DIREITO
AMBIENTAL
Prof. Rodrigo Mesquita
Proteção do Meio Ambiente em Normas
Infraconstitucionais- Mata Atlântica – Lei nº
Mata Atlântica – Lei nº 11.428/06
22.PROTEÇÃO DO BIOMA MATA ATLÂNTICA NAS ÁREAS URBANAS E REGIÕES METROPOLITANAS
Art. 30. É vedada a supressão de vegetação primária do Bioma
Mata Atlântica, para fins de loteamento ou edificação, nas
regiões metropolitanas e áreas urbanas consideradas como tal em lei específica, aplicando-se à supressão da vegetação
secundária em estágio avançado de regeneração as seguintes
Mata Atlântica – Lei nº 11.428/06 I - nos perímetros urbanos aprovados até a data de início de
vigência desta Lei, a supressão de vegetação secundária em
estágio avançado de regeneração dependerá de prévia autorização do órgão estadual competente e somente será admitida, para fins de loteamento ou edificação, no caso de empreendimentos que garantam a preservação de vegetação nativa em estágio avançado de regeneração em no mínimo 50% (cinqüenta por cento) da área total coberta por esta vegetação, ressalvado o disposto nos arts. 11, 12 e 17 desta Lei e atendido o disposto no Plano Diretor do Município e demais normas urbanísticas e ambientais aplicáveis;
Mata Atlântica – Lei nº 11.428/06 II - nos perímetros urbanos aprovados após a data de início de
vigência desta Lei, é vedada a supressão de vegetação secundária em estágio avançado de regeneração do Bioma Mata Atlântica para fins de loteamento ou edificação.
Mata Atlântica – Lei nº 11.428/06 Vamos supor que um grupo de empresários adquiriram uma área de
3.000m2 de MATA ATLÂNTICA, no Município X, em trecho declarado
como urbano, no ano de 2005, com o objetivo de lotear a mesma em áreas menores (terrenos) e edificar um condomínio de casas residenciais. A formação florestal nativa ou ecossistema associado da área objeto da compra pertence ao patrimônio nacional Mata Atlântica, estando ela dentro do espaço delimitado e materializado no mapa confeccionado pelo IBGE como de abrangência deste patrimônio nacional.
Mata Atlântica – Lei nº 11.428/06 Pelo que foi exposto, se as formações florestais ou ecossistemas
associados forem classificados como de vegetação primária, o
grupo de empresários adquirentes do terreno não poderá ordenar o retalhamento dele para fins de loteamento ou edificação, devido ao disposto no art. 30, caput. Caso a
vegetação seja a secundária, a divisão em lotes ou a construção
de qualquer edificação deverá levar em consideração a data de aprovação do perímetro urbano, que no nosso exemplo é anterior à entrada em vigor da LBMA, e, também, os estágios de regeneração da vegetação secundária.
Mata Atlântica – Lei nº 11.428/06 No caso do exemplo, se a área for constituída de formações
florestais ou ecossistemas associados com vegetação secundária
no estágio de regeneração avançado, a supressão, para fins de loteamento ou edificação, dependerá de prévia autorização do órgão ambiental competente e somente será admitida nos casos de empreendimentos que garantam a preservação de vegetação nativa nesse estado de regeneração no mínimo em 50% (cinquenta por cento) da área total coberta pela mesma .
Mata Atlântica – Lei nº 11.428/06
Portanto, se quiserem utilizar os 3000m2, não poderão, pois o
máximo permitido por Lei, em se tratando de loteamento ou
edificação, nessa situação, é o equivalente a 1500m2, uma vez que
a LBMA ordenou a preservação de um mínimo de 50% da área total coberta por vegetação secundária em estágio avançado de regeneração, caso o perímetro urbano fosse aprovado até o início da vigência da LBMA.
Mata Atlântica – Lei nº 11.428/06 Em se tratando de perímetro urbano aprovado posteriormente à entrada em vigor da LBMA, o regime de uso dos remanescentes de vegetação secundária, nas regiões metropolitanas e áreas urbanas, em estágio avançado de regeneração, se equipara ao estabelecido para o uso dos remanescentes de vegetação primária, restando claro que o legislador infraconstitucional optou por vedar a supressão de vegetação secundária em estágio avançado de regeneração, caso a finalidade seja a implantação de loteamento ou edificação.
Mata Atlântica – Lei nº 11.428/06
Art. 31. Nas regiões metropolitanas e áreas urbanas, assim
consideradas em lei, o parcelamento do solo para fins de loteamento ou qualquer edificação em área de vegetação secundária, em estágio médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, devem obedecer ao disposto no Plano Diretor do
Município e demais normas aplicáveis, e dependerão de prévia
autorização do órgão estadual competente, ressalvado o disposto nos arts. 11, 12 e 17 desta Lei.
Mata Atlântica – Lei nº 11.428/06 § 1º Nos perímetros urbanos aprovados até a data de início de
vigência desta Lei, a supressão de vegetação secundária em estágio médio de regeneração somente será admitida, para fins de
loteamento ou edificação, no caso de empreendimentos que garantam a preservação de vegetação nativa em estágio médio de
regeneração em no mínimo 30% (trinta por cento) da área total coberta por esta vegetação
Mata Atlântica – Lei nº 11.428/06 § 2º Nos perímetros urbanos delimitados após a data de início de
vigência desta Lei, a supressão de vegetação secundária em
estágio médio de regeneração fica condicionada à manutenção de vegetação em estágio médio de regeneração em no mínimo
50% (cinqüenta por cento) da área total coberta por esta vegetação.
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REGIÕES METROPOLITANAS E ÁREAS URBANAS
SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO PARA FINS DE LOTEAMENTO OU EDIFICAÇÃO
Tipo de vegetação Antes da entrada em vigor da Lei 11.428/2006 A partir da entrada em vigor da Lei 11.428/2006
Primária Proibida Proibida
Secundária em estágio avançado de regeneração
Permitida (garantam a preservação da vegetação nativa, no referido estágio, em no mínimo 50%)
Proibida
Secundária em estágio médio de regeneração
Permitida (garantam a preservação da vegetação nativa, no referido estágio, em no mínimo 30%)
Permitida (garantam a preservação da vegetação nativa, no referido estágio, em no mínimo 50%)
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23.PROPRIEDADE PRIVADA E O BMA
O fato do legislador constituinte originário ter alçado o Bioma Mata
Atlântica ao patamar de patrimônio nacional não pode ser
interpretado no sentido de que áreas dentro dos limites estabelecidos pelo IBGE tenham se convertido em bens públicos. Na verdade, quis Constituinte reconhecer a importância
dessa área riquíssima em biodiversidade para proporcionar uma vida digna e saudável para as presentes e futuras gerações, sendo, portanto, um patrimônio que deve ser transmitido em condições adequadas para aqueles que ainda não estão entre nós, e, com isso, desfrutarem de forma responsável do pouco que resta dela.
Mata Atlântica – Lei nº 11.428/06 O STF se pronunciou sobre o assunto, no RE n° 134.297/1995, de relatoria do Ministro Celso de Mello, ensinando que:
“A norma inscrita no art. 225, §4º, da Constituição deve ser interpretada de modo harmonioso com o sistema jurídico consagrado pelo ordenamento fundamental, notadamente com a cláusula que, proclamada pelo art. 5º, XXII, da Carta Política, garante e assegura o direito de propriedade em todas as suas projeções, inclusive aquela concernente à compensação financeira devida pelo Poder Público ao proprietário atingido por atos imputáveis à atividade estatal.
Mata Atlântica – Lei nº 11.428/06 O preceito consubstanciado no art. 225, §4º, da Carta da República, além de não haver convertido em bens públicos os imóveis particulares abrangidos pelas florestas e pelas matas nele referidas, também não impede a utilização, pelos próprios particulares, dos recursos naturais existentes naquelas áreas que estejam sujeitas ao domínio privado, desde que observadas as prescrições legais e respeitadas as condições necessárias à preservação ambiental.”
Mata Atlântica – Lei nº 11.428/06 Se a Constituição tivesse convertido a Mata Atlântica em bens públicos, o Poder Público não teria recursos orçamentários para indenizar todos os proprietários de áreas dentro dos limites de abrangência do bioma em questão.