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ALTAS HABILIDADES /SUPERDOTAÇÃO: ENRIQUECIMENTO ESCOLAR COMO PROPOSTA DE ATENDIMENTO

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Academic year: 2021

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COMO PROPOSTA DE ATENDIMENTO

OLIVEIRA, Rosymari de Souza1- NAAH/S FERNANDES, Ivoni de Souza2 - NAAH/S ADÃO, Jorge Manuel3 - MIELT UEG Grupo de Trabalho - Diversidade e Inclusão Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

O presente relato surge do desafio de pensar a aprendizagem de alunos com Altas Habilidades/Superdotação com o objetivo de abarcar os nexos constitutivos das concepções apreendidas por eles no mundo. Tem como objetivo refletir e relatar a experiência do trabalho desenvolvido com um grupo de cinco alunos com altas habilidades/superdotação durante a fase de potencialização dos talentos apresentados. A experiência ocorreu na sala de potencialização do Núcleo de Atividades em Altas Habilidades/Superdotação de Goiás. Contextualizando o relato fazemos um percurso histórico sobre quem são os alunos superdotados, e as propostas de atendimento educacional. Em seguida apreende - se a metodologia de enriquecimento escolar adotada pelo MEC, ressaltando a importância da mediação feita pelo professor entre a área de interesse do aluno, o seu estilo de aprendizagem e a elaboração do projeto de pesquisa. Como os interesses apresentados versavam sobre o meio ambiente foram proporcionadas oportunidades para o desenvolvimento do potencial mediante alternativas educacionais adequadas. O princípio básico do professor orientador é que a aprendizagem pode se tornar motivadora quando o conteúdo (conhecimento) e o processo de ensino e aprendizagem (habilidades de pensamento, métodos de investigação) são aprendidos num contexto de problemas reais. Portanto, este trabalho apreende em oferecer oportunidades para os alunos delimitarem o tema de interesse, problematizando, discutindo a relevância do mesmo, desenvolvendo estratégias para sua investigação e resolução. Eleger como tema de estudo as Altas Habilidades/Superdotação é uma forma de participar do debate

1 Especialista em Métodos e Técnicas de Ensino; Metodologia do Ensino Superior e Altas

Habilidades/Superdotação, Graduada em Pedagogia. Professora formadora do NAAH/S e da Prefeitura M. de Goiânia – Goiás - Email: rosymari.oliveira@seduc.go.gov.br

2 Doutora em Psicologia, Mestre em Ciências da Religião, Especialista em Psicologia Educacional e Graduada

em Pedagogia. Coordenadora Pedagógica do NAAH/S - Goiás. Email: ivoni.fernandes@seduc.go.gov.br

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Pós-Doutorando da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Programa Avançado de Cultura Contemporânea, pesquisando sobre Tecnologias Contemporâneas e Desenvolvimento Cognitivo. Professor efetivo da Universidade Estadual de Goiás (UnU de Luziânia); e professor e orientador do Mestrado em Educação, Tecnologias e Linguagem - MIELT UEG (UnU de Anápolis). E-mail:jorgeadao@yahoo.com.br

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contemporâneo, assim como de contribuir para que este debate efetivamente inclua as Altas Habilidades/Superdotação na atualidade do contexto escolar. Finaliza-se propondo uma reflexão a cerca da metodologia de enriquecimento do psicólogo norte-americano Joseph Renzulli (1986) como proposta para atendimento de alunos na sala de aula regular.

Palavras-chave: Talentos, enriquecimento, aprendizagem. Introdução

A definição brasileira apresentada pela Política Nacional de Educação Especial de 1994 reconhece como portadores de altas habilidades/ superdotados (AH/SD) os educandos que apresentam notável desempenho e/ou elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: a) capacidade intelectual geral (que envolve rapidez de pensamento, compreensão e memória elevados, capacidade de pensamento abstrato, curiosidade intelectual, poder excepcional de observação); b) aptidão acadêmica específica (atenção, concentração, rapidez de aprendizagem, boa memória, motivação por disciplinas acadêmicas do seu interesse, capacidade de produção acadêmica, alta pontuação em testes acadêmicos e desempenho excepcional na escola); c) pensamento criativo ou produtivo (originalidade de pensamento, imaginação, capacidade de resolver problemas de forma diferente e inovadora); d) capacidade de liderança (sensibilidade interpessoal, atitude cooperativa, capacidade de resolver situações sociais complexas, poder de persuasão e de influência no grupo); e) talento especial para artes (alto desempenho em artes plásticas, musicais, dramáticas, literárias ou cênicas) e f) capacidade psicomotora (desempenho superior em velocidade, agilidade de movimentos, força, resistência, controle e coordenação motora).

Em geral, as crianças superdotadas não apresentam estas características simultaneamente, nem mesmo com graus de habilidades semelhantes. Um dos aspectos mais marcantes da superdotação relaciona-se ao seu traço de heterogeneidade. Assim, algumas pessoas podem se destacar em uma área, ou podem combinar várias – como, por exemplo, o humorista Jô Soares, que além de exibir um pensamento criador, original e bem-humorado, também se revela na área musical, tocando múltiplos instrumentos; no campo da linguagem, falando vários idiomas e escrevendo livros e crônicas; e ainda no setor da liderança, por seu carisma e capacidade de coordenar grupos. A essa confluência de habilidades chamamos de multipotencialidades, que representa mais uma exceção do que uma regra entre os indivíduos superdotados. O que se observa com maior freqüência são crianças que se desenvolvem mais em uma área específica - como poesia, ciências, arte, música, dança, ou mesmo nos esportes, do que em outras. (VIRGOLIM, 2001, p. 33).

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Mas, o que realmente significa as altas habilidades/superdotação? O conceito tem sofrido modificações de acordo com a época e o contexto sociocultural. Por muito tempo, cientistas definiram crianças superdotadas baseando-se na relação entre habilidade superior e Quociente Intelectual (QI). Pesquisadores como Lewek e Machado (2006) mostram que não se pode identificar a superdotação de crianças usando unicamente a base do QI.

Portanto, esta é a concepção defendida por Renzulli (1994) e a mais utilizada nos estudos recentes sobre o tema. Joseph Renzulli, reconhecido pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa sobre superdotação e Talento da Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos, desenvolveu um conceito multidimensional de superdotação, a Teoria dos Três Anéis influenciada pelo construto de inteligência da Teoria das Inteligências Múltiplas, de Gardner (1983). Sua teoria passa a ser adotada pela Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação – MEC. Nessa abordagem, o conceito de superdotação é reconhecido através da intersecção de três grupamentos de traços – habilidade acima da média, comprometimento com a tarefa e criatividade.

Para Renzulli (1996), “nem sempre a criança apresenta estes conjuntos de traços desenvolvidos de maneira igual, portanto faz-se necessário as oportunidades do contexto onde ela está inserida, o que não acontece na sala de aula regular”. Ele ainda discute a importância de se entender a superdotação como uma condição ou comportamento que pode ser desenvolvido em algumas pessoas (as que apresentem habilidade superior à média da população), em certas ocasiões e sob certas circunstâncias. Para ele é possível demonstrar comportamentos de superdotação na infância, mas não na idade adulta.

Segundo Renzulli e Reis (1985, 1997 a), “existem dois tipos de comportamento de superdotação que são igualmente importantes, existindo uma interação entre eles: um acadêmico ou escolar e outro criativo-produtivo”. A superdotação acadêmica seria representada por altos níveis de desempenho escolar, boa memória, grande atividade intelectual processamento de informações complexas e pensamento analítico, crítico e lógico. É o tipo mais facilmente identificado por testes de QI ou outros testes que mensurem habilidades cognitivas, que são as mais valorizadas na escola tradicional. Os alunos que a apresentam geralmente são aqueles que costumam ter notas elevadas na escola.

Por outro lado, a superdotação criativo-produtiva estaria mais ligada à curiosidade, resolução de problemas e características do pensamento criativo, como originalidade, fluência e flexibilidade. O produtivo-criativo coloca suas habilidades a serviço da criatividade,

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canalizando sua energia nos problemas e áreas de estudo que têm relevância pessoal para ele. Destaca-se geralmente por ser mais questionador, imaginativo, inventivo e dispersivo quando a tarefa não lhe interessa, não aprecia a rotina e apresenta um modo mais original de abordar e resolver os problemas, o que, muitas vezes ocasiona um baixo desempenho e motivação. Os testes tradicionais de QI não conseguem avaliar este tipo de superdotação porque a característica principal destes alunos é o elevado nível de criatividade, que não pode ser mensurado, especialmente através de testes tradicionais de desempenho.

Desta forma, por apresentarem um desenvolvimento cognitivo superior aos seus pares necessário se faz uma metodologia de atendimento que desafie sua capacidade intelectiva. Segundo Renzulli (1996) várias medidas de atendimento poderão ser oferecidas aos alunos identificados com altas habilidades/superdotação dentro do ensino regular. Dentre as mais indicadas estão à compactação de currículo, a aceleração e o enriquecimento escolar. A Compactação do Currículo é uma estratégia educacional elaborada para ajustar o currículo regular às necessidades dos alunos, eliminando exercícios repetitivos e introduções desnecessárias para que eles dediquem mais tempo às atividades de seu interesse.

Outra medida garantida pela LDBEN 9394/96 refere-se à aceleração a qual, na maioria das vezes implica saltar etapas na seriação escolar, mas para alguns pesquisadores pode significar também provisão individualizada, de qualquer natureza, que permita ao aluno caminhar mais depressa com o aprendizado na área ou áreas de seu interesse. O Modelo de Enriquecimento Escolar - proposto por Joseph Renzulli tem como objetivo tornar a escola um lugar onde os talentos fossem identificados e desenvolvidos, valorizando a prática docente e as propostas pedagógicas em andamento, integrando e expandindo os serviços educacionais. Entre as estratégias deste enriquecimento, destaca-se O Portfólio do Talento Total e o Modelo Triádico de Enriquecimento. O Portfólio do Talento Total é um processo sistemático por meio do qual se coleta inventários de interesse, estilo de aprendizagem e expressão dos educandos com AH/SD, ajudando tanto os alunos quanto o professor a tomar decisões a respeito de seu trabalho. Tem como foco ajudá-los a tornarem competentes e autodirecionados, bem como incrementar o desempenho acadêmico.

Conhecendo o Núcleo de Atividades em Altas Habilidades/Superdotação de Goiás

O trabalho desenvolvido com o grupo de alunos com altas habilidades aconteceu no Núcleo de Atividades em Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S - GO) em Goiânia, na

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sala de potencialização dos talentos. Ele surgiu como um projeto-piloto em consonância com as políticas públicas de inclusão, no ano de 2005. Nasceu como ação respaldada pelo Plano Nacional de Educação (PNE) – Lei nº10.172/01-, no capítulo da Educação Especial, que propôs como meta nº 26 “implantar, gradativamente, a partir do primeiro ano deste plano, programas de atendimento aos alunos com altas habilidades nas áreas artística, intelectual ou psicomotora”.

Por conseguinte, o Governo Federal através do MEC/SEESP em parceria com a UNESCO, o FNDE e as Secretarias Estaduais de Educação de todo país, implantou os NAAH/S, que tem como missão promover e assegurar o atendimento e o desenvolvimento dos alunos com altas habilidades/superdotação (AH/SD) das escolas públicas de educação básica, possibilitando sua inserção efetiva no ensino regular. O NAAH/S - GO oferece também serviços educacionais de aconselhamento e apoio psicológico ao aluno e sua família e dissemina conhecimentos sobre o tema nos sistemas educacionais, nas comunidades escolares e nas famílias.

O Enriquecimento Escolar como proposta de atendimento

Os alunos que participaram deste estudo eram atendidos duas vezes por semana no contra turno da sala de aula regular, no período compreendido entre maio a dezembro de 2008. A faixa etária em que se encontravam variava de 13 a 15 anos.

Após um período de observação para a confirmação dos indícios de AH/SD, esses alunos foram encaminhados para potencializar seus talentos. A metodologia adotada fundamentada no Modelo de Enriquecimento Escolar (The Schoolwide Enrichment Model – SEM), resultante do trabalho pioneiro de Joseph Renzulli (RENZULLI & REIS, 2000) em meados da década de 70 e validado por mais de vinte anos de pesquisas empíricas. Foram oferecidas atividades para confirmar as áreas de interesse apresentadas pelos alunos. Questionários sobre preferências, estilos de aprendizagem, estilo de expressão e atividades exploratórias do tipo I em diferentes áreas do conhecimento também foram realizadas.

De acordo com Fleith (2008), as características principais do Modelo de Enriquecimento Escolar elaborado por Renzulli são: a dinamicidade das atividades, o favorecimento da autonomia, o incentivo a tomada de decisões dos alunos, envolvimento da comunidade quando faz com que os alunos utilizem sua rede de relacionamentos na realização

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das atividades e que as atividades de enriquecimento do tipo III devem resultar em um produto com aplicação social, dentre outros.

As atividades exploratórias do Tipo I são experiências e atividades introdutórias destinadas a colocar o aluno em contato com uma grande variedade de áreas de conhecimento e que geralmente, não são contempladas pelo currículo escolar. Para esse grupo de alunos que demonstraram interesse pela área ambiental as atividades partiram do reconhecimento da cidade de Goiânia. Visitas aos parques; as margens do rio Meia Ponte; ao centro da cidade e terminais de ônibus urbanos.

Para contribuir com esse relato de experiência descreve-se uma atividade do tipo I realizada com este grupo. A sala deles foi ambientalizada com um imenso mapa da cidade de Goiânia que cobriu todo o piso. Ao chegarem, os alunos receberam alfinetes coloridos e papel recortado do tipo color set. Foram orientados a tirarem os sapatos e andarem sobre o mapa. Aos poucos foram se situando. Uns começaram a identificar os interesses que a cidade apresentava: o centro da cidade e a arquitetura. Outros se interessaram pela quantidade de áreas arborizadas, córregos e rios, entre outros.

O grupo localizou e sinalizaram com os alfinetes suas casas, bairros, escola, museus, cinemas, shoppings. Sentaram em círculo sobre o mapa e receberam um quadro onde deveriam anotar suas preferências extraescolares e como gostariam de trabalhar com elas. Esta atividade tinha como objetivo levantar os interesses partindo do próprio contexto do aluno a fim de que surgissem questões de pesquisa para serem desenvolvidas na atividade do tipo III.

Ao final desta atividade foi realizada a dinâmica da tempestade de ideias (brainstorming) onde através da problematização os interesses de pesquisa dos alunos foram evidenciados. Um deles apontou interesse em pesquisar sobre a qualidade do ar de Goiânia. Uma aluna se interessou pela arquitetura dos prédios do centro da cidade, outra ainda pelo cuidado dado ao lixo e uma se interessou pelo comércio informal no centro da cidade.

Com a definição dos interesses de pesquisa partimos para as atividades do Tipo II. Segundo Renzulli (2004) as atividades baseadas no Tipo II são aquelas relacionadas ao desenvolvimento de técnicas e métodos, habilidades mais específicas para conduzir as pesquisas de interesse do aluno. Nas atividades do Tipo II os alunos podem aprender a fazer pesquisa, a utilizar fontes de referência de nível avançado, bem como adquirir conhecimentos sobre metodologias investigativas e desenvolvimento do raciocínio científico, tais como:

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anotações, resumo, entrevista, observação, interpretação, análise-síntese, associação de ideias, classificação, generalização, abstração.

As divulgações dos resultados obtidos nestas atividades proporcionam um momento importante que pode ser feito por meio de exposição oral, escrita, ilustrativa com desenhos, fotos, imagens artísticas variadas, gráficos, maquetes, teatro, livros, montagens em materiais diversos como argila, massa de modelar, sucata ou outros materiais industrializados.

De acordo com a teoria,

[...] estudante que se interessou por fósseis, após uma atividade do Tipo I, pode se engajar em leituras mais avançadas e aprofundadas sobre paleontologia: compilar, planejar e executar atividades como um cientista dessa área e aprender mais sobre os métodos de pesquisa característicos desse campo de conhecimento (VIRGOLIM, 2006. p. 116).

Para esta atividade os alunos fizeram um levantamento das atividades necessárias para a realização da pesquisa. Nesta fase foram preenchidos alguns formulários sobre “O que preciso” para a pesquisa (fontes) como: profissionais, entrevistas, visitas, bibliografias, formulários de agendamento, questionários, entre outros.

De posse a este levantamento mediamos à organização e o cronograma das atividades a serem desenvolvidas. Os alunos determinaram os profissionais a serem entrevistadas, as palestras e visitas necessárias. Elaboraram convites e ofícios, realizaram telefonemas, pesquisaram sites, revistas científicas e livros. Participaram de seminários e palestras sobre o assunto.

Por último partimos para as atividades do Tipo III, as quais visam investir na pesquisa de problemas reais para a produção de um novo conhecimento, serviço ou desempenho. A aprendizagem e o desenvolvimento de cada atividade do tipo III são personalizadas e geralmente, aplicadas individualmente ou em pequenos grupos (RENZULLI, 2004, p.36).

Segundo Alencar e Fleith (2001), estas atividades conduzem a um estudo mais aprofundado em alguma área específica, pautado nos interesses (Tipo I) ou nas tarefas desenvolvidas (Tipo II). Existe, portanto a possibilidade de passar do Tipo I para o Tipo III diretamente.

De acordo com Alencar e Fleith (2001), “as atividades do Tipo I despertam o interesse dos alunos em desenvolver habilidades para execução da tarefa (Tipo II) ou conduzir um estudo aprofundado em alguma área específica (Tipo III)“ (p. 134).

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Portanto, o Enriquecimento do Tipo III envolve atividades investigativas e artísticas aplicadas a propósitos que levem à elaboração de produtos reais, como por exemplo, a criação de um jogo, a produção de um livro, uma escultura, uma maquete, uma propaganda, um jornal. As atividades de enriquecimento possibilitam aos alunos a vivência de:

Experiências de aprendizagem desafiadoras, auto-seletivas e baseadas em problemas reais, além de favorecer o conhecimento avançado em uma área específica, estimular o desenvolvimento de habilidades superiores de pensamento e encorajar a aplicação destas em situações criativas e produtivas. [...] Os estudantes se tornam produtores de conhecimento ao invés de meros consumidores da informação existente (ALENCAR e FLEITH, 2001, p. 135).

O próximo passo rumo à pesquisa e, após as leituras dos materiais levantados, foram às visitas exploratórias. O aluno com interesse pelo meio-ambiente visitou a AMMA – Agência Municipal do Meio Ambiente, a Agência Ambiental de Goiás. Seu interesse foi pela qualidade do ar de Goiânia. Elaborou e realizou entrevistas com a Química Industrial responsável pelo monitoramento da qualidade do ar de Goiânia, participou de algumas aulas na Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Visitou os pontos de monitoramento do ar, examinou filtros, fotografou tudo isso acompanhado pelas professoras mediadoras.

Durante estas atividades, participou do III Concurso de Redação Filosófica da PUC- GO, parceira no apoio dos educandos, onde ganhou menção honrosa. Todas as atividades desenvolvidas partiram do interesse dos alunos, que buscaram aprofundamento de temas ou conteúdos e utilizando a mediação de instrumentos e equipamentos que favoreceram a sua apreensão.

Sobre este trabalho o aluno decidiu fazer como produto final um folder com texto explicativo sobre os problemas causados pela qualidade do ar em Goiânia e quais medidas adequadas para sua melhoria. Os alunos tiveram um tempo hábil para conclusão de seus projetos e marcaram uma audiência (mostra pedagógica) para apresentação dos mesmos.

Participaram de concursos para a escolha do nome da Mostra, dos melhores desenhos para elaborar o convite, pois a preocupação da equipe do NAAH/S - GO é oportunizar a elaboração e o planejamento dos eventos em parceria com os alunos, proporcionando excelentes oportunidades de treinamento em técnicas de exposição para apresentação de trabalhos.

Outro trabalho realizado foi de uma aluna que pesquisou sobre a arte decor do centro de Goiânia, culminando num manual de aulas de geometria tendo como objetivo o estudo de

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formas geométricas. Também aconteceu uma pesquisa sobre o impacto das pilhas no meio ambiente com uma proposta de reciclagem das mesmas.

Considerações finais

Muito se tem falado a respeito de experiências significativas para a aprendizagem de jovens educandos com variados potenciais, mas, poucas mudanças podem ser percebidas no cenário educacional. Compreender a educação como um processo permeado de articulações e interações contribui para a superação dos pressupostos que limitam a aprendizagem dos alunos a um modelo padronizado e fixo. Alunos curiosos, motivados favorecem o próprio processo de aprendizagem.

Alunos motivados avançam mais, aprendem e ensinam estimulando os colegas de sala. Com tantas discussões que se tem em torno das singularidades dos alunos, pensar sobre metodologias de trabalho que partam do interesse do aluno atingindo seus diferentes níveis de letramento parece sensato. Oferecer condições para que o aluno desenvolva sua potencialidade de autonomia por meio de projetos de aprendizagem em sua área de interesse torna-se prioridade.

Desta forma, aponta-se a metodologia de Enriquecimento Escolar, utilizada neste relato, como prática possível a ser aplicada na sala de aula do ensino regular.

REFERÊNCIAS

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