Ações, atos e acontecimentos
Ação é
Ato é
Acontecimento é
Um acontecimento
Porque é algo que ocorre
Um acontecimento
Uma ocorrência, um evento
Que envolve um
agente
Porque é iniciado por
alguém. Um sujeito é
ativo
Envolve um agente
Não envolve um agente
Agente que age
intencionalmente
Porque é iniciado por
alguém
porque
quer
(intenta) fazê-lo
Que não age intencionalmente
(ressonar)
Há uma relação
causal
entre
a
intenção
e
o
acontecimento
Porque tem de haver
uma ligação causa-efeito
entre a intenção e o que
acontece
OU age intencionalmente, mas
não há uma relação causal
entre a intenção que tinha e o
acontecimento ocorrido.
(Por ex: levar o café a alguém
e entorná-lo, por distração,
sobre essa pessoa)
A intenção envolve
motivos (desejos +
crenças)
Porque a intenção tem
razões
que
movem
(motivos) o sujeito para a
ação
Motivo = desejos + crenças do agente
Desejo= é o motivo
como fim da ação
(para que?)
Crença= é o motivo
como
causa
da
ação ( por que?)
Porque as razões para
agir podem ser ideias
(crenças) ou emoções e
aspirações (desejos)
Determinismo radical
Determinismo
Radical
Ideias chave/teses
Tudo o que acontece tem uma causa
Qualquer evento é o resultado de estados de coisas anteriores que o causaram (cadeias causais)
A1 B1 C1---H1
A causalidade é governada por leis (normas naturais)
Cadeia causal + Leis = evento
Qualquer evento é pois o resultado
necessário/determinado de causas anteriores que o
causaram e de leis que regulam a acção dessas causas.
Explicar um acontecimento é mostrar que,
Devido a certas regularidades/Leis da natureza, E devido a uma determinada cadeia causal Este estava determinado a ocorrer
Radical porque é uma teoria incompatibilista
Defende que as duas crenças não podem ser ambas
verdadeiras
“Tudo está determinado” ≠ “Somos livres”
Nega a liberdade porque:
Um ato livre seria um ato em que a nossa deliberação seria capaz de iniciar uma nova cadeia causal
Iniciar uma nova cadeia causal significaria que nada do que aconteceu antes causaria tal decisão
Logo, Liberdade = ausência de causa = aleatoriedade
Argumentos Pró
1.Argumento da causalidade universal:
Premissa 1:
Todos os eventos do universo têm uma causa (estão determinados)Premissa 2:
Agir é um evento do universo_________________________________________________________
Conclusão.
A ação tem uma causa (está determinada)2. Argumento sobre o funcionamento da ciência.
Premissa 1:
A ciência funciona com base no pressuposto deterministaPremissa 2:
A ciência tem tido um sucesso imenso na compreensão, explicação e previsão dos fenómenos do mundo com base nesse pressupostoConclusão:
O pressuposto de que o mundo se comporta determinísticamente deve ser verdadeiroObjeção
Aceitar o determinismo radical implica recusar que a vontade é livre e, portanto, recusar a
moralidade e a responsabilidade individuais, bem como renunciar a sentimentos como a
vergonha por ter agido mal e o orgulho por ter agido bem
DETERMINISMO MODERADO ( COMPATIBILISMO)
DETERMINSMO
MODERADO
Ideias chave/teses
Porque é uma teoria compatibilista
As crenças/proposições
“ Tudo está determinado” & “ Somos livres”
podem ser as duas verdadeiras
Tudo está determinado (tudo tem uma causa)
As ações também têm causas (escolhemos e
agimos determinados por causas)
Causas apropriadas são as que garantem a
liberdade
Causas inapropriadas são as que não
garantem a liberdade
Causa apropriadas são as não coercivas/
que estão em nosso controlo até certo
ponto (as nossas crenças, desejos,
vontade, carácter e personalidade)
Causas inapropriadas são as coercivas/
que não estão em nosso controlo (alheias
a nós)
Somos causalmente determinados e livres, logo
também somos responsáveis
Liberdade não significa ausência de causa
Liberdade significa ausência de compulsão/coerção
Quando quero fazer algo e posso, não sendo obrigado ou impedido, sou livre
ARGUMENTOS
Argumento da experiência fenomenológica da liberdade na ação
Premissa 1:
Se queremos algo e fazemos o que queremos (sem constrangimentos), então somos livresPremissa 2:
Algumas vezes fazemos o que queremos sem constrangimentos____________________________________________________________________________________
Conclusão:
Algumas vezes somos livresObjeção
A teoria é incoerente: ao admitir a tese de que todas as nossas ações são consequência das leis da natureza e de
acontecimentos precedentes que não controlamos (por exemplo, as causas dos nossos desejos, crenças e
personalidade), parece difícil admitir que possa haver margem para uma vontade livre.
LIBERTISMO
Ideias chave/teses
Teoria incompatibilista
Porque defende que as duas crenças não podem ser
ambas verdadeiras
“Tudo está determinado” ≠ “Somos livres”
Noção de liberdade do compatibilismo é insuficiente
Compatibilismo: Liberdade = eu quero +
eu posso
Libertismo: Liberdade = eu quero +
eu posso
+ poderia ter
querido e feito outra coisa
Nem todos os eventos têm o mesmo tipo de
causalidade:
Causalidade natural (própria do mundo
físico)
Causalidade do agente (própria de uma
mente)
Os agentes humanos são causa das suas ações
(autodeterminam-se).
Conseguem iniciar efeitos no mundo.
Algumas ações (as livres) têm uma causalidade
própria
Argumentos Pró
1- Argumento da experiência da liberdade/responsabilidade
Premissa 1:
Se sentimos que somos livres, então somos livresPremissa 2:
A experiência da liberdade é evidente porque sentimos que podíamos ter agido de outro modo _______________________________________________________________________________________________Conclusão:
somos livres2.Argumento da responsabilidade moral ( modus Ponens)
Premissa1:
Se não somos livres, então não somos responsáveis e não faz sentido elogiar e punir as pessoas pelas suas açõesPremissa 2
: Mas faz sentido responsabilizar, elogiar e punir as pessoas pelas suas ações______________________________________________________________________________________________________
Conclusão:
Somos livres3.Argumento de que o universo não constitui um sistema totalmente determinista
Premissa 1:
Do facto de sermos parte de um universo determinista não se segue que as nossas ações estão determinadasPremissa 2:
O princípio da incerteza mostra que nem todo o universo é determinadoConclusão:
As nossas ações não estão determinadas (somos livres)4. Argumento da causalidade própria do agente
Premissa 1:
O ser humano é constituído por corpo e mente que são de natureza diferente: o corpo está sujeito à leis naturais, mas a mente não.Premissa 2:
A mente é capaz de se autodeterminar por intermédio da vontade_____________________________________________________________________________________________________________
Conclusão:
Temos livre arbítrioObjeção
Parece difícil imaginar e aceitar que a nossa mente, ou parte dela, possa funcionar em nós à margem de leis
causais e do cérebro enquanto estrutura biológica, física e química, pois isso contraria o que sabemos acerca do
funcionamento do mundo por intermédio da ciência
Tipos de juízo
Juízo de facto
Juízo de valor
Descrevem a realidade: acontecimentos, ações, coisas.
Referem-se a factos e por isso têm um valor de verdade
(são verdadeiros ou falsos) justificável pela experiência. São meramente informativos sobre o real
Apreciam a realidade: acontecimentos, ações, coisas
Referem-se a valores ou princípios nos quais se
baseiam para produzir a avaliação. Dependem de argumentação para a sua justificação
São em grande medida normativos: prescrevem normas que obrigam sobre que deve ou não deve fazer-se
Natureza dos valores
Psicologismo
Ideias
principais
O valor não é uma coisa nem existe nas coisas.
Os valores são subjetivos: existem porque há um sujeito que atribui valor
O valor corresponde a uma preferência do sujeito.
Os juízos de valor expressam essas preferências.
O emotivismo é a forma extrema de psicologismo: os valores correspondem a emoçõesObjeções
Não permite explicar a permanência de certos valores ao longo da história da humanidade.
Discussões e argumentações morais são inúteis.
Os acordos morais baseados na argumentação são impossíveis.
Valor e valoração não são a mesma coisa. A valoração é sempre subjetiva, mas o valor pode não o ser
Naturalismo
Ideias
principais
Forma de objetivismo axiológico, pois defende que os valores existem objetivamente nas coisas
Os valores são modos de ser das coisas como as suas qualidades naturais tal como a altura, peso, etc.
Os juízos de valor são como juízos de facto, podendo ser verdadeiros ou falsos.
Objeções
Se os valores fossem qualidades naturais das coisas deveriam poder ser percebidos pelos nossos sentidos como as outras (peso, cor, etc.). Ora o certo é que tal não sucede pois como explicar as diferenças e os desentendimentos entre os homens em relação aos valores?
Objetivismo
Ideias
principais
Forma extrema de objetivismo: os valores não estão nas coisas, existem em si mesmos como entidades autónomas.
Os valores também não são coisas. São entidades ideais e imateriais e intemporais, que existem independentemente das coisas e do sujeito.
As coisas só têm valor por causa dos valores objetivos. Ex: uma coisa é bela por causa do valor Beleza
Objeções
Se os valores estão separados e independentes das coisas, de que modo se dá a relação entre o mundo ideal do valores e o mundo material Se os valores são objetivos como explicar as diferenças e os desentendimentos entre os indivíduos, sociedades e épocas históricas em relação aos valores?
Moral Kantiana
Utilitarismo de Stuart Mill
Natureza
Deontologismo: dever como valor supremo Hedonismo: prazer/felicidade como valor supremoAção moral
A que for motivada apenas pelo dever A que maximiza imparcialmente aprazer/felicidade do maior número
Citério da moralidade
Imperativo categórico: possibilidade deuniversalização das máximas (transformá-las em leis)
Princípio da maior felicidade
Pontos fortes da
teoria
Respeito pelos princípios morais
Recusa em instrumentalizar o ser humano (não usar as pessoas como meios, mas apenas como fins)
Valorização dos resultados da ação
Valorização das condições específicas em que se pratica a ação
Objeções à teoria
O cumprimento cego das obrigações pode ter más consequências. Conflito entre deveres absolutos: em algumas situações cumprir uma obrigação pode impedir de cumprir outra
Pode colocar em causa os direitos individuais ou de minorias em nome da felicidade da maioria
Em certas circunstâncias pode indicar como obrigatórias ações que consideraríamos imorais. Ex: sacrificar um inocente para usar os seus órgãos para salvar várias pessoas
Nem sempre é fácil calcular em toda a sua extensão as consequências das nossas ações
ARGUMENTOS A FAVOR DA EXISTÊNCIA DA DEUS
Argumento ontológico ou de Santo Anselmo
Natureza
É um argumento à priori(Baseia-se apenas na razão. Nenhuma das premissas é conhecida por meio da experiência)
Tipo
É um argumento do tipo dedutivo. Na forma chamada “redução ao absurdo”, isto é, aceita-se uma hipótese inicial (Deus existe no
pensamento, mas não na realidade) e tenta-se deduzir dela um absurdo lógico, uma contradição
(neste caso Deus seria e não seria simultaneamente aquilo maior do qual nada pode ser pensado.) Se se conseguir obter essa contradição temos de abandonar a hipótese que a ela conduziu.
Argumento
Premissa1: Deus é aquilo maior do qual nada pode ser pensado (existe no pensamento) Premissa2: Existir na realidade é ser maior do que existir só no pensarPremissa3: Aquilo maior do qual nada pode ser pensado existe no pensamento e não existe na realidade (hipótese absurda)
______________________________________________________________________________________________
Conclusão: Aquilo maior do qual nada pode ser pensado é aquilo maior do qual algo pode ser pensado (conclusão absurda) Mantêm-se as duas primeiras premissas
Rejeição da hipótese absurda _____________________________ Nova conclusão: Deus existe
Críticas
Leva a consequências absurdas: através deste género de definições poderia ser demonstrada a existência de todo
o género de coisas que podem existir no pensamento, mas não existem na realidade, como unicórnios, sereias, ilhas feitas de ouro, etc.
A existência não é uma propriedade: quando se diz que algo existe não estamos a qualificar esse algo com mais
uma propriedade. A existência não faz parte da definição de algo, é a condição para que as coisas tenham certas propriedades (objeção de Kant)
Argumento Cosmológico de São Tomás de Aquino
Natureza
É um argumento à posteriori(pelo menos uma das premissas baseia-se em dados da experiência)
Tipo
É um argumento dedutivoArgumento
Premissa 1: Tudo o que existe tem uma causa Premissa 2: Nada pode ser causa de si própria
Premissa 3: As cadeias causais não podem regredir até ao infinito (porque sem primeira causa não haveria efeitos)
____________________________________________________________________________________________________-Conclusão: tem de haver uma primeira causa. Essa causa é Deus
Críticas
Podemos desafiar a ideia de que uma série infinita de causas não é possível Não temos razões para pensar que lá porque tudo tem uma primeira causa, que há uma única primeira causa de tudo.
Mas mesmo que isso fosse o caso, não temos razões para achar que essa primeira causa é Deus
Argumento do desígnio ou teleológico de William Paley
Natureza
É um argumento à posteriori(pelo menos uma das premissas baseia-se em dados da experiência)
Tipo
É um argumento indutivo por analogia pois tira conclusões a partir de uma comparação entre aspetos que considera semelhantes para outrosArgumento
Premissa 1: Se abrirmos um relógio e inspecionarmos o modo como todas as peças do mecanismo trabalham conjunta eharmoniosamente, compreendemos que o relógio teve de ser criado por alguém inteligente
Premissa 2: O universo e os organismos vivos são muito semelhantes aos relógios. Revelam complexidade, organização e
harmonia (desígnio)
____________________________________________________________________________________________________ Conclusão: o universo e os organismos vivos devem de ter um criador inteligente, que é Deus
Críticas
A analogia é fraca pois entre uma máquina e o universo há diferenças substanciais que suplantam as semelhanças Deus não é a única explicação possível para a complexidade e harmonia do universo
Não há razões para aceitar que foi um só Deus que fez o universo poderiam ser vários deuses (não apoia o monoteísmo)
Mesmo que fosse um só Deus que causou o universo há razões para pensar que não é todo-poderoso e perfeito pois o Universo parece ter vários defeitos de conceção (a existência do mal e do sofrimento são dois exemplos)
ARGUMENTO CONTRA A EXISTÊNCIA DE DEUS
Problema do mal : Como é possível conciliar as seguintes proposições ?
1- Deus é infinitamente Bom
2- Deus é omnipotente
3- Deus é omnisciente
4- O mal desnecessário existe
A lógica do argumento é defender que há uma incompatibilidade entre a noção de um Deus bom, sábio e
poderoso e a existência do mal
Argumento sobre a
existência do mal
Objeções ao argumento
do mal
Contra objeções
Premissa 1:
Deus é um ser sumamente bom, omnipotente e omniscientePremissa 2:
O sofrimento existePremissa 3: Deus sabe do mal e não o evita
Conclusão:
Deus não é bomPremissa 1:
Deus é um ser sumamente bom, omnipotente e omniscientePremissa 2:
O sofrimento existePremissa 3
: Deus sabe do mal quer evitá-lo, mas não consegueConclusão:
Deus não é omnipotentePremissa 1:
Deus é um ser sumamente bom, omnipotente e omniscientePremissa 2:
O sofrimento existePremissa 3:
Deus não sabe do malConclusão: Deus não é omnisciente
Um teísta responderia que existem
razões moralmente suficientes para que
Deus opte por não eliminar o mal. O principal argumento é o da existência do livre arbítrio, e a sua existência como condição essencial da moral:
A existência da livre vontade no homem implica que tenha de haver bem e mal, para ele poder optar. Se só pudéssemos escolher o bem seria um real exercício do nosso livre arbítrio (estávamos obrigados a escolher sempre o bem)
Se só pudéssemos escolher o bem nada de extraordinário estaríamos a fazer do ponto de vista moral (não
poderíamos ser
responsabilizados e elogiados por ela)
É possível imaginar que alguma dose de mal pudesse ser necessária ser autorizada por Deus para atingir certos objetivos morais, mas sendo a natureza de Deus a de um ser sumamente bom, é incoerente com tal natureza que o mal exista por duas razões:
A dose do mal atinja, por vezes, proporções calamitosas.