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Utilização de artefatos da Contabilidade Gerencial por empresas integrantes do ranking de crescimento empresarial de ICMS no Piauí

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Utilização de artefatos da Contabilidade Gerencial por empresas

integrantes do ranking de crescimento empresarial de ICMS no Piauí

Ana Méssias Cardoso de Sousa1 David Stanhy Carvalho Silva2 Larissa Sepúlveda de Andrade Ribeiro3

Karenn Patrícia Silva Siqueira4

RESUMO

O objetivo norteador desta pesquisa foi analisar a utilização de artefatos da Contabilidade Gerencial por empresas integrantes do ranking de Crescimento Empresarial de ICMS no ano de 2015 localizadas na cidade de Teresina/Piauí. Para tanto, adotou-se como procedimento metodológico a realização de um levantamento do tipo survey, cuja coleta de dados ocorreu predominantemente de forma presencial, com a aplicação de questionários junto aos gestores de 19 empresas as quais compuseram a amostra deste estudo. Os dados coletados em campo foram analisados utilizando-se os métodos da estatística descritiva realizada com o auxílio do software Excel 2007. Dentre os principais resultados, constatou-se que das 15 empresas que possuem Contabilidade Gerencial (78,9% da amostra), todas utilizam artefatos tradicionais, sendo observado um aumento da utilização dos artefatos pelas empresas com maior tempo de atuação no mercado. Foi observado também, que as empresas de Médio Grande porte utilizam mais artefatos tradicionais do que modernos. E que as empresas que tiveram maior crescimento empresarial também foram as que mais utilizaram artefatos modernos. Portanto, esses resultados permitiram concluir que a utilização de artefatos tradicionais e modernos da Contabilidade Gerencial pode contribuir para um melhor desempenho organizacional.

PALAVRAS-CHAVE: Contabilidade Gerencial. Artefatos tradicionais. Artefatos modernos.

1Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual do Piauí – UESPI, Piauí, (Brasil). E-mail: anamessiasc@gmail.com

2Professor Assistente da Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Mestre em Administração e Controladoria

pela Universidade Federal do Ceará – UFC, Ceará, (Brasil). E-mail: davidstanhy@gmail.com

3Professora Assistente da Universidade Estadual do Piauí – UESPI, Piauí, (Brasil). Doutoranda em Ciências

Contábeis pela FUCAPE. E-mail: larissasepulveda@gmail.com

4Professora Temporária da Universidade Estadual do Piauí – UESPI, Piauí, (Brasil). Mestre em Contabilidade

pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). E-mail: karennsiqueira@hotmail.com

Recebido em: 28de nov. 2018 Aceito em: 05 de jun. 2019

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Use of Management Accounting artifacts by companies that are

part of the ICMS business growth ranking in Piauí

ABSTRACT

The objective of this research was to analyze the use of Management Accounting artifacts by companies that are part of the ICMS Business Growth ranking in the year 2015 located in the city of Teresina/Piauí. For this purpose, a survey was carried out as a methodological procedure, whose data collection took place predominantly in person, with the application of a questionnaire to the managers of 19 companies, which composed the sample of this study. The data collected in the field were analyzed using the methods of descriptive statistics performed in Excel 2007. Among the main results, it was verified that of the 15 companies that have Management Accounting (78.9% of the sample), all use traditional artifacts, being observed an increase of the use of the artifacts by the companies with greater time of operation in the market. It was also observed that the companies of Medium-Large use more traditional artifacts than modern ones. The companies that had the highest business growth were also the ones that most used modern artifacts. Therefore, these results allowed to conclude that the use of traditional and modern artifacts of Management Accounting can contribute to a better organizational performance.

KEYWORDS: Management Accounting. Traditional artifacts. Modern artifacts.

INTRODUÇÃO

Percebida como a linguagem dos negócios, o “dialeto” da Contabilidade Gerencial (CG) fornece informações dentro das organizações, para que seus usuários internos possam planejar, controlar as operações, tomar decisões e avaliar o desempenho econômico dessa entidade (BOGDĂNOIU; MIREA, 2013).

Neste cenário, a CG utiliza técnicas de planejamento e controle que facilitam a visão dos gestores para o futuro, influenciando na sua conduta administrativa e levando-os a tomar boas decisões. Logo, as informações devem ser precisas, confiáveis e tempestivas, para atender às necessidades de cada organização (PADOVEZE, 2010; PARISI; MEGLIORINI, 2011; ATKINSON et al., 2015).

Da mesma forma que a Contabilidade Financeira, a CG teve sua evolução com o crescimento das organizações. Porém, ainda é necessário um grau maior de envolvimento dos profissionais que praticam CG, por acreditar que ela não está se desenvolvendo em conjunto com a evolução do mercado (MARTIN, 2002). Ainda assim, a evolução da CG pode ser percebida por meio de cinco estágios distintos: quatro destacados pelo IFAC – International Federation of Accountants (1998) e o quinto destacado por Padoveze (2010).

Nesse contexto, este trabalho evidencia a evolução e a utilização dos artefatos da CG nas Organizações Privadas e se propõe a investigá-la. Por conseguinte, esta abordagem incita

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a seguinte questão de pesquisa: Quais são os artefatos da Contabilidade Gerencial utilizados pelas empresas integrantes do ranking de Crescimento Empresarial de ICMS no Piauí?

Dessa forma, o objetivo geral dessa pesquisa é analisar a utilização de artefatos da Contabilidade Gerencial por empresas integrantes do ranking de Crescimento Empresarial de ICMS no ano de 2015 localizadas na cidade de Teresina/PI. Esta pesquisa possui ainda os seguintes objetivos específicos: (i) caracterizar o perfil das empresas e do departamento da CG das empresas que utilizam artefatos da CG no processo decisório; e (ii) identificar quais artefatos são utilizados pelas empresas integrantes do ranking de Crescimento Empresarial de ICMS no ano de2015 localizadas na cidade de Teresina/PI.

Dentre as projeções para o ano de 2020, acredita-se que o Piauí seja classificado entre os seis estados do Brasil com maior potencial de desenvolvimento. Nesse sentido, a escolha de empresas estabelecidas na capital se justifica por sua representatividade (maior cidade do Estado, maior PIB estadual), sendo a principal na Rede de Desenvolvimento Integrada da Grande Teresina que conta com 12 municípios piauienses e a cidade vizinha, Timon no Maranhão (FIEPI, 2013).

Conforme Bogdănoiu e Mirea (2013), pesquisas sobre o uso de dados contábeis na tomada de decisões para o futuro são escassas, havendo necessidade de focar na história da Contabilidade Gerencial por ser importante fonte de conhecimento e desenvolvimento atual e passado desta ação nas organizações.

Além disso, há pesquisas que relatam técnicas de Contabilidade Gerencial utilizadas por diferentes empresas em vários países, a exemplo da Austrália (DEAN; JOYE; BLAYNEY, 1991), Reino Unido (DRURY et al., 1993), Cingapura (GHOSH; CHAN, 1997), Finlândia (HUSSAIN; GUNASEKARAN; LAITINEN, 1998), Nigéria (ADELEGAN, 2001), Índia e diferentes países asiáticos (SULAIMAN; AHMAD; ALWI, 2004) e Colômbia (MEJÍA et al., 2018). Porém, poucas examinam os fatores que influenciam o uso de técnicas da Contabilidade Gerencial (EL-SHISHINI, 2017).

Dessa forma, o presente estudo justifica sua relevância e originalidade ao contribuir para o acréscimo da literatura à medida que investiga a utilização de artefatos da CG considerando o quinto estágio evolutivo (PADOVEZE, 2010), classificação ainda pouco explorada empiricamente. Ao tempo que, em termos práticos, pode estimular a utilização de práticas gerenciais por gestores para a melhoria do desempenho organizacional.

O artigo está estruturado em cinco seções, incluído esta introdução. A segunda seção traz a revisão da literatura sobre os artefatos da Contabilidade Gerencial; no tópico seguinte são descritos os métodos utilizados para a realização da pesquisa; na quarta seção,

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apresenta-se a análiapresenta-se dos resultados encontrados. Por fim, apresenta-segue as considerações finais, bem como recomendações para investigações futuras.

1 REVISÃO DE LITERATURA

1.1 EVOLUÇÃO E ARTEFATOS DA CONTABILIDADE GERENCIAL

Contendo técnicas utilizadas em grandes empreendimentos modernos, a Contabilidade Gerencial é concatenada à gestão para possibilitar recursos suficientes, por meio de ações individuais e coletivas para fins organizacionais (MURTHY; ROONEY, 2016).

Entretanto, percebe-se que a Ciência Contábil por si só auxilia os gestores com demonstrativos contábeis, mas são os artefatos da CG que permitem relatórios voltados especificamente para a tomada de decisões, possibilitando uma maior clareza dos fatores envolvidos, de maneira que, a CG é a ação de utilizar os artefatos gerenciais entrelaçados ao processo de gestão (IFAC, 1998; PADOVEZE, 2010; ANDRADE et al.,2013).

Atualmente é inevitável a implantação da CG. Entretanto, os colaboradores devem estar dispostos a aceitar a utilização dos artefatos gerenciais, tendo que observar não apenas fatores financeiros, mas alinhá-los a fatores qualitativos, para um melhor desenvolvimento empresarial. A análise dos fatores externos é fundamental, pois o mercado está cada vez mais exigente, os clientes mais minuciosos e a concorrência mais ampla. Sendo assim, para as empresas continuarem ascendendo é necessário que sejam diferenciadas, com ações eficazes e precisas para melhorar seus resultados (SCAPENS, 2006; FERREIRA JÚNIOR; SILVA; LIMA FILHO, 2011; MARASSI; REIF; REIS, 2015; PINTO, 2019).

A Contabilidade Gerencial diferencia-se da Contabilidade Financeira em vários aspectos. Iudícibus (2009) afirma que encontrar o momento em que a Contabilidade Financeira termina e a Contabilidade Gerencial começa não é uma tarefa fácil, pois há vários relatórios criados pela Contabilidade Financeira que além de serem usados por usuários externos, são utilizados também por usuários internos no processo de tomada de decisão. Seguindo esta ideia, Mejía et al. (2018) complementa que a Contabilidade Gerencial vai muito além de quantificar variações, mas sim de qualificar tais variações. O Quadro 1 sintetiza características da CG e da Contabilidade Financeira.

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Quadro 1 – Contabilidade Gerencial e Contabilidade Financeira

CONTABILIDADE GERENCIAL CONTABILIDADE FINANCEIRA

Usuários internos Usuários internos e externos Fatos futuros Fatos passados e presentes Segue princípios, manuais, estatutos e normas

internas

Segue normas, princípios e leis Medidas monetárias e não monetárias Medidas monetárias

Relatórios a qualquer tempo Relatórios com prazos pré-estabelecidos Uso não obrigatório Uso obrigatório na maioria dos casos

Fonte: Adaptado de Frezatti et al. (2009); Iudícibus (2009); Parisi e Megliorini (2011); Gilio e Afonso (2012).

Martin (2002) afirma que no Brasil, mais de 80% das Organizações e dos Contadores utilizam apenas a Contabilidade Financeira. Nessa mesma linha, Miranda (2003) complementa que o maior uso da Contabilidade Financeira foi estimulado pelas gradativas exigências legais impostas ao longo do tempo pelos usuários da informação contábil, principalmente o Fisco. Entretanto, Gilio e Afonso (2012) reiteram que essas duas áreas contábeis possuem formas semelhantes de elaboração, começando na maioria das vezes na mesma fonte de dados, pois apesar de possuir características adversas, elas se complementam.

Historicamente, Johnson e Kaplan (1996) informam que em 1812, próximo a Revolução Industrial, as Organizações dos Estados Unidos começaram a tornar-se independentes do mercado exterior, reduzindo custos e fabricando elas mesmas os próprios produtos, como na indústria têxtil. As Indústrias foram analisando os custos da produção e comparando os preços de venda do mercado com o objetivo de tomar decisões, evidenciando assim que a Contabilidade de Custos contribuiu para a criação da CG (MIRANDA, 2003).

No final do século XIX, Andrew Carnegie desenvolveu sistemas de Contabilidade de Custos para melhor desempenho de sua siderúrgica. Posteriormente, no início do século XX, a DuPont e General Motors foram além do uso da Contabilidade de Custos e passaram a utilizar o planejamento e controle nas decisões. Desse modo, as Organizações foram buscando formas de melhorar seu desempenho para conseguir uma maior competitividade no mercado, contudo o processo de evolução da CG foi lento, e veio acelerar por volta de 1970, quando as indústrias japonesas começaram a alavancar no mercado para ultrapassar os norte-americanos e os europeus. Assim, evidencia-se que a CG é utilizada quando o empreendimento reconhece que necessita de desempenho constante para melhor desenvolver-se, buscando novas estratégias e artefatos para alcançar seus objetivos (ATKINSON et al., 2015).

Em 1970, os estudiosos acreditavam que já sabiam tudo sobre CG, faltando apenas repassar para os profissionais as práticas já conhecidas para que começassem a utilizá-la dentro das Organizações. Todavia, em 1980 em uma Conferência no Reino Unido, os

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trabalhos expostos levaram os conferencistas à percepção de que a teoria ainda estava muito distante da prática. Os trabalhos acadêmicos continuavam evoluindo, enquanto a prática se expandia lentamente dentro das Organizações (SCAPENS, 2006).

Em 1987, Johnson e Kaplan lançaram uma obra intitulada “Relevance lost: the rise and fall of management accounting”, que ampliou as discussões do que era a CG e como ela estava evoluindo. Os autores da obra supracitada afirmavam que a prática da CG não evoluía juntamente com o avanço das Organizações. A maioria das informações era repassada para usuários externos, logo o desenvolvimento dessa área permaneceu lento (WANDERLEY CULLEN, 2013).

Em março de 1998, a evolução da Contabilidade Gerencial foi dividida em quatro estágios, os quais estão explícitos em um pronunciamento emitido pelo IFAC. O quinto estágio é abordado apenas por Padoveze (2010), afirmando que a Contabilidade Gerencial neste estágio se torna estratégica.

O primeiro estágio é observado antes de 1950 e a CG era considerada apenas como uma técnica. Conforme Ribeiro et al. (2014), esse estágio é pouco desenvolvido, pelo fato de a tecnologia estar em desenvolvimento. Grande e Beuren (2011) acrescentam que este estágio era simples, devido ao fato de a mão-de-obra ser mais usada que a tecnologia, assim havia uma preocupação maior com os custos, pois as técnicas eram essencialmente manufaturadas.

No segundo estágio, por volta de 1965, a CG passou a ser considerada como uma técnica gerencial. Grande e Beuren (2011) afirmam que naquela época os problemas ou fatos que levavam às perdas para a organização eram observados após sua ocorrência, e como solução, surgiu o planejamento e controle para evitar tais problemas futuros.

Por outro lado, no terceiro estágio (cerca de 20 anos mais tarde) e no quarto estágio (final do século XX), a CG começou a participar do processo de gestão. Vale ressaltar que Soutes (2006) e o IFAC (1998) consideram o quarto estágio como o último. Contudo, Padoveze (2010) acrescenta o quinto estágio, colocando-o como o estágio atual desde o ano 2000, no qual tem como foco a CG Estratégica.

De acordo com Teixeira et al. (2011), o primeiro e o segundo estágios possuem artefatos considerados tradicionais; o terceiro e o quarto possuem artefatos considerados modernos; e proporcionalmente, o quinto estágio também. No século XXI, a CG juntamente com seus artefatos, apresenta-se com o objetivo de auxiliar a gestão para garantir capacidade competitiva no mercado atual. O uso da CG, nesse momento, é adaptado para a realidade de cada empresa, o que leva a uma evolução ainda maior (MARTIN, 2002).

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Nota-se que cada estágio é caracterizado pela adoção de uma série de novas práticas de CG, além da reformulação e adaptação das antigas práticas para adequar-se à nova abordagem em um novo conjunto de condições no ambiente de negócios (BOGDĂNOIU; MIREA, 2013).

Na percepção de Luz (2015), os diversos artefatos contábeis facilitam o processo gerencial, levando em consideração que os artefatos a serem utilizados dependerão do perfil da organização e das suas metas, pois a Contabilidade Gerencial tem como propósito a prospecção futura. O Quadro 2 apresenta os artefatos da Contabilidade Gerencial em seus estágios evolutivos.

Quadro 2 – Artefatos da Contabilidade Gerencial

CLASSIFICAÇÃO ESTÁGIO ARTEFATOS

ARTEFATOS TRADICIONAIS

Estágio 1 Custeio por absorção; custeio variável; custeio padrão; retorno sobre investimento; controle financeiro e operacional. Estágio 2

Preço de transferência; moeda constante; valor presente; orçamento; descentralização; custeio RKW; centro de responsabilidade.

ARTEFATOS MODERNOS

Estágio 3

Custeio baseado em atividades; custeio meta; benchmarking;

kaizen; just in time; teoria das restrições; planejamento

estratégico; gestão baseada em atividades.

Estágio 4 Economic value added; simulação; GECON; balanced

scorecard; gestão baseada em valor; market value added.

Estágio 5

Custeio dos atributos; custeio do ciclo de vida; custeio da qualidade; custeio meta; custeio da cadeia de valor; medição integrada do desempenho; custeio estratégico; precificação estratégica; avaliação e monitoramento da marca; avaliação dos custos dos concorrentes; monitoramento da posição competitiva; avaliação do desempenho do concorrente; avaliação do cliente como ativo; análise da rentabilidade do cliente; análise da rentabilidade do cliente durante a vida.

Fonte: Soutes (2006); Padoveze (2010); Teixeira et al. (2011); Andrade et al. (2013).

Destaca-se que os artefatos de cada estágio foram desenvolvidos conforme as necessidades dos gestores frente às exigências do mercado, de tal forma que um artefato pode estar presente em mais de um estágio, embora seja classificado apenas no seu estágio de origem (COLARES; FERREIRA, 2013). Além disso, cabe ainda salientar que, os artefatos devem ser interligados, tanto os considerados tradicionais quanto os modernos, pois os dois tipos são complementares, assim será possível inovar e ajustá-los de acordo com o ambiente organizacional (FREZATTI et al., 2009).

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1.2 PESQUISAS ANTECEDENTES SOBRE ARTEFATOS DA CONTABILIDADE GERENCIAL

Autores como Sulaiman, Ahmad e Alwi (2004), Soutes (2006), Colares e Ferreira (2013), Reis e Teixeira (2013), Macohon e Beuren (2016) buscaram investigar artefatos, técnicas ou ferramentas da CG sob diferentes contextos organizacionais e geográficos, cujas evidências empíricas contribuíram para a construção desta pesquisa. Com o intuito de apresentar pesquisas já realizadas com estas abordagens, alguns trabalhos foram relacionados.

O estudo de Sulaiman, Ahmad e Alwi (2004) analisou de forma comparativa as práticas da CG em quatro países asiáticos (Singapura, Malásia, China e Índia) investigando a importância da variável “cultura nacional” para explicar as práticas de CG nesses países. Os resultados demonstraram que nos quatro países as práticas mais utilizadas são as tradicionais, com destaque para a Índia, onde os gestores são mais conservadores e acreditam que a implantação das práticas modernas é mais cara. Em Singapura, observou-se falta de conhecimento das técnicas modernas, pouca experiência e falta de apoio da gestão.

A pesquisa de Soutes (2006) investigou a utilização de artefatos tradicionais e modernos da CG em 90 empresas brasileiras. Das quais, 29 foram indicadas ao Prêmio ANEFAC-FIPECAFI-SERASA e 61 da lista de 500 Melhores e Maiores da Revista Exame de julho de 2005. O autor constatou que 74,57% das empresas utilizam artefatos modernos e que o porte da empresa não influencia estatisticamente no uso dos artefatos tradicionais ou modernos, concluindo-se que empresas que utilizam os artefatos modernos possuem desempenho maior.

O objetivo da pesquisa de Colares e Ferreira (2013) foi verificar a aplicação de artefatos gerenciais tradicionais e modernos em 28 empresas mineiras prestadoras de serviço, tendo como parâmetro de análise, o setor e o porte. Os resultados apontaram que a maioria das empresas, independente do porte, utilizam mais artefatos tradicionais. Concluiu-se também que empresas que utilizam artefatos modernos são aquelas que estão a mais de 20 anos no mercado. Porém, a significância da diferenciação por meio do porte e tempo de mercado ainda é considerada insignificante.

Reis e Teixeira (2013) verificaram a utilização dos artefatos da CG em 69 cooperativas agropecuárias, analisando sua relação com o porte e o desempenho financeiro. Ao analisar essa amostra, constatou-se que em 49 cooperativas há a predominância dos artefatos tradicionais, e não houve diferença estatisticamente significativa em relação ao porte e ao desempenho da cooperativa.

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O estudo de Macohon e Beuren (2016) investigou os estágios evolutivos da CG que preponderam em indústrias do polo moveleiro. Tiveram como amostra não probabilística 15 indústrias associadas ao Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário de São Bento do Sul. Constatou-se que 58% dos artefatos do primeiro estágio são utilizados ou estão em fase de implantação. No segundo estágio ocorre o uso de 53% dos artefatos e no terceiro e quarto (40% e 21%) respectivamente.

As ideias apresentadas na revisão de literatura e os estudos supracitados possibilitaram o levantamento das seguintes hipóteses: H1: As Organizações utilizam mais artefatos tradicionais do que modernos; H2: As Organizações com mais de 20 anos no mercado utilizam mais artefatos modernos; H3: As Organizações de médio e grande porte utilizam mais artefatos modernos; e H4: A utilização dos artefatos da CG resulta em crescimento empresarial. Estas hipóteses serão afirmadas ou refutadas na análise dos dados.

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A presente pesquisa está classificada quanto aos objetivos como descritiva; quanto aos procedimentos, como pesquisa bibliográfica e de levantamento (survey); e quantitativa, quanto à forma de análise (BEUREN, 2014; GIL, 2016).

O universo do estudo abrange 200 Organizações Privadas listadas no ranking de Crescimento Empresarial de ICMS no ano de 2015, no Estado do Piauí. A partir da delimitação do estudo, foi considerada uma população ajustada de 117 empresas estabelecidas no município de Teresina/PI. Deste total, foram excluídas 54 empresas cujo contato não foi efetivado, restando 63 empresas para as quais foram enviados e-mails e realizadas chamadas telefônicas com o intuito de apresentar os objetivos do trabalho e confirmar a participação da empresa.

Entretanto, 31 empresas não retornaram o contato e outras 13 se recusaram a responder ao questionário. Desse modo, a amostra totalizou 19 empresas que responderam ao instrumento de pesquisa aplicado de forma presencial e por e-mail, nos meses de novembro e dezembro de 2016.

O instrumento de coleta de dados utilizado foi elaborado a partir da literatura e com base em outros questionários aplicados em investigações semelhantes (SOUTES, 2006, MARQUES, 2007, SOUZA; RIOS, 2011, REIS; TEIXEIRA, 2013), realizando-se as adaptações necessárias para o atendimento dos objetivos deste estudo.

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Dessa forma, o questionário foi composto por dez questões, sendo constituído por perguntas fechadas que continham questões de múltipla escolha, assim como questões que permitiam ao respondente marcar mais de uma opção de resposta. E teve sua estrutura dividida em três blocos de questões: (i) Perfil do setor de Contabilidade Gerencial; (ii) Utilização dos Artefatos Gerenciais (tradicionais e modernos); e (iii) Perfil das empresas pesquisadas.

No primeiro bloco de perguntas, pretendeu-se identificar algumas características do perfil desse setor, tais como, período de existência na estrutura organizacional da empresa, gênero, faixa etária e formação acadêmica da equipe de trabalho. A segunda seção do questionário teve por finalidade identificar os artefatos gerenciais (tradicionais e modernos) utilizados pelos gestores, a partir de uma lista com 40 artefatos. Por fim, no terceiro bloco de questões foram apresentadas as características das empresas conforme classificação de porte (faturamento/número de funcionários) e tempo de atuação no mercado.

A partir dos delineamentos metodológicos descritos acima e coleta dos dados, seguiu-se com o tratamento destes dados cuja análiseguiu-se foi realizada pelos métodos da estatística descritiva (percentagem e frequência), evidenciada por meio de tabelas elaboradas com o auxílio de planilhas do software Microsoft Office Excel 2007.

3 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA 3.1 PERFIL DAS ORGANIZAÇÕES

As características do perfil das empresas pesquisadas foram baseadas na classificação de porte (pelo critério da Receita Operacional Bruta) e tempo de atuação no mercado. A Tabela 1 apresenta o porte das empresas conforme classificação estabelecida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES.

Tabela 1 – Classificação das Empresas conforme o Porte

PORTE CLASSIFICAÇÃO BNDES

ROB* Frequência % Microempresa ≤ 2,4 02 10,53 Pequena Empresa ]2,4, 16] 05 26,32 Média Empresa ]16, 90] 06 31,58 Empresa Média-Grande ]90, 300[ 06 31,58 Grande Empresa ≥ 300 - - TOTAL 19 100,00

* Receita Operacional Bruta em Milhões de Reais (R$) em 2015

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De acordo com os dados da Tabela 1, duas empresas são classificadas como Microempresa; cinco como Pequena Empresa; seis como Média Empresa; seis como Empresa Média-Grande e nenhuma em Grande Empresa. Portanto, verifica-se um equilíbrio na amostra entre as empresas de pequeno, médio e médio-grande porte.

Tabela 2 – Tempo de atuação no mercado

TEMPO DE ATUAÇÃO Frequência %

Menos de 10 anos - -

10 a 20 anos 06 31,58

Mais de 20 anos 13 68,42

TOTAL 19 100,00

Fonte: Dados da pesquisa.

Em relação ao tempo de atuação, a maioria das empresas pesquisadas (68,42%) atua no mercado há mais de 20 anos. Em seguida, tem-se que (31,58%) está em atividade no intervalo de 10 a 20 anos. Além disso, percebeu-se nenhuma empresa com menos de 10 anos de atuação.

3.2 PERFIL DO DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE GERENCIAL

As características de perfil do departamento de CG dentro das empresas pesquisadas foram definidas a partir da existência da CG na Organização, do tempo em que ela está presente na estrutura organizacional, bem como do perfil dos profissionais responsáveis pela CG e sua equipe.

Tabela 3 – Contabilidade Gerencial nas Organizações

CONTABILIDADE GERENCIAL NA ORGANIZAÇÃO %

EXISTÊNCIA DA CONTABILIDADE

GERENCIAL

Contabilidade Gerencial interna com um profissional responsável e uma equipe 06 31,58 Contabilidade Gerencial interna com somente um profissional responsável 05 26,32 Contabilidade Gerencial externa, através de assessoria 04 21,05 Não há Contabilidade Gerencial 04 21,05

TOTAL 19 100,00 TEMPO DE UTILIZAÇÃO DA CONTABILIDADE GERENCIAL Menos de 2 anos 03 20,00 2 a 5 anos 01 6,67 Mais de 5 anos 11 73,33 TOTAL 15 100,00 EQUIPE RESPONSÁVEL PELA CONTABILIDADE GERENCIAL Até 3 pessoas 06 54,55 4 a 6 pessoas 04 36,36 Acima de 6 pessoas 01 9,09 TOTAL 11 100,00

Fonte: Dados da pesquisa.

Observa-se na Tabela 3 que 15 empresas utilizam CG. Destas, 11 Organizações possuem CG interna e quatro possuem a CG externa, sendo essa exercida através de

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assessoria por profissionais não ligados ao quadro de funcionários da empresa. Das 19 empresas pesquisadas, quatro afirmaram não utilizar CG. De forma que segundo Padoveze (2010) só há CG se houver ação, ou seja, a utilização da CG é voluntária e parte da iniciativa dos gestores da organização, que devem conhecer bem os artefatos que compõem esta área e seus benefícios para a tomada de decisão.

Quanto ao tempo de utilização da CG, foram excluídas as quatro organizações que não a utilizam. Assim, constatou-se que a maioria das empresas utiliza CG a mais de cinco anos, totalizando 11 empresas. Notou-se também que, apenas uma empresa utiliza de 2 a 5 anos e três utilizam a menos de 2 anos. Segundo o IFAC (1998), Scapens (2006) e Marassi, Reif e Reis (2015) a geração de gastos para a empresa e a preocupação com o ambiente interno e externo é o motivo pela qual as organizações paulatinamente implantam a CG.

No tocante à equipe responsável, foram excluídas quatro empresas, pois estas utilizam a CG por meio de assessoria externa. Na Tabela 3, observa-se que a maioria das Organizações que possuem a CG interna tem até 3 pessoas na equipe, seguido de quatro organizações com 4 a 6 pessoas e uma empresa com equipe acima de 6 pessoas.

A Tabela 4 demonstra o perfil do profissional responsável pela CG interna, considerando o gênero, a faixa etária e a formação acadêmica.

Tabela 4 – Perfil do responsável pela CG interna

VARIÁVEIS CATEGORIAS Frequência %

Gênero Masculino 06 54,55 Feminino 05 45,45 TOTAL 11 100,00 Faixa Etária De 21 a 35 anos 04 36,36 De 36 a 45 anos 03 27,27 De 46 a 65 anos 04 36,36 Acima de 65 anos - - TOTAL 11 100,00 Formação Acadêmica

Ensino Superior Incompleto 02 18,18 Ensino Superior Completo 09 81,82

Pós-graduado - -

TOTAL 11 100,00

Fonte: Dados da pesquisa.

Os dados apresentados na Tabela 4 evidenciam que houve um equilíbrio quanto a variável gênero, (54,55%) masculino e (45,45%) feminino. Em relação à faixa etária, quatro responsáveis têm entre 21 e 35 anos, três possuem entre 36 e 45 anos, quatro possuem entre 45 e 65 anos, e constatou-se a ausência de responsáveis acima de 65 anos. Quanto à formação acadêmica, nove possuem Ensino Superior Completo, seguidos de dois com Ensino Superior

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De acordo com Miranda, Riccio e Miranda (2013), a falta de profissionais pós-graduados deve-se ao fato de que no Brasil há dificuldade em estabelecer no organograma da organização a função de Contador Gerencial, uma vez que não há certificação oficial que corresponda a essa função, como ocorre em outros países. Mário et al. (2013) afirma também que a falta de um profissional designado e a escassez de recursos contribuem para a carência de profissionais responsáveis que possuam uma certificação de pós-graduação.

3.3 UTILIZAÇÃO DOS ARTEFATOS DA CONTABILIDADE GERENCIAL

A utilização dos artefatos da CG foi verificada na segunda seção do questionário de pesquisa, onde constava uma lista com 40 artefatos dos estágios evolutivos da CG para que os respondentes indicassem quais eram utilizadas na empresa.

Do total de 19 empresas que compõem a amostra, 15 afirmaram utilizar a CG. Essa informação encontra-se mais bem detalhada na Tabela 5.

Tabela 5 – Utilização dos artefatos da CG nas Organizações

UTILIZAÇÃO DOS ARTEFATOS DA CG UTILIZAÇÃO DOS ARTEFATOS

Frequência % 1. CLASSIFICAÇÃO Tradicionais 1º estágio 15 100,00 2º estágio 15 100,00 Modernos 3º estágio 09 60,00 4º estágio 05 33,33 5º estágio 08 53,33 2. TEMPO DE ATUAÇÃO Menos de 10 anos Artefatos Tradicionais - - Artefatos Modernos - -

10 a 20 anos Artefatos Tradicionais 04 26,67

Artefatos Modernos 03 20,00 Mais de 20 anos Artefatos Tradicionais 11 73,33 Artefatos Modernos 06 40,00 3. PORTE DA ORGANIZAÇÃO Microempres a Artefatos Tradicionais Artefatos Modernos 02 02 13,33 13,33 Pequena Empresa Artefatos Tradicionais Artefatos Modernos 03 03 20,00 20,00 Média Empresa Artefatos Tradicionais Artefatos Modernos 04 03 26,67 20,00 Empresa Média Grande Artefatos Tradicionais Artefatos Modernos 06 01 40,00 6,67 Grande Empresa Artefatos Tradicionais - - Artefatos Modernos - -

Fonte: Dados da pesquisa.

A Tabela 5 evidencia a utilização dos artefatos da CG conforme sua classificação, o tempo de atuação da empresa no mercado e o porte. A classificação do estágio evolutivo, em conformidade com o referencial teórico está dividida do primeiro ao quinto estágio.

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Quanto à classificação dos artefatos de acordo com o estágio evolutivo, constatou-se que todas as empresas utilizam artefatos do primeiro e segundo estágios; nove empresas utilizam artefatos do terceiro estágio; cinco utilizam artefatos do quarto estágio; e oito utilizam artefatos do quinto estágio. Portanto, a Hipótese 1: As Organizações utilizam mais artefatos tradicionais do que modernos pode ser afirmada, corroborando as pesquisas de Sulaiman, Ahmad e Alwi (2004), Colares e Ferreira (2013), Reis e Teixeira (2013) e Macohon e Beuren (2016). Cabe destacar que Teixeira et al. (2011) afirmam que não há um padrão de artefatos a serem utilizados, tudo dependerá do meio em que a organização está inserida, mas certo é que os artefatos têm grande valia na ascensão organizacional.

No tocante à atuação no mercado, foi levado em consideração o tempo para distinguir a utilização dos artefatos tanto tradicionais quanto modernos. Na Tabela 5, observou-se que não houve organizações com menos de 10 anos no mercado; quatro organizações, que atuam de 10 a 20 anos no mercado, utilizam artefatos tradicionais e três utilizam artefatos modernos; Entre as organizações com mais de 20 anos de atuação, 11 utilizam artefatos tradicionais e apenas seis utilizam artefatos modernos. Logo, a Hipótese 2: As Organizações com mais de 20 anos no mercado utilizam mais artefatos modernos é refutada, pois as organizações com mais de 20 anos no mercado estão utilizando mais artefatos tradicionais do que modernos. Colares e Ferreira (2013) evidenciaram que as organizações com mais de 20 anos utilizam mais artefatos modernos, apresentando achados opostos a presente pesquisa.

Quanto ao porte, na Tabela 5 foi utilizada a classificação do BNDES (2015) que utiliza a Receita Operacional Bruta em milhões de reais (R$). Constatou-se que duas organizações consideradas Microempresas utilizam artefatos tradicionais e duas utilizam artefatos modernos; três Pequenas Empresas utilizam artefatos tradicionais e três utilizam artefatos modernos; quatro organizações consideradas Média Empresas utilizam artefatos tradicionais e três utilizam artefatos modernos; seis Empresas Médias Grandes utilizam artefatos tradicionais e uma utiliza artefatos modernos; e não houve nenhuma organização classificada em Grande Empresa. A partir destes achados, pode-se refutar a Hipótese 3: As Organizações de médio e grande porte utilizam mais artefatos modernos. Pois ficou evidenciado que as Organizações de Médio e Médio Grande porte utilizam mais artefatos tradicionais do que modernos.

Soutes (2006) afirma que o porte da empresa não influencia na utilização dos artefatos, demonstrando que não há influência significativa quanto ao porte organizacional; Colares e Ferreira (2013) e Reis e Teixeira (2013) também afirmam que não há influência significativa,

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porém há evidência que, independente do porte, as organizações utilizam mais artefatos tradicionais.

A Tabela 6 apresenta a utilização da CG conforme o crescimento empresarial, levando em consideração a posição do respondente no ranking das 200 mais em Crescimento Empresarial de ICMS em 2015 no Piauí. Este resultado busca confirmar a hipótese 4: A utilização dos artefatos da CG resulta em crescimento empresarial.

Tabela 6 – Utilização dos artefatos da CG conforme o crescimento empresarial

RANKING CRESCIMENTO

EMPRESARIAL ORG.

TRADICIONAIS MODERNOS TOTAL

F % F % % 1ª a 50ª Grande Crescimento Empresa 1 04 33,33 - - 04 10,00 Empresa 2 07 58,33 25 89,28 32 80,00 Empresa 3 09 75,00 15 53,57 24 60,00 Empresa 4 03 25,00 03 10,71 06 15,00 Empresa 5 04 33,33 - - 04 10,00 Empresa 6 03 25,00 - - 03 7,50 Empresa 7 03 25,00 - - 03 7,50 Empresa 8 02 16,66 - - 02 5,00 Empresa 9 06 50,00 08 28,57 14 35,00 51ª a 100ª Grande-Médio Crescimento Empresa 10 09 75,00 19 67,86 28 70,00 Empresa 11 03 25,00 - - 03 7,50 Empresa 12 04 33,33 08 28,57 12 30,00 Empresa 13 04 33,33 02 7,14 06 15,00 Empresa 14 03 25,00 03 10,71 06 15,00 101ª a 150ª Médio-Pequeno Crescimento Empresa 15 07 58,33 11 39,28 18 45,00 151ª a 200ª Pequeno Crescimento - - - - TOTAL - 12 100,00 28 100,00 40 100,00

Fonte: Dados da pesquisa.

A partir da colocação dos respondentes no ranking das 200 mais em Crescimento Empresarial de ICMS em 2015 no Piauí, é possível verificar na Tabela 6 que as Organizações que mais utilizam artefatos da CG são as Empresas 2, 10 e 3, totalizando respectivamente 32, 28 e 24 artefatos tradicionais e modernos. As Organizações que mais utilizam artefatos da CG estão entre a 1ª e a 50ª colocação, confirmando a hipótese 4. Soutes (2006), afirma que as Organizações que utilizam mais artefatos modernos possuem desempenho maior.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa analisou a utilização de artefatos da Contabilidade Gerencial por empresas integrantes do ranking de Crescimento Empresarial de ICMS no ano de 2015 localizadas na cidade de Teresina/PI.

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Ao realizar a pesquisa de campo em 19 empresas, constatou-se que quatro não utilizam a CG e que dentre as 15 empresas que utilizam artefatos da CG, todas elas utilizam artefatos tradicionais. As empresas que possuem mais de 20 anos utilizam mais artefatos tradicionais que as empresas com atuação de 10 a 20 anos no mercado. Observou-se também que as empresas classificadas em Médio-Grande porte utilizam mais artefatos tradicionais que as outras empresas e que as empresas que estão nas primeiras colocações do ranking de Crescimento Empresarial de ICMS utilizam mais artefatos. Dessa forma, ao analisar os dados desta pesquisa, constatou-se que as hipóteses 1, 3 e 4 foram confirmadas e a hipótese 2 foi refutada.

Destaca-se que a Contabilidade Gerencial é um importante instrumento para auxílio na tomada de decisão por meio da utilização dos diversos artefatos tradicionais e modernos, classificados de acordo com seus estágios evolutivos. Porém, sua implantação nas organizações depende da ação dos gestores que passaram a perceber nas exigências dos diversos stakeholders, tomadas de decisões eficazes e precisas. Dessa forma, mesmo sendo uma parte do processo de gestão, esta ferramenta pode ser um grande diferencial nos resultados da organização quando colocada em prática.

Tratando-se do diferencial desta pesquisa, o quinto estágio evolutivo da Contabilidade Gerencial defendido por Padoveze (2010) apresenta artefatos modernos que se adequam a realidade do mercado atual, mas que na amostra deste estudo não são totalmente utilizados por estas organizações. Possivelmente uma explicação para tal resultado nesta amostra seja a realidade local, como as características destas empresas ou o perfil dos gestores.

Dentre as limitações encontradas nesse trabalho, destaca-se o tamanho reduzido da amostra na qual impossibilita a generalização dos resultados. Para investigações futuras, recomenda-se expandir o estudo a um número maior de empresas, considerando o quinto estágio evolutivo da CG em setores específicos do mercado, no intuito de constatar diferenças significativas por meio da utilização de testes estatísticos.

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