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Inovações Tecnológicas em Arranjo Produtivo Local: um estudo no segmento de materiais plásticos

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Inovações Tecnológicas em Arranjo Produtivo Local: um estudo no segmento de materiais plásticos

Autoria: Janaina Rodrigues Scheffer, Sílvio Antônio Ferraz Cário, Claudia M. Freitas

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo analisar a configuração do arranjo produtivo de Materiais Plásticos na região Sul de Santa Catarina, composto por um aglomerado de micro e pequenas empresas - MPEs, com ênfase nos processos de inovação tecnológica. A partir de pesquisa realizada junto a 36 empresas, representando 55% das existentes, verifica-se que as capacitações tecnológicas das empresas produtoras derivam de processos interativos presentes na área de produção e de relacionamento interativo entre os agentes produtivos com seus fornecedores e clientes. Neste contexto, utilizam-se dos mecanismos informais dos processos de aprendizado, a saber, o learning by doing, learning by using e learning by

interacting, que resultam em incorporações em seus processos e produtos de inovações de

natureza incremental. Tais ocorrências estão em sintonia com o regime tecnológico existente no setor, pois este ao apresentar baixas condições de oportunidade tecnológica, de cumulatividade do conhecimento, de apropriabilidade de resultados e fácil difusão do conhecimento base, abre possibilidade para desenvolvimento de processos inovativos a partir dos processos de aprendizagem.

1. INTRODUÇÃO

Firma-se nas últimas décadas um novo modo de organização da produção pautado pela presença de pequenas plantas industriais, flexibilização produtiva, diversificação da produção, formação de rede de empresas, multifuncionalidade do trabalhador, gastos permanentes em pesquisa e desenvolvimento, relações intensas entre produtor, fornecedor e clientes, mudanças organizacionais, relevância da economia do conhecimento, valorização do espaço local de produção, articulação pública-privada em objetivos comuns, entre as principais ocorrências (Lastres e Ferraz, 1999: 27-57). Esse processo altera a organização industrial pautada, até então, na supremacia da grande empresa, que sem deixar de ser relevante, possibilita as empresas de menor porte participarem e desempenharem papel ativo na construção de vantagens competitivas.

Dentre as características relevantes destacam-se os esforços empresariais voltados à criação e exploração de competências a partir do desenvolvimento de processos inovativos, identificados consensualmente como fator chave do sucesso empresarial pelas vantagens competitivas diferenciadas e em ganhos econômicos distintos gerados (Cassiolato e Lastres, 2002). Nesta perspectiva, o presente texto procura avaliar a capacidade das micro e pequenas empresas - MPEs - desenvolverem processos inovativos como um dos mecanismos de construção de vantagens competitiva no arranjo produtivo local – APL - de materiais plásticos, localizado na região Sul do estado de Santa Catarina. As empresas participantes deste aglomerado são especializadas na produção de plásticos descartáveis, e se posicionam como segundo maior produtor de plástico estadual e principal produtor de plásticos descartáveis no sub-segmento copos do país. Para tanto está divido em três seções, onde nesta 1a. seção apresenta-se o objetivo principal; na 2a. seção

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caracteriza-se a indústria de plástico no Estado e a formação do arranjo produtivo em estudo; na 3a. seção avalia-se os esforços de capacitação para processos inovativos; na 4a seção propõe-se ações de políticas voltadas para o desenvolvimento do arranjo produtivo local; e por fim, na 5a. seção apresentam-se as considerações finais.

2. CARACTERIZAÇÃO DA INDUSTRIA DE MATERIAIS PLÁSTICOS NA REGIÃO SUL DE SANTA CATARINA

O estado de Santa Catarina destaca-se como terceiro maior produtor de transformados plásticos do país com uma participação em torno de 10% do total da produção nacional. Apresenta um dos maiores índices de especialização no setor de materiais plásticos brasileiro, expresso pela taxa de 4,3% do produto da indústria de transformação, frente ao índice brasileiro de 2%; e posiciona-se acima da participação média do segmento de plásticos na indústria de transformação mundial, que se situa em torno de 3% (BRDE, 1997). As principais atividades da indústria de transformadores plásticos em Santa Catarina se concentram em três segmentos produtivos, o de embalagens, construção civil e descartáveis. Tais linhas de produtos foram fabricados no ano 2000 por 474 empresas, sendo 315 classificadas com micro, 116 pequenas, 39 médias e apenas 4 são grandes, portanto 90,9% classificadas como PMEs. Apesar da produção encontrar-se distribuída por todo o Estado, destacam-se como principais produtoras as regiões Norte e Sul, sendo a primeira especializada nos segmentos de construção civil, principalmente tubos e conexões de PVC, e a segunda em produtos descartáveis. As duas regiões são responsáveis por 2/3 da produção estadual de matérias plásticas, sendo a primeira região responsável por 43,0% e a segunda por 25,0%.

Tabela 1: Número de estabelecimentos por município no arranjo produtivo de materiais plásticos da região Sul de Santa Catarina- 2001

Número de estabelecimentos Cidade

Micro % Pequena % Média % Grande % Total %

Criciúma 12 63.1 5 26,3 1 5,3 1 5,3 19 100,0 Içara 3 50,0 1 16,7 2 33,3 0 0,0 6 100,0 Orleans 8 50,0 4 25,0 4 25,0 0 0,0 16 100,0 São Ludgero 8 57,1 3 21,4 2 14,3 1 7,2 14 100,0 Siderópolis 1 33,3 2 66,7 0 0 0 0,0 3 100,0 Urussanga 2 25,0 4 50,0 2 25,0 0 0,0 8 100,0 Total 34 51,5 19 28,8 11 16,6 2 3,0 66 100,0 Fonte: RAIS, 2001

Na região Sul do Estado encontra-se o arranjo produtivo de matérias plásticas composto pelos municípios de Criciúma, Içara, Orleans, São Ludgero, Urussanga e Siderópolis, onde estão estabelecidas 66 empresas. Neste arranjo produtivo, 80,0% são MPEs e estão fortemente concentradas nas localidades de Criciúma e Orleans, conforme a tabela 1. Segundo a RAIS (2001), do total de 61.464 empregados formalmente em diferentes atividades produtivas no arranjo, 5.566 estão ocupados em atividades de transformadores plásticos, correspondendo a 9,0% da população total empregada.

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A partir de pesquisa de campo realizada em uma amostra representativa de 36 empresas especializadas na produção de plásticos descartáveis, embalagens descartáveis e artefatos diversos, observa-se que 73,3% do total dessa população empresarial são consideradas MPEs. Em contraste com esta dominância, observa-se a inexistência de correspondente relação com o número de empregados, uma vez que estas empregam apenas 21,2% dos trabalhadores formais e as médias e grandes empresas, 27,8%, são as principais responsáveis pela absorção de empregados, 78,9% do total.

A origem do capital dessas empresas é predominantemente nacional, sendo apenas 1 micro portadora de capital estrangeiro e 1 pequena empresa possuidora de participação de capital externo em sua composição patrimonial. A maioria das empresas é independente, 91,7% das micro e 85,7% das pequenas empresas, e o restante, 8,3% e 14,3% respectivamente, faz parte de grupos econômicos locais e estão sob controle de holdings correspondentes. O predomínio do capital nacional nas empresas pertencentes decorre do ambiente produtivo estimulador da capacidade de criar empresas no setor, diversificação produtiva regional das empresas, desinteresse do capital externo adentrar segmento produtivo de baixo valor agregado e disponibilidade de capital próprio em consonância com o volume de investimento requerido.

A predominância de MPEs no arranjo está amparada pelo forte movimento de novos entrantes neste segmento nos anos 90 e em particular a partir do segundo qüinqüênio. Segundo os dados coletados, a partir de 1990 observa-se a fundação de 10 das 12 micro empresas, 83,3%; e 8 das 14 pequenas, 57,1%, das empresas selecionadas destes grupos. As empresas destes portes foram fundadas, na maioria dos registros, por mais de 1 sócio, cujo perfil caracteriza-se pela predominância do sexo masculino, ultrapassando a 80%; maior percentual dos proprietários possuindo ensino médio completo, 41,7% nas micro e 21,4% nas pequenas empresas; 34,4% dos fundadores das micro eram empregados antes de se tornarem empresários e 57% das pequenas empresas eram empresários em outros segmentos produtivos antes de adentrarem este setor. A principal fonte de recursos para se criar as empresas é própria, os empréstimos no primeiro ano são poucos representativos, 2% e 13% do total do capital para as micro e pequenas empresas, respectivamente.

Neste arranjo, a produção destina-se fundamentalmente para o mercado interno, em torno de 97,5%, sendo que para todos os portes empresariais o Brasil – espaço nacional - constitui o principal mercado, 92,5%; seguido por Santa Catarina, 3,8%; e o local, 1,3%. Para as MPEs, se o mercado nacional constitui o principal espaço para realização de vendas, 52,7% e 56,4% respectivamente, o mesmo não se verifica em termos do segundo maior mercado, pois para 27,2% das micro apontam o espaço local, enquanto 28,7% das pequenas sinalizam o Estado. O mercado externo é irrelevante, em geral, com 2,5% das vendas, embora haja esforços para se colocarem produtos, principalmente no Mercosul.

Em paralelo, se instalam na região empresas fornecedoras de insumos, à exemplo tintas e corantes, assim como fornecedoras de peças e componentes, pertencentes aos segmentos de mecânica, metalúrgica e de material elétrico, que dão suporte a indústria de transformadores plásticos do arranjo e a outras indústrias como cerâmica e vestuários. Segundo informações da RAIS (2002), existem na região aproximadamente 47 estabelecimentos fornecedores, sendo 4 fabricantes de aditivos; 2 produtores de resinas termofixas; 4 fabricantes de impermeabilizantes, solventes e outros produtos correlatos; 30 produtores de máquinas e equipamentos de uso geral e 7 fabricantes de máquinas-ferramenta, que dão suporte ao processo produtivo local.

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O arranjo produtivo em estudo conta, ainda, com um conjunto de instituições com funções de apoiar o seu desenvolvimento. Existem várias instituições de ensino técnico e superior oferecendo cursos diretamente relacionados à esta atividade, destacando o curso Técnico em Plásticos promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI em conjunto com o Centro de Assistência dos Trabalhadores do Carvão – SATC - e os cursos superiores em Engenharia de Materiais oferecidos pela Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina – UNESC – e de Polímeros, oferecido pela UNESC em conjunto com o SENAI-CTCMAT, nas dependências da SATC. Alem destes existem outras instituições que oferecem cursos que indiretamente apóiam o desenvolvimento deste arranjo destacando a Escola Superior de Criciúma – ESUCRI – e a Faculdades Associadas de Santa Catarina – FASC - que oferecem cursos dentre os quais citam-se Administração de Empresas, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas.

No campo da infra-estrutura tecnológica o arranjo conta com o Centro Tecnológico em Cerâmica e Materiais - CTCMAT -, instituição criada em 1995 a partir de esforços institucionais públicos e privados. Desde a sua criação até 2001, este centro tecnológico atendia especificamente o setor cerâmico, porém visando melhor aproveitamento das infra-estruturas tecnológica e educacional local, as ações foram ampliadas para o segmento de plásticos. As atividades desenvolvidas de serviços e informações tecnológicas, pesquisas e desenvolvimento e os cursos técnico e superior oferecidos contam com a participação de professores da Universidade Federal de Santa Catarina e atendem empresas do não somente do arranjo local, mas também de outros Estados.

No espaço da representação de interesses de classe, a área empresarial mantém vinculações com associações de apoio nacional como a Associação Brasileira de Descartáveis Plásticos - ABRADE. Assim como no espaço local, conta com a Associação Comercial e Industrial de Criciúma – ACIC; Sindicato da Indústria Plásticas do Sul Catarinense – SIMPLAC; Sindicato das Industrias de Descartáveis Plásticos do Estado de Santa Catarina – SINDESC; Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Plásticas, Químicas e Farmacêuticas da Criciúma e Região – FITIESC e o Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE.

3. CAPACITAÇÃO TECNOLÓGICA

No arranjo produtivo de materiais plásticos as MPEs procuram desenvolver processos inovativos introduzindo mudanças técnicas tanto em nível de produto como de processo. No campo das inovações de produto é significativo o número de empresas, cerca de 2/3 das entrevistadas em ambos tamanhos empresariais, que introduz produto novo para a empresa, porém não constituindo produto original para o mercado nacional, conforme a tabela 2. Da mesma forma, no espaço das inovações de processos ocorrem mudanças tecnológicas sendo mais incidente na pequena, 2/3, e menos presente nas micro empresas, 1/2, no campo das inovações já existentes no setor de atuação das empresas.

Em consideração às características principais das inovações, observa-se no âmbito do produto que as mudanças tem-se pautado em produzir tanto copos descartáveis e como embalagens, com apresentação de menor espessura e com maior resistência. Além disso, no segmento de descartáveis constata-se mudanças nos formatos e coloração dos produtos, assumindo acentuações nas formas e cores em consonância com os designs. As inovações de processo, tanto para copos descartáveis como para embalagens plásticas, ocorrem através da utilização de novas resinas e mudanças na composição do produto e de

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introdução de novas máquinas e equipamentos no processo produtivo. As novas resinas e composições atribuem ao produto maior qualidade e resistência, enquanto que os novos modelos das máquinas permitem maximizar a utilização das matérias-primas e outros insumos, bem como o aumento da produtividade.

Tabela 2: Características do processo de inovação no arranjo produtivo de materiais plásticos da região Sul de Santa Catarina – 2000 – 2002 %

Micro Pequena Média Grande Descrição

Sim Sim Sim Sim

1. Inovações de produto* 66,7 71,4 62,5 50,0

1.1. Produto novo para a sua empresa, mas existente no mercado? 66,7 71,4 62,5 0,0

1.2. Produto novo para o mercado nacional? 0,0 0,0 0,0 50,0

1.3. Produto novo para o mercado internacional? 0,0 0,0 0,0 0,0

2. Inovações de processo* 58,3 71,4 75,0 100,0

2.1. Processos tecnológicos novos para a sua empresa, mas existentes no setor?

50,0 71,4 62,5 100,0

2.2. Processos tecnológicos novos para o setor de atuação? 16,7 0,0 25,0 0,0

3. Outros tipos de inovação* 58,3 92,9 100,0 100,0

3.1. Criação ou melhoria substancial, do ponto de vista tecnológico, no modo de acondicionamento de produtos?

50,0 71,4 75,0 100,0

3.2. Inovações no desenho de produtos? 33,3 78,6 87,5 50,0

4. Realização de mudanças organizacionais ? 41,7 85,7 87,5 100,0

4.1. Implementação de técnicas avançadas de gestão ? 0,0 42,9 50,0 0,0

4.2. Implementação de significativas mudanças na estrutura organizacional?

33,3 35,7 75,0 50,0 4.3. Mudanças significativas nos conceitos e/ou práticas de

marketing ?

25,0 42,9 62,5 0,0 4.4. Mudanças significativas nos conceitos e/ou práticas de

comercialização? 16,7 50,0 62,5 0,0

4.5. Implementação de novos métodos e gerenciamento, visando a

atender normas de certificação (ISO 9000, ISSO 14000, etc)? 8,3 14,3 12,5 100,0

Índice = (Nº Empresas com pelo menos um sim) / (Nº Empresas no Segmento) Fonte: Pesquisa de Campo

Por seu turno, as inovações organizacionais assumem configuração inferior em relação as inovações de produto e processo para as MPEs, sobretudo para as micro empresas do arranjo em estudo. Estas empresas não implementam técnicas avançadas de gestão, tais como célula de produção, círculo de controle de qualidade, controle por unidade de negócios, etc. procurando desenvolver práticas comuns de administração familiar. Assim como, constata-se que são reduzidas as empresas deste porte que implementam mudanças na estrutura organizacional, tais como redução de níveis hierárquicos e criação de novos departamentos; bem como são poucas as que promovem significativas alterações em conceitos e/ou práticas de marketing e menos ainda as que estão preocupadas em implementar novos métodos e gerenciamento que resultem na obtenção de certificação internacional. Ainda que com constatações participativas maiores que as citadas, as pequenas empresas seguem a mesma trajetória de baixa relevância nos itens constatados, demonstrando assim, despreocupação com técnicas modernas de gestão que capacitam o processo decisório.

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As MPEs de materiais plásticos se capacitam para desenvolver processos inovativos recorrendo fundamentalmente aos mecanismos de aprendizagem informal que ocorrem no espaço da produção e em relações com fornecedores e usuários. As empresas de pequeno porte praticamente não destinam recursos para P&D, segundo levantamento da pesquisa de campo, estes são inexistente para as micro, 0,0%, e insignificantes para as pequenas empresas, 0,3%. Para o grupo destas empresas, não se constata a existência de infra-estrutura tecnológica postas em termos de laboratórios, equipamentos, técnicos especializados, etc., bem como não se observa a prática rotineira de incluir as atividades de P&D no planejamento empresarial Valem-se tais empresas de experiências, habilidades e conhecimentos adquiridos pelos seus trabalhadores no processo operação produtiva e gestão dos negócios internos para imporem mudanças técnicas (learning by doing); de relações que se firmam com fornecedores de insumos e de máquinas e equipamentos que se expressam através de informações tecnológicas, trocas de experiências e solução conjuntas de problemas técnicos (learning by interacting); e de interações com clientes cujo uso dos produtos permite identificar problemas, propor soluções, sinalizar tendências, entre outros pontos relevantes (learning by using) (Malerba, 1992).

Tabela 3: Fonte de informação para desenvolvimento de processos innovativos no arranjo produtivo de materiais plásticos da Região Sul de Santa Catarina - 2003

Micro Pequena Média Grande Descrição

Índice* Índice* Índice* Índice* 1. Fontes Internas

1.1. Departamento de P & D 0,27 0,50 0,29 0,50

1.2. Área de produção 0,91 0,89 0,81 0,80

1.3. Áreas de vendas e marketing 0,82 0,94 0,90 1,00

1.4. Serviços de atendimento ao cliente 0,82 0,94 0,90 1,00

1.5. Outras 0,00 0,00 0,00 0,00

2. Fontes Externas

2.1. Outras empresas dentro do grupo 0,09 0,11 0,28 1,00

2.2. Empresas associadas (joint venture) 0,00 0,07 0,13 0,00

2.3. Fornecedores de insumos (equipamentos, materiais) 0,78 0,89 1,00 1,00

2.4. Clientes 0,69 0,97 0,83 1,00

2.5. Concorrentes 0,35 0,48 0,39 0,80

2.6. Outras empresas do Setor 0,20 0,67 0,68 0,30

2.7. Empresas de consultoria 0,18 0,37 0,60 0,50

3.Universidades e Outros Institutos de Pesquisa

3.1. Universidades 0,33 0,54 0,23 0,50

3.2. Institutos de Pesquisa 0,00 0,21 0,08 0,00

3.3. Centros de capacitação profissional e de assistência técnica 0,20 0,31 0,23 0,80

3.4. Instituições de testes, ensaios e certificações 0,15 0,19 0,08 0,80

4. Outras Fontes de Informação

4.1. Licenças, patentes e “know-how” 0,00 0,21 0,36 0,15

4.2. Conferências, Seminários, Cursos e Pubs. Especializadas 0,35 0,61 0,61 0,80

4.3. Feiras, Exibições e Lojas 0,65 0,75 0,73 0,80

4.4. Encontros de Lazer (Clubes, Restaurantes, etc) 0,24 0,53 0,50 0,60

4.5. Associações empresariais locais 0,56 0,69 0,76 0,15

4.6. Informações de rede baseadas na internet ou computador 0,54 0,81 0,86 1,00

*Índice = (0*Nº Nulas + 0,3*Nº Baixas + 0,6*Nº Médias + Nº Altas) / (Nº Empresas no Segmento) Fonte: Pesquisa de Campo

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Para as micro empresas, das fontes internas de informações importantes para o desenvolvimento de processos inovativos, destacam-se as provenientes da área de produção, índice de 0,91 de grau de importância, superior aos decorrentes das áreas de vendas e marketing e atendimento direto aos clientes, 0,82, conforme a tabela 3. Este índice apresenta-se, também, elevado nas pequenas empresas do arranjo produtivo de materiais plásticos, 0,89, ainda que os apresentados pelas áreas de vendas e marketing e atendimento ao cliente, sejam superiores, 0,94. As MPEs do arranjo em estudo demonstram que seus trabalhadores, através do mecanismo de learning by doing, vão percebendo as oportunidades no processo ou operações que podem ser melhoradas. Por meio da materialização da habilidade, do conhecimento e da experiência promovem inovações incrementais, que resultarem em redução de custos, diminuição de incidências de problemas e melhoria de qualidade dos produtos.

No âmbito das fontes externas alimentadoras de processos inovativos, destacam-se, para as micro empresas, as provenientes das interações com os fornecedores de insumos e máquinas e equipamentos que respondem pelo índice de maior grau de importância, 0,78, em comparação com outras fontes como as que se manifestam a partir de relações com clientes, 0,69. Por sua vez, as pequenas empresas consideram este último quesito como fonte de informação mais relevante, 0,97, em comparação com as que decorrem com os fornecedores, 0,89. Nesta perspectiva, as empresas, ainda com atributos diferenciados por porte, demonstram pelo mecanismo learning by using capacidade de compreensão da importância das sinalizações feitas pelos clientes sobre problemas não detectados ex-ante nos produtos, assim como reconhecem que o conhecimento científico e tecnológico não é capaz de prever todas as possibilidades de uso do produto. Assim como, ao atribuírem relevância ao mecanismo de learning by interacting reconhecem a importância da troca de informações e outras formas de cooperação técnica com fornecedores situados na cadeia produtiva.

Por outro lado, as relações das MPEs do arranjo com as universidades e outros centros de pesquisas para desenvolvimento de processos inovativos não se mostram intensas, ainda que mais relevante os atributos da pequena empresa em relação às micro em projetos cooperativos. Os índices atribuídos de grau de importância para relações com universidades, 0,33 para as micro e 0,54 para as pequenas, e com institutos de pesquisa, 0,00 e 0,21 respectivamente, são comprovadores desta ocorrência. Os índices registrados expressam que são poucas as empresas que procuram manter relações interativas em busca de suporte para ações inovativas. Por conseqüência, são as que se beneficiam das condições infra-estruturais educacional e tecnológica existentes no arranjo, considerando que a Universidade - UNESC – possui corpo docente com conhecimento nas áreas de polímeros e de engenharia de materiais, e o instituto de pesquisa – SENAI-CTCMAT – conta com laboratórios, equipamentos e técnicos que realizam ensaios, testes, certificação e pesquisa e desenvolvimento na área de materiais plásticos.

Por outro lado, as MPEs recorrem a feiras, exibições e lojas como uma das fontes externas de informação para desenvolverem processos inovativos. Registram-se, na pesquisa de campo, índices de grau de importância 0,65 para as micro e 0,75 para as pequenas empresas de materiais plásticos do arranjo. Outra forma de atualização de informação tecnológica que as empresas demandam são as conferências, seminários, cursos e publicações especializadas, sendo mais relevante para as pequenas empresas, 061, do que para as micro, 0,35, em índices de grau de importância constatados. Eventos são realizados no arranjo em promoção da ACIC, SIMPLASC, SINDESC – na forma de palestras e

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conferências relacionadas ao setor. Por sua vez, não se registram feiras e exposições no arranjo, estas ocorrem externamente e com freqüência anual como a Feira e Congresso Nacional de Integração da Indústria de Plástico e a Feira Internacional de Plásticos.

Tabela 4: Localização das fontes de informação para capacitação tecnológica do arranjo produtivo de materiais plásticos da região Sul de Santa Catarina - 2003

Micro Pequena Média Grande

Descrição

Local Local e Fora Fora Só Local Só Local e Fora Fora Só Local Só Local e Fora Fora Só Local Só Local e Fora Fora Só 2. Fontes Externas

2.1. Outras empresas dentro do grupo 0.0 0.0 80,3 7.1 7.1 0.0 25,0 12,5 0,0 50,0 50,0 0,0 2.2. Empresas associadas (joint

venture) 0.0 0.0 0.0 0.0 7.1 0.0 12,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

2.3. Fornecedores de insumos

(equipa- mentos, materiais) 8.3 41.6 25.0 0,0 64,3 35,7 0,0 50,0 25,0 0,0 100,0 0,0 2.4. Clientes 0.0 41.6 25.0 0.0 78.6 21.4 0,0 87,5 12,5 0,0 100,0 0,0 2.5. Concorrentes 25.0 16.7 8.3 42.9 14.3 14.3 37,5 25,0 0,0 0,0 100,0 0,0 2.6. Outras empresas do Setor 8.3 8.3 16.7 42.9 35.7 7.1 50,0 37,5 0,0 0,0 50,0 0,0 2.7. Empresas de consultoria 0.0 0.0 16.6 14.3 14.3 14.3 37,5 12,5 25,0 0,0 0,0 50,0 3. Universidades e Outros Institutos de Pesquisa

3.1. Universidades 8.3 16.6 8.3 57.1 21.4 0.0 25 12,5 0,0 0,0 0,0 50,0 3.2. Institutos de Pesquisa 0.0 0.0 0.0 21.4 14.3 0.0 12,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3.3. Centros de capacitação

profissional,

de assistência técnica e de manutenção 16.7 8.3 0.0 28.6 14.3 7.1 37,5 0,0 0,0 50,0 0,0 50,0 3.4. Instituições de testes, ensaios e

certificações 0.0 0.0 16.7 14.3 7.1 7.1 12,5 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 Outras Fontes de Informação

4.1. Licenças, patentes e “know-how” 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 14.3 12,5 0,0 37,5 0,0 0,0 50,0 4.2. Conferências, Seminários, Cursos

e Publicações Especializadas 16,7 0,0 25,0 21.4 14.3 42.9 25 37,5 37,5 0,0 50,0 50,0 4.3. Feiras, Exibições e Lojas 16,7 0,0 58,3 0.0 14.3 85.7 12,5 12,5 62,5 0,0 50,0 50,0 4.4. Encontros de Lazer (Clubes,

Restaurantes, etc) 16.7 0.0 8.3 71.4 0.0 0.0 75 12,5 0,0 100,0 0,0 0,0 4.5. Associações empresariais locais

(inclusive consórcios de exportações) 25.0 33.3 0.0 64.3 14.3 14.3 62,5 25,0 12,5 50,0 0,0 0,0 4.6. Informações de rede baseadas na

internet ou computador 8.3 8.3 41.7 0.0 21.4 71.1 12,5 25,0 62,5 0,0 50,0 50,0 Fonte: Pesquisa de Campo

No âmbito da localização das fontes de informação externas mais importantes para capacitação tecnológica das MPEs destacam-se as estabelecidas, conjuntamente, no local e fora, sendo contudo mais relevante fora do arranjo, para fornecedores e clientes, conforme a tabela 4. O local ainda é insuficiente para fornecer as informações necessárias para atualizar e estimular as empresas em processos inovativos. Os principais fornecedores de máquinas e equipamentos localizam-se em São Paulo, na Itália e na Alemanha, ainda que no arranjo existam fornecedores de peças e componentes e revendas de máquinas usadas. Da mesma forma, o principal mercado consumidor situa-se em nível nacional, ainda que o mercado local seja importante para as micro empresas. Entretanto, o local constitui uma fonte importante de informação no âmbito dos produtores concorrentes e de outras empresas do

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setor através de esforços em obter informações sobre qualidade do produto, técnicas organizacionais, estágio tecnológico das máquinas, etc. obtidas através de relações comerciais, encontros sociais, relações de amizades, reuniões na ACIC, etc.

As universidades e institutos de pesquisa inseridas no local não constituem fontes de informações relevantes para capacitação tecnológica das micro empresas, dados os baixos atributos aferidos, enquanto para as pequenas empresas estas instituições têm importância maior, porém sem ser expressiva. Por seu turno, as empresas, em todos tamanhos considerados, reconhecem os centros de capacitação profissional, de assistência técnica e de manutenção existentes, no local, como fonte de informação, sobretudo pelo conteúdo dos cursos técnicos oferecidos. Estes resultados demonstram o interesse das empresas em obter informações operacionais que normalmente os cursos técnicos oferecem para aprimorar o processo produtivo do que buscar conhecimento mais complexo e abrangente oferecido pelos cursos superiores.

Em correspondência a criação de competência para desenvolvimento de processos inovativos, as MPEs realizam treinamentos e capacitação de seus recursos humanos em várias dimensões, sendo com mais ênfase na própria empresa e em instituições que oferecem cursos técnico no arranjo. Dentre as dimensões relevantes destaca-se o treinamento que ocorre no âmbito da empresa, com índice de importância 0,92 tanto para as micro como para as pequenas, conforme a tabela 5. Este treinamento se processa através de cursos e ensinamentos operacionais ministrados pelos fornecedores de insumos e de máquinas e equipamentos, de repasse de conhecimentos adquiridos por trabalhadores em cursos realizados em instituições no e fora do arranjo à outros trabalhadores da própria empresa, e de ensinamentos realizados na empresa por trabalhadores com maior conhecimento e experiência à outros em etapas específicas do processo produtivo.

Tabela 5 Treinamento e Capacitação de Recursos Humanos no arranjo produtivo de materiais plásticos da região Sul de Santa Catarina – 2000 - 2002

Micro Pequena Média Grande

Descrição

Índice* Índice* Índice* Índice*

1. Treinamento na empresa 0,92 0,92 0,86 1,00

2. Treinamento em cursos técnicos realizados no arranjo 0,24 0,75 0,53 0,80

3. Treinamento em cursos técnicos fora do arranjo 0,13 0,37 0,35 0,80

4. Estágios em empresas fornecedoras ou clientes 0,11 0,26 0,04 0,00

5. Estágios em empresas do grupo 0,11 0,00 0,04 0,50

6. Contratação de técnicos/engenheiros de empresas do arranjo 0,25 0,40 0,29 0,30

7. Contratação de técnicos/engenheiros de empresas fora do arranjo

0,08 0,33 0,24 0,15

8. Absorção de formandos dos cursos universitários localizados no arranjo ou próximo

0,08 0,46 0,29 0,65

9. Absorção de formandos dos cursos técnicos localizados no arranjo ou próximo

0,03 0,16 0,04 0,65

*Índice = (0*Nº Nulas + 0,3*Nº Baixas + 0,6*Nº Médias + Nº Altas) / (Nº Empresas no Segmento Fonte: Pesquisa de Campo

No âmbito dos cursos técnicos oferecidos, as empresas recorrem mais aos realizados no arranjo do que os que ocorrem fora do arranjo, em demonstração de aproveitamento das condições institucionais existentes no ambiente produtivo local. Por sua vez, estes cursos

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são melhores aproveitados pelas pequenas empresas que apresentam índice de intensidade 0,75, em relação ao índice de 0,24 alcançados pelas micro empresas. Dentre os cursos técnicos destacam-se, em nível local o Curso Técnico em Plásticos oferecidos pela parceria SENAI-CTCMAT e SATC e no âmbito externo o Curso Técnico em Moldes e Matrizes realizado no SENAI de Joinville – SC.

A contratação de técnicos e engenheiros de outras empresas do arranjo e de fora do arranjo como forma de aumentar as capacidades produtiva e tecnológica não se mostra um quesito relevante. Os índices de intensidade demonstrados pelas respostas de 0,25 e 0,40 para contratações no arranjo e 0,08 e 0,40 para contratações fora do arranjo respectivamente pelas micro e pequenas empresas, revelam que não é comum apropriar-se do conhecimento e das experiências adquiridas por outros trabalhadores através do processo de contratação. Esta evidência demonstra que as empresas preferem treinar e formar seus próprios trabalhadores, seja através das de ensinamentos e aprendizado internos, seja pelos cursos oferecidos no e fora do arranjo por instituições de ensino.

Tabela 6: Impactos da Inovação no arranjo produtivo de materiais plásticos da região Sul de Santa Catarina – 2000 - 2002

Índices Impactos

Micro Pequena Média Grande

1. Aumento da produtividade da empresa 0,51 0,57 0,83 0,80

2. Ampliação da gama de produtos ofertados 0,39 0,61 0,48 0,50

3. Aumento da qualidade dos produtos 0,43 0,61 0,65 0,80

4. Permitiu a empresa manter a participação nos mercados 0,55 0,69 1,00 1,00

5. Aumento da participação no mercado interno da empresa 0,38 0,70 0,65 0,15

6. Aumento da participação no mercado externo da empresa 0,00 0,00 0,20 0,00

7. Permitiu que a empresa abrisse novos mercados 0,36 0,46 0,55 1,00

8. Permitiu a redução de custos do trabalho 0,32 0,29 0,53 0,60

9. Permitiu a redução de custos de insumos 0,20 0,11 0,33 0,30

10. Permitiu a redução do consumo de energia 0,08 0,14 0,36 0,30

11. Permitiu o enquadramento em regulações e normas padrão

relativas ao mercado interno 0,00 0,09 0,33 0,00

12. Permitiu o enquadramento em regulações e normas padrão

relativas ao mercado externo 0,00 0,00 0,13 0,00

13. Permitiu reduzir o impacto sobre o meio ambiente 0,08 0,04 0,28 0,30

*Índice = (0*Nº Nulas + 0,3*Nº Baixas + 0,6*Nº Médias + Nº Altas) / (Nº Empresas no Segmento) Fonte: Pesquisa de Campo

A compreensão do impacto das inovações sobre as condições competitivas das MPEs apresenta-se distintas por tamanho empresarial, recebendo maiores atributos nas pequenas do que nas micros empresas, ainda que sem deixarem de ser índices regulares, conforme a tabela 6. Nas micros empresas, os índices apresentados apontam predomínio nas respostas dos graus de importância nula e baixa para os itens que a introdução de inovações promove, tais como: aumento da produtividade da empresa, ampliação da gama de produtos ofertados, elevação da qualidade dos produtos, aumento da participação no mercado, redução de custos, entre outros. Esta constatação demonstra que as micro empresas, primeiro, não apresentam consciência dos impactos positivos das inovações e, segundo, se preocupam mais com orientações voltadas à produção. Apresentando índices

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comparativamente melhores, as pequenas empresas apontam que as inovações não só permitem as empresas manterem, 0,70, mas também aumentarem a participação no mercado consumidor, 0,69.

Em termos comparativos, observa-se que as pequenas empresas apresentam maior constância nas atividades inovativa que as micro empresas, por serem proporcionalmente as que mais desenvolvem atividades inovativas nas formas rotineira e ocasional. Dentre as ocorrências de atividades inovativas rotineiras destacam-se o uso de programas de treinamento de trabalhadores orientados à introdução de mudança técnica e a aquisição de máquinas e equipamentos que resultem em melhorias tecnológicas de produtos; enquanto as atividades inovativas de P&D inserem-se no campo de freqüência ocasional. Este resultado expressa o quadro de possibilidades com que contam as pequenas empresas a partir da utilização do conhecimento adquirido pelos trabalhadores em cursos e dos avanços tecnológicos promovidos pelos fornecedores de tecnologia através compra de equipamentos. Revelam neste aspecto atuação passiva, valendo-se de condições dadas pelo ambiente da produção e pelas relações com fornecedores de equipamentos, portanto, sem a obrigatoriedade de investir em P&D de forma constante.

O reflexo destas considerações está expresso na participação nas vendas em 2002 de produtos novos ou aperfeiçoados entre 2000 e 2002, sendo mais relevante o impacto nas vendas para as pequenas em relação às micros empresas, como registrado na tabela 7. Para parte das pequenas empresas, cerca de 25%, os novos produtos chegam a representar de 50 a 100% de participação nas vendas, enquanto tal ocorrência está somente para 9% das micro empresas. Da mesma forma, no âmbito de significativos aperfeiçoamentos de produtos observa-se que para 30% das pequenas empresas estes chegam a representar de 76 a 100% da participação das vendas, enquanto tal ocorrência se verifica somente para 9% das micro empresas. Esta constatação procedente de parte do núcleo de pequenas empresas evidencia os ganhos econômicos que resultam de decisões voltadas a introduzir inovações, ainda que a imprevisibilidade e a incerteza de retornos estejam presentes nesta atividade. Tabela 7: Participação nas vendas internas em 2002 de produtos novos ou aperfeiçoados

entre 2000 e 2002 %

Participação nas vendas

Descrição 0 1 a 5 6 a 15 16 a 25 26 a 50 51 a 75 76 a 100 Total 1.Micro Produtos novos 36,4 0,0 9,1 9,1 36,4 0,0 9,1 100,0 Significativos aperfeiçoamentos 45,5 0,0 0,0 9,1 0,0 36,4 9,1 100,0 2. Pequena Produtos novos 25,0 0,0 0,0 33,3 16,7 16,7 8,3 100,0 Significativos aperfeiçoamentos 23,1 0,0 7,7 7,7 15,4 15,4 30,8 100,0 3. Média Produtos novos 37,5 0,0 12,5 25,0 25,0 0,0 0,0 100,0 Significativos aperfeiçoamentos 28,6 0,0 14,3 14,3 14,3 14,3 14,3 100,0 4. Grande Produtos novos 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Significativos aperfeiçoamentos 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 100,0

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Considerando os aspectos citados, observa-se que a capacidade inovativa do arranjo de materiais plásticos retrata as condições em que se encontra o regime tecnológico, cuja dinâmica apresenta estabilidade em seu padrão possibilitando ocorrências de inovações incrementais a partir de mecanismos de aprendizagem. Com o padrão tecnológico estável existem baixas condições de oportunidades tecnológicas que impossibilitam o aparecimento de inovações radicais e abrem possibilidades para melhoramento e adaptação do produto. Assim como, a maturidade deste padrão aponta baixo nível de cumulatividade do conhecimento permitindo fácil acesso ao conhecimento de cunho tecnológico. Tal facilidade encontra suporte nas características do conhecimento base, cujas disciplinas e conteúdos associados às áreas de engenharia de materiais e química apresentam-se codificações não complexas e de relativo acesso. Desta forma, a tecnologia torna-se difundida que adicionada à inexistência de um sistema de proteção, conduz a baixas condições de apropriabilidade dos resultados por longo tempo pelas empresas (Breschi e Malerba, 1997 e Malerba e Orsenigo, 1993).

Dadas esta condições, o processo inovativo não quebra o atual paradigma e avança a partir de aperfeiçoamentos incrementais em processos e produtos, introduzidos pelo setor fornecedor de tecnologia em modificações nas máquinas e equipamentos, por meio de alterações técnicas procedidas pelos fornecedores de insumo e através de mudanças no produto decorrentes dos procedimentos internos das empresas. Estas ocorrências encontram nos mecanismos de aprendizado forma de se reproduzirem, e por conseqüência aumentarem as capacitações para desenvolverem processo inovativos. Estes processos, por sua vez, apresentam várias características dentre as quais, distintas gradações decorrentes da magnitude do avanço tecnológico a ser empreendido, maior ou menor facilidade de acessar as soluções existentes, níveis de conduta interativa dos vários autores, estruturas organizacionais mais funcionais para o aprendizado tecnológico que outras, capacidade de explorar o conhecimento existente, etc.

Neste ambiente tecnológico da indústria de materiais plásticos, destacam-se as formas de conhecimento tácito como uma das principais formas para explorar os mecanismos de aprendizagem estimuladores de processos inovativos pelas empresas do arranjo. Considerando que a transmissão e o compartilhamento do conhecimento tácito não se faz por meio de linguagem formal e codificada, o conhecimento tácito decorrente de relações interpessoais permanentes, acumulação de experiência compartilhada e aquisição de capacitações em cursos e treinamento pelos trabalhadores criam-se capacitações para as empresas do arranjo promoverem mudança técnicas.

Tal forma de conhecimento torna-se ativo estratégico para as empresas de materiais plásticos do arranjo, considerando que se o conhecimento do trabalhador pode se transformar em conhecimento coletivo, criador de vantagem competitiva sustentável. As empresas que exploram o conhecimento coletivo desfrutam da propriedade de fazer do seu espaço, um ambiente privilegiado de transformação do conhecimento da forma de idéias em conhecimento relacionado à produção e mercado. Afinal, são as empresas que transformam seu local em espaço onde se enraízam e desenvolvem práticas de trabalho e experiência em base dinâmica a partir de processos de aprendizagem (Lei, Hit e Betti apud Oliveira Jr. 2001: 143).

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4. PROPOSIÇÃO DE POLITICAS

Considerando que as políticas públicas devem atuar no sentido de explorar as vantagens e atenuar as dificuldades enfrentadas pelas empresas no arranjo produtivo, suas formulações devem ser feitas a partir das análises da estrutura produtiva, da estrutura de conhecimento e pelas formas de coordenação. Portanto, sugere-se as seguintes ações políticas, considerando que, além das empresas produtoras, o governo local, as entidades representantes de classes, as instituições de ensino e os bancos financiadores destacam-se como os possíveis articuladores públicos privados capazes de desempenhar o papel de coordenadores.

1a) Ampliar os espaços de aprendizagem e os processos inovativos

Dado que o arranjo em estudo apresenta possibilidades de se explorarem os mecanismos de aprendizado informal para o desenvolvimento de processos inovativos, cabe uma série de ações. Destacam-se, neste intuito: a) criar espaços internos de discussão dentro das empresas sobre as possibilidades de mudança técnica; b) divulgar os melhoramentos e modificações nos métodos de produção, insumos associados e produtos, com a publicação e exposição dos mesmos em sites informativos e fóruns tecnológicos; c) aumentar as relações de complementaridade produtivas para intensificar as relações de troca e as especializações existentes com a participação ativa das entidades representantes de classe na coordenação dessas atividades; d) abrir espaços permanentes para fornecedores divulgarem seus produtos e trocarem informações tecnológicas, através da criação, em conjunto com as associações e as instituições de ensino, de canais de comunicação com clientes – site, mídia, etc; g) estimular a contratação de profissionais especializados (mestres, doutores, especialistas na área) através de convênios entre as associações e as universidades locais; h) incentivar a inovação dividindo o risco da introdução de novos produtos e/ou serviços através da criação de fundos governamentais para este fim.

2a) Criar condições para desenvolvimento formal de atividade de P&D nas empresas

As ações desse eixo estratégico voltam-se para estimular o desenvolvimento das atividades de P&D, considerando que as empresas não as fazem de forma ativa. Neste sentido, sugere-se: a) criar de infra-estrutura tecnológica – laboratórios e técnicos especializados; b) destinar recursos financeiros anuais para P&D; c) intensificar as atividades internas de P&D estimulando a capacidade de criação em projetos de desenvolvimento de produto – concepção, design, protótipo; d) fazer acordos e alianças em projetos cooperativos tecnológicos com concorrentes, fornecedores e instituições de pesquisa; e) instituir sistema anual de prêmio para empresas inovadoras organizado pelas associações locais e o governo.

3o.) Capacitar e treinar mão-de-obra para práticas inovativas

Considerando que a mão-de-obra local foi apontada como uma das principais externalidades positivas no arranjo, as ações devem voltar-se no sentido de explorar essas potencialidades aumentando o nível de qualificação e de especialização. Para tanto destacam-se a) realizar cursos de atualização tecnológica através da interação com os fornecedores; b) realizar curso de difusão de uso das tecnologias de informação organizados pelas instituições de ensino; c) promover seminários explicativos sobre dinâmica de processos interativos e cooperativos, com a atuação das associações; d) instituir programas de intercâmbio entre empresas e instituição de ensino e pesquisa para

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trocas de informações e obtenção de conhecimento; e) proporcionar estágios remunerados para trabalhadores que estejam fazendo cursos técnicos e superiores através de convênios entre as empresas as instituições de ensino; f) criar sistema de incentivo para trabalhadores que realizam cursos técnicos e superiores, por exemplo os estágios remunerados.

4a.) Promover interação progressiva conjunta dos agentes – instituições e empresas - visando a inovação

Existe no arranjo um conjunto de instituições que não é aproveitado em maior intensidade pelas empresas, cabe, portanto criar condições de estímulos interativos institucionais. Para tanto, as ações devem estar voltadas para: a) desenvolver programas de ação conjunta em torno de aquisição de máquinas e equipamentos atualizados tecnologicamente; b) criar programas de qualidade e de padronização de produtos; c) incentivar a demanda por consultorias técnicas externas; d) criar rede de informação acerca do estado das artes em tecnologias e gestão; e) fomentar grupos de estudo com o propósito de identificar oportunidades para desenvolvimento de novos produtos;g) auxiliar na criação de marca identificadora da qualidade dos produtos do arranjo.

5a.) Estimular as formas de governança, relações de cooperação e ações coletivas Torna-se relevante à existência de governança e de liderança local para explorar as vantagens que esta organização industrial constituída na forma de arranjo produtivo possibilita. Neste sentido, sugerem-se as seguintes ações: a) identificar a existência de lideranças políticas e empresariais locais capazes estimular ações conjuntas de empresas e instituições; b) constituir fórum local de ação, organizado palas associações locais em conjunto com a classe empresarial; c) eleger através dos empresários e a comunidade científica local, a instituição com a responsabilidade de difundir padrões técnicos mais sofisticados; d) desenvolver diferentes formas de cooperação, tais como consórcio para compras de insumos, equipamentos e exportação, atividades de P&D e informações sobre o mercado e tendências; e) estabelecer ações que visem fortalecer a confiança entre empresas e instituições, a partir das relações histórica, social e cultural de conformação do arranjo.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As MPEs do arranjo em estudo praticamente não desenvolvem atividades formais de P&D, os recursos são inexistentes e quando ocorrem são irrelevantes. Tais empresas pautam-se seus processos inovativo, fundamentalmente, por meio de mecanismos informais de aprendizagem que ocorrem nos espaços da produção e em interações com fornecedores e clientes. As inovações são incrementais, sendo no âmbito do produto voltadas à obtenção de produtos com menor espessura, maior resistência e mudanças de formato e de coloração. As inovações de processo decorrem da introdução de novas resinas plásticas e composições e novas máquinas e equipamentos que atribuem ao produto maior qualidade e resistência.

Tais inovações ocorrem a partir de processos de aprendizagem learning by doing,

learning by interacting e learning by using, sendo mais relevante nas pequenas do que nas

micro empresas. Estes mecanismos encontram formas de reprodução nas características do regime tecnológico que ao expressarem baixas condições de oportunidade tecnológica, cumulatividade do conhecimento, apropriabilidade de resultado e difusão do conhecimento base, abrem possibilidades para desenvolvimento de processos inovativos a partir de processos de aprendizagem. Das fontes de informação para desenvolvimento de processos inovativos são significativas as externas às empresas e com localização fora do arranjo, principalmente de fornecedores e clientes.

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As relações de interações das empresas no arranjo não são intensas e não se encontram amplamente desenvolvida a considerar os baixos percentuais de respostas, porém quando ocorrem são em maior proporção nas pequenas do que nas micros empresas. As interações se processam mais em nível vertical, sendo destaque nas parcerias informais, a compra de insumos, treinamento de recursos humanos e desenvolvimento de produto; e nas parcerias formais, as relações de subcontratação para cumprimento de etapas do processo produtivo, fornecimento de insumo e prestação de serviços administrativos. Tais resultados apontam a existência de baixo grau de complementariedade e não expressam a tendência de aumento do escopo da especialização produtiva local.

As políticas de desenvolvimento devem voltar-se para a geração e o aproveitamento do conhecimento endógeno no arranjo, bem como de sua difusão como forma de impulsionar a capacitação tecnológica. Para tanto, as empresas devem criar condições para investimentos formais em P&D, ampliar os espaços de aprendizagem tecnológica, aumentar a interação com as instituições de ensino e pesquisa e estimular formas de governança visando explorar as vantagens e benefícios que arranjos produtivos locais possibilitam. 6. REFERÊNCIAS

BRDE – BANCO REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO (1997) Diagnóstico da competitividade das indústrias de produtos de matérias plásticas da Santa Catarina. ROSA, J. A. (coord,). Porto Alegre: Editora Paralelo, América Consultoria e Projetos Internacionais.

BRESCHI, S., MALERBA, F. (1997) Sectorial innovation systems: technological regimes, schumpeterian dynamics and spatial boundaries. In: EDQUIST, C. (org.) Systems of innovation: technologies and organizations, Londres, Pinter Publisher, p. 130-156.

CASSIOLATO, J. E., LASTRES, H. M. M. (2002) O enfoque em sistemas produtivos e inovação locais. In: FISCER,T. (org.) Gestão do desenvolvimento e poderes locais: marcos teóricos e avaliação. Salvador, BA: Casa da Qualidade Ed. P. 61-76

LASTRES, H. M. M. et all (2000) Novas políticas na economia do conhecimento e do aprendizado. In: BNDES/FINEP/FUJB. Arranjos e sistemas produtivos e as novas políticas de desenvolvimento industrial e tecnológico. RJ: Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Bloco 3 Nota Técnica 3., 21p.

LASTRES, H. M. M.; FERRAZ, J. F. (1999) Economia da informação, do conhecimento e do aprendizado. In: LASTRES, H. M. M.; ALBAGLI, S. (org.) Informação e globalização na era do conhecimento. RJ: Campus, p. 27-57.

MALERBA, F. (1992) Learning by firms and incremental technical change. Economic Journal, vol. 102, julho, p. 845-859.

MALERBA, F., ORSENIGO, L. (1993) Technological regimes and firms behavior. Industrial and Corporate Change, vol. 2, n.1.

OLIVEIRA JR., M. M. (2001) Competências essenciais e conhecimento na empresa. In: FLEURY, M. M. L., OLIVEIRA JR., M. M. Gestão estratégica do conhecimento – integrando aprendizagem, conhecimento e competências. SP: Ed. Atlas, p. 121-156

SCHMITZ, H. (1997) Eficiência coletiva: caminho de crescimento para a indústria de pequeno porte. Ensaios FEE, Porto Alegre, v.18, n.2, p. 164-200.

SEGENBERGER, W. PYKE, F. (1991) Small firm industrial districts and local economic regeneration: research and policy issues. Labour and Society. V. 16, n.1.

Referências

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