“COMPANHIA NACIONAL DE FIAÇÃO E TECIDOS DE TORRES NOVAS, S.A.”, adiante também designada por CTN, vem, nos termos do nº 1 do artigo 193º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas (C.I.R.E.), apresentar a sua proposta de plano de insolvência, conforme deliberação tomada na Assembleia de Apreciação do Relatório de 21 de Março de 2011.
I – Conteúdo do Plano de Insolvência (artigo 195º do C.I.R.E.):
O pressuposto que está na base da elaboração do plano de insolvência é a existência de um parceiro estratégico que, tendo capacidade financeira, pretende assegurar a actividade de um estabelecimento industrial com as características e qualidades iguais ao da “COMPANHIA NACIONAL DE FIAÇÃO E TECIDOS DE TORRES NOVAS, S.A.”.
Conforme foi dito pelo Sr. Administrador da Insolvência no seu relatório, a “Companhia Nacional de Fiação e Tecidos de Torres Novas, S.A.” tem necessidade de se modernizar e definir toda uma nova estratégia de actuação, adequando a sua estrutura produtiva às novas condições do mercado em que se insere.
Com o objectivo de honrar os compromissos que assegurassem a manutenção da actividade do estabelecimento durante a pendência do processo, procurámos novos parceiros. De entre estes, o Grupo Lanidor destacou-se, sendo uma empresa dinâmica, com resultados em contínuo crescendo, que intervirá, quer na Administração do futuro da CTN, quer como parceiro comercial.
Torna-se pois imperioso, para viabilizar a CTN, inovar quer em termos de manegement, estratégia comercial e estartégia industrial.
Assim sendo, em termos comerciais, não só pelo apoio, desenvolvimento e agilização, que o Grupo Lanidor pode imprimir à organização e desempenho na força comercial da CTN, como também pela partilha, do seu já desenvolvido know-how, na utilização de canais de venda por meio de plataforma electrónica.
Este parceiro vê na “COMPANHIA NACIONAL DE FIAÇÃO E TECIDOS DE TORRES NOVAS, S.A.” uma oportunidade de negócio, já que a aquisição do nosso estabelecimento enquadra-se na sua política de crescimento, beneficiando, por um lado, de uma nova dimensão no mercado e, por outro lado, da qualidade reconhecida da nossa marca.
O passivo evidenciado na lista provisória de credores é elevado e traduz as consequências do nosso sobredimensionamento, bem como as dificuldades de cobranças junto de clientes. Estimamos pois que o passivo exigível ascenda a um valor próximo de 12 milhões de Euros.
Este valor será ainda aumentado com os créditos laborais resultantes da extinção dos postos de trabalho, que imperiosamente terão que suceder, imprescindíveis para a readaptação da nossa estrutura produtiva.
Assim, perante o volume do nosso passivo (já com contando com os efeitos do despedimento colectivo), as condições actuais da procura e a crise nacional e internacional que está para durar, concluímos que propor aos credores um plano de pagamentos em que os meios de satisfação seriam obtidos através da manutenção da actividade da sociedade e o pagamento através dos respectivos rendimentos, seria pouco credível, inviável, uma vez que tal significaria ou uma grande redução no valor dos créditos a pagar, ou, em alternativa, um prazo de pagamento inusitadamente alargado dilatado no tempo.
Neste contexto, e dada a manifestação de vontade do Grupo Lanidor em participar, em conjunto com os actuais accionistas da “COMPANHIA NACIONAL DE FIAÇÃO E TECIDOS DE TORRES NOVAS, S.A.”., numa entidade que venha a adquirir o nosso estabelecimento industrial, criando uma nova organização que poderá empregar numa primeira
fase até 30 trabalhadores, é nossa opinião, que o projecto de viabilização a implementar terá que forçosamente assentar em duas grandes fases:
1) Despedimento Colectivo da totalidade dos trabalhadores;
2) Aplicação da figura do “saneamento por transmissão” prevista no artigo 199º do CIRE
Desta forma, a satisfação dos credores será obtida através da transmissão do estabelecimento da “COMPANHIA NACIONAL DE FIAÇÃO E TECIDOS DE TORRES NOVAS, S.A.”., a qual, depois de consumada, determinará a extinção da sociedade.
É nossa opinião que a solução agora proposta é melhor do que a situação que decorreria na ausência de qualquer plano de insolvência, pelas seguintes razões:
O valor proposto, para a transmissão do estabelecimento, é significativamente superior àquele que seria expectável obter em sede de liquidação, pela venda dos activos que integram o estabelecimento; (chamamos aqui a atenção que as instalações da CTN, não sua propriedade e que a maquinaria se encontra tremendamente envelhecida e desadequada.)
É expectável que a satisfação dos créditos, pelo produto da transmissão do estabelecimento, seja superior (com ênfase para os créditos com natureza privilegiada, como os créditos laborais, do Estado e da Segurança Social) ao que decorreria numa situação de liquidação da sociedade, até porque, nesta última hipótese, teríamos a acrescentar os créditos relativos à caducidade de todos os contratos de trabalho dos nossos colaboradores enquanto nesta solução os trabalhadores que futuramente vieram a ser contratados não concorreram à Liquidação;
II – Do Despedimento Colectivo
Como condição prévia essencial à operação de saneamento e transmissão proposta, impõe-se face a legislação laboral em vigor, a realização de despedimento colectivo dos trabalhadores da CTN;
Com efeito, a não resolução deste factor, sobredimensionamento da capacidade instalada, seria perpetuar os factores que levaram ao desequilíbrio da CTN.
Por outro lado a necessidade de se criar uma nova equipa, adequada às necessidades não se coaduna com as regras comunitárias de transmissão de estabelecimentos; Pelo que a única forma de alcançar tal desiderato é assegurar o presente despedimento colectivo antes da operação de transmissão.
Assim sendo, será proposto indemnizar cada trabalhador com um mês de salário por cada ano de antiguidade;
Os referidos créditos laborais serão pagos, como créditos privilegiados que são, com o produto que a Insolvente obterá pela transmissão do seu Estabelecimento.
III - Saneamento por Transmissão (artigo 199º do C.I.R.E.):
As condições do saneamento por transmissão do estabelecimento da sociedade insolvente são as seguintes:
Será constituída uma sociedade comercial por quotas, com um capital social de Euros 5 000,00€ e que se rege pelos estatutos que serão apresentados até à data da assembleia para apreciação do plano.
Os órgãos sociais serão constituídos por:
Gerência – Dr. João Pedro Alvim Xavier
O capital social será subscrito nos seguintes termos: 90% GRUPO LANIDOR; 10% Sr. Adolfo Lima Mayer;
O preço de transmissão do estabelecimento industrial é de Euros 600.000,00 (seiscentos mil Euros), e incluirá todos os activos que integram a sociedade “COMPANHIA NACIONAL DE FIAÇÃO E TECIDOS DE TORRES NOVAS, S.A.”. e cuja propriedade lhe pertence, livre de quaisquer ónus ou encargos.
A nova sociedade propõe-se criar, numa primeira fase, até 30 postos de trabalho, declarando, que caso assim o aceitem, será dada prioridade na contratação dos actuais trabalhadores da “COMPANHIA NACIONAL DE FIAÇÃO E TECIDOS DE TORRES NOVAS, S.A;
O pagamento do preço seria efectuado em 10 anos, em prestações crescentes, liquidando a dívida conforme o quadro a seguir descrito:
Primeiro Ano 2,5% dos 600 000,00€
Segundo Ano 2,5% dos 600 000,00€
Terceiro Ano 5% dos 600 000,00€
Quarto Ano 5% dos 600 000,00€
Quinto Ano 7,5% dos 600 000,00€
Sexto Ano 10% dos 600 000,00€
Sétimo Ano 12,5% dos 600 000,00€
Oitavo Ano 15% dos 600 000,00€
Nono Ano 20% dos 600 000,00€
As prestações em cada período anual serão iguais e trimestrais, vencendo-se a primeira prestação, noventa dias, após o trânsito em julgado;
É convicção profunda da Administração da Companhia Torres Novas que caso o Plano ora proposto mereça a aceitação dos Srs. Credores, poderá estar garantida a continuidade desta marca centenária, criando valor e assegurando a criação de postos de trabalho.