TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA
Na data de na data de 12 de maio de 2011, no gabinete da Promotoria de Justiça de Crixás, o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por intermédio do Promotor de Justiça com atribuição perante esta Comarca de Crixás, Dr. Rômulo Corrêa de Paula e o MUNICÍPIO DE CRIXÁS/GO, doravante denominado
COMPROMISSADO, neste ato representado por seu Excelentíssimo Prefeito, o Sr. Olímpio
César de Araújo Almeida, com fundamento no art. 129, inciso III, da Constituição Federal, e no art. 1º, inciso II e IV, e art. 5º, parágrafo 6º, da Lei número 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública), celebram o presente TERMO DE COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE
CONDUTA, visando regularizar a prestação do serviço de transporte remunerado de
passageiros (mototáxi) e de cargas (motofrete) na cidade de Crixás/GO.
Considerando que incumbe ao Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses socias (art. 127, CF/88);
Considerando que, nos termos do art. 129, inciso III, da Constituição Federal de 1.988, o
Ministério Público tem como função institucional “promover o inquérito civil público e a ação civil pública, para proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”;
Considerando que o Ministério Público pode tomar dos interessados compromisso de
ajustamento de conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial (art. 5º, parágrafo 6º, da Lei Federal 7.347/85);
Considerando que compete ao município legislar sobre assuntos de interesse local e
suplementar a legislação federal e a estadual no que couber (art. 30, incisos I e II, da CF/88);
Considerando que compete ao município organizar e prestar, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial (art. 30, incisos V, da CF/88);
Considerando que a Administração Pública tem o dever de zelar pelos serviços que lhe são
afetos, tanto por aqueles que exerce diretamente quanto pelos que delega por intermédio de concessão, permissão ou autorização;
Considerando que a atividade de transporte remunerado de passageiros (mototáxi) constitui serviço público de transporte coletivo, e deve, portanto, suprir as necessidades da
comunidade local, proporcionando a seus usuários um serviço seguro e eficiente;
Considerando que a atividade de transporte remunerado de cargas (motofrete) deve atender
Considerando que o Estado deve promover, na forma da lei, a defesa do consumidor (art. 5º,
inciso XXXII, da CF/88);
Considerando que é direito básico do consumidor a adequada e eficaz prestação dos serviços
públicos em geral (art. 6, inciso X, da Lei 8.078/1990);
Considerando que serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade,
continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas (art. 6, parágrafo 1º, da Lei 8.987/1995);
Considerando a edição da Lei 12.009/2009, que regulamenta o exercício das atividades dos
profissionais em transportes de passageiros (mototaxistas) e em transporte de cargas (motofrete) e dá outras providências;
Considerando que a Lei 12.009/2009 elenca os requisitos que o profissional em transporte de
passageiros e de cargas deve preencher;
Considerando que o art. 139-B do Código de Trânsito Brasileiro, acrescido pela Lei
12.009/2009, confere ao município competência legislativa suplementar para disciplinar a prestação de serviço de motofrete;
Considerando a Resolução 356/2010 do Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN, que
estabelece requisitos mínimos de segurança para o transporte remunerado de passageiros (mototáxi) e de cargas (motofrete) em motocicleta e motoneta, e dá outras providências;
Considerando a Resolução 350/2010 do Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN, que
institui curso especializado obrigatório destinado a profissionais em transporte de passageiros (mototaxista) e em entrega de mercadorias (motofretista) que exerçam atividades remuneradas na condução de motocicletas e motonetas;
Considerando que a Lei 1.352/2004 do Município de Crixás, que disciplina a prestação do
serviço de transporte remunerado de passageiros não está adaptada à Lei Federal 12.009/2.009 e às Resoluções 356/2010 e 350/2010 do CONTRAN;
Considerando que a Lei 1.352/2004 do Município de Crixás não disciplina a prestação de
serviços de motofrete;
Considerando a total falta de controle do Poder Público sobre as pessoas e empresas que
exercem o transporte remunerado de passageiros e de cargas na cidade de Crixás/GO;
Considerando as inúmeras denúncias no sentido de que mototaxistas estão atuando no
Considerando a existência de inúmeros prestadores de transporte remunerado de passageiros
e de cargas no município de Crixás que não possuem habilitação ou permissão para dirigir;
Considerando o direito à segurança dos consumidores do serviço de mototáxi na cidade de
Crixás;
FIRMA-SE O PRESENTE TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA, NOS
SEGUINTES TERMOS:
DAS OBRIGAÇÕES
DO PROJETO DE LEI e do DECRETO REGULAMENTAR
CLÁUSULA PRIMEIRA: O COMPROMISSADO se obriga a apresentar, no prazo
máximo de 20 dias, projeto de lei à Câmara Municipal de Crixás, disciplinado a prestação do serviço de transporte remunerado de passageiros (mototáxi) e de cargas (motofrete) no município de Crixás/GO;
PARÁGRAFO 1º. O projeto de lei a que alude o caput deverá obedecer rigorosamente os
requisitos previstos na Lei Federal 12.009/2.009 e nas Resoluções 350/2.010 e 356/2.010 do Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN;
CLÁUSULA 2ª: O COMPROMISSADO se obriga a regulamentar a lei a que se refere o
caput, via decreto, no prazo máximo de 20 dias, contados de sua publicação no Diário Oficial.
DA AUTORIZAÇÃO PROVISÓRIA e do PROCESSO ADMINISTRATIVO PRÉVIO
CLÁUSULA 3ª: Fica definido que até a vigência da lei e do decreto municipal a que se
referem, respectivamente, os parágrafos 1º e 2º, a prestação do serviço de transporte remunerado de passageiros (mototáxi) e de cargas (motofrete) no município de Crixás/GO dependerá de uma autorização provisória, emitida por ato administrativo do prefeito municipal.
PARÁGRAFO 1º: Para obtenção da autorização provisória a que se refere o caput, o
interessado deverá protocolizar na Prefeitura Municipal de Crixás, no período compreendido entre os dias 16 a 31 de maio de 2011, requerimento instruído com documentação que comprove o preenchimento dos requisitos exigidos pela Lei Federal 12.009/2.009 e pelas Resoluções 350/2.010 e 356/2.010 do Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN;
PARÁGRAFO 2º: Para obtenção da autorização provisória a que se refere o caput, o
interessado fica dispensado de apresentar, apenas, o certificado de conclusão de curso especializado destinado a profissionais em transporte de passageiros (mototaxistas) e cargas
(motofrete), previsto no art. 2º, inciso III, da Lei 12.009/2.009, e regulamentado pela Resolução 350/2010 do CONTRAN. Todavia, para obtenção da autorização provisória, o
interessado deverá comprovar estar matriculado no referido curso, em instituição ou entidade devidamente autorizada. Todas as demais exigências legais e normativas devem
ser rigorosamente cumpridas e comprovadas.
PARÁGRAFO 3º: Para cada requerimento de autorização provisória de prestação de serviço
remunerado de transporte de passageiros (mototáxi) e cargas (motofrete), deverá ser iniciado procedimento administrativo próprio. Fica definido que o Ministério Público terá acesso amplo e irrestrito a esses procedimentos administrativos.
PARÁGRAFO 4º: O COMPROMISSADO se obriga a nomear comissão de servidores que
deverá avaliar os documentos juntados no requerimento e vistoriar as motos, realizando, ao final, parecer conclusivo sobre o preenchimento ou não dos requisitos previstos na Lei Federal 12.009/2.009 e nas Resoluções 350/2.010 e 356/2.010 do Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN. O presidente da comissão deverá ser servidor efetivo do município.
PARÁGRAFO 5º: O procedimento administrativo a que se refere o parágrafo 3º deverá estar
encerrado, com parecer conclusivo, no prazo improrrogável de 30 (trinta) dias, contados do dia 01 de junho de 2011.
PARÁGRAFO 6º: Diante do parecer conclusivo da comissão, caberá ao Prefeito do
Município de Crixás, no prazo máximo de 05 (cinco) dias, expedir ato administrativo de autorização provisória de prestação de serviço remunerado de transporte de passageiros (mototáxi) e cargas (motofrete) àqueles que preencherem os requisitos exigidos.
PARÁGRAFO 7º: Serão concedidas, no máximo, 60 (sessenta) autorizações provisórias para
a prestação do serviço remunerado de passageiros (mototáxi). Cabe à Administração Municipal definir, de acordo com seu juízo de conveniência e oportunidade, a quantidade de autorizações para a prestação do serviço de transporte remunerado de cargas (motofrete). Na autorização provisória deverá constar o ponto em que o mototaxista poderá atuar. Caberá ao município estabelecer critério impessoais e isonômicos para distribuir os mototaxistas autorizados pelos pontos existentes. Deverão ser beneficiados com pontos de mototáxi os principais povoados e distritos situados na zona rural de Crixás.
PARÁGRAFO 8º: A autorização provisória a ser expedida terá prazo máximo de 90
(noventa) dias, findo os quais expirará automaticamente. As autorizações provisórias concedidas poderão ser prorrogadas até a emissão das autorizações definitivas, caso a lei e o decreto municipal a que se referem as cláusulas 1º e 2º deste termo já tenham sido devidamente publicados, e o interessado formule requerimento de autorização definitiva para prestação do serviço público de transporte remunerado de passageiros e cargas.
DA FISCALIZAÇÃO e do TRABALHO DE EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO
CLÁUSULA 4º: Durante a vigência deste Termo de Ajustamento de Conduta, o COMPROMISSADO se obriga a fiscalizar, a cada 15 (quinze) dias, os profissionais do
serviço de transporte remunerado de passageiros e cargas, autuando aqueles que não cumprirem as disposições legais pertinentes. A fiscalização deverá ter início a partir do momento em que forem expedidas as primeiras autorizações provisórias.
PARÁGRAFO 1º: O COMPROMISSADO se obriga a enviar relatório mensal das
fiscalizações realizadas e das medidas e/ou providências repressivas que foram realizadas.
PARÁGRAFO 2º: O COMPROMISSADO se obriga a realizar trabalho de educação no
trânsito com os mototaxistas e motofretistas da cidade e a comunicá-los a respeito do prazo para apresentação dos requerimentos de autorização provisória.
DA MULTA
CLÁUSULA QUINTA: Caso QUAISQUER das obrigações acima definidas não sejam
cumpridas nos prazos e formas estipulados, ao COMPROMISSADO INADIMPLENTE e ao seu representante legal, sem prejuízo da responsabilidade civil e administrativa, será aplicada multa cominatória diária no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais), corrigida monetariamente até o efetivo cumprimento das obrigações acordadas no presente termo;
CLÁUSULA SEXTA: O pagamento da multa não implica em exoneração da obrigação
desonrada e incidirá em caso de total ou parcial inadimplência de quaisquer das cláusulas fixadas, independentemente de prévia interpelação judicial ou extrajudicial, estando o COMPROMISSADO INADIMPLENTE constituído em mora com o simples vencimento dos prazos fixados ou com o mero descumprimento da obrigação assumida, ressalvados eventuais atrasos ou causas de descumprimento imputáveis a terceiros ou a casos fortuitos ou de força maior;
CLÁUSULA SÉTIMA: O valor da multa será revertido para o Fundo Municipal dos Direitos
do Consumidor do Município de Crixás/GO. Na hipótese de inexistir este fundo, o valor das multas será revertido para o Fundo Municipal da Infância e Juventude do Município de Crixás/GO.
CLÁUSULA OITAVA: A cobrança da multa cessará apenas quando o COMPROMISSÁRIO provar, documentalmente, que o ajustado no presente Termo foi
implementado;
CLÁUSULA NONA: Além da fluência da multa, o descumprimento deste Termo de
Ajustamento de Conduta poderá dar ensejo à adoção das medidas judiciais cabíveis, inclusive as tendentes a obter o cumprimento específico da obrigação, não servindo a existência deste Termo de Ajustamento de Conduta como fator impeditivo ou prejudicial ao interesse de agir em juízo do Ministério Público na defesa dos interesses individuais indisponíveis, difusos e coletivos.
CLÁUSULA DEZ: Fica acordado que para a execução da multa e para adoção das demais
medidas judiciais pertinentes, será necessário tão-somente auto de constatação ou documento equivalente lavrado por pessoa credenciada pelo Ministério Público do Estado de Goiás;
CLÁUSULA ONZE: O presente Termo de Ajustamento de Conduta, que, na forma do art.
5º, parágrafo 6º, da Lei n.º 7.347/1985 e do art. 585, inciso VII, do Código de Processo Civil constitui título executivo extrajudicial, goza de eficácia plena desde a data de sua assinatura.
DA VIGÊNCIA
CLÁUSULA DOZE: Este compromisso vigorará a partir de 12 de maio de 2011 até a data de
11 de maio de 2016.
DO FORO
CLÁUSULA TREZE: Os signatários deste Termo convencionam livre e espontaneamente
que o foro competente para dirimir quaisquer conflitos eventualmente oriundos deste ajuste será o da Comarca de Crixás/Goiás.
Para que o presente ajuste reflita seus jurídicos e legais efeitos, foi lavrado o presente Termo de Ajustamento de Conduta que, lido e achado conforme, vai devidamente assinado pelo Promotor de Justiça da Comarca de Crixás e pelo representante legal do COMPROMISSADO, e pelas testemunhas abaixo arroladas, em 02 (duas) vias de igual teor e forma.
RÔMULO CORRÊA DE PAULA
Promotor de Justiça - Promotoria de Justiça de Crixás/Goiás
OLÍMPIO CÉSAR DE ARAÚJO ALMEIDA
TESTEMUNHAS:
1 – Sirlei Ferreira de Carvalho: Secretária de Promotoria de justiça
RG n.º: 2000645817 – SSP/GO CPF: 811.234.501-53
2. Célio Leandro Seixas: Assessor do Ministério Publico