PORTARIA N.º 271-A/2020, DE 24 DE NOVEMBRO
A Portaria n.º 271-A/2020, de 24 de novembro, (doravante “Portaria”), vem prever e concretizar um conjunto de medidas destinadas a apoiar as empresas face a constrangimentos operacionais de liquidez de curto prazo, procurando mitigar os impactos negativos decorrentes das medidas de proteção da saúde pública associadas à doença pandémica Sars-Cov-2 (COVID 19) sobre a atividade económica daquelas, promovendo o apoio à liquidez, à eficiência operacional, à manutenção do emprego e à saúde financeira de curto prazo destas empresas. O presente FLASH incorpora as alterações introduzidas pela Portaria n.º 15-B/2021, de 15 de janeiro.
ENQUADRAMENTO
A Portaria aprova um Sistema de Incentivos à Liquidez, designado por “Programa APOIAR”, com aplicação em todo o território de Portugal continental e que consiste na atribuição de apoios não reembolsáveis, sob a forma de subvenção. O Programa APOIAR é composto pelas seguintes medidas:
(i) APOIAR.PT
(ii) APOIAR RESTAURAÇÃO (iii) APOIAR + SIMPLES (iv) APOIAR RENDAS
Os apoios atribuídos ao abrigo do
Programa APOIAR são acumuláveis entre si e com outros incentivos e apoios públicos.
APOIAR.PT
APOIO:
O apoio consiste na atribuição de um financiamento não reembolsável de 20% do montante da diminuição da faturação da empresa, com o limite máximo de:
€10.000 para as microempresas; €55.000 para as pequenas empresas;
€135.000 para as empresas médias e as que empreguem 250 pessoas ou mais e reportem um volume de negócios anual não superior a 50 milhões de euros.
No caso das empresas cuja atividade principal se encontra encerrada por determinação legal ou administrativa, enquadrada nos CAE de “Bares”, “Outros estabelecimentos de bebidas sem
espectáculo”, “Estabelecimentos de bebidas com espaço de dança”, “Actividades dos parques de diversão e temáticos” e “Outras actividades de diversão e recreativas”, o limite máximo referido no
número anterior é alargado para €55.000 no caso das microempresas, e para €135.000 no caso das pequenas empresas.
Os limites máximos de apoio enunciados supra (introduzidos pela Portaria n.º 15-B/2021, de 15 de janeiro) aplicam-se retroativamente às candidaturas já submetidas, cabendo à autoridade de gestão proceder ao ajustamento do apoio, nos termos a definir nos avisos para apresentação de candidatura. É criado o apoio extraordinário à manutenção da atividade no primeiro trimestre de 2021, em
montante equivalente ao incentivo apurado para o quarto trimestre de 2020, com os limites máximos majorados em:
€2.500 para as microempresas (ou €13.750 caso a atividade principal se encontre encerrada por determinação legal ou administrativa e se enquadre nos CAE enunciados supra);
€13.750 para as pequenas empresas (ou €33.750 caso a atividade principal se encontre encerrada por determinação legal ou administrativa e se enquadre nos CAE enunciados
supra);
€33.750 para as empresas médias e as que empreguem 250 pessoas ou mais e reportem um volume de negócios anual não superior a 50 milhões de euros.
BENEFICIÁRIOS:
As “empresas” de qualquer natureza e sob qualquer forma jurídica que registem um volume de negócios anual não superior a 50 milhões de euros.
CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE E CONDIÇÕES DE ACESSO:
Entre outras formalidades e critérios relevantes, o Requerente deverá:
(i) Declarar, sob compromisso de honra, possuir capitais próprios positivos à data de 31 de dezembro de 2019, exceto no caso de empresas que tenham iniciado a atividade após 1 de janeiro 2019, ou demonstrar evidências de capitalização, através de novas entradas de capital (capital social, incorporação de suprimentos e/ou prestações suplementares de
capital), validadas por contabilista certificado, que permita anular o valor negativo dos capitais próprios existentes a 31 de dezembro de 2019; (ii) Declarar uma diminuição da faturação
comunicada à AT no sistema e-Fatura de, pelo menos, 25 % em 2020, face ao ano anterior, ou, no caso de empresas que iniciaram atividade no ano de 2019, declarar uma diminuição da faturação média mensal comunicada à AT no sistema e-Fatura de, pelo menos, 25 % em 2020, face à média mensal do período de atividade decorrido até 29 de fevereiro de 2020, considerando apenas os meses civis completos; (iii) Apresentar, sob compromisso de honra, declaração subscrita por contabilista certificado responsável pela contabilidade da empresa, na qual conste o apuramento da diminuição registada na faturação da empresa em 2020, face ao ano anterior, ou, no caso de empresas que iniciaram atividade no ano de 2019, face ao que resulta da aplicação da média mensal determinada nos termos da alínea anterior ao período de 12 meses;
(iv) No caso de empresas que empreguem 250 pessoas ou mais e reportem um volume de negócios anual não superior a 50 milhões de euros:
a. Não devem ser consideradas, nos termos da lei, a 31 de dezembro de 2019, “empresa em dificuldade”;
b. Apresentar, relativamente ao exercício de 2019, declaração de cumprimento do critério referente ao volume de negócios anual não superior a 50 milhões de euros.
APOIAR RESTAURAÇÃO
APOIO:
O apoio consiste na atribuição de um financiamento não reembolsável de 20% do montante da diminuição da faturação da empresa.
BENEFICIÁRIOS:
As “empresas” de qualquer natureza e sob qualquer forma jurídica que registem um volume de negócios anual não superior a 50 milhões de euros.
CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE E CONDIÇÕES DE ACESSO:
Entre outras formalidades e critérios relevantes, o Requerente deverá:
(i) Ter sede num dos concelhos do território nacional continental abrangidos pela suspensão de atividades1;
(ii) Ter sido abrangido pela suspensão de atividades durante o período relevante para o cálculo e atribuição do apoio;
(v) Declarar, sob compromisso de honra, possuir capitais próprios positivos à data de 31 de dezembro de 2019, exceto no caso de empresas que tenham iniciado a atividade após 1 de janeiro 2019, ou demonstrar evidências de capitalização, através de novas entradas de capital (capital social, incorporação de suprimentos e/ou prestações suplementares de capital), validadas por contabilista certificado, que permita anular o valor negativo dos capitais próprios existentes a 31 de dezembro de 2019; (iii) Declarar uma diminuição da faturação média
diária comunicada à AT no sistema e-Fatura nos dias em que vigore a suspensão de atividades, face à média de faturação diária registada nos fins-de-semana compreendidos entre o dia 1 de
janeiro de 2020 e 31 de outubro de 2020, ou, no caso das empresas constituídas em 2020, no período de atividade decorrido até 31 de outubro de 2020;
(vi) Apresentar declaração, sob compromisso de honra, subscrita por contabilista certificado responsável pela contabilidade da empresa, na qual conste o apuramento da diminuição registada na faturação da empresa, nos dias em que vigore a suspensão de atividades;
(vii) No caso de empresas que empreguem 250 pessoas ou mais e reportem um volume de negócios anual não superior a 50 milhões de euros:
a. Não devem ser consideradas, nos termos da lei, a 31 de dezembro de 2019, “empresa em dificuldade”;
b. Apresentar, relativamente ao exercício de 2019, declaração de cumprimento do critério referente ao volume de negócios anual não superior a 50 milhões de euros, ou, no caso das empresas que iniciaram atividade após 1 de janeiro de 2020, declarar um volume de negócios médio mensal em 2020 não superior a €4.200.000.
APOIAR + SIMPLES
APOIO:
O apoio consiste na atribuição de um financiamento não reembolsável de 20% do montante da diminuição da faturação do empresário, com o limite máximo de €4.000. No caso das atividades encerradas por determinação legal ou administrativa, enquadradas nos CAE de “Bares”, “Outros
estabelecimentos de bebidas sem espectáculo”,
“Estabelecimentos de bebidas com espaço de dança”, “Actividades dos parques de diversão e temáticos” e
1 Nos termos previstos na Resolução do Conselho de
Ministros n.º 92-A/2020, de 2 de novembro, alterada pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 96-B/2020, de 12 de novembro, bem como no Decreto Lei n.º 9/2020, de 21
“Outras actividades de diversão e recreativas”, o limite máximo do apoio é alargado para €10.000.
É criado o apoio extraordinário à manutenção da atividade no 1.º trimestre de 2021, em montante equivalente ao incentivo apurado para o 4.º trimestre de 2020, com o limite máximo majorado em €1.000. No caso das atividades encerradas por determinação legal ou administrativa enunciadas
supra, o limite máximo da majoração corresponde a
€2.500.
de novembro, no Decreto n.º 2-A/2021, de 7 de janeiro, ou em eventuais diplomas revogatórios que o substituam e mantenham idêntica disposição.
BENEFICIÁRIOS:
São beneficiários os empresários em nome individual sem contabilidade organizada.
CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE E CONDIÇÕES DE ACESSO:
Entre outras formalidades e critérios relevantes, o Requerente deverá:
(i) Ter declarado início ou reinício de atividade junto da AT até 1 de janeiro de 2020 e encontrar-se em atividade;
(ii) Declarar uma diminuição da faturação comunicada à AT no sistema e-Fatura de, pelo menos, 25% em 2020 face ao ano anterior, ou, no caso de início da atividade no ano de 2019,
declarar uma diminuição da faturação média mensal comunicada à AT no sistema e-Fatura de, pelo menos, 25% em 2020, face à média mensal do período de atividade decorrido até 29 de fevereiro de 2020, considerando apenas os meses civis completos;
(iii) Apresentar declaração, sob compromisso de hora, na qual conste o apuramento da diminuição registada na faturação em 2020, face ao ano anterior, ou, no caso de início de atividade no ano de 2019, face ao que resulta da aplicação da média mensal determinada nos termos da alínea anterior ao período de 12 meses;
(iv) Declarar, sob compromisso de honra, ter trabalhadores por conta de outrem à data da candidatura.
APOIAR RENDAS
APOIO:
O apoio consiste na atribuição de um financiamento não reembolsável de:
(i) 30% do valor da renda mensal de referência, até ao limite máximo de €1.200 por mês e por estabelecimento, durante seis meses, no caso das empresas que registem uma diminuição da faturação entre 25% e 40%, relativamente à faturação comunicada à AT através do sistema e-Fatura;
(ii) 50% do valor da renda mensal de referência, até ao limite máximo de €2.000 por mês e por estabelecimento, durante seis meses, no caso das empresas que registem uma diminuição da faturação superior a 40%, relativamente à faturação comunicada à AT através do sistema e-Fatura.
O presente apoio não poderá exceder o limite máximo de €40.000 por beneficiário.
O valor de renda mensal de referência corresponderá ao montante previsto no contrato de arrendamento em vigor a 1 de dezembro de 2020 e que conste de documento comprovativo da renda referente a dezembro de 2020.
BENEFICIÁRIOS:
As “empresas” de qualquer natureza e sob qualquer forma jurídica que registem um volume de negócios anual não superior a 50 milhões de euros.
CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE E CONDIÇÕES DE ACESSO:
Entre outras formalidades e critérios relevantes, o Requerente deverá:
(i) Ser arrendatário num contrato de arrendamento para fins não habitacionais, comunicado no Portal das Finanças, com início em data anterior a 13 de março de 2020 e relativamente ao qual, à data da candidatura, não exista ou seja ineficaz qualquer causa de cessação do contrato;
(ii) Declarar, sob compromisso de honra, possuir capitais próprios positivos à data de 31 de dezembro de 2019, exceto no caso de empresas que tenham iniciado a atividade após 1 de janeiro 2019, ou demonstrar evidências de capitalização, através de novas entradas de capital (capital social, incorporação de suprimentos e/ou prestações suplementares de capital), validadas por contabilista certificado, que permita anular o valor negativo dos capitais próprios existentes a 31 de dezembro de 2019;
(iii) Declarar uma diminuição da faturação comunicada à AT no sistema e-Fatura de, pelo menos, 25% em 2020 face ao ano anterior, ou, no caso de empresas que iniciaram atividade no ano de 2019, declarar uma diminuição da faturação média mensal comunicada à AT no sistema e-Fatura de, pelo menos, 25% em 2020, face à média mensal do período de atividade decorrido até 29 de fevereiro de 2020, considerando apenas os meses civis completos;
(iv) No caso de empresas que empreguem 250 pessoas ou mais e reportem um volume de negócios anual não superior a 50 milhões de euros:
a. Não devem ser consideradas, nos termos da lei, a 31 de dezembro de 2019, “empresa em dificuldade”;
b. Apresentar, relativamente ao exercício de 2019, declaração de cumprimento do critério referente ao volume de negócios anual não superior a 50 milhões de euros.
APRESENTAÇÃO E AVALIAÇÃO DE CANDIDATURAS
APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS
As candidaturas devem ser apresentadas e submetidas através de formulário eletrónico simplificado disponível no Balcão 20202 .
As medidas APOIAR.PT e APOIAR RESTAURAÇÃO podem ser apresentadas em simultâneo, tendo por base o mesmo formulário de candidatura.
AVALIAÇÃO DE CANDIDATURAS
As candidaturas são avaliadas com base nos “critérios de elegibilidade e condições de acesso” e numa base de “first-come, first-served”,
considerando o momento de entrada da candidatura e o limite orçamental que vier a ser fixado no aviso para apresentação de candidaturas.
Salvo por motivo justificado não imputável ao beneficiário e aceite pela autoridade de gestão, ou no caso de não se verificar a diminuição da faturação nos termos do regulamento, a decisão de aprovação caduca caso o termo de aceitação não seja confirmado pelo beneficiário no prazo máximo de 30 dias a contar da data da notificação da decisão, aplicando-se esta regra, retroativamente, às candidaturas já aprovadas e sem termo de aceitação confirmado.
PAGAMENTO DO APOIO E OBRIGAÇÕES DOS BENEFICIÁRIOS
PAGAMENTO:
Será realizado nos seguintes termos:
(i) Pagamento automático inicial após a validação do termo de aceitação no montante equivalente a 50 % do incentivo aprovado;
(ii) O pagamento do valor remanescente (50 %) deverá ser solicitado pelo beneficiário junto do Balcão 2020 no prazo mínimo de 60 dias úteis e máximo de 90 dias úteis, após realização do primeiro pagamento.
2 Disponível no sítio na Internet
“https://balcao.portugal2020.pt”.
OBRIGAÇÕES DOS BENEFICIÁRIOS:
Durante o período de concessão do apoio e nos 60 dias úteis subsequentes à apresentação do pedido de pagamento final, o beneficiário não pode: (i) Distribuir lucros e dividendos, sob qualquer
forma, nomeadamente a título de levantamento por conta;
(ii) Fazer cessar contratos de trabalho ao abrigo das modalidades de despedimento coletivo, de despedimento por extinção do posto de
trabalho, ou de despedimento por inadaptação, previstos nos artigos 359.º, 367.º e 373.º do Código do Trabalho, nem iniciar os respetivos procedimentos;
(iii) Cessar a atividade;
(iv) Os beneficiários da medida APOIAR RENDAS estão igualmente sujeitos à obrigação de conservar, por um período de dois anos após o pagamento final, comprovativos de pagamento de rendas aos senhorios realizados no primeiro semestre de 2021, de montante, pelo menos, igual ao apoio concedido;
(v) O incumprimento de qualquer das obrigações do beneficiário (previstas na Portaria e no termo de aceitação) ou a ocorrência de qualquer irregularidade – tais como a prestação de falsas
declarações no âmbito da concessão do apoio – podem legitimar ação de recuperação dos apoios recebidos3 .
NOTA: Esta informação é de envio reservado e não deve ser
compreendida como qualquer forma de publicidade, pelo que se encontra vedada a sua cópia ou circulação. A informação apresentada e as opiniões expressas são de caráter geral e abstrato, não substituindo o recurso a aconselhamento jurídico adequado e específico para a resolução de casos concretos.
João Pedro Varandas André Oliveira Costa Pedro Farrim Janeiro de 2021
3 Nos termos previstos no artigo 26.º do Decreto-Lei
n.º 159/2014, de 27 de outubro, podendo a recuperação, na falta de pagamento voluntário no prazo fixado, ser
realizada coercivamente com recurso ao processo de execução fiscal, nos termos e condições previstos no Código de Procedimento e de Processo Tributário.
