advindas da extensão universitária”
1 Acadêmica; UEPG; Odontologia; 16029543@uepg.br
2 Professora Supervisora; UEPG; Odontologia; sanson.mari@gmail.com
3 Professora Supervisora; UEPG; Odontologia; thaisreginakummer@hotmail.com 4 Professora Coordenadora; UEPG; Odontologia; stellakp@gmail.com
ÁREA TEMÁTICA: (marque uma das opções) ( ) COMUNICAÇÃO
( ) CULTURA
( ) DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA ( ) EDUCAÇÃO
( ) MEIO AMBIENTE ( X ) SAÚDE
( ) TECNOLOGIA E PRODUÇÃO ( ) TRABALHO
O PAPEL DO BANCO DE DENTES HUMANOS DA UEPG NO ENSINO E PESQUISA EM ODONTOLOGIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Bruna Patrícia Pires dos Santos (acadêmica; 16029543@uepg.br)1
Mariane Aparecida Sanson Wayar (professora supervisora; sanson.mari@gmail.com)2
Thais Regina Kummer (professora supervisora; thaisreginakummer@hotmail.com)3
Stella Kossatz (professora coordenadora; stellakp@gmail.com)4
Resumo: As instituições de ensino superior em Odontologia têm a necessidade da utilização de dentes humanos extraídos para o ensino, pesquisa e extensão. Neste contexto, o Banco de Dentes Humanos (BDH) desempenha um importante papel ético e legal porque visa coibir as transações ilegais e valorizar o elemento dental como órgão. O objetivo deste trabalho é relatar a experiência prática de funcionamento do BDH da Universidade Estadual de Ponta Grossa (BDH-UEPG) e apresentar uma avaliação quantitativa da demanda por elementos dentários para o ensino e pesquisa no período de 2017 a 2019 na instituição. Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, desenvolvido com base no histórico de pesquisas in vitro e atividades laboratoriais pré-clínicas realizadas através do BDH-UEPG. O BDH-UEPG possui regulamentações rígidas de procedimentos internos desde a coleta, limpeza, armazenamento, preparo e distribuição dos dentes humanos, minimizando as consequências legais e biológicas promovidas pelo uso indiscriminado de dentes humanos extraídos. Conclui-se que o BDH-UEPG controla a movimentação de milhares de elementos dentários extraídos dentro da instituição a cada ano, propondo a articulação do caminho ético, legal e da biossegurança, a fim de colaborar com a prática do ensino superior na construção de habilidades e condutas pertinentes ao cirurgião dentista.
Palavras-chave: Banco de Dentes Humanos. Odontologia. Ética.
NOME DO PROGRAMA OU PROJETO
Programa de Extensão: Banco de Dentes Humanos da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
advindas da extensão universitária”
Comunidade acadêmica do Curso de Odontologia da UEPG (acadêmicos de graduação, alunos de pós-graduação e professores), bem como cirurgiões dentistas do serviço público e privado do município de Ponta Grossa, população atendida nas clínicas odontológicas da UEPG e todas as pessoas da comunidade que queiram doar seus dentes extraídos ao Banco de Dentes Humanos da UEPG.
MUNICÍPIOS ATINGIDOS
Ponta Grossa.
LOCAL DE EXECUÇÃO
O BDH-UEPG apresenta uma estrutura física situada em uma sala própria dentro da Universidade Estadual de Ponta Grossa, situada na Avenida Carlos Cavalcanti, 4748. Bloco M, sala 11, campus de Uvaranas. CEP 84030-900. Município de Ponta Grossa - Paraná. Endereço Eletrônico (www2.uepg.br/dentes).
JUSTIFICATIVA
A ampla necessidade de dentes humanos na graduação dos cursos de Odontologia pode fazer com que os acadêmicos utilizem de práticas ilegais e não éticas para sua aquisição, estimulando o comércio de dentes e suas consequências legais e biológicas (BRASIL, 1997; COSTA E SILVA et al., 1999). Os Bancos de Dentes Humanos (BDHs) tornam-se obrigatórios (BRASIL, 2002) e extremamente essenciais dentro das Instituições de Ensino Superior em Odontologia (ofertados em território brasileiro, visando atender às “Leis de Transplantes Brasileira” juntamente ao Código Penal Brasileiro (BRASIL, 1997) e também às diretrizes e normas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1996). Os BDHs, permitem não só que pesquisadores, professores e acadêmicos possam executar suas atividades de maneira ética, legal e segura, como também facilitam as atividades através da seleção dos dentes
humanos extraídos específicos para sua
necessidade.
OBJETIVOS
Apresentar a organização do fluxo de trabalho do BDH-UEPG e o quantitativo da demanda por dentes humanos extraídos durante o período de 2017 a 2019 e o perfil de utilização dos dentes pela instituição.
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METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência desenvolvido por acadêmicos e professores integrantes do Programa de Extensão: Banco de Dentes Humanos da UEPG, apresentando a organização do processo de trabalho do BDH-UEPG. Para o levantamento dos dados quantitativos a respeito das demandas por dentes humanos extraídos, foram consultados os arquivos do BDH-UEPG no período de fevereiro de 2017 a dezembro de 2019.
RESULTADOS
O Banco de Dentes Humanos da Universidade Estadual de Ponta Grossa (BDH-UEPG) está vinculado ao Departamento de Odontologia da UEPG desde o ano de 2008, auxiliando, promovendo e facilitando o aprendizado na profissão odontológica, seja para fins científicos, como didáticos. A rotina de trabalho do BDH-UEPG é realizada por uma equipe composta por um servidor da UEPG, quatro acadêmicos da graduação e professores do departamento de odontologia. A participação dos alunos neste processo possibilita a aquisição de conhecimentos em anatomia dentária, habilidades de manejo úteis ao seu treinamento e o desenvolvimento de habilidades técnicas e motoras para o manuseio e limpeza dos dentes extraídos.
Uma das principais formas de captação de dentes humanos extraídos ocorre por meio das clínicas odontológicas da própria instituição mediante assinatura do Termo de Doação pelo paciente ou responsável. A doação de elementos dentários extraídos diretamente para o BDH-UEPG também é expressiva, sendo os dentes transportados em frascos com água, e a entrega dos dentes é realizada mediante o preenchimento de ficha cadastral e do Termo de Doação de dentes assinado pelo cirurgião dentista responsável ou Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado pelo paciente doador.
Após a arrecadação, os dentes são limpos em água corrente com auxílio de escovas, ultrassom e curetas periodontais removendo-se restos de tecido, a fim de diminuir o risco de exposição biológica a microrganismos (COSTA E SILVA et al., 1999), semelhante a outros BDHs já estruturados (NASSIF et al., 2003). Na sequência, os dentes são categorizados de acordo com a sua característica (Figura 1). Após a separação, os dentes são armazenados em frascos de vidro ou plástico com tampa, contendo água não filtrada e mantidos sob refrigeração em geladeira. A água dos frascos é trocada semanalmente.
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Figura 1- Categorização de dentes humanos extraídos e armazenamento sob refrigeração
Fonte: Acervo do Banco de Dentes Humanos da UEPG.
Anualmente o planejamento da demanda de dentes para o treinamento laboratorial pré-clínico é realizado através do levantamento do número de disciplinas que necessitam o uso de dentes (conforme solicitação dos professores), bem como o número e características dos dentes desejados, multiplicando-se este valor pelo número de acadêmicos. Para a previsão do número de dentes destinados à pesquisa científica, são verificados os projetos de pesquisa protocolados que solicitam a utilização de dentes até o momento.
A demanda por elementos dentários do BDH-UEPG no intervalo 2017-2019 (Tabela 1) diminuiu ao longo dos anos em decorrência da necessidade de racionalização do uso dos dentes, devido à dificuldade de coleta de elementos dentários. Esta racionalização foi possível através da redução da quantidade de dentes solicitados pelas disciplinas e pelo reaproveitamento dos elementos dentários entre as diferentes atividades pré-clínicas.
Tabela 1 – Dentes humanos extraídos fornecidos pelo BDH-UEPG para as atividades de ensino e pesquisa.
Ano Ensino Pesquisa Total
2017 7740 1222 8962
2018 6153 974 7127
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Fonte: Dados obtidos pelos relatórios do BDH-UEPG em dezembro de 2019.
A prática do uso de dentes humanos ainda é imprescindível para a visualização e conhecimento de anatomia dentária, contato do aluno com as propriedades físicas do elemento dentário durante treinamento para resolução de diversas condições, aproximando ao máximo da realidade clínica (BRASIL, 2012; FREITAS et al., 2012). Várias disciplinas do Curso de Odontologia da UEPG demandam dentes humanos extraídos para suas atividades laboratoriais pré-clínicas, sendo a Periodontia, a Dentística Restauradora Clínica e a Endodontia Pré-Clínica as disciplinam que lideram as saídas do BDH-UEPG (Tabela 2). Em 2019, apenas para utilização no ensino foram solicitados 3176 dentes. É possível verificar uma discrepância entre este quantitativo e os dentes efetivamente liberados pelo BDH-UEPG para esta finalidade (2731 dentes). Essa diferença pode ocorrer devido ao fato de alguns dentes serem utilizados por mais de uma disciplina, buscando seu máximo reaproveitamento.
Tabela 2 – Dentes solicitados ao BDH-UEPG pelas disciplinas do Curso de Odontologia no ano de 2019. Disciplina Pré-clínica No de dentes por aluno Total de alunos por turma Total de dentes
Periodontia 18 65 1.170
Dentística Restauradora 12 64 768
Endodontia 10 60 600
Prótese fixa 04 68 272
Diagnóstico e Cirurgia Bucal III 03 62 186
Práticas de Saúde Bucal 03 60 180
TOTAL 3.176
Fonte: Levantamento de dados realizado pelo BDH-UEPG em dezembro de 2019.
Os dados obtidos no BDH-UEPG apontam para a doação de 3773 dentes e uma saída de 3647 dentes no ano de 2019. Atualmente o BDH-UEPG tem autossuficiência, sendo capaz de suprir sua demanda da graduação e pós-graduação com as doações. Nesse momento, o BDH-UEPG conta com um acervo de aproximadamente 5.000 dentes humanos em seu estoque (88 frascos contendo dentes). Este programa de extensão tem como constante objetivo a ampla divulgação do BDH à comunidade, a fim de realizar um trabalho de conscientização e informação acerca da importância da doação de elementos dentários extraídos, tendo em vista que a doação pela comunidade e pelos profissionais é a única forma de manter o BDH ativo e capaz de suprir as necessidades do ensino e pesquisa.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O BDH-UEPG conta com um rígido regulamento de procedimentos internos, desde a arrecadação dos dentes, limpeza, estocagem, preparo dos elementos até a distribuição para fins de ensino e pesquisa in vitro. Considerando a experiência relatada, o BDH-UEPG propõe a articulação para o caminho ético, legal e da biossegurança na manipulação de elementos dentários extraídos, a fim de colaborar com a prática do ensino superior na construção de habilidades e condutas pertinentes ao cirurgião dentista, capacitando o profissional odontólogo a promover a assistência com qualidade.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Lei nº 9.434 de 4 de fevereiro de 1997. Dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Brasília, 5 de fevereiro de 1997
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Serviços Odontológicos : Prevenção e Controle de Riscos, 2006. Acesso em
24 de setembro de 2020, Disponível em :
http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/271892/Manual+-
Servi%C3%A7os+Odontol%C3%B3gicos+Preven%C3%A7%C3%A3o+e+Controle+de+R iscos/9f2ca1be- b4fc-49b4-b3a9-17eb6ba2c7de
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM n o 1.686 de 20 de setembro de 2002. Aprova as normas para autorização de funcionamento e cadastramento de bancos de tecidos musculoesqueléticos pelo Sistema Único de Saúde. Diário Oficial da União, Brasília, 24 de setembro de 2002.
BRASIL. Resolução n. 196, de 16 de outubro de 1996. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 16 out. 1996.
COSTA E SILVA, A.P.A.; FERNANDES, F.; RAMOS, D.L.P. Aspectos éticos e legais da utilização de dentes humanos no ensino odontológico. Rev Pós-Grad Fac Odontol USP, v. 6, n. 3, p. 288, 1999.
FREITAS, A. B. D. A.; PINTO, S. L.; TAVARES, E. P.; BARROS, L. M.; CASTRO, C. D. L.; MAGALHÃES, C. S. Uso de dentes humanos extraídos e os bancos de dentes nas instituições brasileiras de ensino de odontologia. Pesq Bras Odontoped Clin Integr, v. 12, n. 1, p. 59-64, 2012
NASSIF, A. C. S.; TIERIF, F.; ANA, P. A.; BOTTA, S. B. B.; IMPARATO, J. C. P. Estruturação de um banco de dentes humanos. Pesqui Odontol Bras, v. 17, p. 70-74, 2003.