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O Fim de Guantánamo: uma conquista dos regimes internacionais dos Direitos Humanos

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Academic year: 2021

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Universidade do Vale do Itajaí Curso de Relações Internacionais

LARI – Laboratório de Análise de Relações Internacionais Região de Monitoramento: Ásia Central e Oceania

LARI Fact Sheet – Junho de 2009

O Fim de Guantánamo: uma conquista dos regimes

internacionais dos Direitos Humanos

1. Objeto de Análise: Fechamento da Prisão de Guantánamo

2. Informações de referência 2.1 Palavras-chave

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2.2 Cronologia

1903 – Os Estados Unidos da América e Cuba assinam um contrato perpétuo de arrendamento de 116 km² de terra e água na baía de Guantánamo, na ilha de Cuba. Segundo os americanos, os objetivos do país no local seriam a mineração e operações navais;

1942 – Em virtude do ataque japonês à base de Pearl Harbor, o então presidente Franklin Delano Roosevelt assim um decreto que autoriza a prisão de estadunidenses de origem japonesa. Dezenas de milhares de pessoas foram presas em campos clandestinos sob controle militar. Nos anos seguintes, estima-se que cerca de 7 milhões de prisioneiros eram mantidos em campos abertos, não recebendo os benefícios da Convenção de Genebra por serem considerados pelo já novo presidente Einsenhower ‘forças inimigas desarmadas’. É o primeiro testemunho, na história americana, de prisões internacionais em massa;

1949 – A Convenção de Genebra é atualizada. O tratado original, assinado em 1864, tinha como objetivo acabar com a brutalidade da guerra e proteger os soldados feridos e a equipe médica, sendo ratificado por 194 países, entre eles os Estados Unidos. A nova atualização, por sua vez, ficou famosa pela definição do termo refugiado: ‘toda a pessoa que, em razão de fundados temores de perseguição devido à sua raça, religião, nacionalidade, associação a determinado grupo social ou opinião política, encontra-se fora de seu país de origem e que, por causa dos ditos temores, não pode ou não quer fazer uso da proteção desse país ou, não tendo uma nacionalidade e estando fora do país em que residia como resultado daqueles eventos, não pode ou, em razão daqueles temores, não quer regressar ao mesmo’;

1971 - Forças estadunidenses são acusadas de cometer atrocidades durante o conflito com o Vietnã, incluindo assassinatos e torturas;

2001 - Após os ataque de 11 de setembro às Torres Gêmeas, o presidente estadunidense George W. Bush autoriza operações de combate no Afeganistão;

2002 – Guantánamo vira uma prisão e recebe cerca de 20 capturados no Afeganistão no Campo X-Ray. Como o presidente Bush os descreve como terroristas, a Convenção de Genebra não os concede proteção. Além disso, o presidente afirma em discurso ‘que a guerra contra o terrorismo está apenas começando e identifica Irã, Iraque e Coreia do Norte como os integrantes do Eixo do Mal’. Os detidos são transferidos do Campo X-Ray para o Campo Delta. O Campo X-Ray é fechado definitivamente. Em outubro, pela

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primeira vez, quatro prisioneiros de Guantânamo são liberados. Em novembro, William J. Haynes recomenda técnicas de interrogatório agressivas para qualquer suspeito de terrorismo;

2003 - De um total de 773 prisioneiros que passaram pela prisão em solo cubano, 680 ainda permanecem em Guantánamo;

2004 - Três jovens britânicos, conhecidos como os Três de Tipton, são detidos;

2004 - A Suprema Corte estadunide;se determina que os presos de Guantânamo podem apelar à Justiça nacional. A rede de TV estadunidense CBS mostra ao vivo no seu programa 60 minutes fotos tiradas na prisão Abu Ghraib do Iraque em que guardas posam ao lado de prisioneiros em posições humilhantes. O jornal New Yorker também revela relatório comprovando as atrocidades. Os prisioneiros de Guantánamo são interrogados por comissões militares especiais a fim de estabelecer se eles são inimigos. Dos 558 detidos que completaram o processo, apenas 38 são selecionados para serem libertados;

2005 - A soldado Lynndie England, vista em fotos de abuso contra os prisioneiros de Abu Ghraib, é condenada a três anos de prisão. O soldado Charles Graner, suposto mentor dos abusos, é condenado a dez anos de prisão. Steven Jordan, único oficial julgado por este escândalo, é absolvido mais tarde em 2007. O presidente Bush assina o Detainee Treatment Act que concede às comissões militares jurisdição sobre as solicitações de habeas corpus. O procurador-geral Alberto González divulga um documento que autoriza as técnicas de interrogatório mais cruéis já aplicadas pela CIA, incluindo o famoso submarino;

2006 - Os Três de Tipton são libertados depois de ficarem dois anos presos em Guantânamo e sua história se transforma no documentário Caminho para Guantânamo. A Organização das Nações Unidas (ONU) apresenta um relatório solicitando o fechamento da prisão de Guantânamo com base no uso de técnicas de interrogatório semelhantes a tortura. O então secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, não concorda com as conclusões da ONU e declara que a ideia do fechamento da prisão não é realista; 2006 – Guantánamo entra em crise. Um dos prisioneiros tenta o suicídio. Um mês depois, três prisioneiros morrem em um aparente suicídio coletivo. Outros prisioneiros iniciam greve de fome, mas são alimentados à força pelos guardas. A Suprema Corte determina que o sistema de comissões militares para os detidos viola as leis estadunidenses e a Convenção de Genebra. Em setembro, Bush

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detidos foram submetidos a procedimentos alternativos de interrogatório extremamente agressivos. Alguns destes presos considerados importantes foram transferidos para Guantánamo;

2007 - Documentos do FBI obtidos durante um processo iniciado pela União Americana pelas Liberdades Civis revela 26 incidentes de possível abuso por parte dos guardas de Guantánamo que incluem expor os prisioneiros a temperaturas extremas, desrespeitar o Alcorão e atos de humilhação realizados por guardas do sexo feminino;

2008 - O então diretor da CIA, Michael Hayden, afirma ao Congresso estadunidense que a agência aplicou o submarino com três suspeitos de pertencer ao grupo terrorista Al Qaeda após o 11 de setembro;

2008 – Recém eleito, o novo presidente estadunidense, Barack Hussein Obama, promete fechar ou reestruturar a prisão de Guantânamo;

22 de Janeiro de 2009 - Barack Obama assina um decreto-lei para fechar Guantánamo ainda no primeiro ano do seu governo, além de exigir uma revisão de como esses prisioneiros serão tratados antes do fechamento - se serão enviados a outros países ou processados. As comissões militares, criadas durante o governo Bush, são extintas. O National Geographic Channel divulga um documentário intitulado Inside Guantanamo sobre a prisão estadunidense na ilha cubana. Ex-guarda de Guantánamo detalha crimes cometidos em prisão, incluindo o transporte dos detentos em jaulas, abuso sexual cometido por médicos, variados tipos de torturas, espancamentos brutais que deixavam o chão encharcado de sangue, desrespeito às práticas religiosas e detenção de crianças;

2009 – O então secretário de defesa do governo, Robert Gates, declara-se favorável ao fechamento da prisão de Guantánamo. Segundo ele, a prisão, apesar de ser uma infraestrutura de segurança máxima, tornou-se uma ‘mácula’ na história dos EUA – em virtude das torturas e violações fundamentais ocorridas na prisão;

3. Contextualização e repercussão 3.1. Locais

O fechamento da Prisão de Guantánamo representa, a nível local, um importante passo para reafirmação da força dos Direitos Humanos dentro dos Estados Unidos da América. O congelamento das atividades na Baía e a transferência dos prisioneiros representam um grande avanço nas práticas de

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refúgio e detenção internacional - uma vez que a imagem da nação americana foi extremamente desgastada em virtude das práticas e violações fundamentais estabelecidas;

3.2. Regionais

Após efetivar o fechamento da base em janeiro de 2009, o governo americano consegue restabelecer diálogos diplomáticos mais abertos com nações historicamente contrárias à Guantánamo – como Cuba, por exemplo. O fim das atividades carcerárias representa um novo horizonte para assegurar os Direitos Humanos dentro do continente americano, reafirmando os princípios humanitários e políticos estabelecidos pela Organização dos Estados Americanos;

3.3. Globais

A Comunidade Internacional demonstra-se favorável ao fechamento da prisão e as principais organizações internacionais defensoras dos Direitos Humanos – a ACNUR, por exemplo – declara-se satisfeitas pelos Estados Unidos corrigirem os erros cometidos ao longo da história de Guantánamo.

4. Cenários

Otimista e mais provável:

O presidente Barack Obama após executar os planos de fechamento de Guantánamo e anunciar o congelamento das atividades carcerárias na ilha, estabelece metas para que os prisioneiros em caminho de transferência não sofram dos abusos que uma vez foram realizados na baía. A Comunidade Internacional revela-se satisfeita com a decisão do governo americano e Organizações internacionais como a ONU e a ACNUR, embasados nas declarações universais dos Direitos Humanos, apóiam a decisão e providenciam os mecanismos necessários para a transição segura dos prisioneiros;

Pessimista e muito menos provável:

Mesmo com o aval do presidente Barack Obama e do secretário de defesa Robert Gates, o documento assinado em janeiro revela-se ineficaz e as operações em Guantánamo voltam a ser estabelecidos – com base principal no argumento da necessidade de assegurar a defesa da segurança nacional e proteção ao sistema internacional, através da prisão dos principais líderes terroristas. Uma vez que as atividades são restabelecidas, as práticas de tortura também são novamente utilizadas, iniciando um atrito diplomático e jurídico entre o governo dos EUA e os principais organismos internacionais;

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5. Bibliografia sugerida

o Entendendo Guantánamo -

http://pt.wikipedia.org/wiki/Pris%C3%A3o_de_Guant%C3%A1namo o Notícias em Tempo Real da Base Naval de Guantánamo -

http://topics.nytimes.com/top/news/national/usstatesterritoriesandpossessions/guantana mobaynavalbasecuba/index.html?scp=1-spot&sq=guantanamo&st=cse

o Documentários

- Road to Guantanamo (2006); - Inside Guantanamo (2009)

Referências

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