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EDUCAÇÃO INTEGRAL, CURRÍCULO E FORMAÇÃO CONTINUADA 1

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Academic year: 2021

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XI Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq Centro Universitário Ritter dos Reis

XI Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq – 19 a 23 de outubro de 2015

EDUCAÇÃO INTEGRAL, CURRÍCULO E FORMAÇÃO CONTINUADA1

Maria Beatriz Pauperio Titton2

Andrea Cristiane Maraschin Bruscato3 1. Introdução

No debate sobre Educação Integral no cenário brasileiro, está colocada a proposta de uma escola mais plena, com conteúdos que integram o legado histórico da humanidade associado às inovações tecnológicas, aos saberes que possibilitam valorizar a igualdade como direito, às experiências de conviver e de aprender com a diversidade, de participar e de intervir na sociedade, às diferentes linguagens, ao esporte, às artes, em uma nova relação entre a escola, a comunidade e a cidade, com distintos saberes e espaços e agentes educativos. Mais do que a extensão da jornada escolar, é urgente a construção de um novo currículo, inovador na medida em que considera a integralidade do sujeito da educação e sua formação por meio de experiências na escola e fora dela.

O presente trabalho apresenta um conjunto de reflexões tecidas a partir de pesquisa acerca da ampliação da jornada escolar como inovação curricular, na perspectiva de um novo paradigma de Educação Integral, que vem sendo desenvolvida junto a escolas e redes de Educação Básica. Através de um recorte da diversidade de informações e respectivas análises que subsidiam tal estudo, contempla-se a análise da relação entre pressupostos e situações do cotidiano de escolas na operacionalização de um projeto de educação integral e processos inovadores de aprendizagem e de gestão da aprendizagem, destacando a importância da formação de educadores para a assunção de uma nova concepção de educação.

2. Metodologia

Considerando-se a importância de estudos que envolvam realidades distintas, que oportunizem identificar e analisar elementos passíveis de comparação e mesmo de complementaridade e maior abertura das lentes de análise, a pesquisa que vem subsidiando reflexões acerca de movimentos de implantação e implementação de projeto

1 Texto elaborado a partir da pesquisa docente “Educação Integral: ampliação da jornada escolar como inovação curricular”, em desenvolvimento no UniRitter, financiamento PROBIC/FAPERGS/UNIRITTER e PIBIC/CNPq/UNIRITTER.

2 Doutora em Educação, UniRitter/Unisinos titton@uniritter.edu.br 3 Mestre em Educação/UFRGS, UniRitter bruscato@uniritter.edu.br

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de Educação Integral caracteriza-se como um estudo de caso comparativo, que, por envolver seres humanos, foi submetido ao Comitê de Ética em Educação. Observação participante, entrevista semi estruturada, questionário e análise documental são utilizadas no trabalho de campo, através de Termo de Consentimento Livre e Informado de todos os participantes ou seus responsáveis, quando menores de idade.

3. Resultados e Discussão

Pensar em formação integral pressupõe assumir a indissociabilidade entre cuidar e educar, no sentido de acolher, garantir segurança, alimentar a curiosidade, a ludicidade e a expressividade, educar cuidando e cuidar educando, enfim, cuidar para que o educando aprenda. Esse pressuposto, contido nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica (2010), é fundamental para a compreensão da ampliação da jornada escolar na perspectiva da Educação Integral, de modo a garantir sua importância pelo que representa de ampliação de oportunidades educativas e de situações de aprendizagens efetivas e não pelo caráter assistencialista que o senso comum tenta lhe atribuir.

A operacionalização de projetos de Educação Integral implica em práticas que exigem uma efetiva integração de objetivos, de ações e de recursos, promovendo a superação do caráter acessório ou alternativo que têm caracterizado, até então, as experiências educativas desenvolvidas fora do turno regular ou do espaço da escola.

Um desafio significativo para educadores e gestores é compreender e vivenciar a centralidade da escola nesse projeto, sem que, com isso, ela enquadre todas as diferentes experiências na sua formalidade institucional. Distintos saberes precisam conviver sem perder as características que lhes tornam peculiares e, ao mesmo tempo, permitir interfaces entre si. É no conjunto, e não individualmente, que essas experiências e esses saberes fazem a diferença e vêm ao encontro da formação integral do sujeito.

Enfim, o paradigma contemporâneo de educação integral que se percebe já em movimento, ao ampliar a jornada escolar, também implica ressignificar a experiência de aprendizagem de modo o mais abrangente possível. A construção de uma escola mais integral exige a articulação entre os tempos e os espaços, entre os diferentes saberes e entre os educadores, entre as culturas do conhecimento formal e do informal, do turno e do contraturno. Ou seja, a superação desses binômios que ainda sustentam de forma polarizada as ideias e as práticas cotidianas de escolarização é a possibilidade real de inovação e de renovação curricular, com as quais todos sairão ganhando.

Os dados coletados e analisados apontam para a existência de reflexos de um projeto de educação integral com ampliação da jornada escolar, quando em operacionalização, no cotidiano das escolas, tanto no que diz respeito às novas atribuições

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e às competências necessárias no âmbito da gestão escolar e da docência, como aos estranhamentos e às negociações entre os diferentes educadores e respectivos saberes.

Ao mesmo tempo, é possível perceber alguns deslocamentos sobre eixos centrais da organização da escola, tais como o planejamento, o currículo, a formação continuada, a avaliação, a relação com a comunidade e as relações de poder entre saberes e educadores. Tudo isso traz como demanda a tão almejada transformação do currículo escolar, a partir de novas relações entre o ensinar e o aprender e formas complementares e convergentes de convivência e participação.

Como afirma Arroyo (2011), um novo currículo precisa ser pensado no seu conjunto, superando a justaposição de atividades e de turnos escolares. O autor alerta para o fato de ser o currículo um território de disputa, porquanto se configura como “[...] o núcleo e o espaço central mais estruturante da função da escola. Por causa disso, é o território mais cercado, mais normatizado. Mas também o mais politizado, inovado, ressignificado.” (ARROYO, 2011, p. 13).

Portanto, construir um projeto novo implica assumir a educação como compromisso social, o que vai exigir uma cultura de cooperação, atitude de diálogo e trabalho coletivo, integrando as diversas iniciativas educativas sob uma adequada concepção de autonomia e parceria.

Para que a inovação não se constitua como mais uma expressão agregada ao que apenas se recicla, segundo autores como Barbieri, Álvares e Cajazeira (2009, p. 10), pode ser assumida pela equação que envolve a soma de três elementos: ideia, implementação e resultado. Isso significa que “[...] ela está condicionada à presença dos três termos: na falta de um deles, não há inovação”.

A partir de observações e entrevistas com a diversidade de educadores que atuam em projetos de Educação Integral com ampliação da jornada escolar - gestores, professores, oficineiros, voluntários e/ou estagiários e pais – e alunos, constata-se situações da rotina das escolas e das redes de ensino que remetem à necessidade de qualificação dos espaços e oportunidades de formação também para esses educadores, especialmente para os professores.

Tal demanda surge da incompletude ou equívocos relacionados à concepção de educação integral, revelados na resistência à adesão aos projetos ou à fragilidade na articulação entre educadores, saberes, espaços e tempos.

É preciso pensar nos alunos em sua totalidade, pois seu desenvolvimento é único e não dividido em partes, mas será mais pleno quanto mais estimulado por experiências e aprendizagens com significado. Não adianta colocá-los o dia todo na escola, se não houver consenso nos objetivos e finalidades, convergência de ações, sinergia nas relações. Mais tempo na escola e com a escola não pode representar “mais da mesma coisa”, mas outras possibilidades de formação e autoformação, também para os educadores. Como disse Arroyo (2012, p.43), “[...] é preciso reorganizar os tempos-espaços do viver a infância-

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adolescência, tornando-os mais próximos de um digno e justo viver, ao menos na totalidade dos tempos-espaços escolares”.

É preciso superar o caráter acessório ou alternativo que quaisquer atividades educativas desenvolvidas fora do turno regular ou fora da escola têm merecido, assim como as de caráter estritamente escolar, desenvolvidas pela própria escola, no turno oposto ou no contraturno, que vêm produzindo o que se tem denominado hiperescolarização, uma mera extensão de atividades estritamente escolares, já que se apresentam apenas como uma extensão dessas atividades que ainda não alcançaram os objetivos previstos, no que diz respeito principalmente a aprendizagens nas áreas da língua materna e da matemática.

A possibilidade de articular o que se faz na escola no turno regular, em que ocorrem as aulas, com o que se faz no contraturno, exige a elaboração de um projeto político pedagógico aberto à participação e à gestão compartilhada de ações convergentes à formação integral de crianças e jovens. Do contrário, se pode estar apenas capturando o tempo livre das crianças e dos jovens, com a pretensão de que na escola ficarão sob melhores cuidados ou de que aprenderão mais permanecendo por mais tempo na escola, ou seja, oferecendo-lhes mais das mesmas coisas. Já se tem experiências suficientes no campo da escolarização para se saber que esse não é um bom caminho a seguir, visto os resultados que apontam para a qualidade da educação, especialmente pública, no Brasil.

A escola tem de ser o lugar onde os professores aprendem com os alunos, que forma alunos pensantes, criativos e curiosos; que provoca e incentiva os professores a serem cada vez mais inovadores, críticos e pesquisadores do seu próprio conhecimento. Como disse Arroyo (2000), a escola precisa de um tempo mais humano, humanizador, esperança de uma vida menos inumana.

4) Conclusões

Como afirma Arroyo (2011), um novo currículo precisa ser pensado no seu conjunto, superando a justaposição de atividades e de turnos escolares. O autor alerta para o fato de ser o currículo um território de disputa, porquanto se configura como “[...] o núcleo e o espaço central mais estruturante da função da escola. Por causa disso, é o território mais cercado, mais normatizado. Mas também o mais politizado, inovado, ressignificado.” (ARROYO, 2011, p. 13).

Portanto, construir um projeto novo implica assumir a educação como compromisso social, o que vai exigir uma cultura de cooperação, atitude de diálogo e trabalho coletivo, integrando as diversas iniciativas educativas sob uma adequada concepção de autonomia e parceria.

Para que a inovação não se constitua como mais uma expressão agregada ao que apenas se recicla, segundo autores como Barbieri, Álvares e Cajazeira (2009, p. 10), pode ser assumida pela equação que envolve a soma de três elementos: ideia, implementação e

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resultado. Isso significa que “[...] ela está condicionada à presença dos três termos: na falta de um deles, não há inovação”.

É preciso direcionar o olhar dos educadores para com os alunos, percebendo-os na sua integralidade humana, como sujeitos sociais, culturais, éticos e cognitivos. Aceitar que todos os alunos são iguais em capacidades para aprender e que as desigualdades que os separam são produzidas pelos contextos sociais e escolares, implica na escola assumir a obrigação de garantir a todos os alunos o direito de aprender, tendo como foco a superação desses contextos que os condicionam.

O direito à educação promulgado na Constituição Federal (1988) e presente em diferentes dispositivos legais e normativos deve ser assumido por meio de projetos educativos construídos coletivamente com vistas à formação integral de todos, oportunizado por meio de efetivas aprendizagens e em ambiente de descobertas e de alegria. É nesse contexto que experiências significativas de convivência, descobertas e reflexões dão sentido à escola.

Cabe colocar o caráter imprescindível da articulação de quaisquer propostas de educação integral a um projeto de cidadania, que, para ser de fato uma experiência viva, necessita estar ligada a um Projeto Político Pedagógico (PPP) de escola, construído democraticamente com a máxima participação da comunidade.

Tal projeto, sem esquecer a indissociabilidade entre a qualidade da educação e as condições do trabalho docente, a formação inicial e continuada de educadores, a infraestrutura escolar e o suporte didático-pedagógico e tecnológico, precisa garantir os direitos de aprendizagem apregoados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais e o Plano Nacional de Educação (2014-2024), enquanto saberes e conhecimentos, experiências e práticas, tanto os acumuladas pela humanidade, como os presentes na vida cotidiana. 5) Palavras-chave

Educação Integral; Currículo; Inovação; Formação continuada; Gestão Educacional. 7) Referências bibliográficas

ARROYO, Miguel G. O direito a tempos-espaços de um justo viver. In:MOLL, Jaqueline (Org.). Caminhos da educação integral no Brasil: direito a outros tempos e espaços educativos. Porto Alegre: Penso, 2012.

______. Currículo: território em disputa. Petrópolis: Vozes, 2011.

______. Ofício de Mestre: imagens e auto-imagens. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

BARBIERI, José Carlos; ÁLVARES, Antonio Carlos Teixeira; CAJAZEIRA, Jorge Emanuel Reis. Gestão de Ideias para a Inovação Contínua. São Paulo: Bookman, 2009.

BRASIL.Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Brasília: CNE/CEB, 2010.

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______. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996.

Referências

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