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Construções lacanianas em torno da fantasia

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Construções lacanianas em torno da fantasia

Angela Vorcaro1 Marcela Rêda Guimarães2

1 – Introdução:

O texto freudiano “Batem numa criança” (Freud, 2010[1919]) estabelece a organização de uma massa de fantasias relatadas por pacientes com muita dificuldade, sob a censura, evidenciando a separação entre o uso imaginário de imagens a formulação falada. Inicialmente, uma tensão intersubjetiva tríplice referencia o sujeito (meu pai bate em meu irmão) para, em seu ponto terminal, o sujeito comparecer como expectador (bate-se numa criança). Entre os dois momentos, um tempo fugaz, em que o sujeito se inclui em posição recíproca ao outro (meu pai me bate), interroga a medida da participação subjetiva na ação do outro.

2 – As abordagens de Lacan à fantasia Bate-se numa criança

A primeira abordagem de Lacan à fantasia “Bate-se numa criança”3

, tratada por Freud (1919) é feita no Seminário 4 (1995[1956-7]), quando investiga o fato de o sujeito exprimir sua fantasia no tratamento de modo impreciso, abertas as questões a que só responde com dificuldade.

A fantasia Bate-se numa criança é substituta de outras mais arcaicas. Lacan pretende situar o nível da estruturação subjetiva em que essas se passam, na perspectiva de ultrapassar ambiguidades teóricas definindo a posição precisa desses estados da fantasia: “Aqui, são três etapas, nos diz Freud, que se escandem na história do sujeito”(p.116)

Freud situa a primeira fantasia que se pode encontrar: Meu pai bate numa criança que eu odeio. Para Lacan, a complexidade da situação fantasística é manifesta: comporta três personagens: o agente da punição; aquele que se submete a ela (que o sujeito odeia), e o sujeito (que perdeu a preferência parental, mas se sente privilegiado quando é o rival que apanha, despencando dessa preferência).

1

Psicanalista, Professora de psicopatologia da criança no Departamento de Psicologia Fafich/UFMG.

2 Discente do Departamento de Psicologia, Fafich/UFMG

3 Apontamos a diferença entre a tradução dada por Lacan Bate-se numa criança e aquela da nossa

referência ao texto de Freud, intitulada Batem numa criança. Na medida em que este trabalho refere-se à abordagem de Lacan ao texto freudiano, mantivemos sempre a tradução que ele utiliza.

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Uma tensão tríplice está aí implicada. Meu pai bate em meu irmão ou minha irmã por medo que eu não acredite que prefiram a mim. O agente, primeiro personagem, é o pai. O rival é instrumento da comunicação de amor entre os dois (pai e o sujeito): as expensas do irmão, o pai declara, ao sujeito, a expressão de seu desejo de ser preferido. O irmão serve de instrumento e meio para transpor a mensagem de privilégio paterno. Na segunda fantasia, etapa reconstruída em análise, Lacan constata a redução da situação, a dois personagens: “Eu sou espancado por meu pai”. Excluindo qualquer dimensão além da relação do sujeito com o agente espancador, esta fantasia permanecerá marcada de ambiguidade. Trata-se, para Lacan, da ambiguidade sadomasoquista. O sujeito se encontra numa posição recíproca com o outro, mas ao mesmo tempo exclusiva.

A segunda etapa é fugaz e precipita uma terceira em que o sujeito é reduzido a seu ponto mais extremo. Reencontrando-se apenas como observador. Essa fantasia terminal é dessubjetivada: “Bate-se numa criança”.

Para Lacan, nesse „se‟, reencontra-se vagamente a função paterna, pois em geral é um substituto deste. Também, com frequência, não se trata de uma criança, mas de várias. O sujeito fica reduzido a um olho, resto que pode não passar de uma tela sobre a qual o sujeito é instituído.

No terceiro tempo todos os elementos permanecem em estado puro, pois a significação da relação intersubjetiva está perdida, esvaziada de seu sujeito. Trata-se, para Lacan, de uma espécie de “objetivação dos significantes da situação ...[que] é ao mesmo tempo mantido, contido, mas o é sob a forma de um puro signo”(p.121).

Essa relação imaginária está no caminho do que se passa no sujeito ao Outro, daquilo que, do sujeito, resta a se situar no Outro, na medida em que é recalcado. É uma mensagem que o sujeito deve receber do Outro sob uma forma invertida

Lacan retomará a fantasia bate-se numa criança no Seminário 5 (Lacan, 1999[1957-8]), considerando a afirmação freudiana de que a sua significação parece estar absorta numa parte importante das satisfações libidinais do sujeito. Interrogando a significação dessa fantasia, Lacan lembra o assinalamento freudiano de que, no primeiro tempo, a significação está no nível do pai que recusaria seu amor a criança espancada. Para Lacan isso suscita uma reflexão acerca do outro como desejante ligado à posse do falo. Desta forma, assim como o Nome-do-Pai tem a função de significar o conjunto do sistema significante, autorizando-o e fazendo dele a lei, o falo entra em jogo nesse sistema significante a partir do momento em que o sujeito tem de simbolizar a

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significação do seu desejo, em oposição ao significante. O desejo do sujeito, “quando tem de simboliza-lo, é feito com a ajuda do falo. O significante do significado em geral é o falo”(p.248-9).

Por meio do irmão, chega-se ao sentido da fantasia primitiva: Meu pai não o(a) ama. É por esse meio que a intervenção do pai assume seu valor primordial para o sujeito. Essa fantasia arcaica nasce numa relação triangular anterior ao Édipo e não inclui a mãe, mas articula o sujeito, o irmão e o pai, já presente mesmo antes do Édipo.

Na solução da primeira fantasia, trata-se de abolir o irmão simbolicamente. Assim, o

chicote com o qual ele apanha, traz um caráter de contenção de sua onipotência.

Nesse tempo em que o sujeito figura como criança espancada, a fantasia assume, para Lacan, um valor completamente diferente, imprimindo o enigma da essência do masoquismo. Isolando o significante com que se opera o ato de bater, o instrumento, Lacan, encontra no chicote o caráter fundamental da fantasia.

Outro aspecto ressaltado por Lacan é que o meio de anular a realidade rival do irmão torna-se, secundariamente, aquilo mediante o qual o próprio sujeito se vê distinguido, reconhecido.

Depois da saída do Édipo, num terceiro tempo, não resta outra coisa da fantasia senão um esquema geral da situação dessubjetivada. Essa é a forma estabilizada da fantasia. Na medida em que uma parte da relação entra em ligação com o eu do sujeito, as fantasias consecutivas se organizam e se estruturam. Assim persiste, no material do significante, esse objeto - o chicote, que permanece como um signo- pivô, quase o modelo da relação com o desejo do Outro.

Situando o Bate-se numa criança como uma fantasia banal, Lacan insistirá nessa fantasia no decorrer do seminário 6 (Lacan[1958-9], inédito) a partir dos traços essenciais da transferência do afeto do sujeito em presença de seu desejo, sobre o seu objeto narcísico, para captar como se pode formular a necessidade da fantasia como suporte do desejo.

Lacan retoma então a primeira fase da fantasia, que presentificaria a qualidade mais aguda do amor e do ódio visando o ser do outro, submetido ao máximo da degradação, na valorização simbólica pela violência e pelo capricho paterno. Tal injúria narcísica visa, no sujeito odiado, o que é demandado para além de toda demanda.

Lacan se atém ao fato de Freud exprimir que “entre esta fase e a seguinte devem passar-se algumas grandes transformações”. Essa alguma coisa em que ele viu o outro como precipitado da sua dignidade de sujeito ereto, de pequeno rival: alguma coisa se

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abriu nele que lhe faz perceber que é nesta possibilidade mesma de anulação subjetiva que reside todo o seu ser enquanto ser existente, que é aí roçando de perto essa abolição que ele mede a própria dimensão na qual ele subsiste como ser-sujeito-a-querer. Essa segunda fase interessa a Lacan “no mais alto grau” por ser a fórmula do masoquismo

primordial. Lacan reafirma que trata-se de que o outro, o irmão rival presa da cólera e

do castigo infligido pelo objeto amado é substituído, pelo sujeito, por ele mesmo sofrendo o castigo.

No momento terceiro, o sujeito é evasivo quanto a quem bate. Sua fantasia serve de suporte ao seu desejo para a realização masturbatória, mas o sujeito está inteiramente neutralizado: “Ele é „se‟. E quanto ao que é batido, é múltiplo: muitas crianças”. Por um lado, instrumento da alienação porquanto é desvalorização, ele é bate-se [on bat] de um lado. Ele se torna o instrumento fálico enquanto ele é instrumento de sua anulação. Ele é confrontado a uma espécie de extrato de objeto. Aponta-se, nesse momento, o que faz o instante privilegiado do gozo do sujeito. Para encontrar o gozo, o sujeito se deseja desejante de algo que lhe permita sustentar seu desejo, em sua precariedade. O sujeito apresenta-se como um ser para, na posição ambígua do neurótico em que reside seu para ser.

A corrente da tensão original do ser é tomada em uma série de alternativas que a máquina simbólica do discurso desprende. O sujeito se identifica com a discordância dessa máquina com relação à corrente vital, fundamentando um corte ao mesmo tempo constitutivo e irremediavelmente externo ao discurso que constitui o sujeito que se identifica com esse corte, como forcluído [verworfen].

Na primeira fantasia o afeto acentuado é sádico. O sujeito atormentado está de tal maneira entre os dois que se faz idêntico àquilo com que se bate, o instrumento que intervém muito frequentemente como personagem essencial, na estrutura imaginária do desejo.

Lacan tenta defini-lo: o desejo é algo pelo que o sujeito se situa em relação a uma demanda articulada nos significantes recalcados. Diferente da demanda que pede, o desejo é do seu ser, é o que ele é em função dessa demanda. É o que ele é na medida em que a demanda está recalcada, expressa de maneira fechada na fantasia de seu desejo. A restituição do sentido da fantasia, está entre o enunciado da intenção do sujeito e esse algo do ser que se liga no discurso. Por isso, essa intenção comparece de maneira decomposta, fragmentada e refratada pela língua. Entre o ser e o discurso a fantasia suspende a relação entre o simbólico e o ser.

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Ao abordar a fantasia na perspectiva de sua lógica e dedicando-lhe um ano de trabalho, no seminário 14, Lacan ([1966-7],inédito) se detém na observação freudiana de que, em Bate-se numa criança, jamais o sujeito, o eu [Ich], é reconhecido ou incluído no enunciado. Somente a reconstrução permite ao eu tomar lugar. Por isso, Lacan passa a definir a fantasia como expressão do suporte da pulsão. Lembrando o que, da pulsão é rastreado, a estrutura da frase Bate-se numa criança seria então uma montagem gramatical essencial ao funcionamento da pulsão, ordenando as inversões, reversões e complexidades. Tal estrutura gramatical seria a essência do Isso da segunda tópica freudiana. Dessa perspectiva o Isso é a essência do não-eu que se anuncia por si mesmo. Trata-se do que, na estrutura lógica do discurso, é tudo o que não sou eu, ou seja, todo o resto da estrutura gramatical.

Para dar conta disso só se pode marcar a linha que divide dois complementares: (1) o eu do bate (puro ser que se recusa, que não há) com (2) o que resta de articulação do pensamento como estrutura gramatical da frase. O Isso é um pensamento mordido por um eu penso que não é eu. Não se trata de nenhum ser: o isso fala que caracteriza a função do inconsciente é que não há ninguém, não sou eu que pensa. O inconsciente se mostra nessa parte perdida que é o eu não sou, verdade da sua alienação.

A fantasia é uma frase com uma estrutura gramatical que articula sua lógica, despertando o desejo. Sua significação fisga o Eu que é, não sendo. Afinal, a significação escapa, só podendo apresentar sua fórmula. Entretanto a fantasia é tão fechada quanto importante, pois centra o mundo do neurótico, permitindo compreendê-lo sob sua moldura. O inconsciente se prende à economia da fantasia, comportando, por isso, uma função de gozo.

O fantasma parece estar ali como uma espécie de muleta ou de corpo estranho, algo que tem uma função bem determinada: prover certa carência do desejo posto em jogo na entrada do ato sexual. Como mostra a impossível manifestação do segundo tempo da fantasia Bate-se numa criança, a fantasia resiste a ser inserida no discurso do inconsciente, devendo ser tomada tão literalmente quanto possível para permitir encontrar, em cada estrutura neurótica, leis de transformação que lhe assegurarão o lugar de verdade de um axioma, na dedução dos enunciados do discurso inconsciente, seja na sustentação da economia de gozo no desejo prevenido da fobia, do desejo insatisfeito da histeria ou do desejo impossível da obsessão.

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No ato psicanalítico, seminário 15 (1967-8, inédito) Lacan continua a marcar o lugar do eu não penso como essa forma de sujeito que aparece arrancado do que seria seu campo. Essa dimensão própria à gramática faz a fantasia ser literalmente dominada por uma frase que se sustenta apenas em sua dimensão gramatical: “bate-se numa criança”. Desde que haja uma forma gramaticalmente correta, o eu penso faz tanto sentido quanto qualquer não-senso. Assim, nessa lógica regida pela negação incidindo ora sobre o Outro, ora sobre o sujeito, a gramática é um ramo da alternativa em que esse sujeito é tomado quando ele passa ao ato, situação em que o sujeito não é eu, mas apenas um efeito de seu ato. Por isso, Lacan sustenta que a fantasia limita-se a uma montagem gramatical acéfala, na qual se ordena, seguindo diversas inversões, o destino da pulsão. Esse conceito de gramática pura que permite situar as fantasias e o eu imaginário [moi] que é sua matriz, deve constatar a existência do agramatical que, ainda assim, é lógico. As manifestações da verdade do sujeito, nessa mesma língua da fantasia, estão presentes no chiste, no ato falho e no sonho, ou seja, manifestações com relação às quais o sujeito só pode se situar do lado de um eu não sou.

No seminário 16, Lacan (2008[1968-9]) toma a frase da fantasia Bate-se uma criança, explicitando a impossibilidade de tornar o sujeito equivalente de uma imagem onivalente no discurso. A hipótese do inconsciente nos confronta a uma regra de pensamento assegurada pelo não-pensamento que o causa. Assim, longe de meu pensamento ser regulado a meu bel-prazer, eu só existo como pensamento na medida do fora-de-sentido dos ditos. O ser do pensamento só estaria efetivamente no que Lacan nomeia de entre-senso. Ali por onde a causa passou, produzem-se efeitos de pensamento. O ser do pensamento é a causa de um pensamento como fora-de-sentido. A fantasia Bate-se numa criança reaparece no seminário 17 (Lacan,1992[1969-70) depois da elaboração lacaniana sobre a fantasia de flagelação. Aí, a gloria da marca sobre a pele é a raiz da fantasia de flagelação que inspira o sujeito, quando este se identifica ao objeto de gozo do Outro. Nessa fantasia, o gozar do sujeito assume sua ambiguidade fazendo equivaler o gesto do Outro que marca e o corpo do sujeito como objeto de gozo daquele. Esta afinidade entre a marca deixada pelo Outro e o próprio gozo do corpo distingue, por meio do gozo, narcisismo e relação de objeto.

Você me espanca é a metade do sujeito ligado ao gozo. Ele recebe sua própria mensagem de uma forma invertida, seu próprio gozo sob a forma do gozo do Outro, pois nessa fantasia a imagem do pai se junta ao que de início é outra criança. Que o pai

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goze espancando-o, põe aqui o acento do sentido, como também o dessa verdade que está pela metade. Um corpo pode ser, portanto, sem rosto. Trata-se do Outro, que tem um corpo sem existir. Aquela criança da outra metade não era, de início, o sujeito. Só reconstituindo o estádio jamais lembrado, o sujeito constata ser ele mesmo.

3 – Para concluir: a fantasia na estrutura do sujeito

Normalmente, o ser vivo se estabelece com o recurso à homeostase do prazer. Diferido do ser vivo, o sujeito ganha consistência da imagem especular, sendo, entretanto sustentado pelo objeto perdido da satisfação e do traço da linguagem que, ao ser repetido, marca sua ausência. Assim se introduz, no ser do sujeito, um pequeno desvio apreendido como perda a ser recuperada. É o que motiva nomear de mais-de-gozar, essa alguma coisa necessária para compensar a perda: um não-sei-quê, que bateu, fez gozo. Ressoando no corpo, torna-se gozo a repetir, necessitando para isso o trabalho do saber. Derivado do traço unário, e, em seguida, da articulação significante, o saber é meio de gozo. Em sua origem, ele se reduz à articulação significante. Certos objetos pré-formados vêm preencher o que há de hiância na articulação significante, servindo de tampão. Tal saber é meio de gozo. Quanto mais ele trabalha, mais produz perda, acessando o que está em jogo no gozo. Instaura-se então a dimensão ambígua do gozo impulsionado pela função do mais-de-gozar. Nisso se traduz, se arremata e se motiva o que pertence à incidência do significante no destino do ser falante. O ser humano, tem que se aparelhar com essa estrutura, apalavrando-se.

A instauração e a função da fantasia são localizadas a partir da união do ser com o significante que o representa para identificar-se. O sujeito produz, nessa identidade, uma perda, nomeada objeto a. Afinal, do gozo, o sujeito só tem o traço que o marca, pois algo só se produz aí se um objeto for perdido. Nessa brecha se produz e cai o mais-de-gozar que o sujeito não consegue nomear. Já não idêntico a si mesmo, daí por diante, o sujeito perde gozo. Resta-lhe lidar com o mais-de-gozar correlato à entrada em jogo do que então passa a determinar tudo o que acontece com o pensamento (Lacan, 1992[1969-70]).

O que confere ao sujeito a unidade pré-consciente que permite sustentar sua pretensa suficiência como sujeito de um discurso é a fantasia em torno do ser desse a, mais-de-gozar que, até certo ponto, consuma o seu congelamento numa unidade. Na fantasia, um

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significante qualquer, na cadeia, passa a ser relacionado com um objeto: o pequeno a, que é fabricado na relação com o mais-de-gozar. Pelo início do funcionamento do organismo, o objeto pode assumir a imagem das entidades evanescentes. Essas são algumas das fabricações do discurso impulsionadas pelo fato de poder produzir, em torno delas, o mais-de-gozar.

Esse esquema permite conceber como é em torno da fantasia que se articula o que acontece na produção do a. A reiteração do significante que representa o sujeito, $, em relação a ele mesmo, é correlata ao objeto a. Por isso, a relação do sujeito com o objeto, ganha consistência na fantasia que produz algo que não é nem sujeito nem objeto. A partir daí, os outros significantes ao se encadearem, ao se articularem e ao mesmo tempo, ao se cristalizarem no efeito de significação, podem introduzir o efeito de metonímia que consolida o sujeito. (Lacan, 2008 [1967-8])

Enfim, a fantasia Bate-se numa criança comparece algumas vezes nos seminários de Lacan, ganhando, a cada vez, nuances próprias que não esgotam a importância e elaboração do tema em sua obra. Entretanto, como fizemos nesse item, a partir da abordagem específica de Bate-se numa criança, situamos a incidência da fantasia na constituição do sujeito, considerando as elaborações contíguas à abordagem de Bate-se numa criança, presentes nos últimos seminários (Lacan 1992, 2008) em que Lacan a aborda.

Bibliografia

Freud, S. (1919) “Batem numa criança”: contribuição ao conhecimento da gênese das perversões sexuais, vol.14, Sigmund Freud Obras Completas, São Paulo, Cia das letras, 2010

Lacan, J.[1956-7] O Seminário, livro 4, A relação de objeto, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 1995.

_____[1957-8] O Seminário, livro 5, As formações do Inconsciente, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed.,1999.

_____[1958-9] Le Séminaire, libre 6, Le désir et son interpretation, Paris, Editions de La Martinière, 2013

_____[1967-8] Seminário 14, La logique du fantasme, inédito. _____[1968-9] Seminário 15, L´acte analitique, inédito.

_____[1969-70] O Seminário, livro 17, O avesso da psicanálise, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 1992.

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_____ [1967-8]) O Seminário, livro 16, De um Outro ao outro, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed.,2008

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