O cristianismo medieval
Após a queda do Império Romano, a Igreja Católica manteve-se como a principal instituição do ocidente medieval.
A autoridade do clero (clero são os membros da igreja, ou seja, padres, bispos, cardeais, monges, Papa) crescia à medida que os reinos bárbaros adotavam a fé cristã.
Além deste clero ligado ao poder, apareceu também o monasticismo.
O monasticismo pregava uma vida de oração, simplicidade e trabalho. A prática monástica cristã teve início na Igreja do
Oriente e foi introduzida no ocidente por São Bento de Núrsia, que fundou a Ordem dos Beneditinos no século VI. O lema Ora et Labora (“Ora e Trabalha” em latim) guiava os monges em sua vida diária.
A Igreja possuía:
1.
O Clero Secular, envolvido nas atividades voltadas ao
público leigo (missas, sacramentos, administração
das paróquias, dioceses etc.)
2.
O Clero Regular, nome dado aos que viviam sob a
regra de alguma ordem religiosa, especialmente os
monges.
Os mosteiros, onde os monges viviam sua clausura,
espalharam-se pela Europa e tornaram-se importantes
centros de cultura do mundo medieval. Ali, os monges
faziam cópias de livros religiosos e da Bíblia,
desenvolviam o pensamento teológico, produziam e
guardavam a arte sacra.
A igreja do Oriente
No Império Bizantino, a Igreja também se aliava ao poder político.
Enquanto no Ocidente, o bispo de Roma ganhou importância ao ponto de se tornar Papa, no Oriente, a Igreja se desenvolvia ao redor dos patriarcas, especialmente, o patriarca de
Constantinopla.
Um tipo de cristianismo diferente se desenvolvia por lá, com diferenças nas doutrinas e administração.
Essas diferenças foram crescendo até o século XI, quando a
cristandade sofreu sua primeira divisão de grandes proporções: o Grande Cisma do Oriente em 1054.
A Igreja ocidental permaneceu sediada em Roma, assumindo o nome de Igreja Católica Apostólica Romana, sendo liderada pelo Papa.
A Igreja do Oriente era sediada em Constantinopla e ficou
conhecida como Igreja Católica Ortodoxa, liderada pelo patriarca de Constantinopla.
O islamismo
No século 7, nas regiões desérticas da Arábia, um mercador chamado Muhammad, conhecido no Brasil pelo nome de Maomé, começou a pregar uma nova religião monoteísta.
Segundo a tradição islâmica, Muhammad foi visitado em uma caverna pelo anjo Gabriel, onde recebeu a revelação de Alá
(palavra árabe para “Deus”).
Essa mensagem foi registrada por escrito no Quran (Corão, ou Alcorão), o livro sagrado do islamismo por seus seguidores.
Após a experiência na caverna, Muhammad foi para a cidade de Meca, um importante centro comercial e religioso da Arábia. Ali se prestava culto a divindades de uma religião politeísta. Sua
mensagem não agradava os comerciantes de Meca, que temiam perder seu lucrativo comércio de artigos religiosos,
especialmente, estátuas de deuses.
A nova religião falava de um Deus único, onipresente,
todo poderoso e invisível, que não permitia nenhuma
representação visual sua.
O conflito com os comerciantes levou Muhammad a se
refugiar em outra cidade, Medina, onde pôde pregar
sua nova fé e reunir uma multidão de seguidores.
A fuga de Muhammad para Medina no ano de 622 é
chamada de Hégira e marca o início da religião e do
calendário islâmicos.
Em Medina, Muhammad formou um exército de
seguidores com os quais enfrentou Meca por anos, até
conquistar o domínio sobre a cidade. Essa guerra santa
é chamada de Jihad
Doutrina islâmica
O islamismo é uma religião monoteísta, ou seja,
acredita em um único deus chamado de Alá.
Ela foi baseada em outras religiões monoteístas,
Judaísmo e Cristianismo, afirmando a santidade de
alguns dos personagens bíblicos, como Abraão,
Moisés, Maria, Jesus etc.
Muhammad é, segundo o islã, o maior e último profeta
de Alá; através dele, a revelação perfeita de Alá teria
chegado aos homens, registrada no Alcorão, que
significa “A Recitação” em árabe. Este é o livro sagrado
para os muçulmanos.
A prática da religião islâmica se apoia em cinco pilares:
1.
A Profissão de Fé: A sentença básica da fé islâmica é “Não
há deus além de Alá e Muhammad é seu profeta”. O
muçulmano é o que professa e crê nessa sentença.
2.
Oração: Todo muçulmano deve orar cinco vezes por dia,
voltando-se para Meca.
3.
Jejum no Ramadã: Durante o mês sagrado do Ramadã,
por volta dos meses de setembro, outubro, todo
muçulmano deve respeitar o jejum.
4.
Esmolas: Todo muçulmano deve dar esmolas para os mais
pobres e necessitados.
5.
Peregrinação: Tendo condições físicas e financeiras, todo
muçulmano deve fazer uma peregrinação a Meca pelo
menos uma vez na vida.
A expansão islâmica
Durante a vida de Muhammad, quase toda a Arábia foi unificada sob um governo islâmico.
O sistema adotado por ele é chamado de Califado, que é uma forma de monarquia islâmica apoiada na religião.
Após a morte de Muhammad no ano de 632, os líderes islâmicos entraram em discordância sobre quem deveria ser o sucessor do profeta. Uma parte de seus seguidores defendia que o sucessor legítimo do profeta era seu genro, Ali. Estes receberam o nome de Xiitas. A parte que defendia que o califa fosse eleito pelos
próprios muçulmanos foi chamada de Sunita.
Ambos acreditam no Alcorão, em Alá e nas palavras de
Muhammad, mas os sunitas também tomam como livro sagrado a Suna, que registra feitos e atos de Muhammad.
Entre os séculos 7 e 8, os árabes muçulmanos se
expandiram por todo o Oriente Médio e Norte da África,
chegando até a península Ibérica.
Em cerca de um século já dominavam a maior parte do
mundo mediterrâneo. Essa expansão se deu tanto por
conquistas militares, quanto por conversão dos povos
alcançados.
Para o Oriente, a expansão islâmica chegou até o noroeste
da Índia.
Na Europa, os muçulmanos, chamados também de
Mouros, não conseguiram passar da península Ibérica. O
exército do reino franco, liderado por Carlos Martel, venceu
o avanço mouro em 732 na Batalha de Poitiers.
A presença islâmica na península Ibérica manteve-se até
1492.
Cultura islâmica
Contribuíram para a agricultura com a introdução de novas plantas e
sementes, além de técnicas mais avançadas de plantio.
Também legaram influências culturais à difusão da filosofia, das
ciências e a adoção dos numerais arábicos, que utilizamos até hoje.
O sistema numérico dos árabes era mais prático e contava com um
número específico para designar o vazio: o número zero. Esse conceito não existia na matemática romana e foi importantíssimo para o
desenvolvimento da ciência até os nossos dias.
Os árabes influenciaram as línguas Ibéricas, português e espanhol,
deixando como marca várias palavras como açúcar, almofada, azeitona , açougue, açude, alambique, álcool, alface, café, cartaz, garrafa, laranja, limão.
Foram exatamente por causa das grandes cidades que
os árabes desenvolveram o conceito de hospital, ou seja, um lugar onde se reuniam especialistas empenhados no tratamento de doentes, na prática e no ensino da medicina. Nestes locais também se
desenvolveram as farmácias onde se reuniam os agentes terapêuticos diversos.