• Nenhum resultado encontrado

LEVANTAMENTO FLORÍSTICO DA FAMÍLIA ORCHIDACEAE EM UMA ÁREA DE CONSTRUÇÃO DA APM MANSO, CHAPADA DOS GUIMARÃES, MATO GROSSO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "LEVANTAMENTO FLORÍSTICO DA FAMÍLIA ORCHIDACEAE EM UMA ÁREA DE CONSTRUÇÃO DA APM MANSO, CHAPADA DOS GUIMARÃES, MATO GROSSO"

Copied!
12
0
0

Texto

(1)

LEVANTAMENTO FLORÍSTICO DA FAMÍLIA ORCHIDACEAE EM UMA ÁREA DE CONSTRUÇÃO DA APM – MANSO, CHAPADA DOS GUIMARÃES,

MATO GROSSO

MIRAMY MACEDO1, ANA ROSA FERREIRA2 e EUNICE PEREIRA

GONÇALVES3

RESUMO: Orchidaceae é considerada como magnífica entre as demais famílias de angiospermas pela atração de suas formas, cores etc. Este estudo visa a coleta de espécies dessa família na área que está sendo inundada, na construção da APM – Manso a 14º52’ S e 55º48’ W. Fez-se a coleta botânica de forma aleatória, incluindo indivíduos de todas as espécies. Após, esse material foi selecionado, preferencialmente os férteis, prensado e dissecado para identificação em herbários. Registraram-se dezesseis gêneros e 20 espécies, todas epífitas em mata ciliar e mata de encosta. O gênero com o maior número de espécies foi Oncidium, com quatro, sendo O. cebolleta Sw., O.

macropetalum Lindl., O. morenoi Dodson e Luer e O. nanum Lindl., seguida de Cattleya, com duas: C. nobilor Rochb.f. e Cattleya sp. Os demais gêneros apresentaram

uma espécie, entre elas Aspasia variegata Lindl.; Encyclia linearifolioides Hoehne;

Lanum subulatum Rolfe; Notylia lyrata S. Moore; Scaphyglottis cuneata Schlthr; Vanilla palmarum Lindl. e outras. Este levantamento é um subsídio para propor o

plaqueamento dessas espécies que se encontram no viveiro da APM – Manso. Palavras-chave: Levantamento; Orquidaceae; epífita.

1 Professora credenciada ao Curso de Pós-Graduação UFMT/UNIC. 2 Mestre em Ecologia e Conservação da Biodiversidade. IB/UFMT. 3 Aluna do PIBIC – IB/UFMT.

(2)

SURVEY OF THE ORCHIDACEAE FAMILY IN THE MANSO RESEVOIR, CHAPADA DOS GUIMARÃES, MATO GROSSO

ABSTRACT: Orchidaceae is considered as magnificent among other family of Angiosperms due to the attraction of its forms, colors, etc. This study aimed to collect species from this family in the area which is becoming inundated by the construction of the Manso Reservoir, 14º52’ S and 55º48’ W. The botanical collection was made in a random manner including individuals of all species. Afterwards the fertile individuals were selected, pressed and dissected for identification in the herbarium. Some 16 genera and 20 species, all epiphytes, were registered in gallery forests. The genera with the largest number of species was Oncidium, with 4 species: O. ceboletta S.W., O.

macropetalum Lindl., O. morenoi Dodson e Luer and O. nanum Lindl. The next

abundant genera was Cattleya with species: C. nobilior Rochb. f. and Cattleya sp. In the other genera there was only one species: Aspasia vareigata Lindl.; Encyclia

linearifolioides Hoehne; Lanum subulatum Rolfe; Notylia cf. lyrata S. Moore; Scaphyglottis cf. cuneata Schtn. and Vanilla palmarum Lindl., etc. This study is a

subsidy to propose the labelling of these species that are in the green house of the Manso Reservoir.

(3)

INTRODUÇÃO

Orchidaceae é considerada como magnífica entre as demais famílias de angiospermas pela atração de suas formas, cores. Essas características, para Dressler e Dodson (1960), está na razão da sua diversidade e especialização nas estruturas florais. Ribeiro et al. (1999) ressaltam que essas estruturas ocorrem, principalmente, em espécies epifíticas que desenvolveram estratégias especiais, como a presença de uma camada de células mortas e altamente absorventes nas raízes (velame), pseudobulbos, folhas carnosas em muitas espécies e outras.

Essa família, segundo vários autores, entre eles Braga (1977), Dunsterville e Garay (1979), Iucn (1997), Ribeiro et al. (1999), é representada por 725 gêneros e de 20.000 a 25.000 espécies, com distribuição cosmopolita e com maior ocorrência em regiões pluviais tropicais.

Dentre essas regiões, destaca-se o Brasil com uma variedade de espécies dessa família registrada por vários autores, como Hoehne (1940, 1953) em Flora Brasilica e Pabst e Dungs (1975) em Orchidaceae brasiliensis.

Em se tratando do Estado de Mato Grosso, os primeiros registros sobre ocorrência dessa família encontra-se em Hoehne (1914, 1923) e Hoehne e Kuhlmann (1951), como parte do levantamento botânico da Comissão Rondon.

Trinta e cinco anos após esse registro, Lima (1988) enfoca um estudo sobre orquídeas neste território e Dubs (1998), em Prodomus Florae Matogrossensis, apresenta, num checklist de angiospermas, 233 espécies catalogadas em vários herbários da Europa e no Herbário do Jardim Botânico de Curitiba, PR.

Amaral e Macedo (1999) apresentam dados sobre a Coleção Referência de Orquídeas Mato-Grossenses e, atualmente, há 61 espécies coletadas neste Estado e depositadas no acervo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Herbário Central.

Estudos específicos dessa família na Bacia do Alto Paraguai (BAP) evidenciam-se em Pott e Pott (1994) em Plantas do Pantanal; Anjos-Silva e Amaral (1995) em um levantamento no Alto Pantanal (Cáceres e Salto do Céu); Amaral (1998), com epífitas e forófitos, e Anjos-Silva (1999), com sua ocorrência, também, de espécies epífitas, em

(4)

área de extração de calcário. Estas últimas pesquisas desenvolveram-se, respectivamente, na Serra do Facão e Serra do Quilombo, ambas em Cáceres, Pantanal de Mato Grosso.

Tais dados indicam a necessidade de uma ampliação de estudos sobre essa família, no tocante à coleta e identificação de suas espécies, para posterior manejo na área que está sendo inundada na construção da APM – Manso, haja vista o desenvolvimento econômico que avança na região.

MATERIAIS E MÉTODOS

A área em estudo integra a Bacia do Alto Paraguai, localizando-se nos municípios de Chapada dos Guimarães e Nova Brasilândia, MT, nas coordenadas 14o52’ S e 55o48’W, altitude média da ordem de 800 m. A distância aproximada de Cuiabá é de 90 Km.

Delimitou-se a área a ser pesquisada, levando em consideração os seguintes parâmetros: identificação das unidades de paisagens existentes na área em estudo, assim como as formas de vida das espécies a serem pesquisadas, por meio de trilhas abertas com facão, foice e outros instrumentos.

Realizou-se a coleta aleatória de material, preferencialmente, fértil para identificação nos Herbários: UFMT, Universidade de Brasília (UNB) e Universidade Estadual de Mato Grosso (UNEMAT), utilizando-se tesoura de poda e podão, conforme Macedo et al. (1998). Quanto à desidratação, o tempo de estufa foi maior para as folhas carnosas e pseudobulbos suculentos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Na Tabela 1 registram-se dezesseis gêneros e 20 espécies, sendo dezenove epífitas (95%) e uma liana (5%). Essas espécies ocorrem em três ambientes: cerrado,

(5)

mata de encosta e mata ciliar, tendo a maior ocorrência em mata ciliar, seguida de mata de encosta, e com menor ocorrência, no cerrado.

TABELA 1. Levantamento da família Orchidaceae coletada na APM – Manso, Chapada dos Guimarães – Mato Grosso.

Hábito Hábitat

Espécie

Epíf Ter Li Ce Mc Me

Aspasia vareigata Lindl. X X

Catasetum sp. X X

Cattleya nobilior Rochb. f. X X X

Cattleya sp. X X X

Cyrtopodium saitlegerianum Rchb.f. X X X

Encyclia linearifoloides Hoehne X X X

Epidendrum sp. X X

Lanium subulatum Rolfe X X

Lockhartia goyazensis Rchb.f. X X

Notyllia lyrata S. Moore X X X

Oncidium ceboletta Sw. X X X

O. macropetalum Lindl. X X X

O. morenoi Dodson e Luer. X X X

O. nanum Lindl X X Orleanisia sp. X X Polystachya estrellensis Rchb.f. X X X Pseudostelis sp. X X Scaphyglottis cuneata Schlthr. X X Trichocentrum sp. X X

Vanilla palmarum Lindl. X X X

Epi= Epífita Ter= Terrestre Li= Liana Ce= Cerrado Mc= Mata ciliar Me= Mata de encosta

Neste levantamento (FIG. 1), o gênero com maior número de espécies foi

(6)

seguida de Cattleya, com duas (10%): C. nobilior e Cattleya sp. Os demais gêneros apresentaram uma espécie (5%) cada: Aspasia variegata; Encyclia linearifolioides;

Lanum subulatum; Notylia lyrata; Scaphyglottis cuneata; Vanilla palmarum, e outras.

FIG. 1. Distribuição percentual do número de espécies de Orquidaceae por gêneros, coletadas na APM –MANSO, Chapada dos Guimarães, MT.

Em se tratando de hábitat, registram-se (FIG. 2) seis espécies (33%) em mata ciliar: Catasetum sp., L. subulatum, S. cuneata etc.; quatro (19%) em mata de encosta, como A. variegata, L. goyazensis, O. nanum entre outras. Entretanto, no cerrado, as espécies C. saitlegerianum e V. palmarum, registradas nesse bioma, ocorreram também em mata de encosta. Nesta mesma vertente, várias espécies ocorreram tanto na mata ciliar como na de encosta em número de oito (38%), dentre elas destacam-se: C.

nobilior, E. linearifolioides, N. lyrata, O. cebolleta, e há também, em menor número,

duas (10%): C. saitlegerianum e V. palmarum que ocorrem também não só no cerrado como também na mata ciliar.

Essa forma de ocorrência, segundo Salles e Lima (1990), é de adaptação de orquídeas epífitas no interior das vegetações fechadas, onde encontram condições de umidade, luminosidade e aeração. Amaral (1998) reafirma tais condições encontradas em sua pesquisa na Serra do Facão, em Cáceres.

5 % 5 % 1 0 % 5 % 5 % 5 % 5 % 5 % 5 % 2 0 % 5 % 5 % 5 % 5 % 5 % 5 % A s p a sia C a ta s e tu m C a ttle ya C yrto p o d iu m E n cyc lia E p id e n d ru m L a n iu m L o ckh a rtia N o tylia O n cid iu m O rle a n isia P o lysta ch ya P s e u d o ste lis S c a p h yg lo ttis T rich o c e n tru m V a n illa

(7)

Salles e Lima (op.cit.) afirmam, ainda, que a alta diversidade das espécies dessa família possibilita uma ampla dispersão e igual nível de adaptação. Ribeiro et al. (1999) citam como uma das adaptações dessas espécies a ausência de endosperma nas sementes, onde muitas delas só podem germinar nos ambientes associados com fungos, responsáveis pela mutação do embrião.

FIG. 2. Distribuição percentual de espécies de Orchidaceae por hábitats, coletados na APM-Manso, Chapada dos Guimarães, MT.

Os dados em estudo apresentam características comuns com os pesquisados na BAP por Amaral (1998) e Anjos-Silva (1999), dentre elas: espécies epifíticas e planaltos (Chapadas e Serras). Entretanto, na Tabela 2 e FIG. 3, registram-se dados percentuais comparativos inerentes a inventários de espécies e gêneros da família, no qual o maior número de gênero, 25 (46%) e espécies 31 (47%) são de Anjos-Silva e Amaral (1995), seguidos de Macedo e Ferreira (dados em questão), com dezesseis (29%) gêneros e 20 (30%) de espécies. Já Amaral (1998) apresenta oito (14%) gêneros e oito (12%) espécies, enquanto que Anjos-Silva (1999) registra cinco (9,2%) gêneros e seis (9,2%) espécies. M a ta cilia r 3 3 % M a ta e n co sta 1 9 % C e rra d o /M a ta cilia r 1 0 % M a ta cilia r/M a ta e n co sta 3 8 %

(8)

TABELA 2. Comparação percentual de levantamentos de Orquidaceae realizados na Bacia do Alto Rio Paraguai (BAP), Mato Grosso.

Levantamentos Nº de gêneros Nº de espécies Cáceres e

Salto do Céu Cáceres

Chapada dos Guimarães Anjos-Silva e Amaral (1995) 25 46,2% 31 47% X Amaral (1998) 8 14,8% 8 12% X Anjos-Silva (1999) 5 9,2% 6 9,2% X Macedo e Ferreira – (presente estudo) 16 29,6% 20 30,7% X Total 54 65

FIG. 3. Distribuição do número de gêneros e espécies inventariados nos levantamentos de Orquidaceae na Bacia do Alto Rio Paraguai, Mato Grosso, de 1995 a 2000.

0 5 10 15 20 25 30 Número de Gêneros e Espécies. Anjos-Silva & Amaral (1995) Amaral (1998) Anjos-Silva (1999) Macedo & Ferreira (2000) Levantamentos realizados na BAP.

Espécies Gêneros

(9)

Tais pesquisas evidenciam a representação dessa família como fitoindicadora de ambientes não impactados e sua importância ecológica, oferecendo dados para continuidade de estudos de dispersão, polinização, genético, distribuição geográfica e de conservação, entre outros.

Este levantamento é um subsídio para propor o plaqueamento dessas espécies que se encontram no viveiro da APM-Manso.

(10)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANJOS-SILVA, E.J.. Conservação de Orquidaceae na Serra do Quilombo (Província Serrana de Cáceres, Mato Grosso): uma proposta de uso sustentável. Cuiabá: UFMT/IB, 1999. Dissertação Mestrado.

ANJOS-SILVA, E.J.; AMARAL, A.M.. Relatório final do levantamento de orquídeas do alto Pantanal: construção e operacionalização do orquidário da UNEMAT. Conv. 104/92 UNEMAT/FNMA-MMA, 1995. 38p.

AMARAL, A.M. Orquídeas, epífitas e forófitos: estudo ecológico na Gleba Facão, Cáceres, Mato Grosso. Cuiabá: UFMT, 1998. 108p. Dissertação Mestrado.

AMARAL, A.M.; MACEDO, M. Coleção de referência das orquídeas Mato-Grossenses. In: CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, 50., 1999, Blumenau. Anais... Blumenau: FURG, 1999.

BRAGA, P.I.. Aspectos biológicos das Orchidaceae de uma campina da Amazônia Central. Acta Amazonica, v.7, n. 2, 89p. 1977. suplemento

DRESSLER, R. L.; DODSON, C. H. Classification and phylogeny in the Orchidaceae. Annals of the Missouri Botanical Garden.v. 47, p.25-68, 1960.

DUBS, B.. Prodomus Florae Matogrossensis. Parte I. Checklist of Angiosperms, Parte II. Types from Mato Grosso. In: The Botany of Mato Grosso. Orchidaceae, 1998. p.221-230. (série B 3)

DUNSTERVILLE, G. C.K.; GARAY, L.A.. Orquids of Venezuela: an illustrated field guide. Cambridg: Havard University, 1979.

HOEHNE, F.C.. Expedição Scientífica Roosevelt-Rondon.: botânica.. Rio de Janeiro, 1914. 81p. (Anexo II)

(11)

HOEHNE, F. C.. Phytophysionomia do Estado de Matto Grosso e ligeiras notas a respeito da composição e distribuição da sua flora. São Paulo: Comp. Melhoramentos de São Paulo, 1923. 94p.

HOEHNE, F. C.. Flora Brasilica: Orquidaceae.. São Paulo: Departamento de Botânica do Estado de São Paulo. 1940. 254p. fasc. 1 v. XII, I: 12 (1). complemento

HOEHNE, F. C.. Flora Brasílica: Orquidaceae. São Paulo: Departamento de Botânica do Estado de São Paulo. 1953. 397p. fasc. 10 v.XII, XI: 12 (1.) complemento. HOEHNE, F.C.; KUHLMANN, J.G.. Índices bibliográficos e numéricos das plantas

colhidas pela Comissão Rondon. São Paulo: Instituto de Botânica de São Paulo: 1951. p. 164-181.

IUCN. Red list of threatened plants. Disponivel em: http://www.iucn.org.uk/themes/ssc/9/ PLANTSRL. Inglaterra. Acesso em: 1997. LIMA, J.G.A. Orquídeas do Estado de Mato Grosso. In: ENCONTRO NACIONAL

DE ORQUIDÓFILOS E ORQUIDÓLOGOS, 2., 1988. Expressão e Cultura. 1988. p. 81-99.

MACEDO, M.; PINTO, A. de S.; SOMAVILLA, N.S.. Guia do UFMT, herbário central. Cuiabá: EdUFMT, 1998. v.1. 31p.

PABST, G.F.J.; DUNGS, F.. Orquidaceae Brasilienses. Verlag, 1975a. v.1. Brücke 408p.

PABST, G.F.J.; DUNGS, F. Orquidaceae Brasilienses. Kurt Schmersow: Verlag 1975b. v.2. Brücke, 418p.

(12)

RIBEIRO, J. E. da S.; HOPKINS, G. M. G.; VICENTINI, A. C. et al.. Flora da reserva Ducke: guia de identificação das plantas vasculares de uma floresta da Amazônia Central. Manaus: INPA – DFID, 1999.

SALLES, H. A.E.; LIMA, I.V. Orquidário regional dos cerrados. Brasília: Fundação Zoobotânica do Distrito Federal e Jardim Botânico de Brasília, 1990.

Referências

Documentos relacionados