• Nenhum resultado encontrado

Apendicectomia laparoscópica versus apendicectomia aberta em crianças: uma revisão sistemática/Laparoscopic versus open appendectomy in children: a systematic review

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "Apendicectomia laparoscópica versus apendicectomia aberta em crianças: uma revisão sistemática/Laparoscopic versus open appendectomy in children: a systematic review"

Copied!
13
0
0

Texto

(1)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 78669-78681 ,oct. 2020. ISSN 2525-8761

Apendicectomia laparoscópica versus apendicectomia aberta em crianças: uma

revisão sistemática

Laparoscopic versus open appendectomy in children: a systematic review

DOI:10.34117/bjdv6n10-339

Recebimento dos originais:08/09/2020 Aceitação para publicação:16/10/2020

Ana Luísa dos Santos Maciel

Discente de Medicina

Instituição: Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora - SUPREMA/JF Endereço: Alameda Salvaterra, 200, Salvaterra - Juiz de Fora, MG, CEP: 36033-003

E-mail: analuisaimaru@gmail.com

Anna Beatriz Soares Dias

Discente de Medicina

Instituição: Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora - SUPREMA/JF Endereço: Alameda Salvaterra, 200, Salvaterra - Juiz de Fora, MG, CEP: 36033-003

E-mail: biasoaresdias@hotmail.com

Arthur Neves Egidio

Discente de Medicina

Instituição: Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora - SUPREMA/JF Endereço: Alameda Salvaterra, 200, Salvaterra - Juiz de Fora, MG, CEP: 36033-003

E-mail: egidioart@gmail.com

Bruna Daflon Machado

Discente de Medicina

Instituição: Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora - SUPREMA/JF Endereço: Alameda Salvaterra, 200, Salvaterra - Juiz de Fora, MG, CEP: 36033-003

E-mail: brunadaflon5@gmail.com

João Vitor Tavares Silveira Discente de Medicina

Instituição: Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora - SUPREMA/JF Endereço: Alameda Salvaterra, 200, Salvaterra - Juiz de Fora, MG, CEP: 36033-003

E-mail: jv_tavaressilveira@yahoo.com.br

Lavínia Barcellos Araújo

Discente de Medicina

Instituição: Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora - SUPREMA/JF Endereço: Alameda Salvaterra, 200, Salvaterra - Juiz de Fora, MG, CEP: 36033-003

(2)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 78669-78681 ,oct. 2020. ISSN 2525-8761

Leonardo Gasparoni Gazolla de Siqueira

Discente de Medicina

Instituição: Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora - SUPREMA/JF Endereço: Alameda Salvaterra, 200, Salvaterra - Juiz de Fora, MG, CEP: 36033-003

E-mail: leonardogaspa1@icloud.com

Maria Beatriz Silva Ferreira

Discente de Medicina

Instituição: Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora - SUPREMA/JF Endereço: Alameda Salvaterra, 200, Salvaterra - Juiz de Fora, MG, CEP: 36033-003

E-mail: mariabeatrizsuprema@gmail.com

Vinícius Penna Torres

Discente de Medicina

Instituição: Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora - SUPREMA/JF Endereço: Alameda Salvaterra, 200, Salvaterra - Juiz de Fora, MG, CEP: 36033-003

E-mail: steveharrys64@hotmail.com

Kelly Christina de Castro Paiva

Prof. Dra

Docente de Cirurgia Pediátrica

Instituição: Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora - SUPREMA/JF Endereço: Alameda Salvaterra, 200, Salvaterra - Juiz de Fora, MG, CEP: 36033-003

E-mail: kellycastro160@gmail.com

RESUMO

INTRODUÇÃO: Apendicite aguda é causa comum de dor abdominal em crianças. O tratamento é cirúrgico e pode ser realizado por apendicectomia aberta (AA) ou laparoscópica (AL). Sabendo que a recomendação para pacientes pediátricos ainda não é bem estabelecida, esta revisão sistemática objetivou analisar ambos procedimentos, definindo as vantagens e desvantagens. METODOLOGIA: Foi realizada uma pesquisa nas bases de dados MedLine e Cochrane em agosto de 2020. Incluíram-se ensaios clínicos controlados e randomizados e ensaios clínicos, em inglês, publicados entre os anos 2000 e 2020, e excluíram-se estudos realizados em adultos e que não compararam as técnicas cirúrgicas AA e AL. Inicialmente encontraram-se 461 artigos, e após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão e a leitura dos estudos, 10 foram selecionados. RESULTADOS: A AL demonstrou menor tempo de internação, menos complicações após a cirurgia, redução da dor pós-operatória e da necessidade de antibioticoterapia. Contudo, o tempo e o custo da operação foram menores na AA. Já o retorno às atividades normais e a resposta inflamatória não demonstraram diferenças significativas entre as duas abordagens. CONCLUSÃO: Cada paciente deve ser avaliado individualmente pelo cirurgião em relação à escolha da AL ou AA, analisando os benefícios e as limitações para cada caso.

Palavras-chave: “Apendicectomia aberta”, “Apendicectomia laparoscópica”, “Crianças” ABSTRACT

BACKGROUND: Acute appendicitis is a common cause of abdominal pain in children. Treatment is surgical and can be performed through Open Appendectomy (OA) or Laparoscopic Appendectomy (LA). Bearing in mind that a recommendation for pediatric patients is still not well

(3)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 78669-78681 ,oct. 2020. ISSN 2525-8761

established, this systematic review aims to analyze the two procedures, defining their advantages and disadvantages. METHODS: A search was performed in the MedLine and Cochrane databases in August 2020. Randomized Controlled Trials and Clinical Trials, in English, published between the years 2000 and 2020 were included, excluding studies with adults and the ones that did not compare OA and LA surgical techniques. Initially, 461 articles were found and after applying the chosen criteria and reading the articles, 10 were selected. RESULTS: LA has shorter hospital stay, less need for antibiotic therapy and fewer postoperative complications and pain. However, operating time and costs were lower in OA. The return to normal activities and the inflammatory response showed no significant differences between the two approaches. CONCLUSIONS: Each patient must be analyzed individually by the surgeon regarding the choice of LA or OA, evaluating the benefits and limitations of each case.

Keywords: “Open appendectomy”, “Laparoscopic appendectomy”, “Children”

1 INTRODUÇÃO

A apendicite aguda é uma causa comum de dor abdominal em crianças, sendo responsável por aproximadamente 20-30% dos casos de abdome agudo encaminhados para cirurgia nessa faixa etária. Essa inflamação é caracterizada por sinais e sintomas como dor periumbilical em cólica, náuseas e vômitos, febre baixa (menor que 38ºC), anorexia, e migração da dor abdominal para a região da fossa ilíaca direita à medida que o quadro evolui com peritonite. A duração dos sintomas geralmente é de 24 a 48 horas, mas pode permanecer por 5 dias naqueles em que há formação de plastrão ao redor do apêndice (STRINGER MD, 2017).

O diagnóstico é baseado principalmente na história clínica e no exame físico, mas podem ser solicitados exames de imagem e laboratoriais para confirmar ou descartar outros possíveis diagnósticos. Caso a apendicite não seja detectada precocemente, há a possibilidade de complicações, que envolvem apêndice perfurado, peritonite generalizada e formação de abcessos (STRINGER MD, 2017; St PETER SD e SNYDER CL, 2016).

O tratamento da apendicite aguda é cirúrgico, e existem duas opções para a realização desse procedimento: a apendicectomia aberta (AA) ou a apendicectomia laparoscópica (AL), que tem ganhado espaço nos últimos anos. Estudos anteriores consideram a primeira como padrão ouro, tendo eficácia e segurança comprovadas. Por outro lado, mostram maiores chances de complicações pós-operatórias, como infecções, abcessos e aderências intra-abdominais, além de queixa de dor mais intensa e desconforto do ponto de vista estético, tendo em vista que a cicatriz é mais evidente (St PETER SD e SNYDER CL, 2016; ESPOSITO C et al. 2012; SOZUTEK A et al. 2013; ISAKSSON K, 2014).

Já no caso da apendicectomia via laparoscópica, seus defensores alegam benefícios como diminuição das complicações pós-operatórias, redução da dor após a cirurgia, melhor cicatrização e

(4)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 78669-78681 ,oct. 2020. ISSN 2525-8761

recuperação mais rápida, com menos tempo de internação e retorno abreviado às atividades diárias. No entanto, os custos e o tempo operatório são mais elevados nesse procedimento. Além disso, no caso de pacientes com peritonite por apendicite perfurada, a inflamação sistêmica pós operatória precoce pode causar diminuição da defesa imunológica transitória com possibilidade de sepse (VERNON AH et al. 2004; AZIZ O, 2006; SOZUTEK A et al. 2013; KHALIL J et al. 2011; SCHIETROMA M et al. 2012).

Apesar da apendicite ser muito comum em pacientes pediátricos, a recomendação para adoção de cirurgia aberta ou por laparoscopia como forma de tratamento ainda não é bem estabelecida, havendo controvérsias (ESPOSITO C et al. 2012; VERNON AH et al. 2004).

A partir dessa discussão, esse estudo se mostra fundamental ao analisar e comparar essas duas abordagens distintas e principais para o tratamento da apendicite em pacientes pediátricos. Logo, o objetivo desta revisão sistemática se pauta na diferenciação dessas técnicas cirúrgicas, definindo seus benefícios e malefícios em relação às variáveis analisadas.

2 METODOLOGIA

Para realização desta revisão sistemática, foi feita uma pesquisa nas bases de dados National Library of Medicine (MedLine) e Cochrane, durante o mês de agosto de 2020. As palavras-chave “appendicitis”, “laparoscopy”, “open”, “pediatric”, “child” e suas variações no MeSH foram utilizadas para a construção da frase de pesquisa. Os critérios de inclusão foram ensaios clínicos controlados e randomizados (ECCR), ensaios clínicos (EC), artigos em inglês e publicados entre os anos 2000 e 2020, excluindo aqueles que não foram realizados em crianças de 0 a 18 anos de idade. Inicialmente foram identificados 461 artigos, e quando aplicados os critérios de inclusão e exclusão 30 publicações foram encontradas. Após a leitura dos resumos e dos artigos completos, os que não estavam relacionados ao tema proposto foram retirados e 10 estudos foram selecionados para compor os resultados deste trabalho, conforme a Figura 1. Para melhorar a sistematização desta revisão, a escala PRISMA foi utilizada (MOHER D et al. 2009).

(5)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 78669-78681 ,oct. 2020. ISSN 2525-8761

Figura 1 - Processo de seleção dos artigos

Fonte: adaptado de Mother D et al. (2009)

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os artigos analisados foram separados conforme autoria e ano de publicação, e os resultados das variáveis analisadas estão demonstrados na Tabela 1.

(6)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 78669-78681 ,oct. 2020. ISSN 2525-8761

Tabela 1 - Estudos sobre apendicectomia laparoscópica e apendicectomia aberta em crianças.

Autor

Ano de

publicação Metodologia Amostra Intervenção

Tempo de operação (min)

Tempo de internação

Complicações pós-operatórias

Dor pós-operatória Custo

Lintula H, Kokki H, Vanamo K, et al. 2002 ECCR 25 AL (13) e AA (12) AL 63 ± 31 vs. AA 37 (± 18); p = 0.02 AA 5,0 (1,9) vs. AL 4,0 (1,2) dias; p NE Infecção da ferida: AL = 0 (0%) vs. AA = 2 (16%) Abscesso pós-operatório: AL = 1 (7%) vs. AA= 0 (0%) Fístula: AL = 1 (7,7%) vs. AA = 0 (0%) - - Lavonius MI, Liesjärvi S, Ovaska J, et al. 2001 ECCR 43 AA (20) e AL (23) AL 42 (19 ± 75) vs. AA 34 (18 ± 58); p =0.049 AL 2,5 vs. AA 2,3 dias; p NE

Não houve infecção da ferida - - Russell KW, Rollins MD, Barnhart DC, et al. 2015 ECCR 100 Os pais assistiram vídeos explicativos sobre a AA e a AL, devendo optar por

um ou outro - - - - Diferença de U$1554 entre AL e AA; p<0,001 Oka T, Kurkchubasche AG, Bussey JG, et al. 2004 EC 517 AA (376) e AL (141) AL 49.9 ± 12.9 vs. AA 47.3 ± 19.7; p NE AA 5.2 ± 3.5 vs. AL 4.3 ± 3.2 dias; p NE Infecção da ferida: AL = 2 (1,4%) vs. AA = 9 (2,4%) Abscesso pós-operatório: AL = 16% e AA = 9% - - Lintula H, Kokki H, Vanamo K, et al. 2004 EC 87 AL (43) e AA (44) AL 42 ± 25 vs. AA 31 ± 14; p = 0.02 AL 2.8 vs. AA 3.0 dias; p NE - 1 ampola a mais de analgesicos entre os grupos AL

e AA. AL 1023 EUR vs. AA 970 EUR; p NE Lintula H, Kokki H, Vanamo K 2001 ECCR 61 AA (31) e AL (30) AL 82 ± 26 vs. AA 62 ±15 ; p =0.001 AL 1,9 ± 0,7 vs. AA 2.6 ± 0,9 dias; p=0,001 Infecção da ferida: AL = 0 (0%) vs. AA = 3 (9,7%)

AL apresentou menos dor (p < 0,05). Administração de oxicodona: AA 0.36 mg/kg vs. AL 0.23 mg/kg; p = 0,01 - Paya K, Rauhofer U, Rebhandl W, et al. 2000 EC 75 AA (65) e AL (10) AL 79 vs. AA 52,5; p NE AL 6 vs. AA 7 dias; p NE Infecção da ferida: AL = 10% vs. AA = 14% Complicações graves pós cirurgicas: AL = 0% vs. AA = 10% Tempo de dor: AL 1,7 vs. AA 3.4 dias -

(7)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 78669-78681 ,oct. 2020. ISSN 2525-8761 Little DC, Custer MD, May BH, et al. 2002 ECCR 88 AA (44) e AL (44) AL 51 vs. AA 75; p = 0,0001 AL 3 vs. AA 2 dias; p NE Infecção da ferida: AL = 2 (5%) vs. AA = 1 (3%); p = 0.57 Abcesso intra-abdomonial: AL = 1 (3%) vs. AA = 1 (3%); p = 1.00 Morfina: AA = 38 (86%) vs. AL = 40 (91%); p = 0.50 Paracetamol: AA = 21 (48%) vs. AL = 17 (39%); p = 0.39 Outros narcóticos: AA = 31 (70%) vs. AL = 32 (73%); p = 0.81 AL U$ 7.091 vs. AA U$8.041; p<0,0001 Ali R, Anwar M, Akhtar J, et al. 2018 ECCR 126 AA (63) e AL (63) AL 56 ± 24 vs. AA 39 ± 8; p=0.0001 AL 34 ± 13 vs. AA 40 ± 11 horas; p=0,01 Infecção da ferida: AL = 7 (11%) vs. AA = 11 (17,4%); p = 0,31 - - Simon P, Burkhardt U, Sack U, et al. 2009 ECCR 40 AA (20) e AL (20) - AL 4,3 ± 1,1 vs. AA 6,2 ± 2,5 dias; p< 0,01

Não houve infecção da ferida ou

abscesso intra-abdominal - -

ECCR = ensaio clínico controlado e randomizado; EC = ensaio clínico; AL = apendicectomia laparoscópica; AA = apendicectomia aberta; - = não informado; p NE = valor de p não especificado no artigo. Fonte:autoria própria,2020.

(8)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 78669-78681 ,oct. 2020. ISSN 2525-8761

Todos os estudos incluídos utilizaram critérios clínicos subjetivos semelhantes para identificar pacientes com suspeita de apendicite aguda. A faixa etária analisada variou de 1 a 16 anos e a amostra total foi de 1162 participantes.

As intervenções foram muito similares entre os estudos. A AL foi geralmente realizada com

a técnica de 3 portais ou portal único e a AA através de uma incisão no quadrante inferior direito,

no ponto de McBurney, dividindo o músculo para mobilização do apêndice, controle dos vasos mesentéricos e posterior ressecção. Os resultados mais comumente examinados foram tempo de operação, permanência hospitalar, dor, taxa de complicações, retorno às atividades normais, inflamação e custo.

3.1 TEMPO DE OPERAÇÃO

A maioria dos estudos observou um tempo maior de duração da apendicectomia por laparoscopia quando comparada à cirurgia aberta. Acredita-se que essa diferença seja atribuída à dificuldade de manipular o tecido inflamado do apêndice utilizando instrumentos laparoscópicos, visto que a sensibilidade na ponta da pinça não é a mesma. Além disso, a importância de evitar a lesão visceral torna a dissecção lenta, mas a expectativa é que esses problemas sejam superados futuramente com melhorias no equipamento e na técnica cirúrgica (ALI R et al. 2018; LAVONIUS MI et al. 2001; LINTULA H et al. 2001; LINTULA H et al. 2002; LINTULA H et al. 2004; LITTLE DC et al. 2002; PAYA K et al. 2000). Apenas um estudo entre os analisados não verificou diferença significativa no tempo da operação (OKA T et al. 2004).

3.2 TEMPO DE INTERNAÇÃO

O tempo de internação após cirurgia variou entre os artigos analisados. Foi encontrado um tempo de internação significativamente menor (p<0,01) na AL em comparação com a AA em três estudos (ALI R et al. 2018; SIMON P et al. 2009; LINTULA H et al. 2001). O menor tempo de internação na AL se dá provavelmente pelo fato de serem feitas menores incisões associada a menores níveis de dor pós-operatória e uma mobilização mais precoce (ALI R et al. 2018). No entanto, em outros três estudos, o tempo de internação não apresentou variações significativas (LINTULA H et al. 2002; LAVONIUS MI et al. 2001; LITTLE DC et al. 2002). Foi visto que casos mais complicados, como apendicite perfurada e abscesso peri-apendicular, necessitaram de um maior tempo de internação, contudo, a diferença entre o tempo nos dois grupos também não foi significativa (LINTULA H et al. 2002; LAVONIUS MI et al. 2001; LITTLE DC et al. 2002). Um outro estudo relatou que teoricamente o procedimento laparoscópico mostra-se vantajoso na apendicite complicada, uma vez que permite visualizar completamente a cavidade abdominal, além

(9)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 78669-78681 ,oct. 2020. ISSN 2525-8761

de possibilitar a lavagem peritoneal. Na cirurgia aberta, quando é feito um diagnóstico incorreto ou o apêndice tem localização atípica, pode ser necessária uma segunda incisão estendida (LINTULA H et al. 2002). Todavia, não foi visto nos resultados diferenças práticas entre os dois tipos de cirurgia nos casos complicados.

3.3 RETORNO ÀS ATIVIDADES NORMAIS

Três artigos abordaram especificamente o tempo de retorno às atividades normais após a operação e não apresentaram diferença significativa em seus resultados, sendo de apenas 1 dia a média de diferença quando comparada AA e AL. A retomada das atividades cotidianas na população pediátrica é um reflexo majoritariamente da natureza sistêmica da apendicite aguda, da presença ou ausência de complicações, do ambiente e do grau de dor pós-operatórios. É notada, no geral, boa capacidade das crianças de se recuperarem após operações e, além disso, o retorno às atividades parece ser um fator mais importante observado nos adultos. Isso também se deve ao fato de que é difícil estimar o tempo real de recuperação necessário para os pacientes pediátricos, visto que a perda de dias na escola ou nas atividades esportivas não tem impacto econômico facilmente mensurável como o afastamento do trabalho nos adultos (LINTULA H et al. 2002; LINTULA H et al. 2004; LITTLE DC et al. 2002).

3.4 COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS

Em relação às complicações pós operatórias, alguns estudos identificaram uma maior prevalência de infecção da ferida no grupo da cirurgia aberta quando comparado ao grupo submetido a laparoscopia (OKA T et al. 2004; PAYA K et al. 2000; LINTULA H et al. 2001; LINTULA H et al. 2002). Todavia, em outros artigos esse parâmetro não cursou com diferença significativa entre eles, sendo ambos afetados de forma semelhante (ALI R et al. 2018; LITTLE DC et al. 2002). Já outros ensaios clínicos observaram a ausência dessa infecção independente da abordagem cirúrgica realizada (LAVONIUS MI et al. 2001; SIMON P et al. 2009).

Em um ensaio clínico controlado e randomizado foram avaliadas as complicações pós operatórias mais graves em relação à operação em pacientes com apendicite complicada. As únicas duas identificadas constituíram do grupo dos pacientes submetidos a AL, que cursaram com fístula e abscesso intra-abdominal (LINTULA H et al. 2002). Corroborando com esse contexto, deve-se preconizar a realização de uma AA em detrimento da AL em pacientes com apêndice perfurado, devido à maior incidência de abscesso pós laparoscopia, apesar de não haver diferença estatística significativa (OKA T et al. 2004).

(10)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 78669-78681 ,oct. 2020. ISSN 2525-8761

Em contrapartida, em outro estudo não foram encontradas complicações pós cirúrgicas importantes associadas à laparoscopia, de forma que estas ocorreram apenas nos pacientes tratados com a cirurgia convencional (PAYA K et al. 2000).

3.5 DOR PÓS-OPERATÓRIA

Ao analisar a dor pós-operatória, determinada pelo uso da escala de dor, concluiu-se que os pacientes randomizados para a laparoscopia apresentaram significativamente menos dor 8 horas após o procedimento e nas duas manhãs seguintes, quando comparados ao grupo da abordagem aberta. Inclusive, foi necessária maior administração de oxicodona no grupo AA em relação ao grupo AL, representando requerimento significativamente menor do fármaco no último grupo (LINTULA H et al. 2001). De forma similar, foi utilizada uma ampola a mais desse fármaco nas crianças que realizaram a cirurgia convencional ao contrastar com as demais submetidas à laparoscopia (LINTULA H et al. 2004).

Nesse contexto, é possível relatar que a intervenção laparoscópica permite aos pacientes uma recuperação mais rápida com menos duração e intensidade da dor, posto que não há ruptura importante de músculos e fáscias (PAYA K et al. 2000).

Já outra evidência concluiu não haver distinções significativas entre os grupos em relação à analgesia pós operatória, de forma que a administração de morfina, paracetamol e outros narcóticos foi semelhante (LITTLE DC et al. 2002).

3.6 ANTIBIOTICOTERAPIA

No manejo pré e pós operatório, os pacientes com apendicite aguda receberam doses de cefalosporina de 2ª geração. Entretanto, quando houve suspeita de apendicite complicada, a antibioticoterapia profilática cursou com administração tripla (ampicilina, gentamicina e clindamicina) e ao confirmar o diagnóstico, a terapêutica pós-operatória administrada foi cefalosporina ou ampicilina associada a gentamicina e clindamicina. É importante salientar que independente do procedimento cirúrgico submetido, todos pacientes pediátricos receberam algum desses esquemas de tratamento, diferenciando-se pela presença ou não de abdome agudo complicado (OKA T et al. 2004).

Em outro estudo, os antibióticos padrões utilizados entre os grupos incluíram cefuroxima sódica e cloridrato de metronidazol independente do manejo cirúrgico a que o paciente foi submetido (LINTULA H et al. 2004). De forma análoga, todos pacientes indistintamente usaram metronidazol intravenoso como profilaxia cirúrgica (LINTULA H et al. 2001). Todavia, outro artigo

(11)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 78669-78681 ,oct. 2020. ISSN 2525-8761

identificou que o uso de antibióticos ocorreu de forma menos recorrente no grupo submetido a AL quando comparados ao grupo tratado convencionalmente (PAYA K et al. 2000).

3.7 RESPOSTA INFLAMATÓRIA

Um estudo analisou a resposta inflamatória em crianças submetidas a apendicectomia aberta e laparoscópica. Não foi visto diferença significativa na temperatura axilar, leucócitos, hematócrito, PCR e IL-6. A única diferença significativa (p<0,05) achada foi no sTNF-R (receptor de fator de necrose tumoral solúvel) no tempo 3 (após o fechamento da ferida), o qual foi menor em AL do que em AA (SIMON P et al. 2009).

3.8 CUSTO DE OPERAÇÃO

O custo da operação também é um fator a ser levado em consideração na hora de optar pelo tipo de cirurgia. Foi visto um custo total (materiais, tempo de internação cirurgia e anestesia) significativamente menor (p<0,001) na apendicectomia aberta, quando comparada à cirurgia laparoscópica. Ademais, foi analisada uma estrita relação entre o tempo de internação e o custo total da operação, sendo que a abordagem cirúrgica que apresenta alta mais rápida, possui menor custo (LITTLE DC et al. 2002; RUSSEL KW et al. 2015; LINTULA H et al. 2004).

4 CONCLUSÃO OU CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente revisão sugere que cada paciente deve ser analisado individualmente pelo cirurgião com relação à escolha da AL ou AA, avaliando os benefícios e as limitações para cada caso. A AL apresentou a vantagem de ter um menor tempo de internação, menos dor no pós-operatório, menor taxa de complicações após a cirurgia e menor necessidade de uso de antibióticos. Por outro lado, a AA possui menor custo, menor tempo de cirurgia e menos complicações pós-operatórias em pacientes com apendicite perfurada. Dessa forma, são necessários novos ensaios clínicos controlados e randomizados comparando os dois métodos cirúrgicos na população pediátrica, com maiores amostras e maior follow-up, para estabelecer qual é a melhor abordagem para essa faixa etária. Logo, é visto que tanto a AL como AA são opções viáveis para o tratamento da apendicite em crianças, mas uma ainda não apresenta vantagens suficientes para que seja preferencialmente indicada em detrimento da outra.

(12)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 78669-78681 ,oct. 2020. ISSN 2525-8761

REFERÊNCIAS

ALI R, ANWAR M, AKHTAR J. Laparoscopic versus open appendectomy in children: a randomized controlled trial from a developing country. J Pediatr Surg. v. 53, n 2. p. 247-249, 2018.

AZIZ, O.; ATHANASIOU, T.; TEKKIS, P. P.; et al. Laparoscopic versus open appendectomy in children: a meta-analysis. Ann Surg, v. 243, n 1. p. 17-27, 2006.

ESPOSITO, C.; CALVO, A. I.; CASTAGNETTI, M.; et al. Open versus laparoscopic appendectomy in the pediatric population: a literature review and analysis of complications. J

Laparoendosc Adv Surg Tech A, v. 22, n 8. p. 834-839, 2012.

ISAKSSON, K.; MONTGOMERY, A.; MOBERG, A. C.; et al. Long-term follow-up for adhesive small bowel obstruction after open versus laparoscopic surgery for suspected appendicitis. Ann

Surg, v. 259, n 6. p. 1173-1177, 2014.

KHALIL, J.; MUQIM, R.; RAFIQUE, M.; et al. Laparoscopic versus open appendectomy: a comparison of primary outcome measures. Saudi J Gastroenterol, v. 17, n 4. p. 236-240, 2011.

LAVONIUS MI, LIESJÄRVI S, OVASKA J, et al. Laparoscopic versus open appendectomy in children: a prospective randomised study. Eur J Pediatr Surg, v.11, n 6. p. 235-238, 2001.

LINTULA H, KOKKI H, VANAMO K. Single-blind randomized clinical trial of laparoscopic versus open appendicectomy in children. Br J Surg. v. 88, n 4. p. 510-514, 2001.

LINTULA H, KOKKI H, VANAMO K, et al. Laparoscopy in children with complicated appendicitis. J Pediatr Surg. v. 37, n 9. p.1317-1320, 2002.

LINTULA H, KOKKI H, VANAMO K, et al. The costs and effects of laparoscopic appendectomy in children. Arch Pediatr Adolesc Med. v. 158, n 1. p. 34-37, 2004.

LITTLE DC, CUSTER MD, MAY BH, et al. Laparoscopic appendectomy: An unnecessary and expensive procedure in children? J Pediatr Surg. v. 37, n 3. p. 310-317, 2002.

MOHER, D.; LIBERATI, A.; TETZLAFF, J.; et al. Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses: the PRISMA statement. PLoS Med, v. 6, n 7, e1000097, 2009.

OKA T, KURKCHUBASCHE AG, BUSSEY JG, et al. Open and laparoscopic appendectomy are equally safe and acceptable in children. Surg Endosc. v. 18, n 2. p. 242-245, 2004.

PAYA K, RAUHOFER U, REBHANDL W, et al. Perforating appendicitis. An indication for laparoscopy?. Surg Endosc. v. 14, n 2. p. 182-184, 2000.

RUSSEL KW, ROLLINS MD, BARNHART DC, et al. Charge Awareness Affects Treatment Choice: Prospective Randomized Trial in Pediatric Appendectomy. Ann Surg. v. 262, n 1. p.

189-193, 2015.

SCHIETROMA, M.; PICCIONE, F.; CARLEI, F.; et al. Peritonitis from perforated appendicitis: stress response after laparoscopic or open treatment. Am Surg, v. 78, n 5. p. 582-590, 2012.

(13)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p. 78669-78681 ,oct. 2020. ISSN 2525-8761

SIMON P, BURKHARDT U, SACK U, et al. Inflammatory response is no different in children randomized to laparoscopic or open appendectomy. J Laparoendosc Adv Surg Tech A. v. 19 Suppl

1: S71-S76, 2009.

SOZUTEK, A.; COLAK, T.; DIRLIK, M.; et al. A prospective randomized comparison of single-port laparoscopic procedure with open and standard 3-single-port laparoscopic procedures in the treatment of acute appendicitis. Surg Laparosc Endosc Percutan Tech, v. 23, n 1. p. 74-78, 2013.

St PETER, S. D.; SNYDER, C. L. Operative management of appendicitis. Semin Pediatr Surg, v. 25, n 4. p. 208-211, 2016.

STRINGER, M. D. Acute appendicitis. J Paediatr Child Health, v. 53, n 11. p. 1071-1076, 2017. VERNON, A. H.; GEORGESON, K. E.; HARMON, C. M. Pediatric laparoscopic appendectomy for acute appendicitis. Surg Endosc, v. 18, n 1. p. 75-79, 2004.

Imagem

Figura 1 - Processo de seleção dos artigos
Tabela 1 - Estudos sobre apendicectomia laparoscópica e apendicectomia aberta em crianças

Referências

Documentos relacionados

O caso de gestão a ser estudado irá discutir sobre as possibilidades de atuação da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil e Educação Inclusiva (PROAE) da

Na tentativa de responder a esse questionamento foi levantada a hipótese de que o convênio entre as secretarias de saúde e de educação de Juiz de Fora; o estreitamento

Depois de exibido o modelo de distribuição orçamentária utilizado pelo MEC para financiamento das IFES, são discutidas algumas considerações acerca do REUNI para que se

Em 2008 foram iniciadas na Faculdade de Educação Física e Desportos (FAEFID) as obras para a reestruturação de seu espaço físico. Foram investidos 16 milhões

A Escola W conta com uma equipe gestora composta por um diretor, dois vices-diretores e quatro coordenadores. Essa equipe demonstrou apoio e abertura para a

(iv) Problemas de gestão podem ter contribuído para os casos de resultados insatisfatórios e em queda com relação ao IDEB, reforçando a necessidade da formação

Não obstante a reconhecida necessidade desses serviços, tem-se observado graves falhas na gestão dos contratos de fornecimento de mão de obra terceirizada, bem

intitulado “O Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e programas” (BRASIL, 2007d), o PDE tem a intenção de “ser mais do que a tradução..