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Homicídio nas relações de intimidade: comparação entre homicídio e homicídio-suicídio em Portugal

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Academic year: 2020

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Universidade do Minho

Escola de Psicologia

Eduardo Manuel Gonçalves de Faria Gomes

Homicídio nas relações de intimidade:

Comparação entre homicídio e

homicídio-suicídio em Portugal

junho de 2019 UMinho | 2019 Eduar do Gomes Homicídio nas r elações de intimidade: Com par ação entr e homicídio e homicídio-suicídio em P or tug al

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Eduardo Manuel Gonçalves de Faria Gomes

Homicídio nas relações de intimidade:

Comparação entre homicídio e

homicídio-suicídio em Portugal

Dissertação de Mestrado

Mestrado Integrado em Psicologia

Trabalho realizado sob a orientação da

Professora Doutora Marlene Matos

e da

Doutora Mariana Gonçalves

Universidade do Minho

Escola de Psicologia

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Agradecimentos

Um trabalho de mestrado é uma longa viagem, que inclui uma trajetória permeada por inúmeros desafios, tristezas, incertezas, alegrias e muitos percalços pelo caminho, mas apesar do processo solitário a que qualquer investigador está destinado, reúne contributos de várias pessoas, indispensáveis para encontrar o melhor rumo em cada momento da caminhada.

Trilhar este caminho só foi possível com o apoio, energia e força de várias pessoas, a quem dedico especialmente este projeto de vida. Especialmente às minhas orientadoras, agradeço a orientação exemplar pautada por um elevado e rigoroso nível científico, um interesse permanente, uma visão crítica e oportuna, um empenho inexcedível e saudavelmente exigente, os quais contribuíram para enriquecer, com grande dedicação, passo por passo, todas as etapas subjacentes ao trabalho realizado.

Aos meus amigos, agradeço o apoio e motivação incondicional que ajudou a tornar este trabalho uma válida e agradável experiência de aprendizagem. Estou grato pela nossa amizade.

Aos meus pais, por acreditarem em mim, pelo apoio incondicional que me permitiu ingressar na universidade e pela paciência que sempre demonstraram quando as coisas correram menos bem. Por fim, o meu profundo e sentido agradecimento a todas as pessoas que contribuíram para a concretização desta dissertação, estimulando-me intelectual e emocionalmente

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Homicídio nas relações de intimidade: Comparação entre homicídio e homicídio-suicídio em Portugal

Resumo

O homicídio nas relações íntimas, ou seja, homicídio de uma pessoa por parte do seu atual ou passado companheiro é um evento trágico e disruptivo para a sociedade. A literatura aponta para uma tipologia de agressor diferente, com prevalência significativa nos casos de homicídio nas relações íntimas: o homicídio-suicídio. Até ao momento, são escassos os estudos relativos à comparação entre as tipologias de homicídio conjugal e homicídio-suicídio. O presente estudo tem como principal objetivo a análise das características de cada uma destas tipologias de homicídio de modo a identificar se possível se existem padrões comuns ou diferenciadores entre eles. Este estudo baseou-se na análise documental de processos judiciais, com a autorização dos juízes responsáveis por cada caso, num total de 78 processos analisados. Foram conduzidos testes estatísticos que permitissem a comparação entre os grupos, usando informação recolhida nos processos tais como dados sociodemográficos, informação relativa à díade, ao crime e ao processo criminal. Os resultados apontam no sentido de uma homogeneidade entre as tipologias analisadas, com algumas particularidades que podem ser importantes para uma mais fácil identificação deste tipo de casos e enquanto ferramenta de treino para profissionais especializados.

Palavras-Chave: Homicídio Conjugal; Homicídio-Suicídio; Relações Íntimas; Violência entre parceiros íntimos

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Intimate Partner Homicide: Comparison between homicide and homicide-suicide in Portugal Abstract

Intimate partner homicide, or the homicide of an individual by his or hers current or former intimate partner is a tragic and disruptive event. Research points to a different kind of murder with a significant prevalence in the intimate partner homicide spectrum, the homicide-suicide. Up to this point studies involving the comparison between intimate partner homicide and intimate partner homicide-suicide are scarce. The current study aims to analyse the characteristics present in both types of homicides so that

we can conclude if there are differentiating patterns between them. The data used in this study was

obtained through the analysis of legal proceedings for intimate partner homicide, in a total of 78 cases. Statistical tests were put in place to allow the comparison between the groups using the collected data relative to sociodemographic characteristics, information relative to the dyad, the crime and the criminal process. The results show mostly common trends between the two groups with some differentiating factors which may be important for an easier identification of these cases and the training of specialized professionals.

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vii Índice

Homicídio nas relações de intimidade: Comparação entre homicídio e homicídio-suicídio em Portugal .. 8

Objetivo ... 12

Método ... 12

Procedimento ... 13

Estratégia de análise de dados ... 13

Resultados ... 14

Caracterização dos homicidas ... 14

Caracterização das vítimas ... 16

Caracterização da díade ... 18

Caracterização do homicídio ... 20

Caracterização do processo criminal ... 21

Discussão... 22

Referências ... 26

Anexos ... 30

Índice de Tabelas Tabela 1. Caracterização dos homicidas: IPH vs IPH-S ... 15

Tabela 2. Caracterização das vítimas: IPH vs IPH-S ... 17

Tabela 3. Caracterização da díade: IPH vs IPH-S ... 18

Tabela 4. Caracterização do homicídio: IPH vs IPH-S... 20

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Running Head: HOMICÍDIO E HOMICÍDIO-SUICÍDIO NAS RELAÇÕES ÍNTIMAS

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Homicídio nas relações de intimidade: Comparação entre homicídio e homicídio-suicídio em Portugal

A violência doméstica é um crime relevante, considerado um sério problema de saúde pública e um grave abuso dos direitos humanos (Harvey, Garcia-Moreno, & Butchart, 2007). No espectro alargado da violência doméstica sobressaem claramente os crimes de violência entre parceiros íntimos que a Organização Mundial de Saúde define como “…qualquer comportamento no contexto de uma relação de intimidade que cause danos físicos, psicológicos ou sexuais para com o parceiro, incluindo atos de

agressão física, coerção sexual, abuso psicológico e comportamentos de controlo.” (Krug, Dahlberg,

Mercy, Zwi, & Lozano, 2002, pág. 89).

Globalmente, mais de um quinto das mulheres experienciaram violência física e ou sexual por parte de um parceiro e ou ex-parceiro. As formas de violência mais recorrentes são: ser empurrado; puxar o cabelo, agarrar ou bofetear; espancar com as mãos ou objeto contundente. Este é o caso para cerca de metade das mulheres vítimas de violência por parte do parceiro e cerca de dois terços das mulheres vitimadas pelos ex-parceiros (FRA, 2014a).

Dados relativos a homens vítimas são escassos. No entanto, relatórios estatísticos realizados nos EUA e Canadá revelaram que 22% dos homens experienciam algum tipo de violência íntima (física, sexual ou psicológica) durante a sua vida. Homens de etnia diferente da dos seus parceiros estão em maior risco de serem vítimas de violência íntima (D.O.V.E, 2013).

Quanto à realidade portuguesa relativamente a violência entre parceiros íntimos, estima-se que 27.6% dos crimes contra as pessoas são cometidos no contexto de uma relação de intimidade, 79%

das vítimas são mulheres e 84% dos denunciados são do sexo masculino (RASI, 2018). A violência

entre parceiros íntimos varia entre ofensas “menores” como empurrões e bofetadas até ao desfecho mais extremo que pode resultar de uma confrontação violenta: o homicídio (Caman, 2017).

No seio das relações íntimas, a presença de determinados fatores parece aumentar a probabilidade de um desfecho fatal. A presença ou acesso facilitado a arma de fogo por parte do perpetrador parece aumentar a probabilidade de homicídio em onze vezes (Spencer, 2018). Estudos reportam uma grande prevalência de, para além de violência física, violência psicológica, comportamentos controladores e de stalking (Sharps al., 2001). Outros incluem violência durante a gravidez (McFarlane et al 2002; Koziol-McLain et al., 2007; Spencer, 2018) e comportamentos controladores (Campbell et al., 2003; Glass, Laughon, & Rutto, 2008) como fatores de risco para violência entre parceiros íntimos e homicídio conjugal. Campbell e colaboradores em 2003 sugere que

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comportamentos controladores em conjugação com a separação recente do casal parece aumentar o risco de femicídio em nove vezes. O homicídio conjugal ou homicídio na relação de intimidade é entendido como o homicídio de uma pessoa por parte de um cônjuge ou ex-cônjuge (Oram, Flynn, Shaw, Appleby, & Howard, 2013). Denomina-se de femicídio o homicídio das mulheres no contexto de uma relação íntima, no qual a vítima mantém ou manteve uma relação íntima com o ofensor (Campbell et al., 2003; McFarlane, Campbell, & Watson, 2002; Sharps et al., 2001).

Relativamente aos homens que são violentos na intimidade a literatura reporta alguns fatores que parecem ser transversais à maioria dos casos; no entanto parecem existir características diferenciadoras entre aqueles que agridem e os que cometem homicídio conjugal. Por exemplo, posse ou acesso facilitado a arma de fogo e violência íntima prévia são fatores de risco mais prevalentes no homicídio. Apesar de o abuso de álcool, a violência fora da relação, e o facto de pertencer a uma minoria étnica também estarem implicados no homicídio conjugal, estes aparentam ter um menor impacto no mesmo do que em outros tipos de homicídio (Roehl, O’Sullivan, Webster, & Campbell 2005)

Em 2013, Stockl e colaboradores avaliaram a extensão do homicídio entre parceiros íntimos, à escala global, estimando que 1 em cada 7 homicídios sejam cometidos pelo parceiro íntimo. No contexto familiar ou de relações íntimas, as mulheres estão expostas a um risco consideravelmente superior de homicídio comparativamente aos homens, cerca de 70% das vítimas são do sexo feminino (UNODC, 2013).

Em Portugal foi elaborado um destaque estatístico relativo às condenações por homicídio conjugal e concluiu-se que, no período temporal entre 2007 e 2013, em média 13% de todos os homicídios foram homicídios conjugais. Para além de que existiu um aumento na proporção de mulheres perpetradoras (4.7% em 2007 para 17.2% em 2013) e uma redução na condenação de ofensores masculinos (93.5% em 2007 para 82.8% em 2013) (DGPJ, 2014). Segundo o relatório anual de segurança interna (2018), 19% dos homicídios voluntários consumados são cometidos pelo parceiro íntimo.

Literatura que se foca na problemática dos homicídios, falha historicamente em fazer uma diferenciação entre homicídio e homicídio conjugal. Apesar disto, estudos recentes reconhecem a importância de examinar o homicídio conjugal como uma tipologia distinta (Ioannou & Hammond, 2015).

Dobash e colaboradores (2004), num artigo relativo à problemática do homicídio conjugal afirmam que os perpetradores deste tipo de crime diferem de outros tipos de homicida. Argumentam

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que os homicidas conjugais serão mais convencionais do que perpetradores de crimes genericamente violentos. Homicidas conjugais apresentam padrões congruentes com os da população geral relativamente a vitimação na infância, história criminal e violência física em geral, bem como em relação ao nível educacional e frequência de emprego e que, por essa razão, devem ser tratados como um subgrupo à parte (Dobash et al., 2009; Dobash, Dobash, Cavanagh, & Lewis, 2004; Weizmann-Henelius et al., 2012). Como tal, é possível defender o argumento de que as características individuais e fatores de risco que serão revelantes para o homicídio comum não serão aplicáveis aos homicídios que envolvem parceiros íntimos.

Porém, nem todos defendem que este grupo de homicidas se diferencie de outros. Por exemplo, Felson e Lane (2010) estipulam que estes são ofensores violentos típicos, não diferindo dos que cometem crimes violentos fora do seio familiar no que toca às suas características individuais, experiências e percursores motivacionais. Muitas vezes alguns desses agressores vão para além do homicídio do parceiro, alguns cometem o que se denomina agora de “family annihilator”, em que o agressor mata o seu cônjuge, filhos e, ainda, os animais domésticos (Byard, Knight, James, Gilbert, 1999). Um estudo de Smuker, Kerber e Cook (2018), que se baseou na análise retrospetiva de processos judiciais verificou a existência de vítimas para além do parceiro em 51 casos dos 816 analisados: 35.2% incluíram a morte do filho em comum, 21.5% o parceiro atual da vítima, 19,6% amigos ou colegas de casa e 9,7% os pais da vítima.

Uma outra tipologia que apresenta uma prevalência significativa no seio do homicídio conjugal é o homicídio-suicídio, em que ofensor se suicida depois de cometer o homicídio, sendo que este fenómeno representa uma forma grave de violência interpessoal que ocorre mais frequentemente entre casais e famílias. De acordo com Buteau, Lesage e Kiely (1993), os perpetradores de homicídio-suicídio podem ser divididos em dois grandes grupos: O primeiro composto por indivíduos geralmente mais velhos, com dificuldades físicas e/ou económicas e intenção primária de duplo-suicídio ou homicídio por compaixão; o segundo grupo, composto por indivíduos mais jovens, motivados por ciúmes, com uma prevalência elevada de depressão e relações de longa duração com as vítimas. Neste grupo era também mais prevalente uma história de violência na relação, episódios de separação, distúrbios de personalidade e abuso de álcool. No seio dos casos de homicídio conjugal, a probabilidade de suicídio do ofensor difere consoante o sexo, sendo que a maioria dos casos inclui uma vítima do sexo feminino e um agressor do sexo masculino (Bossarte, Simon, & Barker, 2006).

O estado da arte em relação ao homicídio-suicídio, aponta no sentido de algumas características individuais, demográficas e motivacionais, que parecem ser próprias deste tipo de crime.

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Aparenta ser consensual na literatura a presença regular de algumas características nos crimes de homicídio-suicídio entre as quais encontramos: uma média de idades superior para agressores e vítimas de homicídio-suicídio relativamente a homicídio conjugal e a presença de relação formal de forma mais demarcada em casos de homicídio-suicídio (cônjuge ou ex-cônjuge) (Banks et al 2008; Dawson, 2005; Mathews, 2008).

A prevalência da presença de álcool e substâncias psicotrópicas parece ser inferior neste tipo de casos, tanto em vítimas como em agressores em comparação com vítimas/agressores de homicídio conjugal (Mathews, 2008; Liem et al., 2009; Banks et al., 2008). A presença de arma de fogo aparenta ser um dos fatores determinantes mais prevalentes nos casos de homicídio-suicídio. Cerca de metade dos ofensores que usam arma de fogo no homicídio conjugal cometem suicídio. Quando a arma é qualquer outra que não de fogo, a percentagem de suicídio baixa para cerca de 7% (Smucker, et al., 2018).

Banks e colaboradores (2008) num estudo comparativo entre homicidas e homicidas-suicidas reporta a compra de arma de fogo vários dias antes do homicídio, numa parte representativa da sua amostra, o que sugere um evento premeditado. Na ausência de arma de fogo, o suicídio aparenta ser menos comum e o crime menos premeditado com os perpetradores de homicídio conjugal a recorrerem a outros métodos que incluíam asfixia, envenenamento, incineração e uso de arma branca.

Enquanto uma diferenciação entre os crimes de homicídio conjugal e homicídio-suicídio aparente ser desafiadora, algumas diferenças fundamentais parecem emergir: os perpetradores de homicídio-suicidio aparentam usar métodos muito menos violentos, mais premeditados e possuir maior prevalência de histórias de doença mental, entre as quais se destaca a depressão (Jensen et al., 2009).

O homicídio-suicídio em Portugal permanece por estudar. No entanto, Pereira, Ferreira, Pinto e Costa (2010) desenvolveram um estudo de análise documental baseado em relatórios de medicina legal entre os anos de 2004 e 2008. Da análise resultaram 57 casos de mulheres mortas, das quais 26 (46%) foram mortas pelo parceiro. Da totalidade dos casos em que as mulheres foram mortas pelo parceiro, a maioria, 14 (54%) foi identificado como sendo homicídio-suicídio. Relativamente às características individuais e dinâmicas relacionais o estudo apresenta concordância com estudos anteriores. Perpetradores são geralmente mais velhos do que as vítimas, a arma de fogo é o instrumento mais utilizado para a perpetração do homicídio e a presença de substâncias apresenta-se como um fator de risco prevalente tanto nos casos de homicídio como de homicídio-suicídio.

Quanto a quaisquer restrições temporais, a investigação não é clara, com alguns estudos a aplicarem a denominação de homicídio-suicídio apenas aos crimes em que o suicídio ocorre até 24 horas

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após o homicídio. Contudo, outros expandem esse período até uma semana (Barraclough & Harris, 2002).

Este estudo tem o propósito de aumentar o conhecimento atual e responder a questões

pendentes acerca das diferenças relativas às características individuais, situacionais e relacionais

presentes nos casos homicídio e homicídio-suicídio nas relações de intimidade. Assim, a análise destas diferenças pode, para além de preencher uma lacuna acerca da realidade do homicídio em Portugal, informar e facilitar a ação das forças policiais, investigadores criminais e técnicos de apoio à vítima. De um ponto de vista prático, a informação recolhida pode ser utilizada para a construção de instrumentos que permitam uma identificação precoce deste tipo de casos e a implementação de intervenções para possíveis perpetradores e vítimas.

Objetivo

O presente projeto tem como principal objetivo o estudo comparativo das características demográficas, situacionais, individuais e da díade que distinguem e definem homicidas conjugais e homicidas-suicidas. Para tal, através da análise documental de processos judiciais pretendemos: estabelecer comparações entre as características dos homicídios, por tipologia de homicídio (homicídio conjugal e homicídio-suicídio), em relação a variáveis sociodemográficas (e.g., idade, etnia, nacionalidade), dinâmicas criminais (e.g., tipo de arma utilizada, presença de cúmplices ou motivação para o crime), histórico relacional (e.g., existência de violência prévia, número de filhos em comum, duração da relação), e características do processo criminal (e.g., veredito e sentença).

Método

Este estudo insere-se no âmbito de uma parceria não financiada entre a Escola de Psicologia da Universidade do Minho, a Polícia Judiciária e a Cooperativa de Ensino Superior, CRL Egas Moniz. Os dados utilizados para análise são provenientes do estudo geral “Homicídio nas relações de intimidade: contributos para o estudo da realidade portuguesa”, sendo que este projeto funciona como uma ramificação do mesmo.

A amostra consiste em 78 processos judiciais transitados em julgado, de homicídios perpetrados no contexto de intimidade. Da totalidade dos processos, 51 são casos de homicídio conjugal, 20 de homicídio-suicídio e 7 de homicídio com tentativa de suicídio. Os processos são referentes ao período temporal de 2010 a 2015, provenientes de vários pontos do país - Lisboa e Vale do Tejo (53) – Porto (9)

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– Braga (4) – Aveiro (3) – Vila Real (5) – Ponta Delgada (3) e Viana do Castelo (1). Dos 78 processos, 27 (34.6%) são seguidos de suicídio ou tentativa de suicídio. A amostra é ainda composta por um total de 84.6% (n =66) de homicidas do sexo masculino. Todos os processos são referentes a relações heterossexuais.

Procedimento

O projeto no qual este estudo se insere foi previamente submetido e aprovado pela Comissão de ética da Universidade do Minho – Subcomissão de ética para as ciências sociais e humanas com a autorização número (SECSH 060/2016).

Inicialmente foram realizados diversos contactos de articulação com os vários tribunais do

continente e ilhas, de forma a obter autorização por parte do juiz responsável por cada processo, procedendo-se depois ao agendamento e recolha.

O tempo de consulta varia dependendo do processo, estimando-se até três horas por processo,

resultando numa média de 234 horas. A metodologia escolhida para este estudo foi a análise documental dos processos judiciais, cuja validade e qualidade foi demonstrada numa variedade de estudos de psicologia investigativa (Canter & Alison, 2003).

Todos os processos consultados foram analisados através de uma grelha de recolha de dados baseada numa revisão de literatura e testada previamente com consulta de casos. Esta grelha encontra-se dividida em 6 partes: a) processo, procedimento criminal e encontra-sentença (e.g., data da ocorrência, sentença), b) o homicida (e.g., sexo, idade, registo criminal, acesso/posse de arma de fogo), c) vítima (e.g., sexo, idade, profissão, perceção de risco), d) díade/relação vitima-agressor (e.g., duração da relação, separações prévias, Histórico de violência), e) tipos de violência e comportamentos violentos (e.g., violência física, stalking), f) contexto do homicídio (e.g., cena do crime , tipo de arma utilizada, motivação), perícia psiquiátrica, e relatório social do homicida).

Os dados analisados através de análise documental foram posteriormente convertidos em 127 variáveis, principalmente numéricas e nominais. Estas variáveis foram depois inseridas numa base de dados no software SPSS (Statistical Package for Social Sciences) versão 24 organizadas segundo as categorias presentes na grelha de recolha descritas anteriormente.

Estratégia de análise de dados

A análise baseou-se numa exposição das estatísticas descritivas que caracterizam a amostra (médias e desvios padrão), procedido de uma comparação estatística entre os grupos de homicidas-

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suicidas e homicidas conjugais nas diferentes variáveis (para efeitos de análise os grupos de homicídio-suicídio e homicídio com tentativa de homicídio-suicídio foram incorporados num único grupo). Foram usados testes T para amostras independentes para as variáveis numéricas e testes de Qui-Quadrado para as variáveis nominais. Quando possível foi utilizado o teste exato de Fisher de modo a melhorar a robustez estatística das análises. Para além disto foram ainda calculados tamanhos de efeito (D de Cohen para as variáveis numéricas; Phi e Cramers’V para as variáveis nominais). Relativamente à análise das variáveis referentes ao processo criminal e tendo em conta o facto de não existir sentença ou veredito nos casos de homicídio- suicídio, a comparação foi efetuada entre o grupo de homicidas conjugais e homicidas com tentativa de suicídio.

Resultados Caracterização dos homicidas

Quanto à idade, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas, sendo os homicidas-suicidas significativamente mais velhos (M = 56.56, SD = 16.12) do que os homicidas conjugais (M = 43.98, DP = 14.48), t (76) = -3.51, p = .001, d = .82 com um tamanho de efeito elevado.

Quanto à etnia, os homicidas conjugais eram na sua maioria e caucasianos (75.51%); no entanto relativamente ao grupo dos homicidas-suicidas todos os agressores eram caucasianos, sendo

esta uma diferença significativa, X2(1) = 7.31, p = .006, φ = .32, com um tamanho de efeito pequeno.

Os grupos de homicidas e homicidas-suicidas diferiram também no que diz respeito à profissão

X2(1) = 5,74, p = .030, Cramers´V = .32, e à sua situação profissional à data do crime, X2(2) = 12,92,

p = .002, Cramers´V = .43. Ambos os grupos apresentaram percentagens mais elevadas de ocupação indiferenciada; no entanto a proporção de homicidas conjugais com profissão indiferenciada era de 90.9%, comparativamente aos 64.3% do grupo de homicídio-suicídio.

Em relação à situação profissional, uma proporção elevada do grupo de homicídio conjugal encontrava-se desempregada (44.9%), enquanto no grupo homicídio-suicídio a maioria dos agressores era reformada (54.4%). No grupo de homicídio-suicídio apenas 6% dos homicidas tinha antecedentes criminais contrastando com o grupo de homicidas conjugais em que 46% possuíam antecedentes

criminais, sendo esta diferença significativa, X2(2) = 7,99, p = ,005, φ = .33.

Foram ainda encontradas diferenças entre os grupos relativamente à prática de crimes contra

as pessoas X2(1) = 5,03, p = .03, φ =.27, na medida em que 35.29% dos ofensores de homicídio

conjugal possuíam registo deste tipo de crime, comparativamente aos 16.67% no grupo de

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.05, φ = ,24, sendo que 43.13% dos homicidas conjugais apresentavam abuso diferindo dos 19.23% no grupo de homicídio-suicídio.

Tabela 1.

Caracterização do homicida: IPH vs IPH-S IPH (n = 51) IPH-S (n = 27) t d M DP M DP Idade 43.98 14.48 56.56 16.12 -3.51** .82 n % n % X2 φ or Cramer´sV Sexo Feminino 12 23.53 - - 7.51 .31 Masculino 39 76.47 27 100 Nacionalidade Portuguesa 38 74.51 22 81.48 1.02 .12 Estrangeira 13 25.49 4 18.52 Etnia Caucasiano 37 75.51 25 100 7.31** .31 Outro 12 24.49 - - Profissão Indiferenciada 40 90.91 9 64.29 5.74* .32 Diferenciada 4 9.09 5 35.71 Situação profissional Ativo 20 40.41 6 27.27 12.92* .43 Desempregado 22 44.89 4 18.18 Reformado 7 14.21 12 54.54 Habilitações Literárias 3º Ciclo ou Inferior 45 95.74 4 80 2.40 .22 Secundário ou superior 2 4.26 1 20 Registo criminal Não 27 54 21 87.5 7.99** .33 Sim 23 46 3 12.5

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16 Nota: IPH = Intimate partner homicide; IPH-S = Intimate partner homicide-suicide *p < .05; **p<.01; ***p<.001

Caracterização das vítimas

Relativamente a estas, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas na variável idade, com uma média de idades superior no grupo de homicídio-suicídio (M = 50.56, DP = 17.61) comparativamente ao grupo de homicídio conjugal (M = 41.84, DP = 14.99), t(76) = -2,30, p = .02, d = -.54 com um tamanho de efeito médio. Apesar de uma maior prevalência de vítimas mulheres em ambos os grupos, foram encontradas diferenças entre eles. A totalidade das vítimas de homicídio-suicídio são do sexo feminino, contrastando com os 76.47% de vítimas mulheres no grupo de homicídio conjugal

X2(1) = 7.51, p = .006, φ = .31.

Foram ainda encontradas diferenças entre os grupos relativamente à etnia X2(1) = 6,31, p =

,013, φ = .29. O grupo de homicídio-suicídio era composto apenas por elementos caucasianos, o que diferiu do grupo de homicídio conjugal que apresentou uma percentagem de vítimas caucasianas de 78.43%, mas também de outras etnias (21.57%). Por fim os grupos diferem de forma estatisticamente

significativa relativamente à variável abuso de substâncias X2(1) = 5,69, p = .03, φ = .27, com apenas

3.7% dos elementos no grupo homicídio-suicídio a apresentarem consumos, esse número aumenta para 24% no grupo conjugal.

Crimes contra pessoas

Não 26 64.71 20 83.33

5.03* .27

Sim 20 35.29 4 16.67

Posse de Arma de Fogo

Não 33 42.31 13 48.15 2.0 .60 Sim 18 35.90 14 51.85 Abuso de Substâncias Não 29 56.86 21 80.77 4.32* .24 Sim 22 43.14 5 19.23 Antecedentes Psiquiátricos Não 43 84.31 20 74.07 1.19 .12 Sim 8 15.69 7 37.93

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17 Tabela 2.

Caracterização das vítimas: IPH vs IPH-S IPH (n = 51) IPH-S (n = 27) t d M DP M DP Idade 41.84 14.99 50.56 17.61 -2.30* -.54 n % n % X2 φ or Cramer´sV Sexo Feminino 39 76.47 27 100 7.51** .31 Masculino 12 23.53 - - Nacionalidade Portuguesa 37 74 23 88.46 2.15 .17 Estrangeira 13 26 3 11.54 Etnia Caucasiano 40 78.43 25 100 6.31* .29 Outro 11 21.57 - - Profissão Indiferenciado 39 84.78 11 83.33 .00 .002 Diferenciado 7 15.22 2 16.67 Situação Profissional Ativo 32 64 10 55.56 .41 .08 Desempregado 11 22 5 27.78 Reformado 7 14 3 16.67 Habilitações Literárias 3º Ciclo ou inferior 45 95.74 4 80 .47 .15 Secundário ou Superior 2 4.26 1 20

Perceção de perigo por parte da vítima

Não 16 50 6 42.86

.20 .06

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HOMICÍDIO E HOMICÍDIO-SUICÍDIO NAS RELAÇÕES ÍNTIMAS 18 Abuso de substâncias Não 38 76 26 96.3 5.7* .27 Sim 12 24 1 3.7 Distúrbio Psiquiátrico Não 42 85.71 18 69.23 2.89 .20 Sim 7 14.29 8 30.77

Nota: IPH = Intimate partner homicide; IPH-S = Intimate partner homicide-suicide *p < .05; **p<.01; ***p<.001

Caracterização da Díade

Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas relativamente à violência física X2(1)

= 8.318, p = .006, φ = .331. O grupo de homicídio conjugal apresentava violência física em 54.90% dos

casos, valor superior ao do grupo de homicídio-suicídio que se fixa nos 20%. A violência psicológica X2(1)

= 7.86, p = .009, φ = .32 e comportamentos controladores X2(1) = 6.61, p = .02, φ = 30, seguem o

padrão da variável violência física com percentagens superiores de ambos tipos de violência no grupo de homicidas conjugais. Foi encontrado ainda um resultado marginalmente significativo na variável stalking

X2(1) = 3,34, p = .02, φ = .21, novamente com o grupo homicídio conjugal a apresentar uma

percentagem superior (41.18%) deste tipo de violência relativamente aos 20% do grupo de homicídio-suicídio.

Tabela 3.

Caracterização díade: IPH vs IPH-S IPH (n = 51) IPH-S (n = 27) t d M DP M DP Diferença de idades Vítima-Agressor 6.26 7.62 6.94 6.08 -.40 .04 Duração da relação 12.69 13.28 15.78 12.07 -.76 -.24 No. de filhos em comum .94 1.03 1.10 1.165 -.57 -.25

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HOMICÍDIO E HOMICÍDIO-SUICÍDIO NAS RELAÇÕES ÍNTIMAS 19 n % n % X2 φ or Cramer´sV Tipo de Relação Atual 34 66.67 7 25.93 .46 .08 Passada 17 33.33 20 74.07 Separações Prévias Não 21 45.66 6 66.67 1.33 .16 Sim 25 54.34 3 33.33 Histórico de IPV Não 15 30 9 47.37 1.83 .16 Sim 35 70 10 54.63 Agressor Primário Homicida 26 63.41 10 76.92 .85 .13 Vítima 6 14.63 1 7.69 Ambos 9 21.95 2 15.38 IPV pós-separação Não 36 85.71 6 54.54 4.94 .31 Sim 6 14.29 5 45.46 Violência Física Não 23 45.10 20 80 8.32** .33 Sim 28 54.90 5 20 Violência Psicológica Não 12 23.53 14 56 7.86** .32 Sim 39 76.47 11 44 Stalking Não 30 58.82 20 80 3.34+ .21 Sim 21 41.18 5 20 Comportamentos Controladores Não 30 58.82 22 88 6.61** .30 Sim 21 41.18 3 12

Nota: IPH = Intimate partner homicide; IPH-S = Intimate partner homicide-suicide *p < .5; **p<.01; ***p<.001

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HOMICÍDIO E HOMICÍDIO-SUICÍDIO NAS RELAÇÕES ÍNTIMAS

20 Caracterização do homicídio

Os grupos de homicídio conjugal e homicídio-suicídio diferiram no que respeita ao tipo de arma

utilizada X2(5) = 16,74, p = .005, Cramers´V = .47. Perpetradores de homicídio conjugal utilizaram

preferencialmente arma branca (56.52%), enquanto aqueles que cometeram homicídio-suicídio utilizaram na sua maioria arma de fogo (61.54%). Um resultado marginalmente significativo foi

encontrado em relação ao abuso de substâncias durante o crime X2(5) = 10,88, p = .05, φ = .72, sendo

que 64.29% dos elementos do grupo de homicídio conjugal apresentava presença de álcool durante o crime, diferenciando-se do grupo de homicídio-suicídio em que a maioria dos perpetradores (57.15%) apresentava presença de psicotrópicos. Acerca da motivação, 32.64% dos elementos do grupo de homicídio conjugal cometeram o crime em consequência de uma discussão. Os elementos do grupo homicídio-suicídio fizeram-no após suspeição de infidelidade (30%), desejo de separação por parte da vítima (30%) e problemas de saúde por parte da vítima (30%), o que revela diferenças estatisticamente

significativas entre os grupos X2(8) = 22.69, p = .004, Cramers´V = .57. Uma análise complementar

relevou que, em nenhum dos casos em que a motivação primária era a doença da vítima, existiu violência prévia na relação.

Finalmente, e a partir análise das sentenças, os grupos apresentaram discrepâncias relativamente à premeditação do crime. Foi observada uma maior proporção de premeditação no grupo de homicídio-suicídio (68.19%), diferindo do grupo homicídio conjugal (40.81%). Este contraste conduziu

a uma diferença estatisticamente significativa entre os grupos, X2(1) = 4.55, p = .04, φ = .25.

Tabela 4.

Caracterização do homicídio: IPH vs IPH-S IPH (n = 51) (n = 27) IPH-S X2 φ ou Cramer´sV n % n % Tentativas de homicídio prévias Não 47 95.91 20 95.24 .02 .02 Sim 2 4.09 1 4.76

Arma usada no IPH

Arma Branca 26 56.52 5 19.23

16.74** .46

Arma de Fogo 15 32.60 16 61.54

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HOMICÍDIO E HOMICÍDIO-SUICÍDIO NAS RELAÇÕES ÍNTIMAS 21 Força Física 2 4.35 5 19.23 Abuso de Substâncias Álcool 9 64.29 3 42.85 10.88+ .72 Substâncias ilícitas 5 35.71 - - Psicotrópicos - - 4 57.15

Motivação para o IPH

Suspeição de infidelidade 12 24.50 6 30

22.69** .57 Desejo de separação por

parte da vítima 15 30.36 6 30 Problemas de saúde da vítima - - 6 30 Medo da vítima 1 2.04 - - Consequência de discussão 16 32.65 2 10 Dividas 2 4.08 - - Problemas de saúde do homicida 3 6.12 - - Premeditação Não 29 59.18 7 31.81 4.55* .25 Sim 20 40.81 15 68.19 Tentativa de esconder/destruir prova e esconder o cadáver Não 41 80.4 22 91.67 1.54 .14 Sim 10 19.61 2 8.33

Nota: IPH = Intimate partner homicide; IPH-S = Intimate partner homicide-suicide *p < .05; **p<.01; ***p<.001

Caracterização do Processo Criminal

Não foram encontradas diferenças quanto período de tempo entre o crime e a sentença nem quanto aos anos de sentença. Foram encontradas diferenças entre os grupos relativamente ao veredito,

X2(12) = 66.31, p = <.001, Cramers´V=.65 com um tamanho de efeito elevado. A maioria dos

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homicídio com tentativa de suicídio o veredito encontrava-se maioritariamente distribuído entre procedimento extinto por morte (42.86%) e homicídio qualificado (42.86%).

Tabela 5.

Caracterização do processo Criminal: IPH vs IPH-AS IPH (n = 51) IPH-AS (n = 7) t d M DP M DP

Período entre o crime e

a sentença (meses) 22.37 60.37 13.25 5.97 .77 .15 Sentença (anos) 16.82 6.03 15.95 7.14 .34 .002 n % n % X2 φ or Cramer´sV Sentença Procedimento extinto por morte 1 1.96 3 42.86 Homicídio Qualificado 33 64.71 3 42.86 66.31*** .65 Homicídio Simples 10 19.61 1 14.29 Homicídio privilegiado 1 1.96 - - Ofensa à integridade física agravada 2 3.92 - - Medida de segurança de internamento 2 3.92 - - Absolvição 2 3.92 - -

Nota: IPH = Intimate partner homicide; IPH-S = Intimate partner homicide with attempted suicide *p < .05; **p<.01; ***p<.001

Discussão

Os crimes de homicídio conjugal e homicídio-suicídio foram estudados de forma extensiva na literatura, no entanto, é pouco frequente serem comparados no mesmo estudo. Existe consenso entre os investigadores acerca da heterogeneidade tanto dos agressores como do crime em si, mas poucos estudos procuraram perceber as características ou combinação de características que aproximam ou

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afastam os crimes de homicídio conjugal e homicídio-suicídio. Este estudo procurou analisar as diferenças e semelhanças entre os crimes de homicídio conjugal e homicídio-suicídio no contexto das relações de intimidade em Portugal no período temporal ente 2010 e 2015.

A nível individual, os ofensores parecem diferir entre si num número de características superior ao das vítimas. As vítimas de homicídio-suicídio são significativamente mais velhas do que as vítimas de homicídio conjugal, algo que já tinha sido demonstrado por Banks e colaboradores (2008). As diferenças encontradas por nós relativamente ao abuso de substâncias, demonstram maior prevalência das mesmas no grupo de homicídio conjugal, algo que vai de encontro ao que é demonstrado noutros estudos (Mathews, 2008; Liem et al., 2009). A análise da etnia também demonstrou diferenças entre os grupos. Uma maior prevalência de vítimas e agressores caucasianos no grupo homicídio-suicido é corroborada na literatura. Lund e colaboradores (2001), obtiveram resultados em tudo semelhantes aos nossos com a totalidade dos agressores no grupo homicídio-suicido a serem caucasianos. No entanto a presença maioritária de vítimas caucasianas em ambos o grupo pode dever-se à pouca representatividade de comunidades étnicas minoritárias em Portugal.

Tanto o homicídio conjugal como o homicídio-suicídio aparentam ser fenómenos estratificados por género. Foram encontradas maiores prevalências de homicidas homens e vítimas mulheres no grupo de homicidas conjugais. Estes resultados estão em concordância com os resultados do relatório anual de segurança interna (2018). Já em relação ao grupo de homicidas suicidas verificamos que a totalidade dos agressores eram do sexo masculino e por sua vez, as vítimas eram na sua totalidade mulheres levando a que se verifiquem diferenças entre os grupos. Esta diferença parece realçar as diferenças de género neste tipo de crime e prendem-se também com o facto da nossa amostra ser composta apenas por casais heterossexuais.

Relativamente aos perpetradores, foram encontradas diferenças num número considerável de características. Tal como foi concluído por Banks e colaboradores (2008) foram encontradas diferenças relativas à idade com uma média de idades superior para os perpetradores de homicídio-suicídio. Perpetradores de homicídio conjugal tinham uma prevalência superior de abuso de substâncias do que perpetradores de homicídio-suicídio e uma diferença marginalmente significativa foi encontrada relativamente à presença de substâncias durante o episódio do crime. Investigações prévias depararam-se com valores depararam-semelhantes, Bourget e colaboradores (2000) reportam uma maior proporção de abuso de substâncias no grupo homicidas conjugais, tanto previamente como no decorrer do crime. Campbell e colaboradores (2003) refere a situação profissional como um dos principais fatores de risco para o homicídio conjugal o que vai de encontro aos resultados do nosso estudo com a maioria dos

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perpetradores de homicídio conjugal a encontrarem-se em situação de desemprego, por outro lado a maioria dos perpetradores de homicídio-suicídio encontrava-se reformada aquando do crime o que pode ser justificado pela média de idades superior que apresentavam.

O facto dos ofensores de homicídio conjugal se encontrarem maioritariamente em profissões indiferenciadas e desempregados parece apontar no sentido de que o nível socioeconómico é um forte preditor de homicídio conjugal, mas não de homicídio-suicídio. Estes resultados indicam a presença de caracterizadores individuais que podem ser fatores de risco diferenciadores.

A existência de crimes prévios é considerado um fator de risco para o homicídio conjugal (Belfrage & Rying, 2004). No entanto, tal é menos comum nos casos de homicídio-suicídio (Eliason, 2009) algo que é corroborado pelo nosso estudo. Estes resultados em conjugação com a presença acentuada de vários tipos de violência (violência física; violência psicológica e comportamentos controladores) parece indicar que perpetradores de homicídio conjugal são mais violentos dentro e fora da relação, do que aqueles que cometem homicídio-suicídio.

Apesar destes resultados, não verificamos diferenças relativamente ao histórico de violência doméstica com ambos os grupos a reportarem valores elevados de violência prévia.

A motivação aparenta ser um fator diferenciador entre os grupos, de acordo com Jensen e colaboradores (2009), perpetradores de homicídio-suicídio usariam métodos menos violentos, teriam como intenção primária o suicídio ou duplo suicídio e seriam motivados maioritariamente por doença crónica terminal ou prolongada por parte da vítima. Estes resultados foram parcialmente verificados sendo que, para além da doença da vítima, a suspeição de infidelidade e o desejo de separação por parte da vítima aparentam também ter um papel importante no que refere à motivação para o crime por parte dos homicidas-suicidas. Apesar disto, e devido à escassa informação presente nos processos judiciais, este resultado deve ser interpretado com precaução.

Adicionalmente verificamos que em nenhum dos casos em que a motivação primária foi a doença por parte da vítima, existia a presença de violência prévia, o que aparenta corroborar a ideia de que os homicidas suicidas seriam genericamente menos violentos. Relativamente ao tipo de arma utilizada, os resultados foram congruentes com os de estudos anteriores (Belfrage & Rying, 2004; Bourget et al., 2000; Dawson, 2005) reportam uma maior presença de arma de fogo nos casos de homicídio-suicídio.

A premeditação aparece na literatura como característica preponderante dos perpetradores de homicídio-suicídio. Dawson, (2005) verificou a presença de premeditação em mais de 50% dos casos de homicídio-suicídio, enquanto os perpetradores de homicídio conjugal premeditavam o crime em apenas 20% dos casos, esta diferença está, ainda que de maneira menos saliente presente nos nossos

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25 resultados.

Finalmente, em relação à dinâmica criminal, não foram encontradas diferenças em relação à sentença ou ao período entre o homicídio e a sentença. As diferenças encontradas relativas ao veredito não permitem afirmar a existência de uma diferença entre os grupos.

Apesar dos resultados obtidos, não foram encontradas diferenças significativas em algumas características tidas na literatura como diferenciadoras entre os grupos, entre as quais: suicídio como intenção primária; presença maioritária de relações formais no grupo homicídio-suicídio; maior incidência de depressão no grupo homicídio-suicídio e maior diferença de idades entre o perpetrador e a vítima no grupo homicídio-suicídio. (Banks et al. 2008; Liem et al., 2009; Jensen et al., 2009; Mathews, 2008)

O facto de não termos sido capazes de verificar estas características pode prender-se com algumas limitações presentes neste estudo. O número de processos analisados apesar de substancial pode não ser representativo da população em estudo. Adicionalmente a escassa informação presente nos processos, principalmente nos casos de homicídio-suicídio levou a um elevado número de missings em algumas das variáveis tirando-lhes a robustez estatística desejada. Uma melhor organização e sistematização da informação oficial presente nos processos seria importante para uma melhor e mais eficaz análise. Apesar destas limitações os resultados reportados permitem visualizar o problema de um novo ponto de vista, informando acerca de possíveis intervenções e novas estratégias de prevenção. Desta forma, futuramente seria importante o estudo mais aprofundado acerca das motivações dos perpetradores de homicídio-suicídio e de que forma estas poderão estar ligadas a perturbações mentais, uma vez que este tipo de crime, aparenta estar menos vezes ligado a uma escalada da violência prévia ao homicídio.

Tendo em conta os resultados obtidos, podemos concluir que ambos os grupos seguem na sua maioria padrões comuns entre eles, no entanto as características que os distinguem que podem ser importantes de um ponto de vista prático. A inclusão destas informações nas estratégias de intervenção pode aumentar a sua eficácia e ajudar na identificação precoce deste tipo de casos facilitando assim a tarefa das forças policiais e de instituições de apoio à vítima. Apesar das diferenças, ambos os grupos apresentarem percentagens de violência prévia elevadas o que demonstra a necessidade continuada da prevenção de violência na intimidade. Cooperação multidisciplinar aparenta ser essencial nestes casos, com a conjugação dos sistemas de justiça, saúde e sociais. O treino especializado e o aumento da atenção dada a estes casos por parte dos profissionais são fundamentais para uma melhoria na eficácia destas práticas profissionais.

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Referências

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