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PRÁTICAS EDUCATIVAS DOS BATISTAS EM ARAGUAÍNA Protestantismo de Missão no Brasil: A Educação Batista em Araguaína

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Academic year: 2021

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11 a 14 de dezembro de 2012 – Campus de Palmas

PRÁTICAS EDUCATIVAS DOS BATISTAS EM ARAGUAÍNA

Protestantismo de Missão no Brasil: A Educação Batista em Araguaína

Maiza Pereira Lôbo1 Vasni de Ameida2

RESUMO

No projeto de iniciação científica que desenvolvemos cujo tema é “Práticas educativas dos batistas em Araguaína, TO (1998-2010)” buscamos entender, por meio do levantamento documental, a estrutura organizacional da Escola Estadual Batista Margarida Lemos Gonçalves3, organizada pelos evangélicos batistas em Araguaína. A tentativa de estabelecer a relação entre os princípios religiosos batistas e as práticas educativas desencadeadas nessa escola apontou para a necessidade de se compreender as influências da religião nos indivíduos e instituições, ou seja, na sociedade. Para essa compreensão, nos foi colocada à necessidade da elaboração de um referencial teórico que nos orientasse no manejo dos conceitos básicos do campo religioso. Sendo assim, esse texto é resultado do esforço que estamos empreendendo na elaboração de um quadro teórico que possibilite a compreensão de um objeto de estudo que tem na religiosidade a sua centralidade.

Palavras-chave: Religião, educação, sociedade, práticas, representação.

INTRODUÇÃO

Para discutir a temática, iniciaremos nossa incursão teórica a partir da concepção de religião implícita em DURKHEIM (1996), mais especificamente sobre a religião como uma representação social, na busca de entender a religião por meio do universo simbólico que a permeia. Quando nos referimos à representação, temos em mente a definição proposta por CHARTIER (2002), para quem as “representações são

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Graduanda de História da Universidade Federal do Tocantins , Campus Araguaína; e-mail

maizalobo_26@hotmail.com; “PIBIC Permanência”

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Docente do Curso de História da Universidade Federal do Tocantins, Campus de Araguaína. E-mail:

vasnialmeida@uft.edu.br

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classificações e divisões que organizam a apreensão do mundo social como categorias de percepção do real”.

De acordo com Durkheim, justamente por se originar de uma necessidade social, não podemos considerar a religião como uma ideologia a falsear a realidade, como podem fazer crer algumas interpretações marxistas. Para Durkheim, todas as religiões “são verdadeiras a seu modo: todas correspondem, ainda que de maneiras diferentes a condições dadas da existência humana” (1996: VII). Para o autor, as religiões são representações coletivas na medida em que

são o produto de uma imensa cooperação que se entende não apenas no espaço mas no tempo; para cria-las uma multidão de espíritos diversos associou misturou, combinou suas ideias e seus sentimentos; longas séries de gerações nelas acumularam sua experiência e seu saber. (1996: XXIII).

Durkheim procura explicar, por meio de estudos das religiões australianas, uma característica que ele considera intrínseca ao homem - sua natureza religiosa. Justamente porque para ele, em todas as religiões há elementos que lhes são comuns. A religião é, dessa forma, entendida como uma instituição humana, e por esse motivo não é possível que tenha surgido do nada em um dado momento - ela surgiu gradualmente derivada da necessidade humana de explicar os acontecimentos não compreendidos racionalmente. Para Durkheim a religião pode ser explicada da seguinte maneira:

Quando um certo número de coisas sagradas mantém entre si relações de coordenação e subordinação , de maneira a formar um sistema dotado de uma unidade mas que não participa ele próprio de nenhum outro sistema do mesmo gênero, o conjunto de ritos correspondentes constitui uma religião (...) Contudo, a religião não corresponde necessariamente a uma única e mesma ideia, não se reduz a um princípio único (1996:24).

Sabendo que a religião é algo eminentemente social, é importante compreender o motivo pelo qual a sociedade envolve com ela, produzindo cultura. Para ALVES (1984), o homem é um ser cultural, ele não só produz a cultura como necessita da produção desta para viver. Para esse autor, é nesse ponto que o homem traça sua diferença em relação aos outros animais. Para Alves, quando a produção cultural não supre as necessidades mais latentes do ser humano, este inventa para si uma rede de símbolos, permeada de significação. De acordo com Alves a religião é em sua essência uma “teia de símbolos, rede de desejos, confissão de espera” (1984:22). Contudo, para

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que o discurso religioso produza efeito, é necessário fazê-lo conter algo mais que a pura ausência de sentido.

MATERIAL E MÉTODOS

Para essa fase do projeto, nosso material de pesquisa básico foram as leituras teóricas sobre religião. Dada a escassez de obras do campo da História sobre religiões e religiosidades, nos apropriamos de obras de sociólogos, etnógrafos, antropólogos e teólogos. Sem essa interdisciplinaridade, seria impossível esclarecer os temas que cercam os sujeitos de nosso estudo.

A partir das considerações envolvendo os sentidos religiosos e ações humanas na vida em sociedade, é possível perceber as motivações históricas que levaram os batistas a assumirem, desde o século XIX, a educação escolar como meio de ressignificar as sociedades que os acolhe. Ensinar, para os sujeitos de uma determinada expressão de fé, não se resume a oferecer uma instrução técnica. No ato de ensinar há todo um esforço em impor uma visão de mundo, uma visão que expresse as crenças que os mantém ligados ao sagrado. Esse ato missionário é perceptível na linguagem dos docentes na escola batista em Araguaína, manifestada nos projetos sociais desenvolvidos, nas aulas de ensino religioso, nas atividades desencadeadas pelos jovens batistas entre os alunos, bem como nos quadros e textos bíblicos espalhados nos diversos espaços da escola. Trabalhamos com a perspectiva da História das Religiões numa interface com a História Cultural, cujas abordagens, ao privilegiarem o específico, o localizado, as representações, as memórias, permitem o estudo de uma cultura escolar eivada de intenções religiosas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Entendemos que são os símbolos sagrados que legitimam e produzem sentido à religião. Para ELIADE (2010), à medida que o homem religioso deseja estar mais perto do centro do mundo e mais tragado pela vivência religiosa, ele sente a necessidade de sacralizar determinadas atitudes, objetos e ritos. Essa prática nasce da necessidade de discernir o sagrado e o profano. Nesse sentido, para ALVES (1984) o “o sagrado é o centro do mundo, a origem da ordem, a fonte das normas, a garantia da harmonia.”

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(1984:63) Dessa maneira, a linguagem do sagrado não se refere a coisas materiais, visíveis, refere-se às coisas invisíveis, que só podem ser contempladas e admiradas pelos “os olhos da fé”. É o homem que cria o sagrado, desta maneira, sua eficácia não é inerente às coisas. Ao contrário, coisas e gestos se tornam religiosos quando são entendidos como tais. Caso não ocorra essa sacralização, as coisas são entendidas como profanas, e o profano deve se manter terminantemente afastado do sagrado.

Contudo, ao longo das décadas, à medida que a sociedade se modificava, os lugares ocupados pela religião também sofreram modificações. Das análises feitas por Durkheim sobre o local da religião nas sociedades australianas, até os dias atuais, compreende-se que a religião passou por uma série de modificações. E à medida que a sociedade passa por mudanças, a forma como o homem vê a religião também se modifica.

Mesmo em meio a sucessivas modificações, a religião continua presente no cotidiano, apesar da constante e progressiva dessacralização4, a religião não se extingue como chegaram a acreditar alguns importantes pensadores. Marx chegou a afirmar que a religião é “ópio do povo” 5

. Por que isso ocorre? Quais os motivos que impedem a completa e total extinção dos sistemas religiosos? Para essas questões ALVES (1984) sugere que “talvez porque, sem ela, o mundo seja por demais frio e escuro. Com seus símbolos sagrados o homem exorciza o medo e constrói diques contra o caos”.

Aqui entramos novamente na questão da religião como representação social. A religião corresponde à necessidade de significação. Por isso, caso os esquemas de sentido entre em colapso, a própria existência humana também entrará. Justamente porque o ser humano necessita muito mais que apenas de bens materiais e racionais para poder se manter vivo, ele necessita de símbolos que permitam a esse indivíduo sentir-se importante e útil. Na perspectiva da representação, a abolição dos sistemas religiosos é algo impensável, porque sem os símbolos, a vida é fria, dura, quase enlouquecedora. Para ALVES “quando, ao contrário, tocamos nos símbolos em que nos dependuramos, o

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De acordo com ELIADE (2010) dessacralização é o afastamento do homem em relação ao mundo religioso. A recusa da sacralidade do mundo e a aceitação da existência profana.

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corpo inteiro estremece. E este estremecer é a marca emocional /existencial da experiência do sagrado” (1984:25).

LITERATURA CITADA

ALVES, Rubem. O que é religião? São Paulo: Loyola, 1999.

DURKHEIM, Emile. As formas elementares da vida religiosa. São Paulo. Martins Fontes, 1989

ELIADE, Mircea. O Sagrado e o Profano. 3ª Ed. São Paulo. Martins Fontes, 2010. GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro. 2008.

JULIÁ, Dominique. A religião: História religiosa. In: História: novas abordagens. 3ª ed. Rio de Janeiro, 1989, p 60-100.

SOUSA, Bertone. Religião e negação da modernidade: A leitura fundamentalista da Bíblia nas revistas de escola bíblica dominical da Assembleia de Deus. Revista Brasileira de História das Religiões. ANPUH, ano III, n, 7, maio 2010.

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi realizado com o apoio da UFT, e por isso gostaria de agradecer a Instituição pelo incentivo e confiança. Gostaria de agradecer especialmente ao meu orientador, professor Dr Vasni de Almeida, pelo carinho e paciência que vem dedicando a mim ao longo desses dois anos de pesquisa. Obrigada professor, sem o seu comprometimento e ensinamentos essa pesquisa jamais teria sido possível.

Referências

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