, fazer previsões. Mostram que é fundamental superar a aprendizagem centrada em procedimentos mecânicos, indicando a resolução de problemas como ponto de partida da atividade matemática a ser desenvolvida em sala de aula. (BRASIL, 1998, pág. 59)

Uma vivência no contexto escolar

No primeiro encontro, após uma breve apresentação, percebi que a classe era muito diversificada, na turma havia alunos de 14 a 16 anos, uns eram da cidade outros do interior. Alguns eram mais tímidos, outros mais soltos e outros mais animados. Alguns tinham um padrão de vida médio, e outros, com padrão de vida baixo. Percebi também que eles me respeitavam, como se eu fosse uma nova professora para eles.

Depois dessa apresentação, iniciei os estudos envolvendo a Trigonometria no Triângulo Retângulo, apresentando aos educandos uma situação-problema, onde instigava os alunos a pensarem, refletirem, dialogarem e raciocinarem, e com a minha ajuda conseguirem resolver o referido problema.

O Quadro um apresenta um dos problemas trabalhado com os alunos durante os encontros.

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Quadro 1: Problema um apresentado aos alunos Fonte: Andrini (2002, p. 209).

Para resolver esse problema, primeiro os alunos construíram a figura ilustrando os dados do problema, facilitando a compreensão do mesmo. E em seguida, os educandos calcularam o valor do seno de 40° que não estava especificado no enunciado da questão. Para isso, eles utilizaram o método da semelhança entre os triângulos. E após calcularem o valor do seno, os alunos calcularam a distância que o pé da escapa precisaria ficar da parede.

Percebi nesse momento, que eles não eram acostumados a terem que buscar achar a solução do problema, pois eles muitas vezes durante essa atividade me pediam para resolvê-la para eles, pois eles não sabiam como fazê-la. Mas mesmo assim, busquei sempre entusiasmá-los para buscarem a solução, dizendo que a dificuldade deles não estava no problema, pois ele era muito fácil, mas na falta de atenção durante a sua leitura e na pouca motivação em buscar resolvê-lo. Assim aos poucos, eles foram se interessando, me chamando para tirar suas dúvidas, me questionando sobre por que fazer dessa forma, e assim eles iniciavam a compreensão do mesmo.

Quadro 2: Problema dois apresentado aos alunos Fonte: Andrini (2002, p. 206)

1.Uma escada medindo 3 m precisa fazer um ângulo de 40° com a parede para que não escorregue. A que distância o pé da escada precisa ficar da parede, para que a escada permaneça parada?

2. Uma madeireira doará pranchas para construir uma rampa com plataforma que será usada numa apresentação de manobras com mountain bike no clube do bairro. Assim:

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Nesse problema, os alunos também tiveram que calcular o valor do seno de 37°, através da semelhança entre triângulos.

Esses exemplos foram retirados do banco de questões do livro Novo Praticando a Matemática (2002), nos quais podemos observar que o aluno precisa ter a habilidade de interpretar, raciocinar, bem como os conhecimentos matemáticos necessários para a sua resolução.

Percebi durante as aulas que os educandos estavam acostumados a receber tudo pronto sem precisar pensar, raciocinar ou tentar buscar resolver alguma questão. Eles tinham muita dificuldade em interpretar o problema, não sabiam como poderiam fazer a figura com o que o problema estava propondo. Alguns conseguiam desenhar a figura e buscar a solução do problema, outros tentavam e quando não conseguiam chamavam-me, e outros não estavam muito interessados em fazer o que eu estava propondo.

Também notei que o aprendizado era muito relativo, alguns tinham mais facilidade em compreender o conteúdo e outros possuíam mais dificuldade nesse aspecto. Mas com paciência consegui contornar essas dificuldades, e mostrar a eles que não era tão difícil compreender o que eu estava apresentando a eles.

E no final vi que vale a pena sim investir em uma aula mais produtiva, interessante e reveladora, e que quando o professor busca novas maneiras de ensinar a matemática, ele consegue atrair a atenção, o interesse dos educandos pelas suas aulas. E um importante elemento no processo de ensinar e aprender é a participação dos alunos durante a aula.

Análise reflexiva

Os conceitos foram introduzidos com a resolução de problemas desafiadores, isto é, primeiro apresentei uma situação-problema, que instigava os alunos a buscar achar essa solução. Essa situação serviu-me como ponto de partida para iniciar os estudos, conforme está descrito no PCN de Matemática:

[...] a situação-problema é o ponto de partida da atividade matemática e não a definição. No processo de ensino e aprendizagem, conceitos, idéias e métodos matemáticos devem ser abordados mediante a exploração de

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problemas, ou seja, de situações em que os alunos precisem desenvolver algum tipo de estratégia para resolvê-las. (BRASIL, 1998, pág. 40)

A resolução de problemas desenvolve nos alunos a criatividade, a autonomia, o interesse, a participação, a atenção, o raciocínio, o diálogo, a reflexão e a capacidade de resolver tais problemas. Essa interação dos alunos uns com os outros favorece a busca de soluções para os problemas, o respeito que eles possuem com o modo de pensar de seus colegas e isso faz com que uns aprendam com os outros.

Após essa discussão, foi então que formalizei os conceitos empregados, de forma que o aluno compreendesse esses assuntos. Isso facilitou a aprendizagem dos alunos e tornou a aula interessante, pois dessa forma, eles mesmos construíram seu conhecimento a partir da compreensão do problema proposto. Segundo o livro Lições do Rio Grande, é a partir da exploração de problemas que o educando de forma autônoma constrói seu conhecimento:

Diante das situações-problema propostas, abrem-se espaços para que, de forma autônoma, sejam encontradas estratégias de resolução que mobilizem a capacidade cognitiva e favoreçam a construção dos conhe-cimentos. Associados à exploração de situações-problema, o cálculo mental e as estimativas, visam ao desenvolvimento da capacidade de decidir sobre a razoabilidade dos resultados e aumentar a compreensão de procedimentos matemáticos adotados. (RIO GRANDE DO SUL, 2009, pág. 53)

Também ao término de cada problema, os alunos faziam apontamentos em seu caderno para que no futuro, se precisassem eles teriam onde procurar. Essas anotações podiam ser feitas com as suas próprias palavras, do jeito que eles melhor iriam entender se precisassem retomar esse conteúdo mais tarde. Essa utilização do caderno é muito importante, pois é nele que os alunos irão rever conceitos trabalhados, e irão estudar no caso de dúvidas.

Os alunos buscavam resolver as situações propostas, eles dialogavam uns com os outros, refletiam sobre o que estava se pedindo, pensavam como iriam continuar e tomavam decisões. Essa capacidade foi potencializada nas nossas aulas e assim, há maiores possibilidades de o aprendizado acontecer efetivamente. Eles estabeleceram conexões da matemática com o dia-a-dia deles, tendo dessa forma um maior rendimento escolar.

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Essa relação professor/aluno/saber, está focalizada no PCN:

...o aluno é agente da construção do seu conhecimento, pelas conexões que estabelece com seu conhecimento prévio num contexto de resolução de problemas. Além de organizador o professor também é facilitador nesse processo. Não mais aquele que expõe todo o conteúdo aos alunos, mas aquele que fornece as informações necessárias, que o aluno não tem condições de obter sozinho... Outra de suas funções é como mediador, ao promover a análise das propostas dos alunos e sua comparação, ao disciplinar as condições em que cada aluno pode intervir para expor sua solução, questionar, contestar. Nesse papel, o professor é responsável por arrolar os procedimentos empregados e as diferenças encontradas, promover o debate sobre resultados e métodos, orientar as reformulações e valorizar as soluções mais adequadas. Ele também decide se é necessário prosseguir o trabalho de pesquisa de um dado tema ou se é o momento de elaborar uma síntese, em função das expectativas de aprendizagem previamente estabelecidas em seu planejamento. (BRASIL, 1998, pág. 37 e 38)

Algumas Considerações...

A vivência das aulas pode contribuir na formação do ser professor. Trabalhando com eles, aprendendo com eles e conhecendo e reconhecendo o valor de cada aluno, percebendo-o na sua singularidade.

E para ser um bom professor, é preciso muita paciência e vontade. Vontade de buscar melhorar o ambiente escolar, de aperfeiçoar as maneiras de ensino, de buscar se atualizar continuadamente, de querer fazer o melhor para que os educandos tenham um ótimo aprendizado.

Muitos elementos constituintes da formação do professor aprendem-se na universidade com o professore, o que ele fala os estudos e discussões que viabilizam, e até no relato dos colegas de classe. Outras orientações podemos buscar nos documentos oficiais, e algumas só será possíveis se aprender na hora em que exercer de fato o ser professor.

Por isso considero muito importante essa convivência que tive com os alunos, no trabalho que desenvolvi com eles, nas reflexões realizadas nas e a partir das vivências e na experiência que adquiri durante esses encontros.

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Enfim, gostei muito de desenvolver essa atividade, vi que realmente gosto e quero ser professora de matemática. Sei também que para isso eu preciso aprender muito, vencer muitos obstáculos e enfrentar várias barreiras, mas eu sei que vou conseguir.

Referências

ANDRINI, Álvaro; VASCONCELLOS, Maria José. Novo Praticando a Matemática. 1ª. ed. São Paulo: Editora do Brasil, 2002.

BRASIL. Ministério de Educação e do Desporto. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998.

RIO GRANDE DO SUL. Secretaria do Estado do Rio Grande do Sul. Referencial Curricular, Lições do Rio Grande: Matemática e suas tecnologias. RS, 2009.

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