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A CONTRIBUIÇÃO DA METODOLOGIA DA MEDIAÇÃO DIALÉTICA NA MELHORIA DA QUALIDADE DO ENSINO EM MATEMÁTICA.

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Eixo Temático: E4 – Formação de Professores

A CONTRIBUIÇÃO DA METODOLOGIA DA MEDIAÇÃO DIALÉTICA NA MELHORIA DA QUALIDADE DO ENSINO EM MATEMÁTICA.

Paulo Cesar SERON – UNESP/UNIVESP – SP (pcseron@professor.sp.gov.br) Maria Eliza Brefere ARNONI – UNESP/UNIVESP – SP (meliza@ibilce.unesp.br)

Resumo: O presente relato aborda o problema da educação no Brasil e no estado de São Paulo, evidenciando a baixa qualidade do ensino em Matemática, principalmente quando comparado com outros países do Mercosul, onde o Brasil apresenta-se como a melhor economia do bloco e a 6 a melhor do mundo. Apresenta também uma experiência desenvolvida, em forma de recuperação, por um professor de Matemática em uma sala da 1a série do Ensino Médio da rede pública estadual do estado de São Paulo, como atividade do Estágio Curricular Supervisionado – UNESP/UNIVESP – SP, cuja proposta foi idealizada e orientada pela Profa. Dra. Maria Eliza Brefere Arnoni nas aulas presenciais do referido curso onde é orientadora de estágio. Apresenta ainda um comparativo entre o resultado obtido pelos alunos desta sala, antes e após a recuperação, desenvolvida segundo a Metodologia da Mediação Dialética M.M.D. (ARNONI, 2011), tendo como ponto de partida o rendimento da classe em uma avaliação externa daquela rede, a “Avaliação da Aprendizagem em Processo”. É apresentada também uma comparação com os dados da recuperação de outra turma do mesmo ano e Escola, porém com orientação metodológica diferente desta. A preocupação com uma educação de qualidade, que faça sentido para o aluno, integrando-o ao processo educativo e tornando-o autor da propria aprendizagem, exige o rompimento de paradigmas, um quebrar de preconceitos e a opção por uma metodologia adequada, a Metodologia da Mediação Dialética, pautada na Ontologia do ser social e na categoria dialética da Totalidade, que permite a compreensão histórica e dinâmica da sociedade atual e do ser social nela inserido. Por fim, conclui-se que a utilização da M.M.D., possibilitou uma melhora significativa na qualidade da aprendizagem dos alunos, permitindo que eles superem suas idéias iniciais sobre o conceito abordado e alçem outros estagios mais complexos e elaborados de aprendizagem.

Palavras-chave: Qualidade da Educação, Metodologia da Mediação Dialética [M.M.D.], Avaliação da Aprendizagem em Processo, Matemática.

Introdução

O Brasil ocupa uma das primeiras posições no quesito economia mundial, a 6ª colocação, acima de economias como a britânica. Porém, quando o assunto é educação o quadro se inverte, como mostra o relatório da UNESCO, onde ocupamos a 88ª posição, abaixo dos nossos vizinhos Uruguai (36ª), Argentina (38ª) e Paraguai (77ª). A

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baixa qualidade do ensino brasileiro tem sido tema em diversos eventos que reúnem especialistas em educação, mas, na prática, pouco tem se avançado no caminho da melhoria.

Quando se fala em baixa qualidade educacional, a matemática colabora para a manutenção desta situação. Para se ter uma idéia, baseado nos resultados do SAEB, o

site Todos Pela Educação afirma que no estado de São Paulo, na 3ª série do ensino

médio o percentual de alunos com desempenho satisfatório em língua portuguesa é de 33,6%, enquanto que em matemática é de apenas 12,5%.

Em 2012 o governo do estado de São Paulo implantou a “Avaliação da Aprendizagem em Processo”, abrangendo o ensino fundamental e médio. Com base nos resultados de matemática obtidos nesta avaliação externa foi desenvolvida a atividade de recuperação - foco deste relato - objetivando a superação das dificuldades que os alunos encontraram na respectiva avaliação. O desafio que se colocava era o de inserir a recuperação como atividade educativa do Estagio Curricular Supervisionado do Curso de Pedagogia – UNESP/UNIVESP – SP (ANEXO I), servindo como formação continuada em serviço. Por este motivo, as aulas foram fundamentadas pedagogicamente e desenvolvidas na perspectiva da Metodologia da Mediação Dialética [M.M.D.] (ARNONI, 2011), que utiliza os fundamentos da Ontologia do ser social e o conceito de Totalidade como concepção teórica de compreensão de mundo.

Podemos dizer que, em geral, quando o professor não utiliza uma aula pronta – apostilas, livro didático – que não foi preparada por e para ele, nem para seu aluno, ele acredita que para prepará-la deve ter em mente o conteúdo e a série para qual irá ministrar esta aula, uma crença minimalista, pois, se analisarmos a aula à luz do conceito filosófico de totalidade ela, a aula, é uma unidade e seus elementos – professor, aluno e conceitos – são partes que se relacionam na sua constituição como um todo e tem por objetivo permitir que o aluno compreenda e internalize o conhecimento historicamente produzido pela sociedade. A compreensão do conceito da disciplina em sua dimensão histórica exige uma metodologia de ensino pautada na concepção de mundo condizente com esta visão histórica de sociedade, como a ontologia do ser social e a lógica dialética.

Sob este prisma, a aula é local privilegiado para compreensão do mundo e da sociedade, e as relações desta devem dela fazer parte, ou seja, os planos - cultural,

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social, econômico e político. Todas as partes se articulam no momento da aula e, se forem deixadas de lado durante a preparação da aula, o professor estará fadado ao fracasso, não só de seus alunos, mas principalmente seu, que embora seja parte, tenta ser um todo mas, para isto, tem que reconhecer este todo para requerer sua autonomia. Este reconhecimento se dá quando o professor aponta, como causa da baixa qualidade do ensino, a relação frágil com o aluno, a falta de respeito e de interesse deste, o descaso com a escola e com a necessidade de aprendizagem para que possa se afirmar como cidadão autônomo, autonomia esta que o professor nega ao acreditar ser o todo.

A aula não se constitui apenas na sala de aula, ela depende da compreensão do mundo, de uma concepção como a Ontologia do ser social, onde o homem, que vive e evolui em sociedade, depende desta sociedade e das relações que nela vivencia, para se desenvolver, seja por fatores naturais ou biológicos, sociais e econômicos ou políticos. Estes fatores interferem na vida do homem e também recebem sua interferência, ambos transformando-se de forma simultânea, proporcionando uma simbiose onde um não está completo sem o outro, uma interdependência que culmina na incompletude do ser humano histórico e social gerando, em relação à totalidade, contradições e superações, na busca do desenvolvimento individual (do ser) e coletivo (da sociedade).

Para que a aula ocorra é fundamental que exista uma argumentação dialogada, consciente e apoiada em saberes, tendo como base a contradição, na busca pelo entendimento da totalidade. Esta relação irá ocorrer em ambiente de aula, fundamentada na lógica e envolvendo seres sociais – professor e aluno – trazendo consigo a marca da ontologia, sendo caracterizada como mediação dialética e pedagógica.

A aula é um momento único em ambiente privilegiado, que proporciona o diálogo que veicula o conceito em desenvolvimento e, para que isto ocorra, deve ser bem planejada anteriormente, recorrendo a processos, verificações, tomada de informações e revisões. Este planejamento e as demais etapas devem ser capazes de indicar os rumos e a direção para o desenvolvimento do trabalho, que busca a transformação do aluno em relação à compreensão dos conhecimentos socialmente produzidos, sejam abstrações científicas, artísticas ou filosóficas, através das quais terá referências para fazer a análise critica do mundo e, através das quais, com ele se relacionará.

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Segundo a M.M.D., o planejamento é composto de três fases que se articulam explicitamente durante o momento da aula (práxis educativa):

1ª Fase: onde se elabora a intencionalidade – o que se pretende com aquela aula; 2ª Fase: considera o conceito para elaborar atividades atendendo as etapas da Metodologia da Mediação Dialética;

3ª Fase: atividades que buscam uma análise das relações entre a intencionalidade e a prática educativa (aplicação das etapas da M.M.D.) e entre a intencionalidade e a práxis educativa (considerada na totalidade da articulação das partes)

Experiência Desenvolvida

Este relato apresenta a experiência do autor, enquanto professor de Matemática, em uma sala de aula da 1ª série do Ensino Médio da Rede Pública Estadual do Estado de São Paulo. A intencionalidade foi verificar se haveria melhoria na qualidade da aprendizagem durante aulas de recuperação, fazendo uso da Metodologia da Mediação Dialética – M.M.D., aqui apresentada a partir da 3ª Fase (aplicação das etapas)

Como ponto de partida foi tomado o resultado da primeira “Avaliação da

Aprendizagem em Processo”, aplicada pela Secretaria de Estado da Educação do Estado

de São Paulo, nos exercícios que envolviam Plano Cartesiano em uma sala, do período diurno, de 1ª série do Ensino Médio, no primeiro semestre de 2012.

A escolha do conteúdo Plano Cartesiano deve-se ao fato de que foram detectadas algumas defasagens que dificultam o acompanhamento das aulas, pelos alunos, com prejuízo direto na qualidade da sua formação, principalmente em matemática. Tinha-se em mente traçar um paralelo entre o resultado alcançado nesta turma, após a recuperação utilizando-se a M.M.D., com ela mesma e com o resultado das demais turmas, que não utilizaram esta metodologia durante a recuperação.

Foi realizado, pelo autor, um estudo no conteúdo a ser desenvolvido, levantando seus nexos internos e externos, desenvolvendo atividades que atendessem às etapas da M.M.D..

Na sala de aula, já com os alunos, em uma conversa inicial, foi explicitado o desempenho daquela e das demais salas avaliadas, deixando claro que, dentre todas as turmas do diurno, aquela foi a que apresentou o menor índice de acertos, principalmente nas questões que envolviam o Plano Cartesiano.

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Seguindo as etapas da M.M.D. – Resgatando, Problematizando, Sistematizando e Produzindo (Anexo II), foram desenvolvidas as seguintes atividades em forma de perguntas e respostas (verbal):

Resgatando:

P. O que é um plano?

R. Reto – Esta resposta apareceu em forma de palavras e gestos, onde o gesto indicava uma superfície plana como a superfície da carteira.

P. O que é um plano cartesiano?

R. Plano que usamos para redução e ampliação de plantas (resposta surge como uma das aplicações do plano cartesiano na engenharia civil)

P. O que são eixos coordenados?

R. Duas retas, dois eixos que se cruzam.

P. Para que serve o eixo de coordenadas cartesianas?

R. Dar coordenadas (houve alguma dificuldade em enxergar a utilização do eixo de coordenadas cartesianas)

P. O que é um par ordenado?

R. Dar uma informação de onde está o “pontinho”

As respostas apresentadas acima são as mais pertinentes a cada questionamento e, da análise destas e de todas as outras respostas dos alunos, foi percebido que alguns tinham uma idéia superficial do tema e muitos apresentavam dificuldades em descrever o que é um Plano Cartesiano e, principalmente, para que serve o eixo de coordenadas cartesianas, tornando-se este um ponto forte a ser superado através do Problematizando.

Problematizando:

P. Como posso identificar um ponto no espaço?

R. Cruzamento de duas retas; Pela ponto inicial; Com coordenadas.

P. Como localizar um ponto (país, estado, cidade, rua, endereço) em um mapa? R. Pelos pontos cardeais; Rosa dos ventos; Mapas; Escala; GPS; Legenda; Google Earth; Seguindo as coordenadas de um mapa.

P. Como, através do telefone, indicar a alguém (seu chefe, colega de trabalho ou sua mãe) onde se encontra um objeto em um determinado local numa prateleira?

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R. Cruzamento da segunda linha com a segunda coluna; Na segunda linha da segunda coluna; Segunda parte da segunda fileira; No meio da segunda fileira; Segunda prateleira com segunda coluna.

Atividade do Problematizando: Organização as sala:

A turma, com 21 alunos foi dividida em 4 grupos, dois grupos femininos de 5 alunas cada e dois grupos masculinos um com 6 alunos e outro com 5 alunos. Os grupos trabalharam dois a dois colaborativamente, integrando meninos e meninas.

Cada equipe (masculina), levada até a Sala de Leitura deveria identificar, com linguagem do cotidiano, um local específico em uma prateleira.

Posteriormente, ambas as equipes femininas foram levadas até a sala de leitura e deveriam encontrar a prateleira indicada pelos meninos e anotar o nome de qualquer livro que estivesse naquela prateleira.

Na segunda etapa os papéis se inverteram, as meninas indicavam a prateleira e os meninos encontravam e anotavam o nome de um livro.

Com base nos resultados, todos os alunos foram questionados sobre quais os motivos que impossibilitaram com que o grupo 1 obtivesse sucesso, onde o próprio grupo respondeu: “Falta de informações; confusão na orientação; informação errada.”

Na sequência foi realizada uma reflexão coletiva, sobre as dificuldades encontradas na atividade. Foram apontados: a quantidade de dados necessários para indicar um local, o tempo e a incerteza. Da análise das respostas dos alunos observou-se: surgimento de dúvidas ao identificar corretamente a linha e a coluna, orientação de baixo para cima ou de cima para baixo e dificuldade para transformar em palavras um local na prateleira.

Sistematizando:

Atividade do Sistematizando: foi utilizada uma malha quadriculada representando o 1º quadrante do plano cartesiano com alguns pontos nela inscritos, de onde os alunos deveriam obter informações sobre a localização de cada um dos pontos, anotando em uma tabela. Em um segundo momento, foi apresentada uma tabela contendo os pares ordenados e os alunos deveriam inscrever, na malha quadriculada, os pontos identificados nesta tabela.

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A abordagem matemática revendo a questão-problema contou com a participação ativa dos alunos, as respostas nesta fase - em grupo - foram bastante pertinentes, demonstrando um bom avanço e a superação das idéias iniciais apresentadas no Resgatando.

Produzindo:

Foram retomadas as respostas obtidas na etapa “Resgatando”, em seguida pediu-se aos alunos que definispediu-sem par ordenado.

Posteriormente foram realizadas atividades em papel quadriculado onde, partindo do par ordenado, os alunos encontraram os pontos no plano cartesiano. Em outra atividade, após localizar os pontos, os alunos deveriam ligá-los para que formassem algumas figuras.

Nesta fase, individualmente, os alunos apresentaram resultados bastante satisfatórios, demonstrando melhor domínio do conceito discutido; suas produções evidenciam o avanço e superação das idéias iniciais.

Dado ao nível de superação das idéias iniciais, os alunos definiram:

Par ordenado: Conjunto de pontos (números ou letras) que serve para dar a localização de um ponto ou objeto que está no plano cartesiano.

Avaliando:

A avaliação diagnóstica foi novamente aplicada pelos professores da escola. E, para conferir legitimidade ao resultado da experiência, o professor aplicador da Metodologia da Mediação Dialética – M.M.D. não participou da elaboração/aplicação desta nova avaliação. Cabe ainda salientar que durante as aulas utilizando a M.M.D., as questões aplicadas na prova não foram utilizadas ou discutidas.

O desempenho dos alunos demonstra que a superação das dificuldades, após a utilização da Metodologia da Mediação Dialética, foi extremamente satisfatória, onde o resultado chega a alcançar 100% de acertos. O mesmo não acontece na sala onde a M.M.D. não foi aplicada. (Gráfico no Anexo III)

Conclusão:

Da análise dos resultados apresentados observa-se que após a recuperação: i) Houve pequena melhora nas salas onde não foi utilizada a M.M.D..

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ii) Na turma, onde foi utilizada a Metodologia da Mediação Dialética – M.M.D., percebeu-se melhora considerável nos itens observados, atingindo 100% dos alunos. Uma das questões envolvia valores negativos, que não foram abordados nas aulas, mesmo assim a evolução foi significativa, onde o índice de alunos que acertaram a questão saltou de 17% para 65%.

O resultado obtido pelos alunos demonstra claramente a pertinência no uso da Metodologia da Mediação Dialética como estratégia de ensino, com melhora significativa na qualidade da aprendizagem. Houve uma pequena melhora no índice de acertos na turma que não utilizou a M.M.D., porém, na comparação com a turma onde foi utilizada a M.M.D., percebemos que esta Metodologia foi mais apropriada ao permitir a aprendizagem significativa pelos alunos.

Partindo da experiência própria, da conversa com os alunos e do embasamento teórico da M.M.D., o autor conclui que utilizando a M.M.D. proporciona-se uma grande melhoria na qualidade da aprendizagem. Isto se deve, provavelmente, ao fato de que o aluno se sente como parte integrante do processo de ensino e aprendizagem, deslocando-se da posição de simples receptor de conteúdos para construtor de saberes, tendo, a partir do resgate, suas idéias iniciais valorizadas e criando, através da problematização, possibilidades de superá-las, alçando, de forma sistematizada, novos níveis de conhecimento, os quais são explicitados durante o processo de ensino-aprendizagem.

Cabe salientar a importância em se utilizar a Metodologia da Mediação Dialética em sala de aula, mas principalmente, a contribuição que esta pode trazer à melhoria na qualidade do ensino se abordada na Formação Inicial do professor, ainda durante a Licenciatura e, quando for o caso, como Formação Continuada.

Referências

ARNONI, Maria Eliza Brefere. O aspecto ontológico da mediação pedagógica e a

organização metodológica da aula: o desafio da docência. In: 2º Encontro Regional

do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), UNESP de Bauru, 2011. CDROOM 2º Encontro Regional do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), CAPES-UNESP- FAC Bauru. ISSN 22368388.

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UNESCO. The Education for All. Disponível em:

<http://www.unesco.org/new/fileadmin/MULTIMEDIA/HQ/ED/pdf/gmr2011-efa-development-index.pdf>. Acesso em: 09 ago. 2012.

G1. 'Por pouco', Brasil passa Grã-Bretanha e se torna 6ª economia global. Disponível em: <http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/03/por-pouco-brasil-passa-gra-bretanha-e-se-torna-6a-economia-global.html>. Acesso em: 09 ago. 2012.

TODOS PELA EDUCAÇÃO. Educação no Brasil. Disponível em:

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ANEXO I

Concepção de Estágio Curricular Supervisionado, Metodologia da Mediação Dialética e o aspecto ontológico da aula: um desafio acadêmico

Profa. Dra. Maria Eliza Brefere Arnoni UNESP-IBILCE de São José do Rio Preto Trata-se de uma Proposta de Estágio Curricular Supervisionado elaborada pela Profa. Dra. Maria Eliza Brefere Arnoni para o Curso semipresencial de Pedagogia, oferecido pelo convênio UNESP/UNIVESP no Pólo de São José do Rio Preto, no qual exerce a função de Orientadora de Turma e de Estágio. A referida proposta (ARNONI, 2012) centra-se no conceito de aula como unidade básica da Educação escolar, segundo os pressupostos teóricos e metodológicos da Lógica dialética e da Ontologia do ser social, expressos na Metodologia da Mediação Dialética M.M.D. (ARNONI, 2011), tendo como objeto a prática educativa do licenciado/aluno da Pedagogia. E, por voltar-se à formação de professores, em exercício no Estado de São Paulo, portadores de uma licenciatura, as atividades de estágios iniciam-se pela investigação da própria aula do

licenciando, caracterizando uma formação continuada em serviço.

Para esta investigação, o licenciando, sob a orientação presencial do orientador de turma, desenvolve as fases do planejamento processual de sua aula, correspondente às fases da aula, na perspectiva ontológica da M.M.D.. Este plano de aula é aplicado em sua sala atual e suas fases são discutidas com a classe da Pedagogia, tendo acompanhamento da Orientadora de Turma e de Estágio, a priori das demais atividades de estágio da Pedagogia - educação infantil, ensino fundamental I e gestão de unidades escolares - o que permite a relação entre formação continuada e inicial.

Da análise desta aula na própria classe, o licenciando-estagiário depreende os atributos da atividade educativa segundo a M.M.D., elaborando as categorias de análise que serão utilizadas nas demais atividades educativas do estágio curricular supervisionado, em sua formação inicial de pedagogo. Para isso, é fundamental a aula presencial de Estágio, em que o professor-orientador de Estágio desenvolve o conceito de aula com seus alunos, segundo os mesmos fundamentos teóricos e metodológicos que eles, os alunos, utilizarão para o preparo do plano das aulas de Estágio, a aplicação

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do mesmo na sua própria classe e na escola campo e a análise dos dados coletados nas aulas desenvolvidas (Formação continuada e inicial).

Para ARNONI (2012), é preciso que o professor da escola formadora, no caso o IBILCE/UNESP, explicite a concepção teórica que embasa sua ação docente, pois, do contrário, torna-se difícil formar um professor crítico sem a atitude crítica do formador, a qual necessariamente passa pela explicitação de sua opção teórico-metodológica de aula, alvo do capital. Para a autora,

Dada a complexidade do Estágio e as dificuldades de se elaborarem, a partir dele, ações educativas que dêem conta de intervir nesta realidade histórica e lutar pela escola pública brasileira e, em especial pela formação efetiva do professor, esta Proposta de Estágio, em desenvolvimento, vislumbra a possibilidade de a Universidade intervir junto a este profissional da educação escolar pressionado ao uso de manuais didáticos de diversas grifes (federal, estadual, municipal e particular) que lhes apresenta a aula pronta. O autor do manual didático para apresentar uma aula pronta certamente idealiza um modelo de professor e de aluno que, na maioria das vezes, não coincide com o professor e o aluno reais que utilizam tal manual, e isto pode transformar a aula numa pura transposição destes manuais, ocasionando a ausência de sentido para ambos que o utilizam.

O acompanhamento das atividades desenvolvidas neste Projeto, segundo a autora, mostra que ele se encaminha para a intencionalidade pretendida, a possibilidade real de articular a Formação inicial e a Continuada, centrada no professor e na aula como práxis educativa. O desafio do Estágio Curricular Supervisionado centra-se na garantia de aulas presenciais que permitam o estabelecimento da mediação dialético-pedagógica entre o professor [orientador] de estágio e o aluno [licenciando] por meio da linguagem que veicula o conceito em desenvolvimento.

Pressupostos teóricos da Metodologia da Mediação Dialética

Pautada na mediação dialético-pedagógica que informa teórica e metodologicamente ao professor o desenvolvimento do conceito com os alunos, na perspectiva da emancipação humana. É composta de quatro etapas distintas e articuladas:

1ª. Etapa - Resgatar: por meio de diferentes linguagens e pautado no conceito a ser desenvolvido, o professor elabora a atividade educativa para investigar as ideias iniciais dos alunos sobre o referido conceito. A análise das respostas dos alunos no desenvolvimento desta atividade constitui-se nos elementos para o professor planejar a Etapa seguinte;

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2ª. Etapa - Problematizar: por meio de diferentes linguagens e a partir dos dados obtidos na Etapa anterior, o professor elabora a atividade educativa capaz de levar o aluno a perceber a diferença/contradição entre suas idéias iniciais e o conceito em desenvolvimento, gerando-lhe motivações que o impulsiona na busca de informações. A análise das respostas dos alunos no desenvolvimento desta atividade são subsídios para o professor planeja a Etapa seguinte;

3ª. Etapa - Sistematizar: por meio de diferentes linguagens e a partir dos dados obtidos na Etapa anterior, o professor elabora a atividade educativa para discutir a questão-problema, segundo informações conceituais e, assim, potencializar a superação das idéias iniciais e a elaboração de sínteses cognitivas. Da análise das respostas dos alunos, são obtidos os elementos para o professor planejar a Etapa seguinte;

4ª. Etapa - Produzir: por meio de diferentes linguagens e a partir dos dados obtidos na Etapa anterior, o professor elabora a atividade educativa que permita ao aluno expressar as sínteses cognitivas elaboradas ao vivenciar as etapas da “M.M.D.”. O professor aplica a atividade junto aos alunos, analisa suas respostas e compara-as com a produção da 1ª. Etapa, para verificar se houve superação das ideias iniciais dos alunos no conceito elaborado. Se a análise demonstrar que houve superação, o Produzir torna-se imediatamente um novo Ponto de partida, o Resgatando. Caso a análise demonstre que não houve superação, é recomendável ao professor planejar novamente a prática educativa.

Referências

ARNONI, Maria Eliza Brefere. Mediação dialético-pedagógica e práxis educativa: aula para além das paredes escolares. Educação e Emancipação. Programa de Pós-Graduação em Educação, Maranhão: São Luís, V.6, N.1 - Janeiro a julho, 2012. ISSN 1677- 6097.

ARNONI, Maria Eliza Brefere. O aspecto ontológico da mediação pedagógica e a organização metodológica da aula: o desafio da docência. In: 2º Encontro Regional do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), UNESP de Bauru, 2011. CDROOM 2º Encontro Regional do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), CAPES-UNESP- FAC Bauru. ISSN 22368388.

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ANEXO III

Matemática - 1ºC-Tarde (Recuperação utilizando a MMD)

17% 50% 63% 65% 100% 100% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 03 I dent if ic ar as c oor denadas de pont os no pl ano c ar tes iano 08 Ler e int er pr et ar um gr áf ic o c ar tes iano 10 I dent if ic ar as c oor denadas de pont os no pl ano c ar tes iano Questão/Habilidade % A cer to Antes da Recupera ção Após a Recupera ção

Desempenho nas duas aplicações da Avaliação da Aprendizagem em Processo – 1º C

Matemática - 1ºB-Manhã (Recuperação sem utilizar a MMD)

83% 62% 79% 76% 76% 95% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 03 I dent if ic ar as c oor denadas de pont os no pl ano c ar tes iano 08 Ler e int er pr et ar um gr áf ic o c ar tes iano 10 I dent if ic ar as c oor denadas de pont os no pl ano c ar tes iano Questão/Habilidade % A cer to Antes da Recupera ção Após a Recupera ção

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