Universidade Estadual de Maringá
Departamento de Matemática
XXIV Semana da Matemática
De 05 a 09 de agosto de 2013
Texto Complementar
P01
Laurent Schwartz e a teoria das
distribuições
Profª. Dra. Dra. Valéria Neves Domingos Cavalcanti
http://petmatematicauem.blogspot.com.br/
Laurent Schwartz e a Teoria das Distribuições
Valéria N. Domingos CavalcantiXXIV Semana da Matemática Universidade Estadual de Maringá
Breve Biografia
Laurent Schwartz: nasceu em Paris em 5 de março de 1915 no seio de uma família de tradição judaica
Breve Biografia
Laurent Schwartz: nasceu em Paris em 5 de março de 1915 no seio de uma família de tradição judaica
Laurent Schwartz: faleceu em Paris no dia 4 de julho de 2002, aos 87 anos de idade.
Breve Biografia
Laurent Schwartz: nasceu em Paris em 5 de março de 1915 no seio de uma família de tradição judaica
Laurent Schwartz: faleceu em Paris no dia 4 de julho de 2002, aos 87 anos de idade.
Obteve seu grau de PhD na Université Louis Pasteur em Strasbourg I na França em 1943.
Breve Biografia
Laurent Schwartz: nasceu em Paris em 5 de março de 1915 no seio de uma família de tradição judaica
Laurent Schwartz: faleceu em Paris no dia 4 de julho de 2002, aos 87 anos de idade.
Obteve seu grau de PhD na Université Louis Pasteur em Strasbourg I na França em 1943.
Recebeu a Medalha Fields, pela elaboração da Teoria das Distribuições em 1950.
Sua atividade matemática não se limitou à Teoria das
Distribuições, que por si só já o colocaria numa posição
privilegiada entre os matemáticos do século XX, também produziu importantes contribuições em Áreas como Análise Funcional, Teoria da medida, Equações Diferenciais Parciais e Probabilidade.
Schwartz foi um expositor brilhante e excelente educador, e se
preocupou durante toda a sua vida com os problemas da educação e do ensino. Em que pese sua imensa obra de criação matemática, Schwartz em nada se parece com o estereótipo do sábio distraído, alheio aos problemas do mundo.
Nos anos 1980, principalmente após a sua aposentadoria como Professor da Faculdade de Ciências de Paris e da Escola Politécnica em 1983, participou muito mais ativamente da reforma do ensino universitário.
Como Presidente do Comitê Nacional para a avaliação das Universidades (período de 1985 a 1989), elaborou uma série de relatórios para o governo nos quais insistia na necessidade de uma seleção mais rigorosa no ingresso dos estudantes e na conveniência dos professores universitários fazerem pesquisa.
Defensor apaixonado dos direitos humanos, anticolonialista e internacionalista, defendeu publicamente suas ideias, da guerra da Argélia à do Vietnã, passando pela invasão russa ao Afeganistão, o que lhe acarretou não poucos dissabores e dificuldades, a ponto de correr risco a sua participação no
Congresso de Harvard em 1950, para receber sua Medalha Fields.
Somente após seis meses de intensas negociações
internacionais, o Departamento de Estado dos Estados Unidos aceitou, como um favor especial, conceder um visto provisório de entrada para Schwartz, com proibição expressa de viajar pelo resto do país.
Os primeiros alunos orientados por Schwartz
Os primeiros alunos orientados por Schwartz
André Martineau Leopoldo Nachbin
Os primeiros alunos orientados por Schwartz
André Martineau Leopoldo Nachbin J. François Treves
Os primeiros alunos orientados por Schwartz
André Martineau Leopoldo Nachbin J. François Treves Andre Unterberger
Os primeiros alunos orientados por Schwartz André Martineau Leopoldo Nachbin J. François Treves Andre Unterberger Alexander Grothendieck
Os primeiros alunos orientados por Schwartz André Martineau Leopoldo Nachbin J. François Treves Andre Unterberger Alexander Grothendieck Jacques-Louis Lions
Os primeiros alunos orientados por Schwartz André Martineau Leopoldo Nachbin J. François Treves Andre Unterberger Alexander Grothendieck Jacques-Louis Lions Bernard Malgrange
Assim começa Schwartz sua autobiografia
Eu sou um matemático, a Matemática preenche a minha vida ...
Em outro ponto, diz:
...sempre quis mudar o mundo. Consagrei uma grande parte de minha vida à política, adotando a "carreira" de intelectual engajado. Mas a Matemática seguiu sendo primordial... Muitas vezes faço política por sentido de dever, mas a política não me interessa: minhas três paixões são a pesquisa, o ensino e a entomologia.
entomologia=ciência que estuda os insetos, no caso de Schwartz sua paixão eram as borboletas.
Introdução
Os modelos fundamentais da Física-Matemática são regidos por equações diferenciais e, são aplicáveis (ao menos a priori) a fenômenos nos quais as variáveis físicas envolvidas sejam funções suficientemente regulares do espaço e do tempo.
Nos fenômenos dinâmicos, isto é, aqueles em que a variável temporal está presente, os elementos físicos envolvidos exibem, frequentemente, descontinuidades essenciais na prática. Assim, por exemplo, uma corda de violino, deslocada em seu ponto médio, vibra inicialmente de acordo com uma lei da forma:
u(x,t) =2−1
2(|x−t−1| + |x+t−1|),
para uma escolha adequada das unidades e do referencial.
A derivada do deslocamento é, portanto, descontínua em
x =1±t.
Como a equação da onda, que rege o movimento da corda é dada essencialmente por
∂2u
= ∂ 2u
Assim surge a ideia de se obter uma noção generalizada de
diferenciação, que estenda a habitual, e permita derivar
funções que não são deriváveis no sentido clássico, ou seja, no sentido de Fréchet.
Isso junto com a noção de solução generalizada de uma equação diferencial é a origem da Teoria das Distribuições.
Historicamente, a primeira noção de solução generalizada de uma equação diferencial parcial é a de se considerar que tal função seja limite de uma sequência de soluções clássicas da equação. O método foi antecipado por Euler em 1765, durante sua grande polêmica com D’Alembert sobre a solução da corda vibrante (isto é, a equação de ondas unidimensional).
Outra maneira de estender a noção de solução de uma
Equação Diferencial é generalizar a noção de derivada e definir como solução uma função cujas derivadas generalizadas satisfaçam a Equação Diferencial.
Entre os primeiros trabalhos nessa direção podemos citar a noção de derivada simétrica de B. Riemann em 1854.
fs′(x0) =limh→0f(x0+h) −f(x0−h)
2h .
São quatro as derivadas de Dini no ponto x0 fs′+(x0),f ′+ i (x0),f ′− s (x0),f ′− i (x0), dadas por: fs′+(x0) =limsuph→0+ f(x0+h) −f(x0) h ; fi′+(x0) =liminfh→0+ f(x0+h) −f(x0) h ; fs′−(x0) =limsuph→0− f(x0+h) −f(x0) h ; fi′−(x0) =liminfh→0− f(x0+h) −f(x0) h .
A criação da Integral de Lebesgue, originou, por outro lado, a noção de derivada em quase todo o ponto.
Porém, o método mais utilizado para estender a noção de solução de uma equação Diferencial de ordem n, consiste em encontrar uma outra Equação ou condição que, para funções de classe Cnseja equivalente à original, mas que, no entanto, tenha sentido para funções mais gerais.
Os objetos que satisfazem a Equação ou condição equivalente se denominam soluções generalizadas da Equação original.
Outro método muito relacionado com o anterior é o chamado
método das funções testes, que é o método básico da Teoria
das Distribuições de Schwartz.
Esse método consiste em multiplicar a Equação Diferencial a estudar, por exemplo P(D)u =0, por uma função teste suficientemente regular com suporte compacto, em um certo domínio, e o resultado se integra por partes:
<P(D)u, ϕ >:= Z
P(D)u·ϕ =0= Z
Observemos que o operador diferencial se transfere à função teste e a equação integro-diferencial resultante, a qual tem que ser satisfeita para todas as funções testes,não supõe nenhuma regularidade da solução.
Definition
SejamΩum conjunto aberto doRne u: Ω → Ruma função
contínua. Definimos o suporte de u e, escrevemos suppu, ao fecho emΩdo conjunto{x ∈ Ω;u(x) 6=0}.
O método descrito acima e denominado método das funções
testes foi:
O método descrito acima e denominado método das funções
testes foi:
Antecipado por Lagrange em 1761.
O método descrito acima e denominado método das funções
testes foi:
Antecipado por Lagrange em 1761.
Formulado explicitamente por N. Wiener em 1926 Formulado depois por J. leray, S. Sobolev e R. Courant. De fato, a primeira aparição de uma solução generalizada de uma Equação Diferencial em um livro texto tem lugar na edição de 1937 do clássico Methoden der
Um outro importante antecedente das distribuições que está relacionado com o método das funções testes, está no fato de que desde o século XIX, engenheiros, físicos e técnicos vinham usando diferentes cálculos operacionais para resolver facilmente diversos tipos de equações funcionais.
Esses cálculos, que sofriam da falta de rigor matemático, conduziam, em muitos casos, a resultados satisfatórios. A
Teoria das Distribuições trata de estudar e resolver a maior
parte desses problemas, pois constituem um conjunto que se assemelha muito ao universo matemático ideal dos físicos e engenheiros, no qual "tudo vale": as funções são sempre
A Schwartz deve-se a lúcida análise que conduziu à criação de uma teoria sistemática, coerente, muito potente, aplicável à solução de problemas muito diversos.
Espaço das funções testes
Dadosα= (α1, α2,· · · , αn) ∈ Nn e x= (x1,x2,· · · ,xn) ∈ Rn,
representaremos por Dα
o operador derivação de ordemα
definido por Dα = ∂ |α| ∂x1α1∂x2α2· · · ∂xnαn , em que|α| =Pni=1αi. Seα= (0,0,· · · ,0), define-se Dαu=u. SejaΩum aberto doRn. Definition
Definition
Denotaremos por C0∞(Ω)o conjunto das funçõesϕ: Ω → K
(ondeK= RouK= C) que são infinitamente diferenciáveis
emΩe que tem suporte compacto, onde o suporte deϕé o fecho do conjunto{x ∈ Ω; ϕ(x) 6=0}emΩ, ou seja,
supp(ϕ) = {x ∈ Ω; ϕ(x) 6=0}Ω.
Example
SejaΩ = Re considere a seguinte função
w(x) = ( e− 1 1−x 2, |x| <1, 0, |x| ≥1.
w é uma função C∞com suporte igual à[−1,1],ou seja, compacto. Desta forma, w ∈C0∞(Ω).
Dizemos que uma sequência{ϕν} ⊂C0∞(Ω)converge para
zero, denotandoϕν →0, se, e somente se, existe um
subconjunto compacto K deΩ, tal que:
i) supp(ϕν) ⊂K,∀ ν ∈ N;
ii) Dα
ϕν →0 uniformemente sobre K ,∀α ∈ Nn.
Dizemos que uma sequência{ϕν} ⊂C0∞(Ω)converge para
ϕ∈C0∞(Ω)quando a sequência{ϕν − ϕ}converge para zero
no sentido acima definido.
Distribuição sobre um abertoΩ ⊂ Rn
Definition
Definimos como distribuição sobreΩa toda forma linear e contínua emD(Ω). O conjunto de todas as distribuições sobre
Ωé um espaço vetorial, o qual representa-se porD′(Ω), denominado espaço das distribuições sobreΩ.
MunimosD′(Ω)da seguinte noção de convergência: Seja(Tν)
uma sucessão emD′(Ω)e T ∈ D′(Ω). Diremos que Tν →T emD
′
(Ω)se a sequência numérica
Conceito de Derivada Fraca - Sobolev -1936
Antes do Conceito de Derivada no sentido das
Distribuições, introduzido por Schwartz, em meados de 1936
S. Sobolev introduziu o conceito de Derivada Fraca com o objetivo de sanar a falta de regularidade das funções envolvidas numa Equação Diferencial.
Inicialmente, considere u,v definidas num aberto limitadoΩdo
Rn, cuja fronteiraΓé regular. Suponhamos que u e v possuam
derivadas parciais contínuas emΩ = Ω ∪ Γ. Obtemos do Teorema de Gauss:
Se u ou v se anula sobreΓ, da expressão(1)decorre que Z Ω u ∂v ∂xk dx = − Z Ω v ∂u ∂xk dx.
A expressão anterior motivou a definição de derivada fraca dada por Sobolev.
Definition
Denotaremos por L1loc(Ω)o espaço das (classes de) funções u: Ω → K, ondeK= RouK= C, tais que|u|é integrável no sentido de Lebesgue sobre cada compacto K deΩ.
Definition
Uma função u∈L1loc(Ω)é derivável no sentido fraco emΩ, quando existe uma função v ∈L1loc(Ω)tal que
Z Ω u(x)∂ϕ(x) ∂xk dx = − Z Ω v(x)ϕ(x)dx, para todaϕ∈ D(Ω). Example
SejaΩ =] −1,1[e u(x) = |x|. De modo a calcularmos a derivada fraca de u(x), devemos calcular a integral
Example Z 1 −1 |x|ϕ′(x)dx = − Z 0 −1 xϕ′(x)dx + Z 1 0 xϕ′(x)dx = −xϕ(x) |0−1 + Z 0 −1 ϕ(x)dx+xϕ(x) |10− Z 1 0 ϕ(x)dx = − Z 0 −1 signxϕ(x)dx− Z 1 0 signxϕ(x)dx = − Z 1 −1 signxϕ(x)dx, em que signx = |xx|,x 6=0.
Concluímos então que v(x) =signx ∈L1loc(] −1,1[)é a derivada fraca de u(x) = |x|.
Embora, o conceito de derivada tenha sido um marco na evolução do conceito de solução de uma equação diferencial, ele apresenta uma grave imperfeição no fato que nem toda função de L1
loc(Ω)possui derivada neste sentido.
Example
SejaΩ =] −1,1[e considere a função u(x) =signx . De modo a calcularmos a derivada fraca de u(x), devemos calcular a integral abaixo para todaϕ∈C0∞(] −1,1[)
Z 1 −1 signxϕ′(x)dx = − Z 0 −1 ϕ′(x)dx+ Z 1 0 ϕ′(x)dx
Lembrando queϕse anula em−1,1 temos que
Z 1
−1
signxϕ′(x)dx = −2ϕ(0), ∀ϕ ∈C0∞(] −1,1[).
Resulta que se existisse a derivada fraca de u(x) =signx , seria uma função v ∈L1loc(] −1,1[)tal que
Example
Z 1
−1
v(x)ϕ(x)dx =2ϕ(0), ∀ϕ ∈C0∞(] −1,1[).
Demonstra-se, a seguir, a não existência de uma função v nestas condições. De fato, suponha que exista uma
v ∈L1loc(] −1,1[)verificando a expressão acima para toda
ϕ∈C0∞(] −1,1[). Resulta que xϕ∈C0∞(] −1,1[), logo,
Z 1
−1
v(x)xϕ(x)dx =2xϕ|x=0=0,∀ϕ ∈C0∞(] −1,1[).
Example
Resulta, então que
xv(x) =0, quase sempre em] −1,1[.
Logo, v(x) =0 quase sempre em] −1,1[. Como
Z 1 −1 v(x)ϕ(x)dx =2ϕ(0), ∀ϕ ∈C0∞(] −1,1[), segue que ϕ(0) =0,∀ϕ ∈C0∞(] −1,1[); o que é um absurdo.
Desta forma concluímos que u(x) =signx não possui derivada fraca em L1loc(] −1,1[).
Derivada no sentido das Distribuições
No intuito de sanar este tipo de problema, Laurent Schwartz, em meados de 1945, introduziu a noção de derivada no sentido das distribuições, a qual generaliza a noção de derivada formulada por Sobolev, como segue:
Definition
Seja T uma distribuição sobreΩeα∈ Nn. A derivada de
ordemα de T , no sentido das distribuições, é definida por:
Verifica-se que Dα
T é ainda uma distribuição e que o operador Dα
: D′(Ω) → D′(Ω), tal que a cada T associa-se Dα
T , é linear
e contínuo.
Remark
A conclusão é que toda distribuição sobreΩpossui derivada de todas as ordens, derivadas estas que são, também, distribuições sobreΩ. Portanto, a operação de derivação Dα
vive sem problemas no espaçoD′(Ω)das distribuições sobre
Remark
Notemos, ainda, que se u∈L1loc(Ω)então u∈ D′(Ω)e, desta forma, u possui derivada no sentido das distribuições de todas as ordens.
De fato, seja u∈L1loc(Ω). Para todaϕ∈ D(Ω)existe a integral
Z
Ω
u(x)ϕ(x)dx.
Definamos a seguinte forma linear:
<Tu, ϕ(x) >= Z
Ω
Remark
Com efeito, sejaϕν uma sequência deD(Ω)convergente para
ϕemD(Ω). Então: <Tu, ϕν >− <Tu, ϕ >= Z Ω u(x)(ϕnu(x) − ϕ(x))dx ≤ Z K |u(x)||ϕν(x)−ϕ(x)|dx ≤maxx∈K|ϕν(x)−ϕ(x)| Z K |u(x)|dx.
Como a convergência deϕν paraϕem K é uniforme, resulta a
Remark
A seguir mostraremos que Tué univocamente definida por u.
Quando u e v são localmente integráveis emΩe u=v quase sempre emΩ, da definição de Tu decorre que Tu=Tv.
<Tu, ϕ(x) >= Z
Ω
u(x)ϕ(x)dx,∀ϕ ∈ D(Ω).
Voltemos ao Lema de Du Bois Raymond (Du Bois Raymond:) Seja f ∈L1loc(Ω)tal queR
Ωf(x)ϕ(x)dx =0,∀ϕ ∈C0∞(Ω), então
f =0 quase sempre emΩ.
Concluímos que se Tu =Tv então u=v .
Uma pergunta natural que surge é a seguinte: Toda
distribuição sobreΩé proveniente de uma função de
L1loc(Ω)?
A resposta é: Não.
Um exemplo é dado a seguir:
Example
SejaΩum aberto doRne x0∈ Ω. Representemos porδx0 a
forma linear definida emD(Ω)por
< δx0, ϕ >= ϕ(x0), ∀ϕ ∈ D(Ω).
Temos queδx0 é uma distribuição sobreΩ, denominada
Example
Demonstraremos queδx0 não é definida por uma função
u∈L1loc(Ω). De fato, suponhamos que exista tal função, então:
Z
Ω
u(x)ϕ(x)dx = ϕ(x0), ∀ϕ ∈ D(Ω).
Tomando|x−x0|2ϕ, esta função pertence àD(Ω), onde |x−x0|representa a distância Euclidiana de x à x0. Portanto,
Z
Ω
u(x)|x−x0|2ϕ(x)dx = |x−x0|2ϕ(x) |x=x0=0,∀ϕ ∈ D(Ω).