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A INFLUÊNCIA DO CLIMA NA OCORRÊNCIA DE DESLIZAMENTOS DE ENCOSTAS NA ZONA NORTE DA CIDADE DO RECIFE - PE

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Academic year: 2021

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A INFLUÊNCIA DO CLIMA NA OCORRÊNCIA DE DESLIZAMENTOS DE ENCOSTAS NA ZONA NORTE DA CIDADE DO RECIFE - PE

Josafá Henrique Gomes1 2, Hélvio Alessandro de Lima Ferreira1 , João Paulo Andrade Rodrigues do Ó1

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UFPE- DCG – Brazil - Recife - josafagomes@hotmail.com2

RESUMO: Este trabalho mostra que o volume pluviométrico, decorrente ou não de eventos extremos, interfere nos movimentos de massa (deslizamentos de encostas) na zona norte da cidade do Recife e tem por objetivo apresentar a localização das áreas de riscos onde se dá a ocorrência desses fatos e as ações que a prefeitura tem realizado a fim de conter os acidentes. Os resultados obtidos a partir da visualização desses locais e do estudo bibliográfico, permitiram constatar que além dos aspectos climáticos, com registro de altos índices pluviométricos, outros fatores que contribuem para a ocorrência dos deslizamentos estão relacionados com a geologia, geomorfologia, hidrologia, vegetação e o processo irregular de ocupação.

ABSTRACT: This work shows that the volume of rainfall, due to extreme events or not, interfere in the mass movements (landslides) in the northern city of Recife and is intended to provide the location of risk areas where the occurrence of these facts gives and the actions that the city has done to stem the accidents. The results from the viewing of these sites and bibliographical study, allowed to note that in addition to climatic aspects, with record high rainfall, other factors that contribute to the occurrence of landslides are related to the geology, geomorphology, hydrology, vegetation and irregular process of occupation.

1. INTRODUÇÃO

O processo de ocupação e organização do espaço brasileiro aconteceu de forma desigual, fazendo com que as camadas menos favorecidas da população terminassem sendo excluídas das áreas mais nobres. Na cidade do Recife, fixaram-se em áreas desvalorizadas imobiliariamente, vindo a ocupar, entre outros lugares, os morros ou encostas localizadas, principalmente, na zona norte, que se caracterizam como locais vulneráveis ao deslizamento de massa.

A pluviosidade surge, então, como fator condicionante desses deslizamentos, uma vez que na região tropical úmida brasileira, durante a estação chuvosa, que na costa do nordeste oriental ocorre no outono, a associação desses fatos à estação das chuvas, notadamente as mais intensas, já é de conhecimento generalizado. Quando essas chuvas ocorrem intensamente, como vem acontecendo no Recife, devido ou não a existência de eventos extremos, pode, muitas vezes, deflagrar deslizamentos, os quais geralmente se tornam catastróficos.

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2. OBJETIVOS

Apontar a importância do clima como fator para a ocorrência de movimento de massas, apresentar as áreas onde esses fatos ocorrem na cidade do Recife e mostrar as medidas que a prefeitura vem adotando a fim de evitar acidentes.

3. MATERIAL E MÉTODOS

Os métodos utilizados para a elaboração desse trabalho consistiram em revisão bibliográfica que facilitou o entendimento da temática; a problemática que envolve a ocupação em áreas de risco e a ocorrência de movimentos de massa durante o período de precipitação intensa, devido à existência ou não de eventos extremos de clima na cidade do Recife. Também acompanhou um trabalho de campo que permitiu melhor visualização das áreas de riscos localizadas na zona norte do Recife; os problemas que as mesmas apresentam; a situação das moradias e da área e, as medidas adotadas pela prefeitura, por meio da Secretaria de Planejamento Participativo, Obras e Desenvolvimento Urbano e Ambiental (CODECIR), para contenção dos deslizamentos e a ocorrência de desastres.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O clima da cidade do Recife é tropical chuvoso, tipo As’conforme a classificação de Köppen, com precipitação anual acima de 750 mm e temperatura média do ar sempre superior a 18ºC. A umidade relativa do ar é alta, variando entre 79,2% e 90,7% nos meses mais chuvosos, entre abril e julho, chegando a atingir 100%. Essas características climáticas favorecem o intemperismo químico das rochas graníticas e dos sedimentos feldspáticos, aumentando o conteúdo de argilas nos solos, o que leva a uma maior probabilidade de ocorrência de deslizamentos (ALHEIROS, 2003, p. 8).

A Figura 1 mostra um climograma da cidade do Recife, baseado em médias de precipitação pluviométrica e temperatura. As pequenas mudanças que ocorrem na temperatura das águas oceânicas afetam as condições climáticas e podem implicar invernos localmente mais severos.

Figura 1 - Climograma da cidade do Recife baseado nas médias anuais de temperatura e precipitação.

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Esses fatores, associados à ocupação irregular do relevo/solo com construções feitas por pessoas desprovidas de recursos e de técnicas pode acelerar o processo de deslizamentos, vindo a causar perdas e danos.

Pela análise do climograma é possível perceber que as médias pluviométricas mensais mais altas se concentram entre os meses de abril a julho, que caracterizam as chuvas de outono inverno no clima As’. É exatamente nesses meses que ocorre o maior número de casos de deslizamento das encostas situadas na cidade do Recife, uma vez que o acúmulo dessa água no solo desestabiliza as encostas e as deixa vulneráveis para a ocorrência de movimentos de massa (Tabela 1).

A Tabela 1 evidencia os graus de suscetibilidade a partir dos intervalos de chuva medidos durante o ano. Os riscos de deslizamento variam entre os graus baixo e alto, conforme os valores de precipitação.

Tabela 1- Precipitação anual x Grau de suscetibilidade Fonte: Alheiros, 1998.

Durante o período de janeiro a julho, ocorreram vários eventos extremos de chuva forte, no estado de Pernambuco. No Gráfico 1, podem ser observados vários picos desses acontecimento, onde os maiores valores médios de precipitação foram de 104,7 mm, registrados no mês de julho na Região Metropolitana do Recife. No entanto, foi em maio que se notaram os maiores picos nas outras mesorregiões, apresentando 93,1 mm na Zona da Mata; 41,9 mm, no Agreste e 29,3 mm no Sertão.

Gráfico 1- Distribuição temporal da precipitação média diária observada (mm) entre os meses de janeiro e julho de 2011 na RMR, Zona da Mata, Agreste e Sertão.

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Na cidade do Recife, de acordo com a média histórica do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o mês mais chuvoso é julho, com 388,1 mm de precipitação, seguido por junho, com 377,9 mm. Além de se considerarem as médias, porém, devem ser levados em conta os desvios e extremos de precipitação, como o que ocorreu nos primeiros meses do ano.

Recife apresentou o maior acumulado da precipitação do período com 3.017,4 mm, representando um percentual para o período de 38,9 %,onde se registrou a maior ocorrência da precipitação média no tempo, em todo estado, ocasionando cheias nos rios, alagamentos e deslizamentos em algumas áreas da cidade. O Gráfico 2, mostra a distribuição da precipitação registrada.

Gráfico 2 – Distribuição temporal da precipitação na cidade do Recife entre janeiro e julho de 2011. Fonte: Gerência de Meteorologia e Mudanças Climáticas/APAC, 2011.

No período chuvoso, os tipos de movimentos de massa que acontecem com maior freqüência na zona norte do Recife, são os escorregamentos translacionais que, em geral, ocorrem durante ou logo após as chuvas intensas. Vale salientar que as zonas oeste e sul também apresentam características semelhantes e há ocorrências de deslizamentos, no entanto, são menos expressivos do que os que acontecem na zona norte, cuja vulnerabilidade se mostra mais acentuada.

No Recife, a área de morros representa 87,5 Km² (quase 40% da área total da cidade), dos quais 33 km² possuem suas encostas ocupadas, onde um estudo realizado pela Prefeitura do Recife, através do Programa Guarda-Chuva, no ano de 2003, Macário (2010) constatou que das 3.210 ocorrências registradas e atendidas no período de maio a agosto do mesmo ano, foi na zona norte onde se registrou 2.139 ocorrências, com o maior número de casos.

Para evitar acidentes e perdas nessas áreas de riscos, e mudar a realidade desses dados alarmantes, a prefeitura tem realizado, por meio da Secretaria de Planejamento Participativo, Obras e Desenvolvimento Urbano e Ambiental (CODECIR), inúmeras ações que consistem na vistoria das áreas; mobilização e conscientização das comunidades; aplicação de lonas e gel; construção de muros de contenção e de arrimo; plantio de vegetação em áreas desnudas; instalação de placas informativas, e uma série de outras ações que visem conter os deslizamentos e, assim, proporcionar segurança à população.

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Além disso, a CODECIR atua de forma permanente junto à população no desenvolvimento de ações através do Programa Guarda-Chuva, para minimizar ou erradicar os riscos nas regiões de morros e planícies; e, na sua gestão de riscos, realiza atendimentos emergenciais em casos de acidentes.

No entanto, percebe-se que nem todas as medidas de contenção realizadas pela CODECIR são eficazes, como a cobertura das encostas por lona, material frágil que não impede o escoamento em sua totalidade. Isso entra como uma medida paliativa e emergencial – que não extingue nem diminui o risco.

5. CONCLUSÕES

Neste trabalho pôde-se constatar que o volume e a intensidade da precipitação juntamente com a forma de ocupação das áreas observadas, são fatores primordiais para a ocorrência dos deslizamentos. Para atenuar os efeitos desse problema, a prefeitura, através da CODECIR, trabalha durante o ano todo (intensificando durante os períodos chuvosos) com ações preventivas em áreas de instabilidade e que apresentam riscos à população. Mas essas ações, apesar de parecerem positivas, não são permanentes nem têm por objetivo a retirada da população para uma área onde possam estar livres dos riscos e ter melhor acesso à moradia. É preciso, também, que se pense em programas e projetos urbanos que possam garantir melhor acesso aos espaços e melhor habitação dentro das metrópoles.

6. AGRADECIMENTOS: Agradecemos a Deus pela oportunidade de viver e estudar e aos nossos colegas Adriana da Hora, Elidiane Guerra, Flaviano Fernandes, Lucynara Godoy e Daniel Dias, que colaboraram para a produção desse trabalho.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALHEIROS, M. Coord. Manual de Ocupação dos Morros da Região Metropolitana do Recife. Programa Viva o Morro. FIDEM: Recife, 2003.

FERNANDES, N. F. & AMARAL, C. P. Movimentos de massa: uma abordagem geológico-geomorfológica. In: GUERRA, A. J. T. e CUNHA, S. B. (org) Geomorfologia e Meio Ambiente. Bertrand: Rio de Janeiro, 1996. p. 123-194.

MACÁRIO, N. Experiência da Cidade do Recife na Gestão de Risco de Deslizamentos de Encostas através da Coordenadoria de Defesa Civil - Programa Guarda Chuva. Disponível em <http://www.cidades.gov.br/secretarias-nacionais/programas-

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