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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA

AS VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS NAS CAPITAIS DA

REGIÃO NORTE DO BRASIL

MARCELO PIRES DIAS

(2)

MARCELO PIRES DIAS

AS VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS NAS CAPITAIS DA REGIÃO

NORTE DO BRASIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal do Pará como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Linguística.

Orientadora: Drª Marilúcia Barros de Oliveira

(3)

MARCELO PIRES DIAS

AS VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS NAS CAPITAIS DA REGIÃO

NORTE DO BRASIL

Banca examinadora

_________________________________________________

Profª Drª Marilúcia Barros de Oliveira - UFPA (Orientadora)

________________________________________________

Profª Drª Silvia Figueiredo Brandão - UFRJ

_________________________________________________

Profª Drª. Regina Célia Fernandes Cruz - UFPA

_________________________________________________

Prof. Dr. Abdelhak Rasky (Suplente)

BELÉM

PARÁ

(4)
(5)

AGRADECIMENTOS

À minha família,

À professora Marilúcia pelas orientações indispensáveis,

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Letras (UFPA),

Ao projeto GeoLinTerm e Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) pela permissão para utilização dos dados.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão da bolsa parcial.

(6)

– Mostrengo ou monstrengo, vovó? – quis saber Pedrinho.

Vejo esta palavra escrita de dois jeitos. – Os gramáticos querem que seja mostrengo – coisa de

mostrar: mas o povo acha melhor monstrengo – coisa

monstruosa, e vai mudando. Por mais que os gramáticos

insistam na forma “mostrengo”, o povo diz “monstrengo”.

– E quem vai ganhar essa corrida, vovó? – Está claro que o povo, meu filho. Os gramáticos acabarão

se cansando de insistir no “mostrengo” e se resignarão ao

“monstrengo”.

(7)

RESUMO

A presente dissertação tem por objetivo descrever o comportamento das vogais médias pretônicas <e> e <o> com base no falar de informantes de seis capitais da região Norte do Brasil, a saber: Belém-PA, Manaus-AM, Rio Branco-AC, Macapá-AP, Porto Velho-RR e Boa Vista-RO. A pesquisa se justifica pela importância de se descrever a variedade do português brasileiro falado na Amazônia brasileira e por contribuir para descrição linguística do português brasileiro (PB). Foram usados dados dos questionários fonético-fonológico (QFF) e semântico-lexical (QSL), instrumentos de coleta dos dados do Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). Os dados foram transcritos a partir do uso do Transcriber e, em seguida, submetidos ao uso do programa de regra variável Varbrul que forneceu os pesos relativos úteis para a análise e reflexão linguística variacionista. Os grupos de fatores instituídos para a descrição e análise linguística do comportamento das médias pretônicas foram os seguintes: natureza da vogal tônica, distância entre a vogal tônica e pretônica, segmento do onset da pretônica, segmento do onset da sílaba seguinte, sexo, escolaridade, faixa etária e procedência do informante. Foram encontradas as variantes [i], [e] e [ɛ] para variável <e>. Para <o> encontrou-se [u], [o] e [ɔ]. Os resultados apontam [e] e [o] como as variantes mais frequentes no falar do Norte do país.

(8)

ABSTRACT

This dissertation aims to describe the behavior of the middle unstressed vowels <e> <o> based on informants speech of six capitals of northern Brazil, namely: Belém (PA), Manaus (AM), Rio Branco (AC) , Macapa (AP), Porto Velho (RO) and Boa Vista (RR). The research is justified by the importance of describing the variety of Brazilian Portuguese spoken in the Brazilian Amazon and for contributing to linguistic description of the Brazilian Portuguese (BP). We used data from the phonetic-phonological (QFF) and lexical-semantic questionnaires (QSL), instruments of data collection of the Linguistic Atlas of Brazil (ALiB). The data were transcribed with the use of Transcriber and then subjected to the use of the variable rule program VARBRUL which provided the relative weights useful for the analysis and variationist linguistic reflection. The groups of established factors for the description and linguistic analysis of the behavior of middle back unstressed vowels were the following: the nature of the stressed vowel, the distance between the stressed and unstressed vowel, the unstressed onset segment, the following syllable onset segment , gender, education , age and origin of the informant. Variants [i], [e] and [ɛ] were found to variable <e>. To <o> we found [u] [o] and [ɔ].The outcomes show [e] and [o] as the most frequent variants in the speech of northern Brazil.

(9)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: amostra estratificada utilizada na pesquisa para as seis capitais da Região Norte do Brasil...39 Tabela 2: população, extensão territorial e ano de fundação das capitais da região Norte...40

Tabela 3: fatores que apresentaram nocaute no grupo segmento do onset da sílaba da pretônica na rodada de <o>...56

Tabela 4: fatores que apresentaram nocaute no grupo segmento do onset da sílaba seguinte na rodada de <o>...57 Tabela 5: fatores que apresentaram nocaute no grupo segmento da coda da sílaba da pretônica

...58 Tabela 6: fator que apresentou nocaute no grupo fonema vocálico da tônica na rodada de <e>

...59 Tabela 7: fatores que apresentaram nocautes no grupo classe morfológica na rodada de <e>

...59 Tabela 8: fatores que apresentaram nocaute no grupo segmento do onset na rodada de <e>

...60 Tabela 9: fatores que apresentaram nocaute no grupo segmento do onset na rodada de <e>...61 Tabela 10: fatores que apresentaram nocautes no grupo segmento da coda na rodada de <e>...62 Tabela 11: resultados da variável dependente para <e> e <o>...63 Tabela 12: resultados do grupo fonema vocálico da tônica em pesos relativos para a vogal pretônica <o>...64 Tabela 13: fatores favorecedores por variante do grupo fonema vocálico da tônica...65 Tabela 14: resultados do grupo distância entre a vogal da sílaba tônica e pretônica em pesos relativos para a vogal pretônica <o>... 66 Tabela 15: fatores favorecedores por variante do grupo distância entre vogal tônica e pretônica...66 Tabela 16: resultados do grupo segmento do onset da silaba da vogal pretônica em pesos relativos para a vogal pretônica <o>...67 Tabela 17: fatores favorecedores por variante do grupo segmento do onset...68 Tabela 18: resultados do grupo segmento do onset da sílaba seguinte em pesos relativos para a vogal pretônica <o>...69 Tabela 19: fatores favorecedores por variante do grupo segmento do onset da sílaba seguinte...69 Tabela 20: resultados do grupo classe morfológica em pesos relativos para a vogal pretônica <o>....70 Tabela 21: fatores favorecedores por variante do grupo classe morfológica... 70 Tabela 22: resultados do grupo sexo do informante em pesos relativos para a vogal pretônica <o>...71 Tabela 23: resultados do grupo escolaridade do informante em pesos relativos para a vogal pretônica <o>...72

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(11)

LISTA DE FIGURAS

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: sexo do informante para a vogal pretônica a vogal pretônica <e>... 83

Gráfico 2: escolaridade do informante para a vogal pretônica <e>... 84

Gráfico 3: faixa Etária do Informante para a vogal pretônica <e>...85

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: resumo de fatores favorecedores da variação das vogais médias no Brasil... 30

Quadro 2: Itens lexicais do Questionário Fonético-Fonológico (QFF). Fonte: ALIB... 37

Quadro 3: lista de itens lexicais do Questionário Semântico-Lexical (QSL). Fonte: ALIB...38

Quadro 4: quadro da variável dependente e suas variantes...47

Quadro 5: quadro geral de segmentos do onset da sílaba da vogal pretônica...49

Quadro 6: quadro geral de segmentos do onset da sílaba seguinte a vogal pretônica...49

Quadro 7: quadro comparativo de <e> e <o> para o grupo fonema vocálico da tônica...91

Quadro 8: quadro comparativo de <e> e <o> para o grupo distância entre tônica e pretônica...92

Quadro 9: quadro comparativo de <e> e <o> para o grupo segmento do onset...93

Quadro 10: quadro comparativo de <e> e <o> para o grupo segmento do onset da sílaba seguinte...94

Quadro 11: quadro comparativo de <e> e <o> para o grupo fonema vocálico da tônica...95

Quadro 12: quadro comparativo de <e> e <o> para o grupo sexo do informante...96

Quadro 13: quadro comparativo de <e> e <o> para o grupo faixa etária do informante...96

Quadro 14: quadro comparativo de <e> e <o> para o grupo escolaridade do informante...97

(14)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 17

1. REVISÃO DE LITERATURA ... 19

1.1. Regiões Sul e Sudeste ... 19

1.2. Região Nordeste ... 24

1.3. Vogais Pretônicas na região Norte ... 26

2. METODOLOGIA ... 35

2.1.A sociolinguística laboviana ... 35

2.1.1. Variedade, variante e regra variável ... 35

2.2. Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) ... 36

2.3. A amostra estratificada ... 37

2.4. Comunidades pesquisadas ... 39

2.4.1. Belém (PA) ... 40

2.4.2. Manaus (AM) ... 41

2.4.3. Macapá (AP) ... 42

2.4.4. Rio Branco (AC) ... 43

2.4.5. Boa Vista (RR) ... 44

2.4.6. Porto Velho (RO) ... 45

2.5. Definição das Variáveis ... 46

2.5.1. Variável Dependente ... 46

2.5.2. Variáveis Independentes ... 47

2.5.2.1. Fonema vocálico da tônica ...47

2.5.2.2. Distância entre vogal tônica e pretônica... 48

2.5.2.3. Segmento do onset da sílaba da vogal pretônica...48

2.5.2.4. Segmento do onset da sílaba seguinte à vogal pretônica...49

2.5.2.5. Classe morfológica...49

2.5.2.6. Tipo de questionário...50

2.5.2.7. Sexo do informante...50

2.5.2.8. Escolaridade do informante...50

2.5.2.9. Faixa etária do informante...51

2.5.2.10. Procedência do informante...51

2.6. Tratamento estatístico dos dados ... 51

3. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 55

3.1. Resultados preliminares ... 55

3.1.1. Rodada preliminar de <o> ... 56

3.1.2. Rodada preliminar de <e> ... 56

3.2. Resultados Finais ... 63

3.2.1.Resultados de <o> ... 64

3.2.1.1. Fonema vocálico da tônica ... 64

3.2.1.2. Distância entre vogal tônica e a pretônica ... 65

3.2.1.3. Segmento do onset a sílaba da vogal pretônica ... 67

(15)

3.2.1.5. Classe Morfológica ... 70

3.2.1.6. Sexo do informante ... 71

3.2.1.7. Escolaridade do informante ... 71

3.2.1.8. Faixa etária do informante ... 72

3.2.1.9. Procedência do Informante ... 73

3.2.1.10. Tipo de questionário ... 76

3.2.2. Resultados de <e> ... 76

3.2.2.1. Fonema vocálico da tônica ... 76

3.2.2.2. Distância entre vogal tônica e a pretônica ... 78

3.2.2.3. Segmento do onset da sílaba da vogal pretônica ... 79

3.2.2.4. Segmento do onset da sílaba seguinte ... 80

3.2.2.5. Sexo do informante ... 82

3.2.2.6. Escolaridade do informante ... 83

3.2.2.7. Faixa etária do informante ... 84

3.2.2.8. Procedência do Informante ... 86

3.2.1.9. Tipo de questionário ... 88

3.2.3. Atuação dos grupos de fatores sobre a variação de <e> e de <o> ... 89

3.2.3.1. Variável dependente ... 89

3.2.3.2. Fonema vocálico da tônica ... 90

3.2.3.3. Distância entre vogal tônica e pretônica... 91

3.2.3.4. Segmento do onset da sílaba da pretônica ... 92

3.2.3.5. Segmento do onset da sílaba seguinte ... 93

3.2.3.6. Tipo de questionário ... 94

3.2.3.7. Sexo do informante ... 95

3.2.3.8. Faixa etária ... 96

3.2.3.9. Escolaridade ... 97

3.2.3.10. Procedência do informante ... 98

CONCLUSÃO ... 102

REFERÊNCIAS ... 105

(16)
(17)

17 INTRODUÇÃO

Dentre os estudos de descrição linguística considerados importantes para a caracterização de um determinado dialeto, podemos apontar aqueles que descrevem quadros vocálicos, que tomam como base estudos geossociolinguísticos e que também mostram os principais processos que envolvem esses sons, daí a importância de se fazer estudos específicos do quadro de vogais do português brasileiro, em especial nas localidades onde ainda temos poucas investigações, como é o caso da região Norte do Brasil.

O comportamento das vogais do português brasileiro é um fenômeno linguístico já descrito em vários estudos. No Brasil, sob a ótica variacionista, há estudos desde a década de 1970. O primeiro linguista a estudar a organização dos sons do quadro vocálico no Português Brasileiro foi Câmara Jr. (1970). O autor observa em sua obra basilar Estrutura da Língua Portuguesa que, no português brasileiro, (embora apenas o falar carioca tenha servido como base para sua observação) temos sete vogais em posição acentuada (//, //, //, //, //, //,//), cinco em posição pretônica (/i/,/e/,/a,/o/,//), quatro em posição postônica não final (/i/,/e/,/a,/u/) e três vogais em posição final (/i/,/a,/u/).

A presente dissertação tem como objetivo realizar a descrição da variação das vogais médias no português falado em seis capitais da região Norte do Brasil, tomando-se como batomando-se dados de contextos específicos dos questionários fonético-fonológicos (QFF) e questionários semântico-lexicais (QSL) do projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). Esses dados foram coletados por meio de entrevistas. Será proposta uma análise sob a ótica da sociolinguística variacionista que pretende indicar os contextos favorecedores e com maior probabilidade de ocorrência, do abaixamento, alteamento e também da manutenção das vogais médias pretônicas e suas relações com grupos de fatores sociais.

(18)

18

a) Os fatores que atuam no favorecimento do alteamento, manutenção ou abaixamento de <e> e de <o> são os mesmos ou são diferentes?

b) A presença de vogal alta ou média alta em posição tônica favorece o alteamento e a presença de vogal baixa ou média baixa favorecem o abaixamento?

c) A distância da vogal pretônica em relação à vogal tônica influencia na realização da manutenção, portanto, quanto menor a distância entre vogal tônica e vogal pretônica maior é a probabilidade de manutenção?

d) A altura do segmento do onset na qual a pretônica se encontra e também do onset da sílaba seguinte favorecem o alteamento?

e) Existe relação entre a natureza morfológica do item lexical e a realização de alteamento, abaixamento ou manutenção, em outros termos, nomes e verbos possuem o mesmo comportamento quando consideramos a variação das médias pretônicas?

f) É possível estabelecer fronteiras dialetais entre os falares da região Norte do Brasil?

(19)

19

1 REVISÃO DE LITERATURA

No presente capítulo iremos apresentar trabalhosrealizados em quatro das cinco regiões do Brasil e, em seguida, os relativos à região Norte. Os critérios de seleção dos trabalhos levaram em consideração a representatividade da pesquisa na região onde foi realizada, a metodologia variacionista, a atualidade do trabalho, sua disponibilidade nos acervos bibliográficos, assim como a semelhança entre eles e esta investigação. Serão apresentados, inicialmente, trabalhos das regiões Sul, Sudeste e, finalmente, os trabalhos realizados na região Norte.

1.1 Regiões Sul e Sudeste

Bisol (1981) investigou o comportamento da vogal pretônica na tese intitulada “Harmonização Vocálica: uma regra variável”, a partir da fala espontânea dos habitantes do Rio Grande do Sul, tomando por base um corpus de 44 informantes estratificados socialmente, inclusive considerando a origem étnica (metropolitanos, italianos, alemães e fronteiriços). A pesquisadora utilizou a metodologia variacionista para o desenvolvimento do seu estudo.

Os resultados da rodada binária de Bisol (op. cit) mostraram que a vogal alta da sílaba seguinte, independente da condição de tônica ou átona, é favorecedora da regra de alteamento das médias e a presença de uma vogal alta, tônica ou não, em sílaba não contígua, desfavorece a regra, o que evidencia a atuação da harmonia vocálica no falar em questão.

O grupo de fatores atonicidade foi selecionado como importante na análise, pois quando a pretônica é mantida durante a derivação, como em menino > mininice (átona permanente, permanece inalterada), o alteamento acorre, no entanto, quando a pretônica é casual (quando muda de posição na derivação), como em ferro > ferreiro ou em cabelo > cabeludo, a regra é desfavorecida.

Os grupos de fatores sociais indicaram que os informantes mais velhos realizam

mais o alteamento em relação aos mais jovens, o que representa, segundo a autora “com cautela”, o fenômeno em via de desaparecimento. Os informantes metropolitanos

(20)

20 frequência.

Schwindt (1995) pesquisou também o dialeto gaúcho, a partir de dados do projeto VARSUL. A amostra estratificada foi constituida por 64 informantes, 16 para cada cidade do Rio Grande do Sul, a saber, Flores da Cunha, Panambi, São Borja e Porto Alegre. O estudo compreendeu 12.133 dados, sendo 6.611 para [e] e 5.522 para [o].

Para a pesquisa foram considerados os seguintes grupos: a) contiguidade; b) homorganicidade; c) nasalidade; d) contexto fonológico precedente; e) contexto fonológico seguinte; f) tonicidade; g) localização morfológica; h) escolaridade; i) sexo; j) faixa etária e l) região.

A pesquisa se pautou na rodada binária que serviu como base para a descrição da harmonia vocálica no dialeto gaúcho.

Os resultados mostraram a contiguidade como fator determinante para a elevação tanto de <e> quanto de <o>, assim como nos resultados de Bisol (1981). O contexto precedente mostrou os segmentos velares, alveolares e labiais como favorecedores de [i] e os segmentos velares, palatais e labiais como favorecedores de [u].

Para o contexto seguinte, a pesquisa apresentou os segmentos velares e alveolares como favorecedores de [i] e os segmentos alveolares, velares e labiais como favorecedores de [u].

O grupo tonicidade mostrou a importância da vogal tônica para a realização de [i] e [u], de modo que a presença de vogal alta na tônica favorece a realização das duas variantes. A presença de vogal alta na raiz e em sufixos verbais eleva a probabilidade de ocorrência do alteamento.

Os resultados dos grupos sociais se mostraram semelhantes aos de Bisol (1981) e mostraram os informantes com o grau de escolaridade primária como fator motivador da elevação tanto de <e> quanto de <o>. Os informantes com idade acima de 55 anos e do sexo feminino apresentaram maior probabilidade de ocorrência de [i].

Yacovenko (1993) estudou as médias pretônicas no falar carioca e utilizou a metodologia da sociolinguística laboviana, a partir de um corpus estratificado socialmente e formado por 18 informantes do Projeto Norma Urbana Culta (NURC).

(21)

21 De acordo com os resultados obtidos na pesquisa, a manutenção das vogais médias apresenta maior probabilidade de ocorrência, ao contrário das vogais altas [i] e [u] resultantes de alteamento, que possuem menor probabilidade de ocorrência, portanto, a autora conclui que o padrão na fala carioca é a manutenção.

Segundo os resultados apresentados pelo processamento informatizado, a natureza da vogal tônica é fator determinante para o alteamento, a presença de vogal alta (homorgânica ou não) eleva a possibilidade de ocorrer o alteamento.

Os grupos referentes ao ponto de articulação e modo de articulação das consoantes precedentes e seguintes se mostraram importantes na pesquisa, de modo que consoantes velares favorecem a realização do alteamento da média anterior /e/, seguido das laterais em contexto precedente, além das nasais e oclusivas em posição seguinte.

Para a vogal média posterior /o/, as consoantes que possuem modo oclusivo e africado em posição precedente são importantes para o alteamento. Em posição seguinte são favorecedores do alteamento, o modo nasal, fricativo e vibrante.

Além dos resultados de natureza fonológica, a pesquisa mostrou que vocábulos que possuem sufixos verbais são os principais motivadores do alteamento, tanto de /e/ quanto de /o/. Ao final da pesquisa, a autora considera que a harmonia vocálica atua na elevação das médias pretônicas no falar carioca.

É importante observar que o estudo se baseou em poucos informantes, o que compromete a qualidade da pesquisa, pois não é possível fazer afirmações mais contundentes. Para a construção de regras que pode explicar a ocorrência do fenômeno, é preciso considerar uma quantidade maior de informantes e consequentemente um maior número de dados.

Célia (2004) investigou o quadro de vogais médias pretônicas na fala culta de Nova Venécia (ES), município localizado na região noroeste do Estado de Espírito Santo (240 quilômetros da capital Vitória).

Com base na metodologia da sociolinguística quantitativa, a autora selecionou nove informantes do sexo feminino e com ensino superior completo, divididos em três faixas etárias (25 a 35 anos; 36 a 55; de 56 anos em diante).

No total, a pesquisa apresentou 1714 contextos de vogal <e> e 1236 contextos de vogal <o> que, em seguida, foram codificados e processados no programa estatístico

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22

Os resultados mostram que há uma preferência pela manutenção das médias, enquanto que o abaixamento apresentou frequência maior em relação ao alteamento que, nessa pesquisa, apresentou resultados mais baixos.

Os demais resultados mostraram que a vogal média <e> quando nasalizadas favorecem o alteamento, como em /aprendi/, ao contrário da vogal média <o. que sofre resistência e tende à manutenção.

Os resultados mostraram que a presença de uma vogal anterior /i/ favorece a aplicação [i] e [u], enquanto que a vogal tônica /u/ favorece [u].

A distância em relação à sílaba tônica se apresentou como determinante no processo de alteamento. A distância 1 (Ex.: segundo) é a que mais favorece a elevação e a distância 3 (pedagogia) é a mais desfavorecedora como peso de .23. Esses resultados se referem apenas à vogal pretônica <o>, pois a relevância desse fator para a vogal <e> não foi considerada pelo programa de regra variável.

A presença de /i/ na sílaba que sucede a pretônica em análise favorece o alteamento, como em /perigoso/, assim como de /u/ após a pretônica (0,71), o que confirma a importância do fator homorganicidade no contexto vocálico pretônico.

A pesquisa apresentou como relevantes para o alteamento de <e>, as palatais e bilabiais.

s, com .69 e .59, respectivamente, e para o alteamento de <o>, palatais (.56) e velares (.67). Para o contexto seguinte, velares favorecem o alteamento de /e/ e as labiodentais favorecem o alteamento de <o>.

O último fator linguístico selecionado se refere à estrutura silábica que mostrou como favorecedora a estrutura silábica aberta, como: /pedir/ e /komer/, tanto para vogal pretônica <e> quanto <o> com pesos de .60 e .61 respectivamente. As sílabas travadas, como em /perder/ e /dormir/ desfavorecem a aplicação do alteamento com pesos abaixo de .30.

Dentre os fatores sociais, a faixa etária se mostrou relevante tanto para <e> quanto para <o>. Os informantes com mais de 55 anos de idade são os que realizam mais o alteamento, enquanto que os informantes com idade entre 25 e 35 anos o realizam menos.

Os resultados para o abaixamento mostraram que a presença de /ɛ/, // ou /a/ na vogal tônica favorece o abaixamento tanto de /e/ quanto de /o/.

As labiodentais são as que mais favorecem o abaixamento (.75), já para o contexto seguinte, alveolares favorecem /e/ (.57) e /o/ (.65), e palatais favorecem apenas /o/ (.58).

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23

A faixa etária responsável pela maior ocorrência do abaixamento foi a intermediária (36 a 55 anos), com pesos de ,67 para [ɛ] e .63 para [].

O trabalho de Célia (2004) apresenta resultados que condizem com resultados de trabalhos anteriores, como os de Bisol (1981) e Yacovenco (1993), no que diz respeito à harmonia vocálica, apesar de ter utilizado um corpus menor e controlado apenas um grupo de fator social (faixa etária).

Silveira (2008) estudou o comportamento das vogais médias pretônicas no português falado na região de São José do Rio Preto, Noroeste do Estado de São Paulo, com base em 16 informantes do sexo feminino com nível superior completo ou em andamento pertencentes ao banco de dados IBORUNA. As informantes foram divididas em três faixas etárias, a saber: 16 a 25 anos; 26 a 35 anos e mais de 55 anos.

Os grupos de fatores linguísticos testados na pesquisa foram os seguintes: a) vogal da sílaba tônica; b) posição da vogal da sílaba pretônica em relação à sílaba tônica; c) vogal átona seguinte; d) segmento (consonantal) precedente; e) segmento (consonantal) seguinte; f) tipo de sílaba; g) nasalidade e h) grau de atonicidade da vogal pretônica.

Após a submissão dos dados ao pacote estatístico Varbrul, todos os grupos de fatores foram incluídos na rodada binária step-up, logo, todos os grupos foram considerados para a caracterização do alteamento na variedade culta de São José de Rio Preto.

Os resultados do grupo de fatores referente à posição da pretônica em relação à sílaba tônica mostraram que a presença de uma vogal alta /i/ na sílaba tônica favorece a realização [i] (.98) e [u] (.91), enquanto que a vogal baixa /a/ é a que desfavorece a realização do fenômeno para <e> (ex.: regaço) com peso relativo de .05 e também para <o> (ex.: bolacha), com peso relativo na ordem de .17.

A distância também é um fator importante para a realização ou não do alteamento, de modo que a pesquisa apontou a distância 1 como a mais favorável à ocorrência do fenômeno, tanto para [i] (.73) quanto para [u] (.74). As demais distâncias (2 e 3 sílabas) apresentaram pouca influência na aplicação do mesmo.

O grupo de fatores que indica a vogal seguinte (tônica ou átona) que favorece o alteamento mostrou as vogais altas /i/ e/u/ como as que possuem maior influência sobre o alteamento.

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principais favorecedores de [i] (.99) e segmentos labiais (.59) e palatais (.70) como favorecedores de [u].

Outro grupo de fatores relevante para a descrição do alteamento é o tipo de estrutura silábica (CV, CCV, CVN ou CVC). Os resultados mostraram que a estrutura Vogal + Consoante (CV) é a que mais favorece [i] (.57) e [u] (.69), seguido pela estrutura Consoante + Vogal + Consoante (CVC) que favorece apenas [u], com .61 de probabilidade.

O grupo referente ao grau de atonicidade da vogal pretônica mostrou que a presença de vogal átona permanente (quando a vogal permanece não acentuada após processo derivacional (Ex.: a[gre]ssivo > a[gre]ssividade) favorece a elevação, tanto de <e> (.56) quanto de <o> (.58), já a presença de vogal átona secundária (Ex.: [b]lo > [be]leza) desfavorece a elevação.

A pesquisa apresentou resultados semelhantes a outras pesquisas anteriores, no entanto, a pesquisa ficou comprometida em virtude da baixa quantidade de informantes (16) e pelo fato da autora ter considerado apenas informantes do sexo feminino. Além disso, a baixa quantidade de informantes também gerou baixas frequências, o que compromete a significância do processamento estatístico.

1.2 Região Nordeste

Araújo (2007) tratou das vogais pretônicas <e> e <o> interconsonânticas no falar popular de Fortaleza/CE. A autora tomou como base a fala de 72 informantes provenientes do corpus Norma do Português Oral Popular de Fortaleza - NORPORFOR que foram estratificados socialmente. O estudo partiu dos pressupostos da sociolinguística variacionista e para o processamento estatístico foi utilizado o pacote de programas Varbrul que gerou os pesos relativos e frequências úteis para a descrição da realização variável das vogais médias.

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25

Foram realizadas rodadas ternárias para as séries de vogais recuadas (; o; ) e não recuadas (i; e; ). No total foram efetuadas rodadas com 5848 dados, dos quais 3.337 correspondiam a vogais anteriores e 2.511 a ocorrências de vogais posteriores.

Os resultados mostraram que para as vogais pretônicas posteriores, a vogal [u], oral ou nasal é contexto favorecedor do alteamento, o que indica uma clara influência da harmonia vocálica. As consoantes labiais e velares se mostraram favorecedores da elevação, em contrapartida as alveolares e as aspiradas favorecem a manutenção das médias.

Em relação ao abaixamento de <o>, a pesquisa mostrou que a vogal baixa [a] e não alta [nasal favorece o mesmo, potencializado pela presença de alveolares, palatais e aspiradas, como em j[]rnalista, ch[]rar e melh[]rar, por conta do ajustamento fonético. As sílabas travadas (pesadas) favorecem o abaixamento, enquanto que as livres (leves) desfavorecem o mesmo.

A investigação mostrou que há predomínio de variantes baixas. A variação das médias é condicionada principalmente pelo tipo de vogal tônica, indicando claramente que a harmonização vocálica é o motivador das alternâncias.

Os grupos sociais apontaram que não há estigma quanto ao uso das variantes e embora a manutenção das médias indique prestígio, alteamentos e abaixamentos ocorrem tanto na fala dos mais escolarizados e dos menos escolarizados, assim como em todas as faixas etárias.

Silva (2009) tratou das vogais médias no falar teresinense, considerando 5308 contextos e 36 informantes estratificados socialmente. Para o processamento estatístico no pacote Varbrul S2 foram elencados os seguintes fatores: a) contiguidade; b) homorganicidade; c) tonicidade; d) paradigma; e) distância; f) derivada da tônica; g) contextos fonológicos precedentes e seguintes, além dos fatores sociais, faixa etária, sexo e escolaridade.

Os resultados mostraram que, no dialeto teresinense, as vogais médias abertas [ɛ] e [predominam (65%) e que ocorrem três harmonias vocálicas: quando há uma vogal tônica aberta [a] e/ou média aberta, a pretônica predominante é média aberta (.73), já quando temos uma média alta [e] ou [o] na tônica, predomina a média alta na pretônica e a presença de vogal alta [i] ou [u] na tônica, favorece o alteamento.

A pesquisa apontou o favorecimento da variante [] pelas vogais tônicas /ɛ/ (.76) e //

(.67) e a variante [ɔ] é favorecida pelos vogais tônicas [] (.87), [a] (.77) e [ɔ] (.68). Para o

segmento do onset velar e onset vazio favorecem [] e coronais, palatais e onset vazio

favorecem [ɔ].

(26)

26 abaixamento quanto o alteamento.

O segmento do onset mostrou que labiais (.60) e palatais favorecem [i] e velares favorecem [u] e o segmento do onset da sílaba seguinte mostrou velares (.60) favorecendo [i] e labiais (.57), palatais (.58) e coronais (.58) favorecendo [u].

A autora conclui que a regra inovadora (manutenção) é conduzida pelos mais jovens e rejeitada pelos mais velhos e o sexo/gênero se mostrou irrelevante, já que ambos os sexos apresentaram ponto neutro no processamento estatístico, e os menos escolarizados alteiam mais do que os mais escolarizados. De acordo com a autora, o falar teresinense pode ser considerado, de acordo com a pesquisa, pertencente à mesma isoglossa dos demais falares nordestinos, situando-se no falar nordestino.

1.3 Vogais Pretônicas na região Norte

Na presente seção iremos tratar das pesquisas realizadas na região Norte do Brasil e que se assemelham teoricamente e metodologicamente com a presente pesquisa. Para cada pesquisa serão apresentados os grupos de fatores utilizados, assim como os grupos selecionados como relevantes quando for o caso, e em seguida os resultados em termos de peso relativo e frequência, de modo a propiciar a construção de um quadro comparativo entre as pesquisas.

Freitas (2001) investigou a pauta pretônica na fala de 32 informantes estratificados socialmente no município de Bragança (PA), levando em consideração os pressupostos da sociolinguística variacionista. A autora usou dados de entrevistas do Atlas Geossociolinguístico do Pará (ALIPA) e controlou os seguintes grupos de fatores: a) prefixação; b) tipo silábico (CV e CVC); c) distância da sílaba tônica; d) vogal da sílaba seguinte; e) consoante precedente (bilabiais; labiodentais; alveolares; sibilantes, palatais e velares); f) consoante seguinte; g) classe morfológica (substantivos; verbos; adjetivos; pronomes; numerais; advérbios e conjunções); g) faixa etária (15 a 25 anos, 26 a 45 anos e 46 anos em diante); h) sexo; i) escolaridade (baixa escolaridade; escolaridade fundamental e escolaridade média) e j) renda (baixa, até R$ 400,00 e média/média-alta, acima de R$ 400,00 em valores da época).

Os resultados obtidos pela autora a partir de rodadas ternárias mostraram que as vogais altas em posição contígua se apresentaram como favorecedoras do alteamento. O ditongo oral contíguo favorece a manutenção das médias.

(27)

27 favorecem [o], com .538 e .373, respectivamente. Em relação às vogais anteriores, palatais, sibilantes e velares favorecem [i], posteriores, alveodentais e velares favorecem [], com .503, .498 e .459, respectivamente. As consoantes alveodentais, posteriores e labiais favorecem [e].

O contexto consonantal seguinte mostrou que sibilantes, labiais e palatais favorecem [u], com .784, .449 e .342,respectivamente. Consoantes posteriores (.800), alveodentais (.557) e velares (.545) favorecem [ɔ] e labiais (.448) e palatais (.336) favorecem [o]. Palatais, velares, alveodentais, labiais e sibilantes favorecem [i], posteriores favorecem [] e labiais (. 405), alveodentais (.383) e sibilantes (.349) favorecem [e].

A variação é favorecida por contextos vocálicos imediatamente seguintes, independente da tonicidade, uma clara evidência do processo de assimilação.

Em relação aos grupos de fatores sociais, a hipótese de que a escolaridade atua como condicionador do comportamento variável das vogais médias pretônicas foi confirmada no dialeto bragantino, ou seja, os informantes com baixa escolaridade realizam mais elevações, enquanto que os mais escolarizados optam pela manutenção das vogais médias em contexto pretônico. A pesquisa também constatou que predomina a realização das variantes médias (manutenção), em detrimento do alteamento e do abaixamento.

Campos (2008) estudou a realização do alteamento <e> e <o> no português falado no Município de Mocajuba (PA), com base em amostra estratificada de 48 informantes. Para a pesquisa foi realizada uma rodada binária considerando vogais médias anteriores e posteriores na mesma rodada.

A autora utilizou em sua pesquisa, os seguintes grupos de fatores: a) tonicidade; b) vogal pré pretônica; c) vogal contígua; d) distância; e) atonicidade; f) consoante do onset; g) consoante do onset da sílaba seguinte; h) peso silábico; i) sufixos e como grupos extralinguísticos: a) sexo; b) escolaridade e c) faixa etária.

Os resultados obtidos com base nas rodadas no programa Varbrul tiveram como grupos selecionados: a) fonema vocálico da tônica (tonicidade); b) fonema vocálico da tônica, quando a pretônica é nasal; c) vogal contígua; d) atonicidade; e) consoante do onset; f) consoante do onset da sílaba seguinte; g) sufixo; e h) escolaridade.

(28)

28 A distância entre a vogal tônica e pretônica se mostrou favorecedora, e teve como resultados as vogais altas imediatas /i/ e /u/ como favorecedoras do alteamento. As vogais não altas na tônica desfavorecem o fenômeno, com peso na ordem de .40.

O grupo consoante do onset mostrou que o onset vazio favorece o alteamento com peso de .86, já os demais contextos desfavorecem o mesmo. Resultado semelhante ao grupo consoante do onset da sílaba seguinte, onde a autora obteve .90 de favorecimento em virtude da presença do onset vazio, seguido do onset ramificado (.57) e onset dorsal (.520).

Os fatores sociais mostraram que a realização do alteamento está diretamente relacionada à baixa escolaridade do informante, em virtude dos informantes não escolarizados e com 1 a 4 anos de estudo realizarem mais o fenômeno, embora o fenômeno do alteamento ocorra em todos os níveis de escolaridade.

Ao final, a autora conclui que, em Mocajuba (PA), há ponto neutro nos resultados, em virtude da variável dependente ter apresentado .50 para o alteamento e .50 para a manutenção, o que a fez considerar como variação estável. A autora também aponta a assimilação como determinante e desencadeadora do alteamento das médias, assim como a presença de atonicidade permanente (no vocábulo primitivo e derivado) e a ausência de sufixos.

Sousa (2010) trata da variação no quadro de vogais médias pretônicas no município de Belém do Pará sob a ótica variacionista, com base em entrevistas coletadas de 48 informantes estratificados socialmente.

A pesquisa considerou duas variantes para vogais médias <e> e <o>, a saber: alta ([i] e [u]) e média alta ([e] e [o]). Teve como objetivo identificar qual das duas variantes apresenta maior ocorrência na capital Belém e quais processos estão envolvidos na ocorrência das variantes.

Os grupos de fatores linguísticos utilizados para a codificação e posterior processamento de dados no Varbrul foram os seguintes: a) natureza da vogal (pretônica) alvo: anterior ou posterior; b) fonema vocálico da tônica quando a pretônica é oral; c) fonema vocálico da sílaba tônica quando a pretônica é nasal ou nasalizada; d) vogal contígua à sílaba pretônica; e) distância da vogal pretônica para a sílaba tônica; f) atonicidade; g) sufixo (com vogal alta; sem vogal alta; sem sufixo); h) consoante do

onset: coronal, dorsal, labial, onset vazio e onset ramificado; i) consoante do onset da sílaba seguinte; j) peso silábico em relação à sílaba da variável dependente (leve CV ou pesada VC).

(29)

29

vogais altas resultantes de alteamento (36% para anteriores e 37% para posteriores) em menor frequência. De acordo com a pesquisa, em Belém há maior probabilidade de ocorrer a vogal pretônica média fechada (.81).

O primeiro grupo de fatores selecionado, indicando qual o fonema vocálico da sílaba tônica quando a pretônica é oral, mostrou que vogais médias fechadas /o/, /e/ apresentaram maior probabilidade de ocorrência, com .89 e .70. Em seguida, vogais altas /i/ e /u/ figuram com peso relativo de .62 e .52 respectivamente.

A presença da nasalidade foi determinante para o favorecimento da manutenção das vogais médias, de modo que vogais tônicas /a/ (.78), /e/ (.75) e // (.64) somadas ao elemento nasal na pretônica elevam a probabilidade de ocorrência da manutenção. Segundo a autora, o abaixamento do véu palatino somado ao traço [+ baixo] da vogal tônica pode ser considerado favorável à manutenção das médias pretônicas nasais, daí a justificativa para esses resultados.

O terceiro grupo selecionado na análise refere-se à distância em relação à sílaba tônica. Foram consideradas três distâncias: a) distância 1 – Ex.: s[e]rviçu; b) distância 2 – Ex.: cr[e]scimento; e c) distância 3 – Ex.: f[e]licidade. Os resultados mostraram que distâncias 2 e 3 são as que favorecem a manutenção das vogais médias, com .92 e .72 de peso relativo respectivamente. É possível dizer com base nesses resultados que quanto maior for a distância da pretônica em relação à tônica, maior é a probabilidade de manutenção das médias.

Dos grupos de fatores sociais, faixa etária e escolaridade foram selecionadas como relevantes. Os resultados referentes à escolaridade mostraram que os falantes com nível fundamental são os que mais realizam a manutenção das vogais médias (.61), enquanto que falantes não escolarizados (.47) ou com nível médio (.44) tendem a alternar entre a manutenção e o alteamento.

Os resultados referentes ao grupo de fatores faixa etária mostraram que os informantes com idade de 15 a 25 anos apresentaram maior probabilidade (.57) de manutenção das vogais médias, demonstrando que são os mais jovens os maiores responsáveis pela manutenção. Segundo a autora, isso se deve pelo fato dos mesmos estarem sob as “diretrizes do falar culto ensinado nas séries iniciais (nível fundamental)”.

(30)

30

QUADRO 1

Resumo de fatores favorecedores da variação das vogais médias no Brasil Autor/localidade Tipo de

rodada

Grupos controlados Fatores linguísticos selecionados

Fatores sociais selecionados

Bisol (1981)

Rio Grande do Sul/RS

Binária a) nasalidade; b) tônica; pretônica seguinte; c) distância; atonicidade; d) consoante precedente e seguinte; e) faixa etária e f) etnia.

Contiguidade da vogal alta; atonicidade.

Informantes mais velhos e metropolitanos

realizam mais o alteamento

Schwindt (1995)

Rio Grande do Sul/RS

Binária a) contiguidade;

b) homorganicidade; c) nasalidade;

d) contexto fonológico precedente;

e) contexto fonológico seguinte; f) tonicidade; g) localização morfológica; h) escolaridade;

i) sexo; j) faixa etária e l) região.

Contiguidade; contexto precedente e seguinte;

localização morfológica;

tonicidade e homorganicidade

Informantes mais velhos e menos escolarizados

realizam mais o alteamento

Yacovenko (1993)

Rio de Janeiro/RJ

Binária a) tipo de vogal tônica; b) distância;

c) vogal átona subsequente; d) atonicidade; e) modo de articulação da consoante anterior e seguinte; f) ponto de articulação da consoante anterior e seguinte; g) tipo de sufixo da palavra; h) zona de residência; i) sexo e j) faixa etária.

Consoantes velares e laterais favorecem o alteamento de <e> e oclusivas e africadas

favorecem o alteamaento de <o>

(31)

31 Autor/localidade Tipo de

rodada

Grupos controlados Fatores linguísticos selecionados Fatores sociais selecionados Célia (2004) Nova Venécia/ES

Binária a) realização da pretônica; b) nasalidade; c) distância; d) vogal tônica; e) pretônica seguinte;

f) atonicidade; g) consoante precedente; h) consoante seguinte; i) tipo de sílaba e h) faixa etária.

Vogal média <e>, quando nasalizada favorece o alteamento;

vogais altas na tônica favorecem o alteamento; bilabiais e

palatais favorecem o alteamento de <e> e palatais e velares o

alteamento <o>. Sílabas travadas favorecem a manutenção; a vogal média baixa ou baixa

favorece o abaixamento.

Informantes mais velhos preferem mais o alteamento e os mais jovens realizam menos

Silveira (2008)

Noroeste Paulista/SP

Binária a) vogal da sílaba tônica; b) posição da vogal da sílaba pretônica em relação à sílaba tônica;

c) vogal átona seguinte; d) segmento (consonantal) precedente; e) segmento (consonantal) seguinte; f) tipo de sílaba; g) nasalidade e h) grau de atonicidade da vogal pretônica.

A vogal tônica alta [i] favorece o alteamento e a vogal baixa [a]

desfavorece; a distância contígua favorece o alteamento;

segmentos labiais favorecem o alteamento e alveolares

desfavorecem; em contexto seguinte, velares favorecem o alteamento de <e> e labiais e palatais o de

<o>.

Informantes acima de 55 anos preferem mais o

(32)

32 Autor/localidade Tipo de

rodada

Grupos controlados Fatores linguísticos selecionados

Fatores sociais selecionados

Araújo (2007)

Fortaleza/CE

Ternária a) tipo de vogal acentuada;

b) tipo de vogal átona seguinte;

c) nasalidade;

d) contexto fonológico precedente;

e) contexto fonológico seguinte;

f) tipo de sílaba;

g) distância em relação à tônica;

h) tipo de atonicidade da pretônica;

i) estrutura morfológica da palavra;

A vogal alta tônica anterior (oral ou nasal) favorece o

alteamento; consoantes labiais e velares favorecem a elevação, alveolares

e aspiradas favorecem a manutenção; vogais

baixas e não altas favorecem o abaixamento, assim como os segmentos alveolares, palatais e

aspiradas; sílabas travadas favorecem

o abaixamento.

Alteamento e abaixamento ocorrem tanto na fala dos mais escolarizados e dos menos escolarizados, assim como em todas

faixas etárias

Silva (2009)

Teresina/PI

Ternária a) contiguidade;

b) homorganicidade; c) paradigma; d) contexto fonológico precedente e seguinte; e) sexo/gênero; f) escolaridade; g) faixa etária.

As vogais médias abertas predominam;

tônicas altas favorecem o alteamento, a média

baixa e favorece o abaixamento; palatais favorecem o alteamento de <e> e velares favorecem o alteamento de <o>,

em contexto seguinte, velares

favorecem as anteriores e labiais,

palatais e coronais favorecem as

posteriores.

A manutenção é conduzida pelos mais

jovens, ambos os sexos apresentaram

ponto neutro no processamento estatístico e os menos escolarizados alteiam

(33)

33 Autor/localidade Tipo de

rodada

Grupos controlados Fatores linguísticos selecionados

Fatores sociais selecionados

Freitas (2001)

Bragança/PA

Ternária a) prefixação; b) tipo silábico; c) distância da sílaba tônica; d) vogal da sílaba seguinte; e) consoante; f) consoante seguinte; g) classe morfológica; g) faixa; h) sexo; i) escolaridade; e j) renda

Segmentos labiais, sibilantes e velares

favorecem o alteamento; contiguidade;

Informantes mais velhos e com menor escolaridade realizam

mais o alteamento

Campos (2008)

Mocajuba/PA

Binária a) natureza da vogal (pretônica); b) fonema vocálico da tônica quando a pretônica é oral; c) fonema vocálico da sílaba tônica quando a pretônica é nasal ou nasalizada; d) vogal contígua; e) distância; f) atonicidade; g) sufixo; h) consoante do onset; i) consoante do onset da sílaba seguinte; j) peso silábico.

Vogais tônicas altas [i] e [u] favorecem o alteamento e a vogal

baixa [a] desfavorece; a contiguidade e atonicidadade permanente favorecem o alteamento, assim como o onset vazio

na sílaba da pretônica e na

seguinte.

Informantes não escolarizados ou com

pouca escolarização realizam mais o

alteamento

Sousa (2010) Belém/PA

Binária a) natureza da vogal (pretônica); b) fonema vocálico da tônica quando a pretônica é oral; c) fonema vocálico da sílaba tônica quando a pretônica é nasal ou nasalizada; d) vogal contígua; e) distância; f) atonicidade; g) sufixo; h) consoante do onset; i) consoante do onset da sílaba seguinte; j) peso silábico. A nasalidade favorece a manutenção; a distância contigua favorece o alteamento; a ausência de sufixo

favorece a manutenção, assim

como o onset coronal e labial; sílabas pesadas CVC

favorecem manutenção.

Informantes com nível fundamental

realizam mais a manutenção, os não escolarizados os que possuem ensino médio realizam o

alteamento e a manutenção; informantes mais

(34)

34 De acordo com o quadro 1, podemos observar que a maioria dos trabalhos utilizou a rodada binária como base e pesos relativos para a análise dos resultados. Apenas os trabalhos de Araújo (2007), Silva (2009) e Freitas (2001) utilizam rodadas ternárias. Os trabalhos apresentam arquivos de especificação distintos em termos de número de grupos e de fatores, mas apresentaram os seguintes grupos em comum: a) natureza da vogal tônica. b) distância; c) segmento do onset da pretônica; d) segmento do onset da sílaba seguinte; e) sexo; f) faixa etária e g) escolaridade.

Os trabalhos apresentaram os seguintes grupos de fatores linguísticos favorecedores em comum: a) presença de vogal alta na tônica favorecendo o alteamento; b) distância contígua favorecendo o alteamento a distância não contígua favorecendo a manutenção.

Os resultados comuns referentes à natureza do onset mostraram que em grande parte dos trabalhos temos as lábias (ou bilabiais) e velares atuando no favorecimento do alteamento de [i] e velares favorecendo [u]. A manutenção é favorecida principalmente quando temos sílabas travadas e a presença de segmentos alveolares. O abaixamento de <e> e de <o> apresentou favorecimento principalmente quando há presença de alveolares, palatais e sílabas travadas.

Os fatores sociais apresentados nas pesquisas mostram que informantes mais velhos preferem a variante alta e os mais jovens a manutenção. A escolaridade também é fator favorecedor e a maioria das pesquisas aponta que informantes com baixa escolaridade possuem maior probabilidade de apresentar alteamento e a maior escolaridade favorece a manutenção.

Considerando todos os trabalhos aqui apresentados podemos afirmar que é comum o fato da presença de vogal alta na tônica favorecer a elevação, somado ao fator contiguidade. As pesquisas mostraram as labiais atuando na elevação de <o> e velares e palatais elevando <e>. Para os grupos sociais, grande parte as pesquisas mostraram os informantes do sexo masculino, mais velhos e com baixa escolaridade, preferindo a realização de [i] e de [u]. Dentre as

pesquisas que abordaram o uso das variantes [] e [] ficou evidente a atuação da vogal baixa /a/

ou pelas médias baixas /ɛ/ e // favorecendo o abaixamento da pretônica.

No próximo capítulo, iremos apresentar a metodologia utilizada na pesquisa com enfoque para o a constituição da amostra, dados socioeconômicos das capitais da região Norte e

(35)

35 2 METODOLOGIA

No presente capítulo, detalharemos a metodologia aplicada na pesquisa. Realizaremos uma breve exposição sobre a sociolinguística variacionista. Também descreveremos o processamento estatístico informatizado no programa Varbrul, explicitando todos os procedimentos e escolhas adotadas na presente pesquisa.

2.1 A sociolinguística laboviana

A sociolinguística surge em meados dos anos de 1960, na época em que os estudos gerativistas ganhavam força e a linguística estruturalista (na sua vertente bloomfieldiana) estava em declínio. Como campo do conhecimento, a sociolinguística já havia desenvolvido suas bases (com Meillet e Saussure, por exemplo), embora ainda não estivesse devidamente constituída como ramo dos estudos linguísticos que estuda a relação entre língua e sociedade. Para Labov (1972), “a mudança linguística não é um tema novo, novo é o seu estudo à luz do modelo variacionista”, daí a necessidade de se constituir um ramo específico que estude a variação linguística.

Os estudos sociolinguísticos tinham como objetivo estudar a língua dentro de sua manifestação social, com base em dados de fala reais, daí a utilização de corpus, de modo a chegar à sistematização da variação. Sistematizar a variação significa encontrar padrões de uso das variantes (possibilidades de se dizer a mesma coisa de modos diferentes), assim como regularidades e tendências.

Para a devida sistematização da variação, a sociolinguística se utiliza de modelos estatísticos para o tratamento de dados, com o intuito de indicar a relevância de fatores linguísticos ou não com base nas ocorrências e probabilidades numéricas. Por conta da utilização de números, a sociolinguística variacionista é também chamada de linguística matemática.

2.1.1 Variedade, variante e regra variável

(36)

36

De Norte a Sul do país é possível observar peculiaridades na forma de falar dependendo do local, diferenças que marcam determinadas variedades do português. Portanto, o português falado no Pará não é exatamente igual ao português falado no sul de Minas Gerais e mesmo dentro do Pará, o falante das ilhas que circundam Belém apresentam diferenças dialetais do português falado em Marabá, sudeste do Pará. Labov (1972), ao tratar da variação na fala disse que:

É comum que uma língua tenha diversas maneiras alternativas de dizer a mesma coisa. Algumas palavras como carro e automóvel parecem ter os mesmos referentes; outras têm duas pronúncias como cantando e cantano. Existem opções sintáticas como Uma pessoa que eu confio muito vs. Uma pessoa em quem eu confio muito ou É fácil para ele falar vs. Para ele falar é fácil. Em cada um destes casos, temos o problema de decidir o lugar desta variação na estrutura linguística. (p.221)

Podemos dizer que mesmo sendo a língua única oficial do Brasil e, portanto, única e bem distante do português europeu, a língua portuguesa é heterogênea e os falantes, dependendo da cidade, da idade, da escolaridade se utilizam de variantes, ou seja, modos de dizer a mesma coisa de maneiras diferentes.

A variação linguística, definida por Guy & Zilles (2007) como a “alternância entre dois ou mais elementos linguísticos” é a razão pela qual se realizam pesquisas sob a ótica da sociolinguística quantitativa e a partir da análise variacionista é possível chegar à construção da regra variável. A regra variável é importante para a elucidação de fatos linguísticos, pois se utiliza da metodologia da quantificação para se chegar às regularidades e padrões internos da língua.

2.2 Atlas Linguístico do Brasil (ALiB)

A presente pesquisa está ligada ao Atlas Linguístico do Brasil (ALIB), projeto que forneceu os dados para a realização deste estudo. A metodologia de pesquisa do referido projeto leva em consideração: a) faixa etária de 18 a 30 anos, e de 50 a 65 anos; b) sexo/gênero: masculino e feminino; c) nível de escolaridade: ensino fundamental e ensino superior (apenas para as capitais).

O quadro geral de pontos de inquérito ficou assim configurado: Região Norte, 23 pontos; Região Nordeste, 71 pontos; Região Sudeste, 79 pontos; Região Sul, 41 pontos e Região Centro-oeste, 21 pontos.

(37)

37

Morfossintático. Além desses, há questões referentes à pragmática, bem como sugestões de temas para registro de discursos semidirigidos e questões de natureza metalinguística e texto para leitura.

Atualmente, o Atlas Linguístico do Brasil já atingiu 80% das localidades visitadas e 89,1% dos informantes inquiridos, restando apenas 30 localidades para a finalização dos trabalhos que está prevista para o ano de 2012 a elaboração das cartas referentes às capitais, a fim de mostrar a distribuição geossociolinguística das variações identificadas.

Para a presente pesquisa foram utilizados apenas os dados do QFF e QSL, pelo fato de esses questionários apresentarem contextos específicos em que figuram as variáveis em estudo, especialmente o QFF.

2.3 A amostra estratificada

Foram utilizados como fonte de dados para a pesquisa o Questionário Fonético-fonológico (QFF) e o Questionário Semântico Lexical (QSL), pelo fato de apresentarem os itens lexicais contendo tanto vogais médias pretônicas anteriores, quanto posteriores, o que totalizou 33 itens esperados para o QFF e 37 itens esperados para o QSL. Entretanto, utilizamos tanto esses contextos quanto os não esperados, os que surgem quando o entrevistado tenta responder a pergunta que foi feita pelo entrevistador. Abaixo, podemos observar os itens lexicais referidos, assim como a sua localização numérica no QFF e no QSL:

QUADRO 2

Itens lexicais do Questionário Fonético-Fonológico (QFF).

ITENS LEXICAIS (QFF)

<e> <o>

terreno (002) mentira (106) gordura (022) colegas (085) televisão (004) pecado (109) colher (025) borracha (087) fervendo (027) pescoço (113) tomate (030) Soldado (093) cebola (029) ferida (123) botar (036) inocenti (104) elefante (049) perfume (144) bonito (037) procissão (107) remando (052) presente (145) montar (043) coração (119)

seguro (074) perdida (150) borboleta (046) sorriso (147) pernambucano

(092)

- começo (082) dormindo (148)

(38)

38

De acordo com o quadro 2 para o QFF foram utilizados 17 contextos para o estudo da variação de <e> e 17 contextos para o estudo de <o>. Para o QSL, foram considerados 22 contextos para <e> 15 para a variável <o>, como podemos observar no quadro 3 abaixo:

QUADRO 3

Lista de itens lexicais do Questionário Semântico-Lexical (QSL) ITENS LEXICAIS (QSL)

<e> <o>

relâmpago (008) menino (132)

trovão (010) prostituta (142) temporal/tempestade/vendaval

(012)

menina (133)

novembro (034) porronca (145) nevoeiro/neblina (021) falecido

(135)

forquilha (054) bolinha (156) crepúsculo (026) medalha

(153) colibri (065) lombada (195) fevereiro/setembro/dezembro

(034)

presépio (154)

conjuntivite (095)

bodega/boteco (202) mexerica (039) ferrolho

(163)

soluço (103) -

pernilongo (088) semáforo (194)

corcunda (107) -

desdentado (100) terreno (199)

vomitar (112) -

perneta (114) - tornozelo (118) -

(39)

39

TABELA 1

Amostra estratificada utilizada na pesquisa para as seis capitais da Região Norte do Brasil

Faixa Etária Sexo Escolaridade

18 a 30 Masculino Fundamental (1)

Superior (1)

Feminino Fundamental (1)

Superior (1)

50 a 65 Masculino Fundamental (1)

Superior (1)

Feminino Fundamental (1)

Superior (1)

Todas as células foram compostas por dois informantes, estratificados por sexo (masculino e feminino), idade (18 a 30 e 50 a 65 anos) e escolaridade (fundamental e superior), totalizando para cada capital 8 informantes e a soma total de informantes foram de 48 informantes para a região Norte do Brasil.

2.4 Comunidades pesquisadas

(40)

40

TABELA 2

População, extensão territorial e ano de fundação das capitais da região Norte do Brasil

Capital Fundação População Homens Mulheres Extensão territorial

Belém (PA) 1616 1.393,399 hab. 659.008 734.391 1.059,402 km

Manaus (AM) 1669 1.832,423 hab. 879.742 922.272 11.401,058 km

Boa Vista (RR) 1725 284.313 hab. 140.801 143.512 5.678,022 km

Macapá (AP) 1758 398.204 hab. 195.613 202.591 6.408,517 km

Rio Branco (AC) 1882 336.038 hab. 163.592 172.446 8.835,675 km

Porto Velho (RO) 1943 428.572 hab. 217.618 210.909 34.096,229 km

Fonte: IBGE.

Cada capital possui na amostra, (8) informantes estratificados socialmente (sexo, faixa etária e escolaridade), totalizando 48 informantes. Com a amostra é possível investigar a distribuição do alteamento, manutenção e abaixamento de <o> e de <o>. As informações históricas e socioeconômicas sobre as capitais da região Norte estão dispostas em ordem de fundação.

2.4.1 Belém (PA)

Segundo Tavares (2008), a ocupação de Belém coincide com o início do processo de ocupação da Amazônia, antes um imenso território ocupado principalmente por indígenas, mas que era alvo de invasões francesas e holandesas, o que motivou o início da ocupação portuguesa no extremo norte, não é a toa que a primeira construção que marcaria a presença portuguesa foi o Forte do Presépio.

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No século XIX, em virtude da Independência de 1822, que não foi efetiva no Pará ocorreu o movimento popular chamado Cabanagem. O movimento teve forte inspiração em ideias republicanas e ocorreu devido a graves problemas socioeconômicos, que empobreceram a população formada principalmente por índios, escravos e a minoria de portugueses.

Na segunda metade do século XIX, por ocasião do ciclo da borracha, o quadro de estagnação econômica deu espaço para os tempos áureos, que de fato não enriqueceu o Estado, pelo fato do acúmulo de riquezas se concentrarem em Belém e Manaus, esse período é conhecido como belle époque, pois se tentava reproduzir o estilo Europeu nos costumes e construções das duas principais cidades amazônicas.

Com o aumento da demanda internacional, decorrente do desenvolvimento do processo de vulcanização, a produção de borracha oriunda dos seringais teve que ser aumentada e para isso a migração nordestina foi incentivada para atuar como mão de obra barata.

Com o declínio do ciclo da borracha, Belém entra em um período de decadência e passou a ser o centro comercial e financeiro de uma economia baseada na agricultura. Só a partir da década de 50 do século XX, com a criação de projetos de integração, como a construção da Belém-Brasília, que o um novo movimento populacional em busca de terras e oportunidades para se estabelecer com isso novos contingentes de migrantes nordestinos e do centro-oeste do Brasil constituíram a população atual do estado e da capital.

2.4.2 Manaus

No final do século XIX, Manaus passa a ter maior importância quando em 1872 dá-se a abertura do rio Amazonas para navegação internacional e a capital, já desmembrada da Província do Amazonas do Pará, passa a ter infraestrutura urbana, semelhante à capital Belém.

De acordo com Daou (2004), a povoação de Fortaleza de São José do Rio Negro foi tardia se comparado à Belém, de modo que a capital Manaus só ganhou visibilidade no ápice do ciclo da borracha. Manaus teve um crescimento populacional considerável no fim do século XIX.

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Após o fim do ciclo da borracha, Manaus passou a ser alvo de intensa migração em virtude dos projetos de desenvolvimento da Amazônia, em especial após a implantação da Zona Franca de Manaus, que fez com que Manaus tivesse o maior crescimento populacional da região Norte e o 12º maior conglomerado urbano do Brasil, grande parte desses migrantes vieram de outras regiões da Amazônia, do Nordeste e Centro Sul do Brasil.

2.4.3 Macapá (AP)

No século XVIII, o então administrador Francisco Xavier de Mendonça Furtado (irmão do secretario de Estado do Reino Português Marques de Pombal e Governador Geral da Capitania do Grão-Pará, englobando Pará, Maranhão e a Capitania de São José do Rio Negro) foi enviado em missão em direção ao Norte para finalizar a fortificação do Cabo Norte ou Costa do Macapá em resposta à constante ameaça de invasão de corsários franceses, motivo pelo qual a demarcação do território foi efetuada.

De acordo com Costa & Sarney (2004), o início da ocupação do atual Estado do Amapá se iniciou no século XVIII, principalmente após a invalidação do Tratado de Tordesilhas junto a Espanha, tomando como principio o uti possendis, ou seja, prevaleceria o uso da ocupação. Esse ato foi posteriormente agregado ao conjunto de reformas instituídas pelo déspota Marques de Pombal, em 1755, dentre as quais se destaca o envio de Mendonça Furtado para ser governador do Pará, com o objetivo de povoar as missões do Cabo do Norte, defender militarmente a região da presença francesa e holandesa, reparar e construir novas fortalezas militares na costa de Macapá.

O primeiro núcleo habitacional se deu no entorno de Macapá, em 1776, quando Marques de Pombal decidiu criar uma Vila na foz do Anaueraucu (Mazagão) para receber 163 famílias negras vindas da costa do Marrocos, na África.

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2.4.4 Rio Branco (AC)

O município de Rio Branco, capital do Acre se originou na ocasião da chegada do seringalista Neutel Maia em 1882, que veio para atuar junto aos trabalhadores na produção de borracha na margem direita do Rio Acre, onde se deu as primeiras ocupações em áreas antes ocupadas pelos Aquiris (tribo que deu origem ao nome do Estado), Canamaris e Maneteris.

De acordo com Oliveira (1980), a ocupação territorial do Acre e consequentemente de sua capital, Rio Branco, remonta a segunda metade do século XIX, de modo que, com exceção dos grupos indígenas que já ocupavam o espaço territorial, foi realizada por migrantes do sertão nordestino, que se deslocaram movidos pelo aumento do interesse internacional pela borracha, matéria-prima indispensável para a indústria automobilística da época.

Esses migrantes arregimentados, principalmente como força de trabalho, para a então indústria da borracha, mesmo após o declínio da produção da borracha e “esvaziamento” populacional, parte dessa população de migrantes se fixou no Acre.

Os antigos seringais que deixaram de produzir borracha passaram a ser incorporados ao latifúndio, de modo que a disponibilidade de terras improdutivas impulsionou um segundo ciclo de ocupação, principalmente de contingentes populacionais do Centro-Oeste (Mato Grosso e Goiás) e do Pará. Essa nova ocupação fez com que o território do acreano fosse alvo de especulação fundiária, impulsionados principalmente pela formação de projetos agropecuários, madeireiros e de extração mineral.

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2.4.5 Boa Vista (RR)

O primeiro passo para a ocupação territorial se deu por ocasião da viagem de Pedro Teixeira pelo rio Amazonas no século XVII, no entanto, somente no século XVIII os portugueses dominaram o território efetivamente a partir da militarização da região, com o intuito de consolidar núcleos habitacionais de nativos, para resguardar a região de possíveis invasões estrangeiras.

Segundo Barbosa (1993), “ao final do século XVIII a população local havia declinado, alguns despareceram e os remanescentes reduziram-se a poucas moradias”. A dificuldade de acesso à região fez com que as terras ficassem sob a responsabilidade de militares e de poucos núcleos habitacionais, que criavam gado, a única atividade econômica até então.

Os primeiros migrantes que surgiram na região eram oriundos do Nordeste da própria região Norte, no entanto, a região de Roraima ainda sofria de um baixo índice demográfico. Só a partir de 1877, com o ápice do ciclo da borracha, que a bacia do rio Branco teve um aumento populacional, principalmente de nordestinos, embora em menor intensidade, se comparado aos estados do Pará, Amazonas e Acre.

A atividade mineral teve bastante influência no fluxo migratório no início do século XX, embora não tenha sido suficiente para aumentar consideravelmente o índice populacional. Em 1926, quando a Vila de Boa Vista do Rio Branco foi elevada à categoria de cidade, o governo amazonense tentou fazer ligação por terra entre Boa Vista e Manaus.

Em 1946, o Governo Federal criou o Território Federal do Rio Branco com o intuito de garantir o domínio nacional a partir do povoamento de seu vasto território, no entanto, a dificuldade de acesso, além da falta de infraestrutura de serviços fez com que a iniciativa do governo não fosse totalmente efetiva.

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Gráfico 2: Escolaridade do informante para a vogal pretônica &lt;e&gt;.
Gráfico 3: Faixa etária do informante para a vogal pretônica &lt;e&gt;.
Figura 5: Distribuição das variantes de &lt;e&gt; nas capitais da região Norte do Brasil
Figura 7: Distribuição das variantes de &lt;o&gt; nas capitais da região Norte do Brasil

Referências

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