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5. PROPAGANDA ELEITORAL

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Academic year: 2021

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5. PROPAGANDA ELEITORAL

Sara Meinberg Schmidt de Andrade Duarte1

A publicidade é o meio utilizado para dar conhecimento público a qualquer elemento do conhecimento humano. Enquanto a publicidade visa a levar o fato ao conhecimento de todos, ou seja, transmitir conheci-mento, a propaganda busca fazer com que o destinatário aceite o bem divulgado. A publicidade política é aquela que se desenvolve em torno de temas políticos. Trata-se de gênero, do qual a propaganda política e a propaganda eleitoral são espécies. A publicidade política subdivide-se da seguinte forma:

Publicidade Política 1. Propaganda Política 1.1 – Partidária 1.2 – Intrapartidária

1.3 – Não Partidária Desenvolvida por Políticos 1.4 – Não Partidária Informal

2. Comunicação Institucional 2.1 – Por Força Legal

2.2 – Convocatória

2.3 – Propaganda Institucional 3. Propaganda Eleitoral

Faremos uma breve exposição identificando os tipos de publicidade política, antes de entrar na aná-lise da propaganda eleitoral propriamente dita. Ao abordarmos a propaganda eleitoral, daremos ênfase especial à propaganda extemporânea; à propaganda em bens públicos; à propaganda em bens particulares; ao uso de alto-falantes e à realização de comícios e showmícios; à distribuição de brindes; às vedações; à propaganda na internet, na imprensa escrita, no rádio e na televisão e, finalmente, à propaganda eleitoral gratuita.

1 – Propaganda Política

1.1 – Propaganda Política Partidária

A propaganda política partidária é proveniente dos partidos políticos e é dirigida aos cidadãos para conquistar sua simpatia para o programa partidário, para o estatuto do partido e as posições do partido em face de questões sociais ou econômicas. Ela é disciplinada nos arts. 45 a 49 da Lei Federal nº 9.096, 19 de setembro de 1995, conhecida como Lei dos Partidos Políticos.

Nos termos do art. 45 da referida lei, a propaganda política partidária visa a difundir os programas partidários; transmitir mensagens aos filiados sobre a execução do programa partidário, sobre os eventos com este relacionados e as atividades congressuais do partido; e a divulgar a posição do partido em relação a temas político-comunitários.

Na propaganda política partidária, são vedadas:

1) a participação de pessoa filiada a partido que não o responsável pelo programa;

2) a divulgação de propaganda de candidatos a cargos eletivos e a defesa de interesses pessoais ou de outros partidos;

3) a utilização de imagens ou cenas incorretas ou incompletas, efeitos ou quaisquer outros recursos que distorçam ou falseiem os fatos ou sua comunicação.

Veiculada em horário nobre, a propaganda política partidária vai ao ar entre as 19h30min e as 22 horas. É gratuita, sendo vedada a realização de propaganda paga ou fora dos limites traçados pela lei.

A produção do programa e a respectiva transmissão são de iniciativa dos órgãos de direção partidá-ria e encontram-se sob a responsabilidade deles.

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As transmissões são realizadas em âmbito nacional e estadual, podendo ser em bloco ou cadeia ou em inserções. Na transmissão por cadeia, há a suspensão da programação normal das emissoras, indo o programa ao ar em todos os canais simultaneamente. As inserções são intercaladas na programação normal das emissoras, não havendo simultaneidade em suas transmissões. Cada emissora leva ao ar a propaganda em momentos distintos.

O tempo da propaganda partidária varia em função da representação parlamentar do partido. Quan-to maior o número de voQuan-tos obtidos na eleição para a Casa Legislativa, maior será o tempo disponibilizado. No segundo semestre do ano da eleição, é proibida a veiculação de propaganda partidária no rádio e na televisão, ainda que paga. Isso porque a propaganda política realizada no semestre da eleição tem natureza diversa: não é partidária, mas eleitoral.

1.2 – Propaganda Política Intrapartidária

Aos pré-candidatos, é facultada a realização de propaganda intrapartidária antes do dia 6 de julho do ano da eleição. A permissão consta no art. 36, § 1º, da Lei Federal nº 9.504, de 30 de setembro de 1997, que estabelece normas para as eleições. Nesse caso, a propaganda visa à indicação do nome do pré-candidato, sendo dirigida aos filiados do partido que participarão da convenção de escolha dos candidatos que dispu-tarão os cargos eletivos pelo partido. Por isso, é vedada a utilização de meio de comunicação de massa como o rádio e a televisão. Ademais, ela deve ser imediatamente retirada após a convenção partidária. Nesse sentido dispõe o art. 3º da Resolução do Tribunal Superior Eleitoral – TSE – nº 22.718, de 2008, que regulamenta o art. 36 da Lei Federal nº 9.504, de 1997.

É importante considerar que a escolha dos candidatos pelos partidos deve ser feita no período compreen-dido entre 10 e 30 de junho do ano em que se realizarem as eleições (art. 8º da Lei Federal nº 9.504, de 1997). 1.3 – Propaganda Política Não Partidária Desenvolvidas por Políticos

A propaganda política não partidária desenvolvida por políticos é aquela em que são discutidas ques-tões que não dizem respeito a um partido específico. Olivar Coneglian2 traz como exemplo o caso em que o

Partido Verde se dispõe a discutir a recuperação de rios urbanos. A matéria objeto da propaganda tem cunho socioambiental, e não meramente partidário.

1.4 – Propaganda Política Não Partidária Informal

A propaganda política não partidária informal é aquela que se faz por meio de cidadãos não políticos ou não filiados a partidos políticos, mas que envolve aspectos políticos. Um exemplo é a discussão realizada durante um programa de uma rádio comunitária sobre a revitalização do rio que corta o bairro.

2 – Comunicação Institucional

Comunicação institucional é a realizada por órgãos públicos ou pela administração pública. Ela é subdividida em comunicação institucional por força de lei; comunicação institucional convocatória; propa-ganda institucional ou oficial.

2.1 – Comunicação Institucional por Força de Lei

A comunicação institucional por força de lei é aquela que a administração pública utiliza para atingir seus fins ou dar efetividade a seus atos. Ela é feita por meio dos diários oficiais ou do órgão de imprensa utilizado para a divulgação dos atos oficiais. Um exemplo é a publicação de uma lei para que entre em vigor. 2.2 – Comunicação Institucional Convocatória

A comunicação institucional convocatória também tem caráter oficial, sendo um chamado, uma con-vocação. Um exemplo é a divulgação da abertura de um concurso público ou de uma licitação, a intimação das partes num processo judicial, a convocação dos cidadãos para a eleição.

2 CONEGLIAN, Olivar. Propaganda Eleitoral. De acordo com o Código Eleitoral e com a Lei nº 9.504/97, modificada pelas Leis nºs 9.840/99, 10.408/02 e 10.740/03. 8ª ed. Curitiba: Juruá, 2006.

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2.3 – Propaganda Institucional ou Propaganda Oficial

A propaganda institucional, também chamada de propaganda oficial, é a propaganda de um ato administrativo, de uma obra, de uma realização da administração. Ela não é obrigatória, como o são a comunicação institucional por força de lei e a convocatória. Assim, a sua ausência não provoca problema para a administração pública.

A Constituição da República, em seu art. 37, § 1º, disciplina a publicidade oficial: “Art. 37 – (...)

§ 1º – A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”.

Aos agentes públicos, servidores ou não, são vedadas, de 5 de julho de 2008 até a realização do pleito, as seguintes condutas, tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:

1) autorizar publicidade institucional dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos ou das respectivas entidades da administração indireta, salvo em caso de grave e urgente necessi-dade pública, assim reconhecida pela Justiça Eleitoral ou na hipótese da propaganda de produtos e serviços que tenham concorrência no mercado;

2) fazer pronunciamento em cadeia de rádio e televisão fora do horário eleitoral gratuito, salvo quan-do, a critério da Justiça Eleitoral, tratar-se de matéria urgente, relevante e característica das funções de governo.

Nesse sentido dispõem o art. 73, inciso VI, alíneas “b” e “c”, da Lei Federal nº 9.504, de 1997, e o art. 42, inciso VI, da Resolução do TSE nº 22.718, de 2008.

Em ano de eleição, é proibida a realização de despesas com publicidade dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais ou das respectivas entidades da administração indireta, os quais excedam a média dos gastos nos três últimos anos que antecedem o pleito ou do último ano imediatamente anterior à eleição. Nesse sentido dispõe o art. 73, VIII, da Lei Federal nº 9.504, de 1997.

É importante considerar, também, que a ilicitude da propaganda institucional pode caracterizar ato de improbidade administrativa, ensejando a incidência das sanções previstas no art. 12 da Lei Federal nº 8.429, de 2 de junho de 1992, chamada de Lei da Improbidade Administrativa, como, por exemplo, a suspen-são de direitos políticos por até dez anos.

3 – Propaganda Eleitoral

A propaganda eleitoral é a elaborada por partidos políticos e candidatos com a finalidade de captar votos do eleitorado para a investidura em cargo público eletivo. Ela leva ao conhecimento público, ainda que de maneira disfarçada ou dissimulada, a candidatura ou os motivos que levem à conclusão de que o candi-dato é o melhor para o cargo disputado.

Distingue-se da propaganda partidária porque esta visa a divulgar o programa e os ideais do partido, enquanto que a propaganda eleitoral enfoca os projetos do candidato para que ele seja eleito.

A propaganda, qualquer que seja a sua forma ou modalidade, deve mencionar sempre a legenda partidária e só poderá ser feita em língua nacional, não devendo empregar meios publicitários destinados a criar, artificialmente, na opinião pública, estados mentais, emocionais ou passionais. Nesse sentido dispõe o art. 242 do Código Eleitoral, regulamentado pelo art. 5º da Resolução do TSE nº 22.718, de 2008.

Na hipótese de coligação, devem constar da propaganda do candidato a Prefeito, obrigatoriamente e de modo legível, sob a denominação da coligação, as legendas de todos os partidos políticos que a inte-gram, e da propaganda para Vereador constará apenas a legenda do partido político do respectivo candida-to sob o nome da coligação. Nesse sentido dispõe o art. 6º, § 2º, da Lei nº Federal nº 9.504, de 1997, regulamentado pelo art. 6º da Resolução do TSE nº 22.718, de 2008.

Na propaganda do candidato a Prefeito, deverá constar, também, o nome do candidato a Vice-Prefei-to, de modo claro e legível.

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A realização de qualquer ato de propaganda partidária ou eleitoral, em recinto aberto ou fechado, não depende de licença da polícia. O candidato, o partido político ou a coligação que promover o ato deve entrar em contato com a autoridade policial com, no mínimo, 24 horas de antecedência, a fim de que esta lhe garanta, segundo a prioridade do aviso, o direito contra quem pretenda usar o local no mesmo dia e horário. Nesse caso, a autoridade policial tomará as providências necessárias à garantia da realização do ato e ao funcionamento do tráfego e dos serviços públicos que o evento possa afetar (art. 39 de Lei Federal nº 9.504, de 1997).

Nos termos do Código Eleitoral, art. 244, incisos I e II, e da Lei Federal nº 9.504, de 1997, art. 39, §§ 3º e 5º, regulamentados pelo art. 12 da Resolução do TSE nº 22.718, de 2008, é assegurado aos partidos políticos o direito de, independentemente de licença da autoridade pública e do pagamento de qualquer contribuição:

1) fazer inscrever, na fachada de suas sedes e dependências, o nome que os designe, pela forma que melhor lhes parecer;

2) instalar e fazer funcionar, no período compreendido entre o início da propaganda eleitoral e a véspera da eleição, das 8 horas às 22 horas, alto-falantes ou amplificadores de som, nos locais referidos, assim como em veículos seus ou à sua disposição, em território nacional;

3) comercializar material de divulgação institucional, desde que não contenha nome e número de candidato, bem como cargo em disputa.

A veiculação de propaganda eleitoral pela distribuição de folhetos, volantes e outros impressos, os quais devem ser editados sob a responsabilidade do partido político, da coligação ou do candidato, independe da obtenção de licença municipal e de autorização da Justiça Eleitoral (art. 38 da Lei Federal nº 9.504, de 1997). Todo o material impresso de campanha eleitoral deverá conter o número de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) ou o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do responsável pela confecção bem como de quem o contratou e a respectiva tiragem. O candidato cujo regis-tro esteja “sub judice” pode efetuar todos os atos relativos à sua campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito para sua propaganda, no rádio e na televisão. Nesse sentido é o disposto nos arts. 15 e 16 da Resolução do TSE nº 22.718, de 2008.

3.1 – Propaganda eleitoral extemporânea

A propaganda eleitoral só é permitida após o dia 5 de julho do ano da eleição, ou seja, a partir do dia 6 de julho. Caso seja realizada fora desse período, ela é irregular, extemporânea. Nesse caso, o responsável pela divulgação da propaganda e o beneficiário, se comprovado seu prévio conhecimento, ficam sujeitos a multa num valor entre R$21.282,00 (vinte e um mil duzentos e oitenta e dois reais) e R$53.205,00 (cinqüen-ta e três mil duzentos e cinco reais) ou o equivalente ao custo da propaganda, se este for maior (art. 36, § 3º, da Lei Federal nº 9.504, de 1997, combinado com o art. 3º, § 4º, da Resolução do TSE nº 22.718, 28 de fevereiro de 2008).

É importante observar que é vedada, desde 48 horas antes até 24 horas depois da eleição, a veiculação de qualquer propaganda política na internet, no rádio ou na televisão, incluídos, na vedação, as rádios comunitárias e os canais de televisão que operam em UHF, VHF e por assinatura, bem como a realização de comícios ou de reuniões públicas (art. 4º da Resolução do TSE nº 22.718, de 28 de fevereiro de 2008).

Sobre a matéria, merece destaque o entendimento do TSE no sentido de que

“a caracterização da propaganda eleitoral extemporânea independe da escolha dos candidatos em convenção partidária, configurado-se propaganda eleitoral antecipada quando o candidato antes do período permitido procura levar ao conhecimento do eleitor, mesmo de forma dissimula-da, programa de governo que pretende desenvolver”.3

O TRE-MG decidiu que é propaganda extemporânea a reportagem divulgada em jornal com foto e declarações do candidato seis meses antes do termo inicial para a propaganda eleitoral.4 Também já decidiu

3 TSE – AG nº 7.652, de 28/11/2006, Rel. Min. Carlos Eduardo Caputo Bastos. 4 Ac. TRE-MG nº 2.915, de 21/9/2006, Rel. Juiz Gutemberg da Mota e Silva.

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que “a divulgação de candidatura, por folheto e no informativo do partido, antes do termo inicial da propa-ganda eleitoral, caracteriza propapropa-ganda extemporânea e sujeita os infratores a multa.” 5

Destacamos, ainda, a decisão do TRE-MG no sentido de que a mensagem veiculada por meio de “outdoors”, divulgando evento com a inclusão do nome do futuro candidato como patrocinador, sem a divul-gação de futura atuação política, configura-se promoção pessoal e não propaganda eleitoral. Isso porque, segundo entendimento desse Tribunal, o ato de propaganda eleitoral deve levar ao conhecimento geral, ainda que de forma dissimulada, a candidatura, mesmo que apenas postulada, e a ação política que o candidato pretende desenvolver ou as razões que induzam a concluir que ele é o mais apto ao exercício da função pública.6

3.2 – Propaganda eleitoral em bens públicos

O art. 37 da Lei Federal nº 9.504, de 1997, veda a realização de propaganda eleitoral nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder público ou que a ele pertençam e nos bens de uso comum, inclusive postes de iluminação pública e sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos.

Um importante ponto a ser observado é o significado e a extensão da expressão “bens de uso co-mum”. No Direito Eleitoral, o sentido é mais extenso do que no Direito Civil. O art. 13, § 2º, da Resolução do TSE nº 22.718, de 2008, explicita a lei dispondo que bens de uso comum, para fins eleitorais, são os assim definidos pelo Código Civil e também aqueles a que a população em geral tem acesso, tais como cinemas, clubes, lojas, centros comerciais, “shopping centers”, templos, ginásios, estádios, restaurantes, lojas, ainda que de propriedade privada. Assim, ainda que integrantes do patrimônio privado, pois pertencentes a parti-culares, esses bens são considerados pelo Direito Eleitoral como de “uso público”, uma vez que não se destinam ao uso exclusivo de seus proprietários, mas ao público em geral.

Sobre o assunto, destacamos a decisão do TRE-MG que entendeu ser proibida a promoção de propa-ganda eleitoral no interior das Universidades Federais.7

O art. 13 da Resolução do TSE nº 22.718, de 2008, dispõe que a vedação se aplica também aos tapumes de obras públicas ou prédios públicos e também às árvores e aos jardins localizados em áreas públicas. O mesmo dispositivo normativo permite a colocação de bonecos e de cartazes móveis ao longo das vias públicas, desde que não dificulte o bom andamento do trânsito.

A violação dessas regras sujeita o infrator, após a notificação e comprovação, à restauração do bem e, caso não cumprida no prazo, a multa num valor entre R$ 2.000,00 (dois mil reais) e R$ 8.000,00 (oito mil reais).

O TSE decidiu que é propaganda irregular a manutenção de 27 cavaletes fixos (imobilizados) conten-do propaganda eleitoral em calçadas, praças e canteiros de avenidas.8

Já o TRE entendeu que é regular a utilização de cavaletes (móveis) em canteiro central de avenida e em local de travessia de pedestres desde que os cavaletes não dificultem o bom andamento do trânsito e a circulação de pedestres.9

Nas dependências do Poder Legislativo, a veiculação de propaganda eleitoral fica a critério da Mesa Diretora.

3.3 – Propaganda eleitoral em bens particulares

Em bens particulares considerados pelo Direito Eleitoral como de uso particular, a realização de propaganda eleitoral depende apenas do consentimento do proprietário ou possuidor, sendo desnecessária a obtenção de licença municipal ou de autorização da Justiça Eleitoral. A veiculação de propaganda eleitoral

5 Ac. TRE-MG nº 2.975, de 26/9/2006, Rel. Des. José Tarcízio de Almeida Melo. 6 Ac. TRE-MG nº 1.086, de 16/7/2004, Rel. Juiz Antônio Lucas Pereira.

7 Ac. TRE-MG nº 599, de 2/5/2005, Rel. Juiz Weliton Militão dos Santos. 8 Ac. TSE – Arespe nº 27.973, de 14/8/2007, Rel. Min. José Augusto Delgado. 9 Ac. TRE-MG nº 243, de 30/3/2005, Rel. Juiz Antônio Romanelli.

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por meio da afixação de faixas, placas, cartazes, pinturas ou inscrições, que não excedam 4m2 e não

contra-riem a legislação, inclusive a que dispõe sobre posturas municipais, independe da obtenção de licença municipal e de autorização da Justiça Eleitoral. Nesse sentido dispõe o art. 37, § 2º, da Lei Federal nº 9.504, de 1997, combinado com o art. 14 da Resolução do TSE nº 22.718, de 2008.

Sobre o assunto, decidiu o TSE que é lícita a veiculação de propaganda eleitoral por meio de fixação de faixas, estandartes, inscrição a tinta e assemelhados em bens privados.10

A propaganda eleitoral mediante “outdoors” é proibida pelo § 8º do art. 39 da Lei Federal nº 9.504, de 1997, estando a empresa responsável, os partidos, as coligações e os candidatos obrigados à imediata retirada da propaganda irregular e ao pagamento de multa num valor entre R$5.320,50 (cinco mil trezentos e vinte reais e cinqüenta centavos) e R$15.961,50 (quinze mil novecentos e sessenta e um reais e cinqüenta centavos).

Ao responder à Consulta nº 1.274, em 9 de junho de 2006, o TSE diferenciou a placa do “outdoor”. O “outdoor” é o engenho publicitário com dimensão igual ou superior a 20m2. Seu uso é proibido. O uso de

placas é permitido, desde que suas dimensões sejam de, no máximo, 4m2.

Sobre esse assunto, destacamos a decisão do TSE que, por um lado, entendeu ser proibida a veiculação de propaganda eleitoral mediante afixação de placas justapostas, com dimensão total superior a 4m², con-tendo apelo visual de “outdoor”, cuja utilização é vedada.11

Por outro lado, o TRE-MG entendeu lícita a veiculação de propaganda eleitoral em carroceria de caminhão-baú, ainda que ela tenha dimensão superior a 4m2. 12

3.4 – Alto-falantes, comícios e showmícios

O funcionamento de alto-falantes ou amplificadores de som somente é permitido entre as 8 horas e as 22 horas, sendo vedados a instalação e o uso desses equipamentos em distância inferior a 200m da sede dos Poderes Executivo e Legislativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; da sede dos Tribunais Judiciais, dos quartéis e de outros estabelecimentos militares; dos hospitais, das casas de saúde e, quando em funcionamento, das escolas, bibliotecas públicas, igrejas e teatros. A realização de comícios e a utilização de aparelhagem de sonorização fixa são permitidas no horário compreendido entre as 8 horas e as 24 horas. Nesse sentido dispõem os §§ 3º e 4º do art. 39 da Lei Federal nº 9.504, de 1997.

A realização de showmício e de evento assemelhado para a promoção de candidatos bem como a apresentação, remunerada ou não, de artistas com a finalidade de animar comício e reunião eleitoral está proibida, por força do § 7º do art. 39 da Lei Federal nº 9.504, de 1997.

3.5 – Brindes

Na campanha eleitoral, é vedada a confecção, utilização, distribuição por comitê, candidato, ou com a sua autorização, de camisetas, chaveiros, bonés, canetas, brindes, cestas básicas ou quaisquer outros bens ou materiais que possam proporcionar vantagem ao eleitor (§ 6º do art. 39 da Lei Federal nº 9.504, de 1997).

3.6 – Vedações

Em seu art. 8º, a Resolução do TSE nº 22.718, de 2008, explicita o art. 243 do Código Eleitoral, relacionando as posturas e os casos de restrição do teor da propaganda eleitoral. Dentre as vedações, são previstas as que façam apologia de guerra, subversão do regime, da ordem política e social, de preconceitos de raça ou de classe. Também são vedadas as peças que imitem dinheiro, quando “pessoa inexperiente ou rústica possa confundir com moeda”. É proibida, ainda, a propaganda que implique oferecimento, promessa ou solicitação em dinheiro, dádiva, rifa, sorteio ou vantagem de qualquer natureza; que perturbe o sossego público, com algazarra ou abuso de instrumentos sonoros ou sinais acústicos; que incitem o atentado contra

10 TSE – Res. nº 22.233, de 8/6/2006, Rel. Min. José Delgado.

11 Ac. TSE – AG nº 8.824, de 18/12/2007, Rel. Min. José Gerardo Grossi.

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pessoa ou bens; que provoque animosidade entre as Forças Armadas ou contra elas. A preocupação com os códigos de ética e de posturas foi contemplada na norma eleitoral, como a proibição de propaganda que prejudique a higiene e a estética urbana ou contravenha a posturas municipais ou a outra qualquer restrição de direito e aquelas que caluniem, difamem ou causem injúria a qualquer pessoa bem como a órgãos ou entidades que exerçam autoridade pública.

3.7 – Propaganda eleitoral na internet

A propaganda eleitoral na internet é permitida, desde que seja feita na página do candidato, destina-da exclusivamente à campanha eleitoral. Os candidestina-datos podem manter página na internet com a terminação “can.br”, ou com outras terminações, como mecanismo de propaganda eleitoral, até a antevéspera da eleição. Os domínios com a terminação “can.br” serão automaticamente cancelados após a votação em 1º turno, salvo os pertinentes a candidatos que estejam concorrendo em 2º turno, que serão cancelados após esta votação.

O art. 19 da Resolução do TSE nº 22.718, de 2008, dispõe que o candidato interessado deve provi-denciar o cadastro do respectivo domínio no órgão gestor da Internet Brasil, responsável pela distribuição e pelo registro de domínios (www.registro.br), observando a especificação “http:// www.nomedocandidatonumerodocandidato.can.br”, em que o nome do candidato deverá corresponder ao nome indicado para constar da urna eletrônica, e o número do candidato deverá corresponder ao número com o qual concorre. Esse registro de domínio somente pode ser realizado após o efetivo requerimento do registro de candidatura perante a Justiça Eleitoral e é isento de taxa, ficando a cargo do candidato as despesas com criação, hospedagem e manutenção da página.

Sobre o assunto, destacamos a decisão do TRE-MG que considerou propaganda irregular a divulga-ção, com conhecimento prévio do candidato, de opinião francamente favorável a ele por página comercial da internet, com a terminação “com.br”, ferindo o equilíbrio da disputa eleitoral.13

3.8 – Propaganda eleitoral na imprensa

É permitida, até a antevéspera das eleições, a divulgação paga, na imprensa escrita, de propaganda eleitoral, no espaço máximo, por edição, para cada candidato, partido político ou coligação, de um oitavo de página de jornal padrão e um quarto de página de revista ou tablóide. A inobservância dessa regra sujeita os responsáveis pelos veículos de divulgação e os partidos políticos, coligações ou candidatos beneficiados a multa num valor entre R$1.000,00 (mil reais) e R$10.000,00 (dez mil reais) ou equivalente ao da divulgação da propaganda paga, se este for maior (Lei Federal nº 9.504, de 1997, art. 43, parágrafo único, combinado com o art. 20 da Resolução do TSE nº 22.718, de 2008).

3.9 – Propaganda eleitoral no rádio e na televisão

Por força do art. 45 da Lei Federal nº 9.504, de 1997, a partir de 1º de julho de 2008, é vedado às emissoras de rádio e televisão, em sua programação normal e noticiário, transmitir, ainda que sob a forma de entrevista jornalística, imagens de realização de pesquisa ou qualquer outro tipo de consulta popular de natureza eleitoral em que seja possível identificar o entrevistado ou em que haja manipulação de dados; usar trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer forma, degradem ou ridicu-larizem candidato, partido político ou coligação bem como produzir ou veicular programa com esse efeito; e veicular propaganda política ou difundir opinião favorável ou contrária a candidato, partido político ou coli-gação a seus órgãos ou representantes.

São proibidos, também, o tratamento privilegiado a candidato, partido político ou coligação; a veiculação ou divulgação de filmes, novelas, minisséries ou qualquer outro programa com alusão ou crítica a candidato ou partido político, mesmo que dissimuladamente, exceto programas jornalísticos ou debates políticos; a divulga-ção de nome de programa que se refira a candidato escolhido em convendivulga-ção, ainda quando preexistente, inclusive se coincidente com o nome do candidato ou o nome por ele indicado para uso na urna eletrônica.

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A partir do resultado da convenção, é vedado, ainda, às emissoras transmitir programa apresentado ou comentado por candidato escolhido em convenção.

O descumprimento dessas normas sujeita a emissora ao pagamento de multa num valor entre R$21.282,00 (vinte e um mil duzentos e oitenta e dois reais) e R$106.410,00 (cento e seis mil quatrocentos e dez reais), duplicada em caso de reincidência.

Nos termos do art. 46 da Lei Federal nº 9.504, de 1997, independentemente da veiculação de propa-ganda eleitoral gratuita no horário definido na lei, é facultada a transmissão, por emissora de rádio ou televisão, de debates sobre as eleições majoritária ou proporcional. O debate será realizado segundo as regras estabelecidas em acordo celebrado entre todos os partidos políticos e coligações com candidato ao pleito e a emissora de rádio ou televisão interessada na realização do evento, o qual deve ser submetido à homologação pelo Juiz Eleitoral. Inexistindo acordo, o debate deve seguir as regras previstas expressamen-te no citado dispositivo legal.

A realização de debate sem a presença de candidato de algum partido político ou de coligação é admitida desde que o veículo de comunicação responsável comprove tê-lo convidado com a antecedência mínima de 72 horas da realização do debate. É vedada a presença de um mesmo candidato à eleição proporcional em mais de um debate da mesma emissora. Na hipótese de apenas um candidato comparecer ao debate, o seu horário pode ser destinado à entrevista deste.

Os pré-candidatos podem participar de entrevistas, debates e encontros antes de 6 de julho de 2008, desde que não exponham propostas de campanha (art. 24 da Resolução do TSE nº 22.718, de 2008). 3.9.1 – Da propaganda eleitoral gratuita

A propaganda eleitoral no rádio e na televisão restringe-se ao horário gratuito, vedada a veiculação de propaganda paga, respondendo o candidato, o partido político e a coligação pelo seu conteúdo. Ela deve utilizar a Linguagem Brasileira de Sinais – Libras – ou os recursos de legenda, que devem constar obrigato-riamente do material entregue às emissoras.

Por força dos arts. 47 e 57 da Lei Federal nº 9.504, de 1997, as emissoras de rádio, inclusive as rádios comunitárias, as emissoras de televisão que operam em VHF e UHF e os canais de televisão por assinatura sob a responsabilidade do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, das Assembléias Legislativas, da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou das Câmaras Municipais devem reservar, no período de 19 de agosto a 2 de outubro de 2008, horário destinado à divulgação, em rede, da propaganda eleitoral gratuita, a ser feita da seguinte forma:

1) na eleição para Prefeito e Vice-Prefeito, às segundas, quartas e sextas-feiras: a) das 7 horas às 7h30min e das 12 horas às 12h30min, no rádio;

b) das 13 horas às 13h30min e das 20h30min às 21 horas, na televisão; 2) nas eleições para Vereador, às terças, quintas-feiras e sábados: a) das 7 horas às 7h30min e das 12 horas às 12h30min, no rádio; b) das 13 horas às 13h30min e das 20h30min às 21 horas, na televisão.

Os Juízes Eleitorais devem distribuir os horários reservados à propaganda de cada eleição entre os partidos políticos e as coligações que tenham candidato, observados os seguintes critérios (Lei Federal nº 9.504, de 1997, art. 47, § 2º, incisos I e II):

1) um terço, igualitariamente;

2) dois terços, proporcionalmente ao número de representantes na Câmara dos Deputados, conside-rado, no caso de coligação, o resultado da soma do número de representantes de todos os partidos políticos que a integrarem.

Nos Municípios em que não existir emissora de televisão, os órgãos regionais de direção da maioria dos partidos políticos participantes do pleito poderão requerer, até o dia 6 de julho de 2008, ao Tribunal Regional Eleitoral que reserve dez por cento do tempo destinado à propaganda eleitoral gratuita para a divulgação, em rede, da propaganda dos candidatos desses Municípios pelas emissoras geradoras que os atingem (Lei Federal nº 9.504, de 1997, art. 48). Essa rede é formada por todas as emissoras geradoras sediadas no mesmo Município.

Havendo 2º turno, as emissoras de rádio e televisão devem reservar, a partir de 48 horas da procla-mação dos resultados do 1º turno e até 24 de outubro de 2008, horário destinado à divulgação da

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propagan-da eleitoral gratuita para a eleição de Prefeito, dividido em 2 períodos diários de 20 minutos, inclusive aos domingos, iniciando-se às 7 horas e às 12 horas, no rádio, e às 13 horas e às 20h30min, na televisão, horário de Brasília. O tempo de cada período diário será dividido igualitariamente entre os candidatos (art. 49 da Lei Federal nº 9.504, de 1997).

Até 12 de agosto de 2008, os Juízes Eleitorais devem efetuar o sorteio para a escolha da ordem de veiculação da propaganda de cada partido político ou coligação no primeiro dia do horário eleitoral gratuito; a cada dia que se seguir, a propaganda veiculada por último, na véspera, será a primeira, apresentando-se as demais na ordem do sorteio.

No período de 19 de agosto a 2 de outubro de 2008, as emissoras de rádio, inclusive as rádios comunitárias, as emissoras de televisão que operam em VHF e UHF e os canais de televisão por assinatura sob a responsabilidade do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, das Assembléias Legislativas, da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou das Câmaras Municipais devem reservar 30 minutos diários, inclusive aos domingos, para a propaganda eleitoral gratuita, a serem usados em inserções de até 60 se-gundos, a critério do respectivo partido político ou coligação, assinadas obrigatoriamente pelo partido polí-tico ou coligação, e distribuídas, ao longo da programação veiculada entre as 8 horas e as 24 horas, obede-cido o seguinte:

1) destinação exclusiva do tempo para a campanha dos candidatos a Prefeito e Vice-Prefeito; 2) a distribuição levará em conta os blocos de audiência entre as 8 horas e as 12 horas; as 12 horas e as 18 horas; as 18 horas e as 21 horas; as 21 horas e as 24 horas, de modo que o número de inserções seja dividido igualmente entre eles;

3) na veiculação das inserções, é vedada a utilização de gravações externas, montagens ou trucagens, computação gráfica, desenhos animados e efeitos especiais e a veiculação de mensagens que possam degradar ou ridicularizar candidato, partido político ou coligação.

As inserções no rádio e na televisão são calculadas à base de 30 segundos e podem ser divididas em módulos de 15 segundos ou agrupadas em módulos de 60 segundos, a critério de cada partido político ou coligação, sendo obrigatória a identificação do partido político ou da coligação.

Por força do art. 55 da Lei Federal nº 9.504, de 1997, na propaganda eleitoral feita no horário gratui-to, é vedada ao partido político, à coligação ou ao candidato a transmissão, ainda que sob a forma de entrevista jornalística, de imagens de realização de pesquisa ou qualquer outro tipo de consulta popular de natureza eleitoral em que seja possível identificar o entrevistado ou em que haja manipulação de dados. Também é proibido o uso de trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de alguma forma, degrade ou ridicularize candidato, partido político ou coligação, ou produzir ou veicular programa com esse efeito. A inobservância dessas regras sujeita o partido político ou a coligação à perda de tempo equivalente ao dobro do usado na prática do ilícito, no período do horário gratuito subseqüente, dobrada a cada reinci-dência, devendo, no mesmo período, exibir-se a informação de que a não-veiculação do programa resulta de infração à Lei Eleitoral.

Durante a transmissão pela televisão, em bloco ou em inserções, a propaganda deverá ser identificada pela legenda “propaganda eleitoral gratuita” e pelo Município a que se refere.

Na divulgação de pesquisas no horário eleitoral gratuito, devem ser informados, com clareza, o perí-odo de sua realização e a margem de erro, não sendo obrigatória a menção aos concorrentes, desde que o modo de apresentação dos resultados não induza o eleitor a erro quanto ao desempenho do candidato em relação aos demais.

Referências bibliográficas

CONEGLIAN, Olivar. Propaganda Eleitoral. De acordo com o Código Eleitoral e com a Lei nº 9.504/97, modificada pelas Leis nºs 9.840/99, 10.408/02 e 10.740/03. 8ª ed. Curitiba: Juruá, 2006.

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