30
QUÍMICA 10.0ANO1.3.5
PROPRIEDADES PERIÓDICAS DOS ELEMENTOS REPRESENTATIVOS
Não se deve confundir elemento (tipo de átomo) com substância elementar, embora a maior parte das
substâncias elementares tenham o mesmo nome que o elemento químico respetivo.
Por exemplo, ao elemento potássio, K, corresponde a substância elementar potássio, que é um metal
formado por muitos átomos de potássio. Ao mesmo elemento também podem corresponder
substân-cias elementares diferentes. Por exemplo, ao elemento oxigénio, O, correspondem várias substânsubstân-cias
elementares, tais como o di-oxigénio, O
2, e o ozono, O
3. Ambas são gasosas à temperatura ambiente e à
pressão atmosférica normal.
Elementos e substâncias elementares têm características diferentes. Assim, fala-se de configuração
eletrónica, raio atómico e energia de ionização do elemento, mas não da substância elementar. Fala-se
do estado físico, ponto de fusão, ponto de ebulição e densidade da substância elementar, mas não do
elemento.
O tamanho dos átomos, dado pelo respetivo raio atómico, e a energia de ionização são duas
proprieda-des fundamentais dos elementos, diretamente relacionadas com a estrutura eletrónica dos átomos
respetivos. Estas propriedades variam de forma regular ao longo de grupos e períodos da Tabela
Periódica, pelo que se designam por propriedades periódicas.
RAIO ATÓMICO
O tamanho dos átomos é determinado pela nuvem eletrónica, sendo o raio atómico uma medida do
tama-nho dessa nuvem. Uma das definições de raio atómico considera este como metade da distância mínima
entre os núcleos de dois átomos adjacentes (no caso de um metal) ou ligados (no caso de um não-metal)
(Fig. 1.32).
De um modo geral, o raio atómico aumenta ao longo do grupo e diminui ao longo do período (Fig. 1.33).
A interpretação para estas variações dos raios atómicos assenta em fatores relacionados com as
con-figurações eletrónicas dos átomos. Assim, num mesmo grupo (igual configuração eletrónica de valência),
com o aumento do número atómico (Z), os eletrões de valência ficam, em média, mais afastados do
núcleo, uma vez que há preenchimento de mais níveis de energia.
1 37 31 152 186 227 248 265 112 160 197 215 222 85 143 135 167 170 77 118 122 140 146 75 110 120 140 150 73 103 119 142 168 72 100 114 133 (140) 71 98 112 131 (141) H He Li Be B C N O F Ne Ar Kr Xe Rn C, Br I At S Se Te Po P As Sb Bi Si Ge Sn Pb A, Ga In Tl Mg Ca Sr Ba Na K Rb Cs 2 13 14 15 16 17 18
FIG. 1.33Variação do raio atómico na Tabela Periódica. C Na Na rNa C rC FIG. 1.32Raios atómicos do sódio e do cloro. FQ11_28a35_FQ11_p1a50 11/30/17 10:16 AM Page 30
31
DOMÍNIO 1 – Elementos químicos e sua organizaçãoNum período (eletrões distribuídos pelo mesmo número de níveis de energia), à medida que o número
ató-mico, Z, aumenta, ou seja, à medida que a carga nuclear aumenta, os eletrões vão ser mais atraídos pelo
núcleo; como o número de eletrões de valência aumenta, a repulsão entre eles também aumenta.
No entanto, o fator predominante é o da atração ao núcleo (aumento da carga nuclear) e por
conseguin-te os eletrões ficam mais próximos do núcleo.
ENERGIA DE IONIZAÇÃO
Energia de ionização, E
i, relaciona-se com a
energia mínima necessária para extrair um
eletrão de um átomo no estado fundamental,
isolado e em fase gasosa.
X (g) → X
+(g) + e
–Verifica-se que, de um modo geral, a energia
de ionização diminui ao longo do grupo e
aumenta ao longo do período (Fig. 1.34).
Para os elementos do mesmo grupo, com o
aumento do número atómico, Z, os eletrões de
valência vão ficando cada vez mais
energéti-cos, pois aumenta o número de níveis de
ener-gia preenchidos, sendo necessária menos
energia para os remover (Fig. 1.35).
Para os elementos do mesmo período, à medida que a carga nuclear aumenta, os eletrões de valência
vão sendo mais atraídos pelo núcleo, aumentando a energia necessária para os remover.
2 13 14 15 16 17 18 1 H 2,18 Be 1,49 B 1,33 C 1,80 N 2,33 O 2,18 He 3,94 Ne 3,46 F 2,79 Ar 2,53 Kr 2,24 Br 1,89 Xe 1,94 Rn 1,72 I 1,67 Te 1,44 Po 1,35 Bi 1,17 Sb 1,38 Sn 1,18 Pb 1,19 Tl 0,98 In 0,93 C, 2,08 S 1,66 P 1,68 Si 1,31 A, 0,96 Ga 0,96 1,27Ge 1,52As Se 1,56 Li 0,86 Mg 1,23 Na 0,82 K 0,70 0,98Ca Rb 0,67 0,91Sr Cs 0,62 0,84Ba
FIG. 1.34Variação da energia de ionização na Tabela Periódica.
n = ∞ n = ∞ n = 3 n = 2 Ei (n = 2) Ei (n = 3) Ei (n = 3) < Ei (n = 2)
FIG. 1.35 Num mesmo grupo, é necessária menos energia para remover o eletrão mais exterior de n = 3 do que para remover o eletrão mais exterior de n = 2.
QUESTÕES RESOLVIDAS
1.18 A posição de um elemento na Tabela Periódica permite deduzir algumas das propriedades dos seus átomos e das substâncias em que está presente.
Selecione a opção correta.
(A) Para elementos de um mesmo período, em geral, o raio atómico diminui à medida que o número atómico aumenta.
(B) Os elementos metálicos, na sua grande maioria, são sólidos à temperatura ambiente.
(C) Os elementos de um mesmo grupo apresentam um comportamento químico semelhante.
(D) A densidade e o ponto de fusão são propriedades características dos elementos químicos.
(A).
As famílias de substâncias elementares é que apresentam um comportamento químico semelhante. As proprieda-des como o estado físico, a densidade e o ponto de fusão são características das substâncias e não dos elementos.
Proposta de resolução
32
QUÍMICA 10.0ANO1.19 O sulfato de alumínio, Aᐉ2(SO4)3, utilizado no tratamento de águas e de efluentes industriais, é constituído por alu-mínio, Aᐉ, enxofre, S, e oxigénio, O.
Tendo em consideração as configurações eletrónicas desses átomos no estado fundamental, explique porque é que:
1.19.1o átomo de alumínio apresenta menor energia de ionização do que o átomo de enxofre;
1.19.2o raio atómico do oxigénio é menor do que o raio atómico do enxofre.
1.19.113Aᐉ – 1s
22s22p63s23p1; 16S – 1s
22s22p63s23p4.
Os eletrões mais energéticos (eletrões de valência) dos átomos de alumínio e de enxofre, no estado fundamental, encontram-se no mesmo nível de energia (n = 3).
Sendo a carga nuclear do átomo de alumínio (+13) inferior à do átomo de enxofre (+16), a força de atração exer-cida pelo núcleo do átomo de alumínio sobre os eletrões de valência respetivos é menor do que a força exerexer-cida pelo núcleo do átomo de enxofre sobre os eletrões de valência respetivos.
Assim, será necessário fornecer menos energia para remover um dos eletrões de valência mais energéticos do átomo de alumínio do que para remover um dos eletrões de valência mais energéticos do átomo de enxofre.
1.19.28O – 1s
22s22p4; 16S – 1s
22s22p63s23p4.
O oxigénio e o enxofre apresentam o mesmo número de eletrões de valência (6).
Os eletrões de valência do átomo de oxigénio encontram-se no nível n = 2, enquanto os do átomo de enxofre se encontram no nível n = 3 (mais níveis de energia preenchidos). Assim, os eletrões de valência do átomo de oxigé-nio encontram-se, em média, mais próximos do núcleo respetivo do que os do átomo de enxofre, pelo que o raio atómico do oxigénio é menor do que o raio atómico do enxofre.
Como se explica que os metais tenham tendência para formar iões positivos e os não-metais iões
nega-tivos?
Os átomos ao reagirem têm tendência a adquirir a maior estabilidade possível, ou seja, a adquirir uma
configuração eletrónica semelhante à dos átomos dos gases nobres (níveis de energia completamente
preenchidos).
Os metais, nomeadamente os dos grupos 1 (metais alcalinos) e 2 (metais alcalinoterrosos) da Tabela
Periódica, têm baixas energias de ionização, pelo que são muito reativos, perdendo facilmente eletrões
e dando origem a iões positivos muito estáveis.
Os não-metais apresentam energias de ionização maiores, sendo os elementos do grupo 18 (gases
nobres) os que apresentam os valores mais elevados. Os átomos destes elementos (exceto os do grupo
18) têm tendência para captar eletrões, transformando-se em iões negativos estáveis.
Os átomos dos gases nobres são muito estáveis, ou seja, não formam facilmente iões nem se ligam
facil-mente a outros átomos, pois têm os seus níveis eletrónicos totalfacil-mente preenchidos. Assim, as
respeti-vas substâncias elementares são também muito estáveis, e monoatómicas, pelo que também só muito
dificilmente reagem com outras substâncias.
Proposta de resolução
33
DOMÍNIO 1 – Elementos químicos e sua organização1.20As figuras mostram a variação da energia de ionização (A) com o número atómico e variação do raio atómico (B) na Tabela Periódica para os 20 primeiros elementos químicos da Tabela Periódica.
A
B
1.20.1A partir da análise das informações fornecidas nas figuras A e B, comente a seguinte afirmação: «É um facto comprovado que os metais alcalinos reagem violentamente com a água.»
1.20.2Os átomos de cloro formam facilmente iões cloreto.
Conclua, justificando com base na posição do elemento cloro (Cᐉ) na Tabela Periódica, qual será a carga desses iões.
1.20.1O lítio, o sódio e o potássio são elementos do grupo 1, pertencendo à família dos metais alcalinos. A sua grande reatividade deve-se ao facto de os seus átomos terem uma baixa energia de ionização: perdem facilmente o seu único eletrão de valência, transformando-se em iões monopositivos. Os elementos dos metais alcalinos são os que apresentam maior raio no respetivo período, assim, o seu eletrão de valência encontra-se, em média, mais afastado do núcleo e, por isso, é menos atraído, o que corrobora o facto de ser necessário menos energia para a sua remoção.
1.20.2O cloro encontra-se no grupo 17 da Tabela Periódica, o que significa que os átomos de cloro têm 7 eletrões de valência, apresentando uma grande tendência para ganhar um eletrão, de modo a adquirirem a configuração ele-trónica do gás nobre mais próximo (Ar). Conclui-se, assim, que a carga dos iões cloreto será –1.
37 31 152 186 227 112 160 197 85 143 77 118 75 110 73 103 72 100 71 98 H He Li Be B C N O F Ne Ar C, S P Si A, Mg Ca Na K He H Li Ne Na Ar K 25 20 15 10 5 0 5 10 15 20 Z Ei / eV
Proposta de resolução
QUESTÃO RESOLVIDA
1.3.6
IDENSIDADE RELATIVA DE METAIS (AL 1.3)
A massa volúmica (ou densidade), , define-se como o quociente entre a massa, m, de uma amostra da
substância e o seu volume, V, sendo constante para cada substância, nas mesmas condições de
pres-são e temperatura: =
A densidade relativa, d, de uma substância é igual ao quociente entre a sua massa volúmica, , e a massa
volúmica de outra substância, considerada como referência. Para sólidos e líquidos, a substância de
refe-rência é a água, à temperatura de 4
oC e à pressão de 10
5Pa.
d =
Como, nas condições referidas, a massa volúmica da água é 1,00 g cm
–3, a densidade relativa de um sólido
ou líquido, embora adimensional, é numericamente igual à massa volúmica respetiva, expressa em g cm
–3.
m
ᎏ
V
substânciaᎏᎏ
substância de referência FQ11_28a35_FQ11_p1a50 11/30/17 10:16 AM Page 3334
QUÍMICA 10.0ANOA densidade relativa também pode ser calculada pelo quociente entre a massa de um certo volume de
substância e a massa de igual volume de água, a 4
oC:
d =
A densidade relativa de materiais no estado sólido pode determinar-se utilizando um picnómetro de
sólidos (Fig. 1.36).
m
substânciaᎏᎏ
m
água a 4oC Pesa-se o sólido. 013,72 g m mágua = m’– m’’ Introduz-se o corpo no picnómetro, tapa-se e retira-se a água que excede o traço de referênciacom papel absorvente. Pesa-se o conjunto. 074,64 g m’’ Pesa-se o picnómetro cheio de água e o sólido ao lado. 075,85 g m’ m m ’– m = água m ’ m ’’ m ’’ m ólido. Pesa-se o s 013,72 g
com papel absorvente. excede o traço de r picn Intr sólido ao lado. cheio de água e o o ómetr Pesa-se o picn 075,85 g Pesa-se o conjunto. com papel absorvente.
eferência excede o traço de r
etira-se a água que r o, tapa-se e ómetr picn oduz-se o corpo no Intr 074,64 g
FIG. 1.36Determinação da densidade relativa de um sólido por picnometria.
QUESTÃO RESOLVIDA
1.21 Numa aula de laboratório distribuíram-se aos alunos pequenos objetos metálicos. Foi-lhes pedido que realizassem uma investigação experimental para determinar a composição dos objetos.
Um grupo de alunos resolveu determinar a densidade relativa do material metálico por picnometria. Os ensaios foram feitos à temperatura de 20 oC. A tabela seguinte apresenta os registos efetuados pelo grupo de alunos.
Despreze a variação da densidade da água com a temperatura.
1.21.1 Calcule a densidade relativa do material em relação à água.
1.21.2 Qual é o significado do valor obtido para a densidade relativa do metal?
1.21.3 Face aos resultados obtidos e tendo em conta os dados da tabela ao lado, será possível identificar o material dos objetos?
1.21.4Determine o erro percentual do resultado obtido para a densidade relativa do metal e relacione-o com a exatidão desse resultado.
1.21.5Indique dois possíveis erros de medição da densidade relativa que podem ter sido cometidos pelo grupo de alunos.
Ensaio mobjetos/ g m’(pic. + água) + objetos/ g m’’(pic. + água + objetos)/ g
1 17,377 97,104 95,146
2 17,376 97,105 95,145
3 17,376 97,104 95,145
Material Densidade relativa a 20 oC Alumínio 2,70 Ferro 7,86 Latão 8,1 a 8,6 Cobre 8,92 FQ11_28a35_FQ11_p1a50 11/30/17 10:16 AM Page 34
35
DOMÍNIO 1 – Elementos químicos e sua organização1.21.1
msólido= = = 17,376 g
m’(pic. + água) + objetos= = 97,104 g
m’’(pic. + água + objetos)= = 95,145 g
mágua com o mesmo volume= m’ – m’’ = 97,104 – 95,145 = 1,959 g Densidade relativa à temperatura da experiência (20 oC):
d = ⇒d = = 8,870
1.21.2A densidade relativa do metal, a 20 oC, é 8,870, o que significa que a sua massa volúmica é 8, 870 vezes maior do que a massa volúmica da água a 4 oC.
1.21.3Comparando a densidade relativa medida com a dos objetos, por maior proximidade, conclui-se que, provavel-mente, o material constituinte dos objetos será o cobre.
1.21.4 erro (%) = ×100 = ×100 = –0,560%
O erro cometido foi de 0,56% por defeito. Como o erro é muito pequeno, pode considerar-se que o resultado obti-do tem grande exatidão.
1.21.4Formação de bolhas de ar no interior do picnómetro e secagem inadequada do picnómetro. msólido ᎏ mágua 17,376 ᎏ 1,959 97,104 + 97,105 + 97,104 ᎏᎏᎏ 3 95,146 + 95,145 + 95,145 ᎏᎏᎏ 3 m1+ m2+ m3 ᎏᎏ 3 17,377 + 17,376 + 17,376 ᎏᎏᎏ 3 8,870 – 8,92 ᎏᎏ 8,92 valor experimental — valor de referência
ᎏᎏᎏᎏᎏ valor de referência
Proposta de resolução
243
DOMÍNIO 1 – Mecânica1.13 Um avião move-se com velocidade constante. Atuam sobre o avião quatro forças: o seu peso, P→, a força de sustenta-ção, S→, a resistência do ar, R→, e a força de propulsão, T→, de acordo com a figura.
Selecione a opção correta.
(A)9S→9>9P→9 (B)9T→9>9R→9 (C)T→+ R→= 0→ (D)P→+ R→= 0→
(C). Se a velocidade é constante, a resultante das forças é nula. Por isso, verifica-se que: → FRx= T → + R → = 0 → e → FRy= S → + P → = 0 →
1.3
FORÇAS E MOVIMENTOS
As características do movimento variam de acordo com a resultante das forças e as condições iniciais.
1.3.1
MOVIMENTOS UNIFORMEMENTE VARIADOS
Desprezando a resistência do ar, um corpo deixado cair ou lançado verticalmente,
à superfície da Terra, fica sujeito apenas à força gravítica exercida pela Terra:
diz-se que está em queda livre. O corpo designa-diz-se por grave e a aceleração adquirida
designa-se por aceleração gravítica, g
→. Na ausência de resistência do ar, todos os
corpos largados da mesma altura chegam ao mesmo tempo ao chão,
apresen-tando portanto a mesma aceleração. Conclui-se que a aceleração gravítica não
depende da massa do grave (Fig. 1.23).
Para um corpo qualquer à superfície da Terra, a aceleração gravítica pode
cal-cular-se a partir da Lei da Gravitação Universal e da Segunda Lei de Newton:
F
→ R= m a
→⇔
P
→= m g
→⇔
G
= m g ⇔ g = G
Substituindo os valores de G, da massa e do raio médio da Terra, obtém-se:
g = 6,67 × 10
–11×
= 9,8 m s
–2.
De modo semelhante poderia calcular-se a aceleração gravítica à superfície de outros planetas.
Um grave tem aceleração constante: o movimento vertical de um grave é uniformemente variado
(retar-dado na subida e acelerado na descida).
Para estudar o movimento retilíneo faz-se coincidir um eixo com a direção do movimento, convencionando
uma origem e um sentido positivo. Os sinais que se atribuem à velocidade e à aceleração dependem de
estas apontarem no sentido positivo ou negativo do eixo escolhido.
No movimento retilíneo uniformemente variado, a componente escalar da velocidade, v, varia linearmente
com o tempo, a posição, x, varia no decurso do tempo e pode relacionar-se a componente escalar da
ve-locidade do corpo, v, com o seu deslocamento, x.
Nas equações, x
0,v
0e a são as componentes escalares no eixo escolhido da posição inicial, velocidade
inicial e aceleração, respetivamente.
Proposta de resolução
m
TR
T2m
Tm
R
T 25,97 × 10
–24(6,37 × 10
6)
2m s
–2QUESTÃO RESOLVIDA
m m m = m P P P P P P P P P PFIG. 1.23A aceleração da gravi-dade não depende da massa.
P S
T
R
244
FÍSICA 11.0ANOO quadro seguinte resume as características deste movimento.
Para um grave, convencionando como positivo o sentido ascendente, basta considerar nas equações
an-teriores
a = –g, já que a aceleração gravítica aponta para baixo.
1.14Em 1971, o astronauta David Scott, comandante da missão Apollo 15, deixou cair um mar-telo e uma pena na Lua, tendo verificado que atingiram o solo ao mesmo tempo. A aná-lise do vídeo desta experiência permitiu obter os dados da figura. As distâncias foram marcadas com intervalos de 0,36 s. Utilize o eixo indicado na figura.
1.14.1Explique porque é que o martelo e a pena chegam ao mesmo tempo ao solo.
1.14.2Com base nos dados, determine o valor mais provável da aceleração gravítica na Lua.
1.14.3Determine a velocidade do martelo após ter percorrido 50 cm, com base nas equações x(t) e v(t) .
1.14.4Considere que o astronauta atirava o martelo para cima, verticalmente, com uma velocidade de 6,0 m/s, a partir de uma posição a 1,0 m de altura.
a)Qual seria a altura máxima atingida?
b)Quanto tempo demoraria a chegar ao solo?
1.14.1Na Lua não existe atmosfera, por isso sobre ambos os corpos atua apenas a força gravítica. A aceleração dos corpos é a da gravidade na Lua, a→= g→L. Ora, a aceleração gravítica não depende da massa dos corpos.
1.14.2O movimento do martelo é um movimento uniformemente acelerado com aceleração a = –gLe com as seguintes
condições iniciais: x0= 1,0 m e v0= 0 m s–1 (o martelo foi largado). A partir da equação das posições, podemos
de-terminar a aceleração gravítica na Lua com base na posição e no tempo:
x
(t) =x
0+ v0t + at2⇔
x
= 1 + 0 – gLt2⇔
gL=A partir das medições determina-se a aceleração gravítica: gL, 1= = 1,70 m s–2; g
L, 2= = 1,77 m s–2; gL, 3= = 1,71 m s–2
Portanto, o valor mais provável para a aceleração gravítica na Lua é: g––L= m s–2= 1,73 m s–2
1.14.3A aceleração do martelo é a = –1,73 m s–2 e, após ter percorrido 50 cm, a sua posição é
x
= 1 – 0,50 = 0,50 m.Após ter percorrido 50 cm, tem uma velocidade de módulo 1,31 m s–1, direção vertical e sentido para baixo.
2 – 2 x t2 1 2 1 2 2 – 2 × 0 1,082 2 – 2 × 0,54 0,722 2 – 2 × 0,89 0,362 1,70 + 1,77 + 1,71 3
Proposta de resolução
Lei da aceleração Lei da velocidade Lei das posições Velocidade e deslocamento Movimento retilíneo
uniformemente variado a(t) = constante v(t) = v0+ at v 2= v2 0+ 2a x 0 11 cm 46 cm 100 cm x x(t) = x0+ v0t + at2 1 2
QUESTÃO RESOLVIDA
x(t) = x0+ v0t + 2 1 at2 v(t) = v0+ at 0,50 = 1,0 + 0 – 2 1 × 1,73 × t2 v = 0 – 1,73 × t v = s = 0,76 s v = –1,73 × 0,76 m s–1= –1,31 m s –1 1 1,73⇔
⇔
t/s x/m 0,00 1,00 0,36 0,89 0,72 0,54 1,08 0,00 FQ11_228a250_Layout 1 12/4/17 2:08 PM Page 244245
DOMÍNIO 1 – Mecânica1.14.4 a)As condições iniciais do movimento são
x
0= 1,0 m e v0 = 6,0 m s–1. Para determinar a altura máxima, é necessáriodeterminar o tempo necessário para que a velocidade se anule: v(t) = v0 + at ⇒ 0 = 6,0 – 1,73t ⇔ t = s = 3,47 s
Basta agora calcular a posição ao fim deste tempo:
x
(t) =x
0+ v0t + at2⇒x
= 1,0 + 6,0 × 3,47– ×1,73 × 3,472⇔x
= 11,4 mb)Pretende-se determinar o tempo necessário para que atinja a posição
x
(t) = 0:x
(t) =x
0+ v0t + at2⇒0 = 1,0 + 6,0t – ×1,73t2⇔t = 7,1 s ou t = –0,16 s.No contexto do problema só se consideram instantes após o inicial (t ≥ 0), por isso demora 7,1 s a atingir o solo.
1.15Um corpo Q, de 200 g de massa, foi deixado cair de uma altura h acima do solo e, simultaneamente, um corpo R, de 100 g de massa, foi atirado, da mesma altura, verticalmente para cima a 4,0 m/s. O gráfico apre-senta a componente escalar vertical da velocidade do corpo Q em função do tempo até atingir o solo. Considere g = 10 m s–2e o sistema
de eixos da figura. Despreze a resistência do ar.
1.15.1Selecione a opção correta.
(A)Os dois corpos ficam sujeitos à mesma força gravítica.
(B)O corpo Q atinge o solo antes apenas por ser mais pesado.
(C)Os corpos R e Q atingem o solo com a mesma velocidade.
(D)Os dois corpos apresentam a mesma aceleração.
1.15.2Indique qual dos seguintes gráficos pode representar:
a)a posição do corpo Q em função do tempo?
b)a componente escalar da velocidade do corpo R em função do tempo?
1.15.3Com base na informação do gráfico vy(t) para o corpo Q, calcule a altura h.
1.15.1(D). Na ausência da resistência do ar todos os corpos apresentam, no mesmo local, a mesma aceleração da gravi-dade. Os corpos R e Q ficam sujeitos a forças gravíticas diferentes, porque estas são forças diretamente propor-cionais às suas massas. As velocidades dos corpos R e Q são diferentes quando eles chegam ao solo, pois caem com iguais acelerações, mas o corpo Q é largado da altura h, e o corpo R tem velocidade nula mais acima, logo, na queda a partir desse ponto acelera para baixo durante mais tempo. O corpo Q é o primeiro a atingir o solo, pois inicia o seu movimento para baixo, enquanto o corpo R inicia a subida.
6,0 1,73 1 2 1 2 1 2 1 2
Proposta de resolução
h Q R v0 x y vy / m s –1 4 0 – 4 – 8 – 12 – 16 t / s 1,2 0,8 0,4 v / m s –1 t / s P v / m s –1 t / s y / m t / s y / m t / s v / m s –1 t / s v / m s –1 t / s (A) (B) (C) (D) v / m s –1 t / s v / m s –1 t / s (A) (B) (C) (D) FQ11_228a250_Layout 1 12/4/17 2:08 PM Page 245246
FÍSICA 11.0ANO1.15.2 a)(A). O movimento é uniformemente acelerado, por isso, a componente vertical da posição, x(t), deve ser uma pa-rábola. O corpo move-se no sentido negativo do eixo dos yy.
b)(A). O movimento é uniformemente variado, por isso, a velocidade varia linearmente com o tempo. No instante inicial, a componente escalar da velocidade é positiva, já que a velocidade aponta para cima.
1.15.3 O corpo Q atinge o solo passados 1,2 s de ter sido lançado: y(1,2 s) = 0 m. Utilizando a expressão de y(t), obtém-se: y(t) = y0– g t2 ⇒0 = h –
×
10×
1,22 ⇔h = 7,2 m.1.3.2
QUEDA NA VERTICAL COM EFEITO DE RESISTÊNCIA DO AR APRECIÁVEL
Existem muitas situações em que a resistência do ar não
pode ser desprezada. A força de resistência do ar, R
→
ar
,
de-pende das dimensões, forma e orientação do corpo, da
na-tureza da sua superfície e da sua velocidade em relação ao
ar. Aplicando a Segunda Lei de Newton, pode escrever-se:
F
→ R= m a
→ ⇔P
→+ R
→ ar= m a
→Como a resistência do ar aumenta com a velocidade,
conclui -se que sempre que a velocidade variar (a
→0
→) a
ace-leração também varia, portanto, o movimento é variado, mas
não uniformemente variado.
Tome-se como exemplo a queda de um paraquedista (Fig.
1.24).
Podem considerar-se duas partes no seu movimento:
• antes de abrir o paraquedas: ao iniciar a queda, a sua
velocidade vai aumentando, pois inicialmente
9P
→ 9>
9R
→ ar9(F
→R
tem o mesmo sentido de v
→); por aumentar a
veloci-dade
9R
→
ar9
também aumenta, até que a partir de um
certo momento irá equilibrar o peso (P
→+ R
→ ar= 0
→). A partir
desse instante, o paraquedista deixa de acelerar
(a
→= 0
→
): diz-se que atingiu a primeira velocidade
termi-nal (cerca de 200 km/h) e o seu movimento é retilíneo e uniforme;
• depois de abrir o paraquedas: ao abrir o paraquedas
9R
→
ar9
aumenta consideravelmente, tornando -se
maior do que o peso e, por isso, a sua velocidade vai diminuindo (F
→R
tem sentido oposto a v
→); por
dimi-nuir a velocidade
9R
→
ar9
também diminui, até que a partir de um certo momento irá reequilibrar o peso
(P
→+ R
→ ar= 0
→); a partir desse instante, o paraquedista deixa de travar (a
→= 0
→
): diz-se que atingiu a segunda
velocidade terminal (cerca de 20 km/h), sendo o seu movimento novamente retilíneo e uniforme.
Como vimos, no movimento retilíneo e uniforme verificam-se as seguintes relações:
a(t) = 0 , v(t) = v
0= constante e x(t) = x
0+ v
0t.
1 2 1 2A
B
C
D
2.a velocidade terminal P = Rar 1.a velocidade terminal P = Rar P < Rar P > RarFIG. 1.24 As várias etapas no movimento de um para-quedista.
247
DOMÍNIO 1 – Mecânica1.16O gráfico representa a variação da velocidade de um paraquedista ao longo do tempo. A massa do sistema paraquedas + paraquedista é de 90 kg. Consi-dera-se como positivo o sentido descendente.
1.16.1Estabeleça a correspondência entre os instantes indicados no gráfico e a resultante das forças que atuam sobre o paraquedista, abaixo identificadas com as letras A, B, C e D.
1.16.2No intervalo de tempo [t1, t2] s,
(A)o movimento é uniformemente acelerado.
(B)a força resultante é constante.
(C)o módulo da aceleração diminui no decurso do tempo.
(D)as variações de velocidade são diretamente proporcionais ao intervalo de tempo em que ocorrem.
1.16.3No intervalo de tempo [t4, t5] s, o módulo da resistência do ar que atua sobre o paraquedista é dado pela expressão Rar
=
25 v2 (SI), em que v é o módulo da velocidade do paraquedista. Calcule a velocidade média do paraquedistaneste intervalo.
1.16.1t1 — C; t2 — B; t3 — D; t4 — A; t5 — A.
De t1a t2 a velocidade aumenta e, portanto, também aumenta a resistência do ar. Em consequência, a força resultante
diminui, mas aponta no sentido do movimento, já que o movimento é acelerado. Em t3, o paraquedista diminui a sua
velocidade, logo, a força resultante aponta no sentido oposto ao movimento. De t4a t5, a velocidade é constante e, por
isso, a força resultante é nula.
1.16.2(C). A aceleração corresponde ao declive da tangente ao gráfico v(t) que diminui no intervalo [t1, t2] s. O movimento
nesse intervalo é acelerado não uniformemente.
1.16.3No intervalo [t4, t5] s, o movimento é retilíneo e uniforme, portanto, a velocidade média coincide com a instantânea.
A resultante das forças é nula: P → + R → ar= O → ⇔mg – 25 v2= 0 ⇒ v =
= m s–1= 6,0 m s–11.3.3
MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME
A única força que atua sobre um satélite em órbita da Terra é a força
gravítica. Alguns satélites descrevem uma órbita circular em torno da
Terra. Neste caso, a força resultante é perpendicular à velocidade e
aponta para o centro (força centrípeta). A aceleração tem sempre a
mesma direção e sentido da força resultante e, por isso, é também
cen-trípeta (Fig. 1.25). A força modifica continuamente a direção da
veloci-dade, mas o seu módulo permanece constante. A velocidade é variável,
porque varia em direção, mas tem módulo constante. O movimento é
circular e uniforme.
Proposta de resolução
QUESTÕES RESOLVIDAS
v / m s –1 t / s t5 t4 t3 t1 0 t2 A B C DF
→ R= 0
→ 90 × 10 25 mg 25 Prova 3 Fg Fg Fg Fg a a a a v v v vFIG. 1.25 Movimento circular uniforme de um satélite.
248
FÍSICA 11.0ANOO movimento circular uniforme é um movimento periódico, que se repete em cada nova volta que o corpo
descreve. O tempo de uma volta completa é o período, T, e o número de voltas descritas por unidade de
tempo é a frequência, f. A frequência é o inverso do período: f =
(unidade SI: Hz ou s
–1).
No movimento circular, define-se o módulo da velocidade angular, , como o ângulo
descrito por unidade de tempo (Fig. 1.26). O ângulo θ é expresso no SI em radianos,
logo, a unidade SI de velocidade angular é o radiano por segundo.
No movimento circular uniforme, a velocidade angular é constante, verificando-se
que num período T o corpo dá uma volta, ou seja, θ = 2 :
=
média=
⇒
=
(unidade SI: rad s
-1)
Neste movimento, a rapidez é constante. O corpo, ao descrever uma circunferência de raio r, percorre
uma distância igual ao perímetro, 2 r, em cada período, T. Logo, o módulo da velocidade é dado por:
9
v
→9= v =
⇒v = r
O módulo da aceleração centrípeta é dado pela seguinte relação: a
c=
=
=
2r.
O quadro abaixo resume algumas das relações utilizadas no estudo do movimento circular e uniforme.
Para um satélite de massa m, em órbita circular de raio r em torno da Terra (massa
da Terra = m
T), a força exercida sobre o satélite é a força gravítica (Fig. 1.27), por
isso, aplica-se a seguinte relação:
F
g= ma
c ⇔G
= ma
c ⇔G
= a
c=
O raio r da órbita será r = R
T+ h, em que R
Té o raio da Terra e h é a altitude a que se encontra o satélite.
A relação anterior mostra que a aceleração e a velocidade do satélite não dependem da massa do satélite.
Como G
= a
c=
2r, obtém-se =
G
. Esta expressão mostra que a velocidade angular do satélite
depende do raio da órbita, logo, o mesmo acontece com o período.
Como a Terra tem um período de rotação de 24 h, se um satélite tiver um período de rotação de 24 h
re-gressará à mesma posição em relação a um ponto da Terra ao fim desse tempo. Um satélite com estas
características chama-se geossíncrono.
2
T
t2 r
T
(
r)
2r
v
2r
v2r
m
Tr
2m
Tm
r
2 1 Tm
Tr
2 Δθ A B tA tBFIG. 1.26 Ângulo descrito no intervalo t = tB –tA. Frequência Módulo da velocidade angular Módulo da velocidade Módulo da aceleração Módulo da força resultante Movimento circular uniforme f = 1 T = = 2 f Constante. 2 T
v
=r ac
=
=
2 r v2 r Fc= m
v2 r Variáveis mas constantes em móduloRaio da Terra Altitude
FIG. 1.27Satélite em órbita.
m
T
r
3249
DOMÍNIO 1 – MecânicaSe o plano da órbita do satélite for o plano equatorial e a órbita for circular chama-se satélite
geoesta-cionário, uma vez que permanecerá imóvel em relação a um ponto da Terra.
1.17A ideia de um satélite de comunicações geossíncrono foi originalmente publicada em 1928 por Herman Potocnik e a órbita geoestacionária foi popularizada em 1945 por Arthur C. Clarke, que descreveu a possível utilidade de um satélite deste tipo: uma antena na Terra poderia apontar numa direção fixa e bem determinada para comunicar com o satélite. O satélite deve orbitar a uma altitude de cerca de 3,58 × 104km no plano do equador terrestre.
Dados: massa da Terra = mT = 5,97 × 1024kg; raio da Terra = RT = 6,37 × 106m.
1.17.1Justifique a seguinte afirmação: «Uma antena na Terra poderia apontar numa direção fixa e bem determinada para comunicar com o satélite.»
1.17.2Calcule a velocidade angular do satélite.
1.17.3Qual é o módulo da velocidade do satélite?
1.17.4Mostre que, para a altitude indicada, o satélite é geoestacionário.
1.17.5A aceleração de um satélite geostacionário
(A)depende da massa do satélite.
(B)é constante no decurso do tempo.
(C)depende da massa da Terra.
(D)é perpendicular à força gravítica.
1.17.1Como o período do movimento do satélite é igual ao da Terra e este roda no mesmo sentido da rotação da Terra e num plano equatorial, a sua posição em relação a um ponto fixo na superfície da Terra é sempre a mesma.
1.17.2 T = 24 h ⇒
= = rad s–1= 7,27 × 10–5 rad s–1
1.17.3É necessário saber o raio da órbita:
r = RT+ h = (6,37 × 106+ 3,58 × 107) m = 4,22 × 107m
v
= r = 7,27 × 10–5×4,22 × 107m s–1= 3,07 × 103m s–1= 3,07 km s–11.17.4A força gravítica exercida pela Terra é responsável pela aceleração do satélite: G = m ac
1.17.5(C). A aceleração de um satélite geoestacionário depende do período de rotação da Terra e do raio da órbita, que, por sua vez, depende da massa da Terra. Se a Terra tivesse outra massa, a altitude do satélite geoestacionário seria diferente. No entanto, não depende da massa do próprio satélite, pois todos os corpos no mesmo local apresentam a mesma aceleração da gravidade. Esta aceleração é centrípeta, portanto, perpendicular à velocidade. Por isso, a sua direção varia constantemente consoante o satélite descreve a sua órbita.
2 24 × 60 × 60 2 T