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Gravidez na adolescência e evasão escolar na Amazônia Marajoara: a realidade da comunidade Turé / Adolescent pregnancy and school dropout in the Amazon Marajoara: the reality of the Turé community

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Academic year: 2020

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 60883-60903 aug. 2020. ISSN 2525-8761

Gravidez na adolescência e evasão escolar na Amazônia Marajoara: a

realidade da comunidade Turé

Adolescent pregnancy and school dropout in the Amazon Marajoara: the

reality of the Turé community

DOI:10.34117/bjdv6n8-488

Recebimento dos originais: 17/07/2020 Aceitação para publicação: 24/08/2020

Kelle Daiane Cardoso Gondin Licenciatura em Ciências Sociais -UFPA

Travessa Pantoja Dias, 07. Bairro: Marambaia, Curralinho, Pará-Brasil, 66.815.000 E-mail: kellegondin@gmail.com

Gilvano Duarte Gondin

Licenciatura em Ciências Sociais -UFPA

Travessa Pantoja Dias, 07. Bairro: Marambaia, Curralinho, Pará-Brasil, 66.815.000 E-mail: gilvanogondin@yahoo.com

Andréa Bittencourt Pires Chaves

Doutora em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido NAEA-UFPA. Endereço: Rua Augusto Corrêa, 01 - Guamá, Belém – PA- Brasil, 66075-110

Universidade Federal do Pará, Brasil E-mail: andreachaves@ufpa.br RESUMO

O objetivo norteador do presente trabalho foi analisar a relação existente entre a gravidez na adolescência e a evasão escolar considerando o contexto da Amazônia marajoara, especificamente na comunidade Turé, Reserva Extrativista Terra Grande Pracuúba localizada no alto Rio Piriá, município de Curralinho Marajó, Pará -Brasil. O propósito da pesquisa está em alcançar a compreensão das dificuldades enfrentadas pelas adolescentes gravidas e pelas mães adolescentes na continuidade dos estudos destacando a importância da família e da escola nesta fase da vida. A princípio foi realizada uma revisão da literatura abordando o tema e obtendo o embasamento teórico sobre: adolescência, sexualidade, gravidez, família, escola e evasão escolar. A coleta de dados foi realizada a partir da observação direta participante e de entrevistas com adolescentes: gravidas e mães. Constatou-se que muitas jovens da comunidade pesquisada desistiram de seus estudos por conta da gravidez precoce e dos problemas enfrentados com a maternidade. Conclui-se sobre a fundamental importância da participação da família e da escola no enfrentamento das dificuldades posta pela maternidade e a necessidade da implantação de políticas públicas para amparar as adolescentes nessa fase da vida, evitando a evasão escolar e a perpetuação do ciclo da pobreza presente na realidade da Amazônia marajoara.

Palavras-chave: Adolescência; Gravidez; Evasão escolar; Amazônia. ABSTRACT

This paper discusses teenage pregnancy and dropping out of school in the Turé community, Terra Grande Pracúba Extractive Reserve, located on the upper Piriá river, at the Curralinho municipality,

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 60883-60903 aug. 2020. ISSN 2525-8761 Marajó, Pará. Our objective is to understand the difficulties faced by pregnant young’s and/or teenage mothers, highlighting the importance of family and school in the youth stage of life. The pregnancy in the teenage years is a common problem in Brazil which undergoes through different social classes. In our investigation, firstly, it was taken a literature review to address this topic generally, which was obtained the theoretical background related to the concepts which are linked with the subject under study: sexuality, youth, pregnancy, family, school and school dropout. The database sampling was obtained by participant´s direct observation and through interviews. It was found that many young women at the researched community dropped out their studies mainly because of early pregnancy and the problems derived from it. Therefore, it is fundamental the both participation of parents and school to assists the teenagers in these cases. Moreover, it is necessary the implementation of public policies to support these teenage mothers, which may help to reduce directly the school dropout rate.

Keywords: Teenage; Sexuality; Pregnancy; School dropout; Amazônia. 1 INTRODUÇÃO

O texto em epígrafe traz à baila a discussão da gravidez na adolescência e a evasão escolar. Neste sentido, foi desenvolvida a compreensão teórica sobre a fase da adolescência e a sexualidade considerando as circunstâncias apresentadas na Amazônia marajoara, local de realização da pesquisa empírica, marcada pela evasão escolar das adolescentes gravidas e mães em decorrência dos fatores relacionados aos problemas enfrentados com a maternidade.

No debate estabelecido entre a teoria e os dados empíricos foi posto em questão a importância da família e da escola no enfrentamento das dificuldades inerente à vida das adolescentes durante e após a gravidez, levando as jovens a interromperem seus estudos e, na maioria dos casos, desistirem definitivamente da escola. Contribuindo de forma peremptória para o distanciamento da vida escolar está a ausência de políticas públicas que possam amparar as adolescentes envolvidas com as demandas pertinentes à maternidade.

Na comunidade Turé, durante a gravidez e a maternidade precoce as adolescentes vivenciam vários problemas levando a evasão escolar, pois não dispõe de uma estrutura familiar que possa contribuir de forma positiva nessa fase, vivem em situação de extrema pobreza e culturalmente essas meninas são levadas a reproduzirem as condições de vida de suas mães, obedecendo ao calendário biológico da fase reprodutiva, tendo logo na primeira menstruação a determinação da possibilidade de engravidar.

Por sua vez, na comunidade Turé a escola trabalha no limite das condições básicas de alfabetização da população ribeirinha e não apresenta condições de realizar projetos de educação sexual possibilitando aos jovens o conhecimento necessário ao controle da natalidade e ao planejamento familiar. Assim como, o município não disponibiliza creches na região, inviabilizando a continuidade dos estudos das adolescentes gravidas e mães.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 60883-60903 aug. 2020. ISSN 2525-8761 A execução das políticas públicas via implantação de projetos e ações amparando as jovens gravidas e mães contribuiria de forma efetiva para a permanência na escola, pois a gravidez precoce é um fenômeno ligado à pobreza e presente na comunidade Turé infringindo o direito ao desenvolvimento educacional das adolescentes na Amazônia marajoara, efetivando a exclusão social posta a esta população.

O objetivo norteador do presente trabalho foi analisar a relação existente entre a gravidez na adolescência e a evasão escolar considerando o contexto da Amazônia marajoara, especificamente na comunidade Turé, Reserva Extrativista Terra Grande Pracuúba localizada no alto Rio Piriá, no município de Curralinho- Ilha do Marajó, Pará - Brasil.

2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DA PESQUISA

A região da Amazônia marajoara refere-se ao arquipélago do Marajó formado por 16 municípios com uma população de 482.285 habitantes. A extrema pobreza atinge 180.048 habitantes (37,33 da sua população), sendo 46.825 da população urbana e 133.223 da população rural (Pará, 2013, p.11). O lócus da pesquisa foi município marajoara de Curralinho com 27.791mil habitantes, sendo 10.504 habitantes na condição de extrema pobreza (37,80 %) correspondendo a 2.582 da população urbana e a 7.922 da população rural. A pesquisa de campo foi realizada na Comunidade Turé localizada no Alto Rio Piriá, na Reserva Extrativista Terra Grande Pracuúba, no município de Curralinho, Ilha do Marajó – Pará – Brasil, criada pelo Decreto s/nº, de 05 de junho de 2006 (BRASIL, 2006).

Figura 01: Reserva Extrativista Terra Grande Pracuúba.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 60883-60903 aug. 2020. ISSN 2525-8761 A comunidade Turé (figura 02) fica localizada no alto rio Piriá, município de Curralinho, na ilha do Marajó, Estado do Pará. Pertence a uma área de preservação ambiental que abrange os municípios de São Sebastião da Boa Vista e Curralinho no Pará, com a área de 194.695,1808 hectares, compreendido nos limites da Reserva Extrativista Terra Grande Pracuúba (BRASIL, 2006).

Figura 02: Comunidade Turé, Curralinho, PA, vista do rio Piriá.

Fonte: autores

No contexto do Estado do Pará, os municípios não disponibilizam equipamentos públicos para contribuir com favoráveis condições de vida para sua população. Não existe saneamento, rede de saúde pública entre outros. Estudo realizado por Araújo (2020, p. 113) aponta: “dos estados pertencentes à região Norte, o Pará possui 63,3% de seus municípios classificados na faixa de muito alta vulnerabilidade social e nenhum de seus municípios nas faixas de baixa ou muito baixa vulnerabilidade social”.

Em referência ao índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) Curralinho está na casa de 0,596, sendo 0,666 correspondente à educação e 0,468 correspondente à renda. Os números apontam para a posição do município na classificação de baixo desenvolvimento entre decimais de 0,500 e 0,599 (PARÁ, 2013, p.11).

No tocante aos dados da educação no Município de Curralinho, 87,5% da população não tem instrução ou está com o ensino fundamental incompleto; 6,8 % da população está com o ensino fundamental completo e o ensino médio incompleto; 4,5 % da população está com o ensino médio completo e com o ensino superior incompleto e apenas 1,0 da população está com o ensino superior completo (PARÁ, 2013, p. 20).

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 60883-60903 aug. 2020. ISSN 2525-8761 3 METODOLOGIA

A Amazônia está na fronteira brasileira e sua população apresenta um modo de vida de estreita relação com a Natureza. Contudo, a sua condição fronteiriça não pode submeter a população às condições hostis em meio a pobreza e distanciamento do acesso à educação e à saúde de qualidade. O conhecimento científico apresenta a pretensão de desvendar a realidade e para tanto foi realizada a presente pesquisa sobre a gravidez na adolescência no contexto da população ribeirinha da Amazônia marajoara.

O procedimento de pesquisa instituído transcorreu pela proposta de estudo de caso com abordagem qualitativa e foi dividido em três momentos: a busca de conceitos gerais, a relação com a realidade estudada e a explicação dos fatos observados na pesquisa de campo. Neste sentido, o passo inicial da pesquisa foi transitar pela leitura abordando o construto social da categoria adolescente. De posse do recurso conceitual, foi realizada uma pesquisa empírica, no ano de 2019, na comunidade Turé.

Na ocasião da pesquisa empírica, foram levantadas as dificuldades enfrentadas pelas adolescentes gravidas e mães na continuidade dos estudos. A coleta dos dados ocorreu via observação direta participativa e com a realização de entrevistas diretas com seis adolescentes que se evadiram da escola por conta da gravidez precoce e com seus familiares no período de março a agosto de 2019.

Para identificação da adolescente entrevistada, com autorização da família, foi utilizada a inicial do seu nome, sobrenome e a idade. As entrevistas foram realizadas em clima de conversas com as adolescentes participantes no quintal das suas residências.

4 ADOLESCÊNCIA E SUAS CARACTERÍSTICAS

Adolescência é um momento de passagem, uma fase intermediária rumo a vida adulta presente na cultura de determinadas sociedades e permeada de questões desafiadoras e transformações biopsicossocial. Nas palavras de Frota (2007, p. 155):

Adolescência, período da vida humana entre a puberdade e a adultície, vem do latim adolescentia, adolescer. É comumente associada à puberdade, palavra derivada do latim pubertas-atis, referindo-se ao conjunto de transformações fisiológicas ligadas à maturação sexual, que traduzem a passagem progressiva da infância à adolescência.

A adolescência não deve ser vista sem a discussão da sua complexidade em meio as inúmeras transformações posta aos jovens, influenciando no futuro da sua vida. Desta forma, associada às mudanças estão às situações de exclusão social resultantes das frágeis condições socioeconômicas

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 60883-60903 aug. 2020. ISSN 2525-8761 de parte majoritária da população, estas podem interferir de forma negativa no processo de interação social e no comprometimento da vida adulta.

Algumas questões como a afirmação da personalidade, o desenvolvimento da sexualidade, as escolhas e os projetos pessoais ocorrem durante a formação de um adolescente. Dependendo das condições vivenciadas, o adolescente pode crescer e viver sem profundas crises emocionais e sociais. Contribuindo, Ximenes Neto et al. (2007, p. 280) falam como essa transição ocorre no processo de formação de um adolescente:

Durante a adolescência devem ser reconhecidos os padrões de heterogeneidade e comportamentais que envolvem a afirmação da personalidade, o desenvolvimento sexual e espiritual, a busca e realizações dos projetos de vida e da autoestima e a capacidade de pensamento abstrato. A partir destes processos de vida, normalmente, iniciam-se as crises, que não ocorrendo sua evolução natural, podem levar o adolescente a transgressões, tais como o uso e abuso de drogas licitas e ilícitas; as práticas sexuais sem a adoção de medidas de proteção tanto para as doenças sexualmente transmissíveis (DST), em especial o HIV-vírus da imunodeficiência humana, quanto para a paternidade e a maternidade.

Segundo Côrtes (2012), a adolescência pode se caracterizar como um período de crescimento ou amadurecimento emocional, no ensejo das alterações anatômicas e fisiológicas quando o adolescente atravessa a fase de uma criança dependente para um indivíduo autônomo.

Tal fase é complexa e todos os aspectos de seu desenvolvimento devem ser considerados e observados com cautela pelos pais e responsáveis, principalmente o emocional. Alguns adolescentes têm dificuldades de lidar com certas situações em seu dia a dia como: problemas familiares, timidez, bullying e outros. Essas situações podem causar constrangimentos e, consequentemente, ocasionar problemas emocionais.

Destarte, os conflitos emocionais pelo qual muitos adolescentes passam estão diretamente ligados à família e raramente são percebidos, pois tais problemas emocionais são vistos como naturais da fase, simplesmente por ser um momento complexo, não se busca compreender a razão. Na maioria das vezes, adolescentes desenvolvem problemas emocionais e psíquicos devido à pressão da família e suas escolhas podem ser direcionadas à realização do sonho ou desejo de seus pais. Nos termos de Calligaris (2000), um lado exasperante da adolescência está na vinculação das escolhas do adolescente à efetivação do sonho dos adultos. É quase impossível, para o adolescente, se afastar da influência da família.

É difícil para um adolescente lidar com suas escolhas sem decepcionar os pais, ele sempre quer agradar a família, mas como foi citado anteriormente, os adolescentes podem desenvolver problemas emocionais relacionados com o ambiente familiar e isso pode prejudicar seu pleno

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 60883-60903 aug. 2020. ISSN 2525-8761 desenvolvimento e, futuramente, se tornar um adulto problemático e incapaz de controlar suas próprias emoções.

Outro aspecto que deve ser priorizado na discussão sobre adolescente é a autonomia desenvolvida por esses indivíduos nessa fase da vida. O adolescente deve se sentir à vontade para interagir na sociedade e fazer suas escolhas com o apoio familiar, fundamental para o pleno desenvolvimento desta autonomia.

Assegurando as oportunidades para o desenvolvimento do adolescente foi formulado no Brasil o Estatuto da Criança e do Adolescente -ECA (1990):

Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

Nesta fase, os adolescentes se mostram mais independentes, fortes e individualistas buscando sua própria autonomia saindo da fase de total dependência. Além disso, estão sempre questionando a autoridade dos pais, pois acham que sabem a direção que devem tomar em suas vidas. Ratificando tal ideia, Pina (2014, p. 02).

Nesse processo, portanto, refletem fatores físicos, familiares e sociais que podem alterar o pensamento e o comportamento do adolescente, que passará a ter características especiais em função de todas as modificações necessárias, para que a independência se efetive. Na busca da autonomia, o adolescente gradualmente passa da situação de dependência total com o mundo ao seu redor, até conseguir se diferenciar do outro, para conseguir se manter sozinho.

São muitas as características permeando a fase do adolescer, notadamente complexa e permeada de momentos difíceis, mas o apoio da família e da escola são imprescindíveis para o transcuro benfazejo da adolescência. Também é fundamental ampliação da presença do Estado com política públicas sociais de inclusão para os adolescentes (MORAES; CHAVES; NASCIMENTO, 2020).

5 O ADOLESCER NA AMAZÔNIA

A fase da adolescência é marcada por cravos, espinhas, mudanças no corpo e no comportamento dando início à sexualidade, mas, também, é a fase de transição da infância para a vida adulta, a qual vem carregada de novidades e responsabilidades. Segundo Cadete (1994, p. 26), estar adolescendo é: “entrar no mundo, mudar a mentalidade, o corpo, viver ambiguidades, viver

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 60883-60903 aug. 2020. ISSN 2525-8761 uma fase ruim, ter mais responsabilidade e ter abertura da perspectiva de futuro”. Tais responsabilidades ganham novas proporções quando se está do meio rural.

Segundo Johnson (1997, p. 05):

A adolescência é o estágio no curso da vida que separa a infância da vida adulta. Trata-se de fenômeno relativamente recente, datando de fins do século XIX, e encontrado, sobretudo nas sociedades industriais. Nas sociedades não industriais, crianças tornam-se economicamente produtivas em idade relativamente jovem e a puberdade vem a ser muitas vezes a ocasião de assumir o status pleno de adulto.

A adolescência é a fase intrínseca ao capitalismo entrando em contraste com a economia de subsistência, característica da Amazônia, caso explícito da comunidade Turé aonde todos participam do processo produtivo de geração de renda e o tempo destinado ao estudo é um empecilho para o tempo de trabalho. O aprendizado acontece por intermédio da interação das crianças na produção de subsistência, fundamentada na produção familiar (ARIÈS, 1986).

Nessa fase os adolescentes amazônicos da comunidade Turé tem que dividir seu tempo entre os estudos e o trabalho, pois os mesmos contribuem diretamente no sustento da família (figura 03).

Figura 03: Adolescentes da Comunidade Turé no caminho da roça de mandioca.

Fonte: autores.

Adolescer na Amazônia marajoara é algo abstrato, pois não se percebe quando se passa por tal fase. As condições econômicas e a falta de informações colaboram para essa invisibilidade da adolescência (GONDIN; GONDIN; CHAVES, 2020). As crianças já nascem com o destino traçado, tendo que crescer repetindo os passos dos pais, ou seja, as crianças assumem responsabilidades muito cedo, tanto no trabalho doméstico quanto no trabalho da roça.

Os adolescentes e jovens ribeirinhos vivem suas primeiras experiências de trabalho com seus pais, com quem aprendem a pescar, a extrair os frutos da natureza, a plantar e a colher, sobre as variações no ciclo da várzea e suas interferências na economia local e,

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 60883-60903 aug. 2020. ISSN 2525-8761 principalmente, sobre as estratégias de sobrevivência no exercício dessas atividades no interior da floresta amazônica. Ou seja, grande parte da socialização para o trabalho ocorre no ambiente da relação entre esses jovens e seus pais, o faz com que o compartilhamento desse aprendizado seja priorizado pelos pais de forma a assegurar que seus filhos possam dar continuidade ao trabalho e assim à posse de seu território (RUZANY; MOURA; MEIRELLES, 2012, p. 76,).

Na divisão sexual do trabalho, os meninos a partir de oito anos de idade, ajudam os pais nos trabalhos mais pesados como: extração de madeira, extrativismo de açaí, plantação de roça, caça e pesca. As meninas, na mesma idade, ajudam as mães com trabalhos domésticos como: lavar louças e roupas, na limpeza da casa, cuidados com os irmãos menores e na produção da farinha. Muitas vezes essas atividades acabam interferindo no tempo que seria destinado aos estudos. Diante disso a fase da adolescência passa sem ser percebida. Na figura 04 é possível ver uma criança acompanhado o pai no trajeto do trabalho na floresta, no horário da aula.

Figura 04: Pai e filho no trajeto da roça de mandioca.

Fonte: autores.

Além da inserção da criança precocemente no mundo do trabalho, também ocorre o início da vida sexual prematuramente, sem ter qualquer orientação, pois dificilmente os pais ou qualquer outra pessoa da família fala sobre sexo e sobre o desenvolvimento da sexualidade com os adolescentes. Isso ocorre por vergonha, falta de informação e preconceitos por parte dos adultos.

O adolescente desconhece sua anatomia e suas zonas erógenas transformando a iniciação da sexualidade em uma experiência menos valiosa e revela que nos últimos tempos aconteceu uma antecipação das idades tanto das meninas como dos meninos para a iniciação sexual (PINA, 2014, p. 03.).

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 60883-60903 aug. 2020. ISSN 2525-8761 Segundo Elias (1994, p. 178), “o sentimento de vergonha que rodeia as relações sexuais humanas tem crescido e alterado de forma significativa o processo de civilização”. Estas dificuldades se manifestam quando os adultos não conseguem falar com crianças e adolescentes sobre sexualidade, pois estas questões envolvem diversos preconceitos e, muitas das vezes, os adultos não encontram as palavras certas para que haja esse diálogo. Entretanto, esse bate-papo é necessário, não só na família, mas também, na escola. Segundo Santos (2008, p. 05): “Na família, na escola, nos órgãos públicos e nos diferentes meios de comunicação, deve-se falar abertamente sobre o sexo como também sobre os cuidados a levar em conta e não o apontar como proibido”.

As dificuldades históricas com as questões relacionadas à sexualidade se tornam muito mais imperiosa se tratando de uma região com as peculiaridades da Amazônia marajoara. Nessa região, as adolescentes obedecem ao calendário biológico institivamente, iniciando a vida sexual a partir da sua primeira menstruação, pronta para procriar. Agravando esse fenômeno estão as questões como: a falta de informações, a falta de diálogo familiar, as péssimas condições financeiras e a ausências de políticas públicas. Segundo Cano; Ferriani; Gomes, 2000, p. 18:

Por outro lado, sabemos que os adultos que cercam o adolescente, pais e professores, tem dificuldade para abordar essa temática no dia-a-dia, não permitindo com isso que os jovens tenham uma fonte segura, principalmente nos dias atuais, para esclarecer suas dúvidas. De acordo com Ruzany; Moura; Meirelles (2012), mesmo com a existência de grande e mais constante interconexão entre os contextos sociais rurais e urbanos, na atualidade, tais locais apresentam diferenças que marcam, especialmente, boa parte das populações amazônicas.

No contexto rural, significa uma grande diferença de tratamento em relação ao acesso aos serviços de saúde, geralmente associada à precariedade dos serviços, assim como, na área da educação, o que certamente limita bastante o desenvolvimento das potencialidades desses adolescentes e jovens (RUZANY; MOURA; MEIRELLES, 2012, p. 37).

Na comunidade Turé não é diferente, os adolescentes estão diariamente desprotegidos, principalmente quando se trata do acesso a saúde e informações sobre gravidez precoce, planejamento familiar e doenças sexualmente transmissíveis. Neste contexto, não é dado aos adolescentes o direito de usufruir de mecanismos que permitam o discernimento sobre o seu corpo e o estabelecimento de um projeto de vida preconizado em lei.

Segundo o ministério da saúde:

Favorecer a participação juvenil é uma estratégia eficaz de promoção da saúde. Seus benefícios são vários. Primeiro, porque contribui para a autoestima do adolescente e do jovem, a sua assertividade e a formulação de um projeto de vida. Esses aprendizados constituem-se em elementos-chave de qualquer estratégia de prevenção à violência, bem

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 60883-60903 aug. 2020. ISSN 2525-8761 como ao abuso de drogas e na prevenção às DST/AIDS, nessa faixa etária (BRASIL, 2010, p. 53).

A efetivação de políticas públicas possibilitaria aos adolescentes o crescimento de sua autoestima e a introjeção de aprendizados que viriam a contribuir na prevenção da gravidez precoce e de doenças sexualmente transmissíveis, algo muito comum nessa fase da vida e muito importante no contexto da Amazônia marajoara.

A realidade da Amazônia marajoara e, especificamente, das famílias da comunidade Turé é bem distante da presença do Estado via acesso à saúde e ao planejamento familiar. Na região é usual a entrega de jovens para o casamento com homens mais velhos. O motivo de tal atitude por parte dos pais está do enfrentamento das difíceis condições financeiras para manter a sobrevivência da família. A destinação das jovens para o matrimonio acaba sendo a forma encontrada para diminuir a quantidade de pessoas para alimentar dentro de casa, como eles dizem: “é uma boca a menos pra comer” (comunicação pessoal, 2019).

A pobreza em que está imersa a população ribeirinha da comunidade Turé, na Amazônia marajoara, acaba interferindo para que os adolescentes tenham uma fonte correta e segura para tirar suas dúvidas sobre sexualidade, planejamento familiar e, por sua vez, a educação escolar não é vista como projeto futuro de vida.

Além disso, a comunidade não dispõe de meios que possam ajudar as famílias a lidar com o desenvolvimento da sexualidade de seus filhos, pois é inexiste a presença de políticas públicas com ações de órgãos municipais que promovam palestras falando sobre a temática. Piorando a situação da comunidade Turé, não existe uma efetivação dos termos legais brasileiros postos na letra como mostra o estatuto a seguir:

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (ECA, 1990).

Corroborando com a descrição das dificuldades enfrentadas na região Amazônica estão as pertinentes observações de Santos et al. (2014, p.03)

[...] o cidadão comum desta região enfrenta enormes deficiências em quase todos os componentes do progresso social: há dificuldades dramáticas de acesso à água limpa e saneamento básico; problemas na qualidade da educação básica; informação e meios de comunicação deficientes; e a maioria ainda tem pouca oportunidade de chegar ao ensino superior. Além disso, o cidadão da Amazônia enfrenta restrições importantes de direitos individuais e de liberdade de escolha, principalmente por causa das dificuldades de mobilidade nas cidades, gravidez precoce na infância e adolescência e violência generalizada, que afeta especialmente os jovens.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 60883-60903 aug. 2020. ISSN 2525-8761 Na escola da comunidade Turé falta transporte adequado, merenda de boa qualidade, salas amplas e com acústica para acomodar todos os alunos, remuneração digna para os professores e orientação pedagógica. Estes são alguns dos problemas que a instituição enfrenta para funcionar. Tais problemas dificultam o desenvolvimento dos alunos, direito garantido por lei para o preparo e a qualificação do indivíduo para o exercício de sua cidadania. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996, em seu Título I, estabelece:

Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para exercício da cidadania e sua qualificação para o mundo do trabalho.

Apesar de todos os problemas enfrentados pela escola, ainda assim, é um dos lugares preferidos da garotada, pois é nesse espaço que elas têm novas experiências e trocas de conhecimentos e sociabilidades. Na figura 05 é possível ter uma visão do espaço físico da escola da comunidade Turé, o ponto de encontro de crianças, adolescentes e professores.

Figura 01: Área externa da escola da comunidade Turé.

Fonte: autores.

Percebe-se, que quando se trata de equipamentos que possam promover uma educação de qualidade, a Ilha do Marajó, assim como outras regiões da Amazônia, é desprovida de tais recursos. Na escola que atende a comunidade e seus arredores, a infraestrutura é pouco favorável e acaba impactando de forma negativa o processo educacional dos alunos.

Contribuindo com a exposição das dificuldades apresentadas no espaço escolar na Amazônia Ruzany, Moura e Meirelles (2012, p. 70) relatam: “sua estrutura espacial consta de uma ou muito raramente duas salas de aula, uma pequena cozinha, algumas com uma pequena dispensa para armazenar os produtos para a merenda escolar. Algumas também têm uma pequena biblioteca”

A despeito de todas as adversidades, foi observado durante o período da pesquisa, o esforço dos técnicos, docentes e serviço de apoio para garantir o funcionamento da escola. Nas palavras da gestora escolar: “nós fazemos de tudo pra dar o mínimo de dignidade para essas crianças e vê-las

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 60883-60903 aug. 2020. ISSN 2525-8761 com um sorriso no rosto, é muito gratificante” (comunicação pessoal, 2019). Apesar de todas as dificuldades enfrentadas para desenvolver o trabalho, todos os funcionários da escola sempre procuram fazê-lo da melhor forma possível.

7 A ADOLESCENTE MÃE NA COMUNIDADE TURÉ

As sociedades capitalistas são submersas na desigualdade social e o Brasil, signatário do sistema, apresenta uma grande dissimilitude nas condições de vida dos seus adolescentes, dependendo da classe social e da região é possível encontrar diferenças abissais. Nas classes de maior poder aquisitivo os adolescentes dedicam-se exclusivamente aos estudos e a outras experiências sem grandes consequências emocionais, financeiras e sociais. Contudo, os adolescentes das classes de menor poder aquisitivo são fadados a correr o risco de, nessa fase da vida, precisar trabalhar e abandonar os estudos em razão de constituir uma prole para sustentar. Segundo Silveira; Santos (2013, p. 94):

Alguns autores descrevem a adolescência cada vez mais associada a situações de vulnerabilidade, como uso abusivo de drogas, acidentes de trânsito, violência e doenças sexualmente transmissíveis e consequentemente a gravidez precoce.

A questão da adolescência ganha uma dimensão especial no caso das meninas devido à gravidez precoce, principalmente para as adolescentes da região amazônica, pois fatores culturais e econômicos tornam a vida dessas jovens mais difícil e influenciam de forma contraproducente no desenvolvimento escolar das mesmas. Em determinados momentos essas adolescentes acabam desistindo definitivamente de seus estudos por não conseguirem conciliarem os estudos com os cuidados com a casa, com filhos e com o marido, por conseguinte “não alcançam à independência econômica e o controle de sua sexualidade” (JOHNSON,1997, p. 269).

A pesquisa de campo identificou a recorrência da gravidez precoce entre as adolescentes da comunidade Turé, consequente da ausência de diálogo sobre a sexualidade com os adolescentes, tanto as famílias quanto a escola não têm essa interlocução, apesar de necessária, é mal compreendida como imoral, entretanto é uma forma eficiente de prevenção.

Em sua obra, Foucault (1988, p. 26). fala dessa necessidade de falar do sexo:

O essencial não são todos esses escrúpulos, o “moralismo” que revelam, ou a hipocrisia que neles podemos vislumbrar, mas sim a necessidade reconhecida de que é preciso superá-los. Deve-se falar do sexo, e falar publicamente, de uma maneira que não seja ordenada em função da demarcação entre o lícito e o ilícito, mesmo se o locutor preservar para si a distinção (é para mostra-lo que servem essas declarações solenes e liminares); cumpre falar de sexo como de uma coisa que não se deve simplesmente condenar ou tolerar, mas gerir,

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 60883-60903 aug. 2020. ISSN 2525-8761 inserir em sistemas de utilidade, regular para o bem de todos, fazer funcionar segundo um padrão ótimo.

Durante as entrevistas, as jovens relataram a dificuldade de conversar sobre questões inerentes a sexualidade e formas prevenção com família e na escola. Nas falas das adolescentes foi possível perceber a vergonha ao abordar a temática da sexualidade e a dificuldade das famílias em lidar com a sexualidade de seus filhos. Contribuindo Carvalho; Matsumoto (s.d., p. 07) falam dessa falta de diálogo entre pais e filhos:

Muitos pais e filhos não se sentem à vontade para iniciarem um diálogo sobre sexualidade, os adolescentes temem que seus pais não aprovem o assunto, e os pais se acham pouco preparados e tímidos para conversar com seus filhos e filhas sobre isso, desconhecendo a importância que essa conversa tem para a vida deles.

Para Foucault (1994), a criança e, consequentemente o adolescente, são o desdobramento das gerações futuras precisando reproduzir uma “verdade” difundida pelas redes familiares e pelas políticas públicas de educação e saúde. “Na encruzilhada do corpo e da alma, da saúde e da moral, da educação e do adestramento de poder, foi construída uma sexualidade das crianças específica, precária, perigosa, a ser constantemente vigiada” (FOUCAULT, 1994, p. 232).

O motivo está na necessidade de tolhi à sexualidade para evitar a gravidez precoce. Foucault (1994) repetidas vezes menciona a necessidade da sexualidade vigiada, ou seja, um intenso controle da vida sexual pelas instituições.

Segundo Cano, Ferriani e Gomes (2000, p. 21): “hoje vivemos um momento difícil para a construção de um sistema de valores sexuais”. Os pais repetem as mesmas atitudes de seus pais no passado, calando ou reprimindo a necessidade de se falar de sexo.

Em contra partida a escola também não desenvolve nenhuma estratégia em educação sexual para orientar os/as adolescentes sobre temas como métodos contraceptivos e a gravidez na adolescência. Corroborando Silveira; Santos (2013, p. 96) avultam o papel da escola na tessitura da educação sexual.

Destacam-se as estratégias de educação em saúde na escola para capacitar os professores na abordagem das temáticas: contracepção e gestação na adolescência, doenças sexualmente transmissíveis, drogas e alcoolismo e outras, bem como para capacitar os próprios adolescentes, fazendo com que se tornem agentes multiplicadores a partir de uma permuta de conhecimento, levando-os a desenvolver uma consciência crítica para o autocuidado.

A escola da comunidade Turé não desenvolve estratégias educacionais em relação à discussão da sexualidade na adolescência, fundamentais à prevenção das doenças sexualmente transmissíveis e da gravidez não planejada. Por outro lado, as famílias estão imersas no cenário de exclusão morando no município com classificação de baixo desenvolvimento entre decimais de

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 60883-60903 aug. 2020. ISSN 2525-8761 0,500 e 0,599 e com 87,5% da população sem instrução ou com o ensino fundamental incompleto (PARÁ, 2013).

Nas entrevistas, quando questionadas sobre orientação sexual, as adolescentes responderam: V. L., 17 anos, mãe de uma criança de seis meses: Minha mãe nunca falou de sexo ou de como se engravidava com a gente. Eu acho que por causa de medo e vergonha. E por causa da igreja também, ela é crente (comunicação pessoal, 2019).

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R. B. 18 anos, segunda gravidez: Eu tinha medo de perguntar, e meu pai é muito brabo também. A minha mãe nunca falou com a gente sobre isso (comunicação pessoal, 2019). A. V., 13 anos, primeira gravidez: Só uma professora na escola. Ela já conversou de sexo e gravidez e também de como se previne, mas em casa não. Meus pais são desligados disso (comunicação pessoal, 2019).

N. C., 15 anos, primeira gravidez: Não foi por falta de conselho da minha mãe. Mas também ela nunca disse como era, e eu tinha vergonha de perguntar também. Meu pai então, nem se fala. E nem na escola (comunicação pessoal, 2019).

D. G., 14 anos, primeira gravidez: Quando minha mãe tava viva, ela não queria que eu arrumasse marido cedo, mas não falava disso comigo. Aí ela morreu e agora eu engravidei (comunicação pessoal, 2019).

O. B., 17 anos, primeira gravidez: Meus pais nunca falaram de sexo aqui em casa, nem conversavam de namoro de nada disso; e a gente sente vergonha de falar. Eu aprendi por aí mesmo (comunicação pessoal, 2019).

A gravidez na adolescência é maior causa de abandono dos estudos entre as adolescentes. Corroborando estão as palavras de Silveira; Santos (2013, p. 94), “a gravidez na adolescência é em sua maioria descrita em características negativas e transformações radicais, como o abandono dos estudos e do lar, marginalização e dependência financeira”. Na comunidade Turé além do abandono escolar pelas adolescentes gravidas, existe alguns casos de adolescentes que saem de casa depois que os pais descobrem a gravidez, como no caso da R.B (18 anos).:

Quando meu pai soube que eu ‘tava’ gravida, eu parei de estudar. Ele me colocou pra fora de casa, porque o pai do meu filho não quis assumir. Mas agora tá tudo bem, porque eu arrumei marido e ele me quis mesmo com o filho, ele gosta muito do menino (comunicação pessoal, 2019).

O abandono dos estudos é comum entre as adolescentes gravidas e/ou mães na comunidade, por vários motivos: vergonha, resolução do marido, cuidados com a criança, entre outros. Quando perguntadas sobre o motivo da desistência de seus estudos as adolescentes responderam:

V. L., 17 anos, mãe de uma criança de seis meses: Eu desisti dos estudos porque a neném mama e porque não tenho com quem deixar ela. A mamãe vai pra roça e as meninas estudam também (comunicação pessoal, 2019).

R. B. 18 anos, segunda gravidez: Agora eu não ‘tô’ estudando. Meu marido não deixa, eu tenho vergonha também. Minha barriga já ‘tá’ aparecendo (comunicação pessoal, 2019).

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 60883-60903 aug. 2020. ISSN 2525-8761 A. V., 13 anos, primeira gravidez: Parei porque quis mesmo. Acho que não adianta estudar agora, porque, quando eu tiver bebê, vou ter que parar mesmo (comunicação pessoal, 2019).

N. C., 15 anos, primeira gravidez: Eu parei por vergonha da minha barriga, e também porque passava mal na escola, mas a minha mãe não queria que eu parasse e nem meu marido (comunicação pessoal, 2019).

D. G., 14 anos, primeira gravidez: Parei porque meu marido não deixa, e também tenho que cuidar da casa. Eu tenho vergonha dos meus colegas (comunicação pessoal, 2019). O. B., 17 anos, primeira gravidez: Meu pai diz que eu já tenho meu diploma na barriga, aí fica difícil, né. Além de eu ter vergonha, minha família não tá nem aí. por isso que eu parei (comunicação pessoal, 2019).

Percebe-se que na maioria dos casos as adolescentes não tem apoio de seus familiares para enfrentar as consequências acarretadas pela gravidez não planejada, principalmente, na continuidade de seus estudos. A vida dessas adolescentes ganha novos contornos com a gravidez e a chegada do bebê, são jovens mães se preparando para a vida adulta e são obrigadas a amadurecer precocemente sem contar com o amparo familiar ou políticas públicas de seguridade social.

As famílias da Amazônia não apresentarem condições estruturais no âmbito emocional e econômico para dar suporte as adolescentes grávidas. Tal situação acaba deixando as jovens desmotivadas e sem perspectiva para um futuro fora da miséria local. Entre as seis adolescentes entrevistadas, três são mãe solteiras sem o reconhecimento da paternidade de seus filhos, tornando a vida ainda mais difícil.

Segundo Foucault (1994), a adolescente passa por uma “micropenalidade” na ocasião da sua gravidez, a mesma sofre sanções para o resto da vida devido à baixa escolaridade passando a contribuir às perversas estatísticas de pobreza, analfabetismo e exclusão social da região, notadamente destituída de uma proposta de educação como um bem público de transformação social.

Acerca do abandono escolar ou da possível retomada de seus estudos, as adolescentes relataram:

V. L., 17 anos, mãe de uma criança de seis meses: Eu tenho vontade de voltar a estudar sim, mas num momento não dá, não tenho com quem deixar minha filha. Sei que se eu conseguir terminar os estudos vai ficar mais fácil conseguir trabalho (comunicação pessoal, 2019).

R. B., 18 anos, segunda gravidez: Tenho sim, mas acho que não vai dar. Agora tenho família e casa pra cuidar, sabe como é (comunicação pessoal, 2019).

A. V., 13 anos, primeira gravidez: Acho que quando o bebê nascer, quando ele tiver maior, aí eu volto pra escola (comunicação pessoal, 2019).

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 60883-60903 aug. 2020. ISSN 2525-8761 N. C., 15 anos, primeira gravidez: Sim, eu vou voltar a estudar, tenho vontade de dá uma vida melhor pra minha mãe. Sei que só estudando vou conseguir (comunicação pessoal, 2019).

D. G., 14 anos, primeira gravidez: Eu tenho vontade, mas acho difícil. Agora tenho família e logo ele nasce. Se a mamãe tivesse viva, quem sabe (comunicação pessoal, 2019). O. B., 17 anos, primeira gravidez: Quando eu tiver o bebê e ele crescer mais, eu volto pra escola. Tenho vontade de continuar. Tenho que cuidar do futuro do meu filho, ele só tem eu (comunicação pessoal, 2019).

As adolescentes demonstraram interesse em voltar para a escola e dar continuidade nos estudos, mas são obrigadas pelas circunstâncias a evadirem-se da escola. Quando questionadas sobre o que esperam da escola em relação aos mecanismos de apoio à retomada de seus estudos, responderam:

V. L., 17 anos, mãe de uma criança de seis meses: Acho que a escola tinha que ter aula de noite, ou passarem trabalho e a gente ir menos dias pra aula (comunicação pessoal, 2019).

R. B. 18 anos, segunda gravidez: Era pra ter aula de noite, aí quem sabe meu marido não deixa. Ele pode até estudar também (comunicação pessoal, 2019).

A. V., 13 anos, primeira gravidez: Era pra funcionar aula de noite, aí quando o bebê nascesse, a minha sogra ficava com ele. Nós dois ia voltar pra estudar (comunicação pessoal, 2019).

N. C., 15 anos, primeira gravidez: Se tivesse aula de noite seria melhor. A minha mãe ficava com a criança e eu ia pra escola. Assim ia ficar mais fácil (comunicação pessoal, 2019).

D. G., 14 anos, primeira gravidez: De noite era melhor, até pra quem trabalha ia ser bom. Quem sabe ele não ia deixar eu voltar pra escola (comunicação pessoal, 2019).

O. B., 17 anos, primeira gravidez: A aula tinha que ser de noite, eu acho. Ou os professores virem em casa pelo menos uma vez, fica melhor pra quem tem filho e trabalha (comunicação pessoal, 2019).

Observa-se que há uma grande necessidade da efetivação de políticas públicas que venham amparar essas adolescentes e os jovens ribeirinhos em geral, a fim de prevenir situações como a gravidez na adolescência e outras vulnerabilidades a qual os jovens ribeirinhos estão expostos. A escola por sua vez precisa buscar meios de promover ações que venham atender as necessidades e anseios das jovens gravidas e/ou mães. Ruzany, Moura e Meirelles (2012, p. 44), falam da necessidade de políticas públicas para adolescentes:

[...] No âmbito intergeracional das políticas é necessário atender à busca por elos de unidade entre as diversas políticas: Políticas para a juventude: ações do Estado com políticas emergenciais. Políticas de juventude: significa levar em conta as especificidades históricas desta geração juvenil, como por exemplo, o acesso à saúde no que diz respeito às questões

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 60883-60903 aug. 2020. ISSN 2525-8761 relacionadas à DST-Aids e gravidez, levando em conta padrões sexuais da juventude atual [...].

Ruzany, Moura e Meirelles (2012), também descrevem a importância do desenvolvimento de políticas de saúde adequadas para jovens e adolescentes, pois tais políticas estariam baseadas no fato de que hábitos saudáveis trazem benefícios para a vida inteira do indivíduo e seus familiares. Na atualidade, as grandes cidades de várias partes do Brasil vêm desenvolvendo ações e estratégias próprias para esse grupo. Contudo, ainda existe uma grande lacuna na efetivação de serviços de saúde para a população rural, e consequentemente, para os jovens e adolescentes da região amazônica como a comunidade Turé, que não dispõe de nenhuma cobertura de políticas em educação sexual e saúde para adolescentes.

Contribuindo, Barreto, Araújo e Pereira (2009), falam da distinção da juventude e da necessidade do reconhecimento dessa diferença para que políticas públicas sejam implantadas de acordo com a heterogeneidade na qual este grupo está inserido.

[...] responde à urgência de se compreender este segmento social como específico e o/a jovem, como sujeito portador de direitos, pressupondo o reconhecimento de que a juventude não é única, mas sim heterogênea, com características distintas, que variam de acordo com aspectos sociais, culturais, econômicos e territoriais. Assim, tem sua ação norteadora por duas noções fundamentais: oportunidades e direitos (BARRETO, ARAÚJO E PEREIRA, 2009, p. 72).

É de extrema necessidade que se reconheça as distinções que há entre os adolescentes em meio a promoção de políticas públicas voltadas para a realidade cultural e socioeconômica deles, fazendo uma interconexão entre às diversas organizações que trabalham com esse público.

Para atender às muitas aspirações das adolescentes gravidas e/ou mães da Amazônia marajoara, é preciso um olhar sensível e cuidado por parte do poder público, contribuindo de forma definitiva para a educação ser um elemento para a transformação social na região.

8 CONCLUSÃO

Durante a pesquisa foi possível identificar os problemas enfrentados pelas adolescentes gravidas e/ou mães na comunidade Turé com destaque para a dificuldade das famílias em lidar com a sexualidade dos/as adolescentes acarretando falta de apoio emocional às jovens. No momento da pesquisa de campo, apenas três das seis adolescentes entrevistadas tinha o reconhecimento da paternidade dos seus filhos e essa ausência do pai da criança superlativa as dificuldades das adolescentes tanto no âmbito emocional e quanto financeiro.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 60883-60903 aug. 2020. ISSN 2525-8761 Outro problema é deficiência de estratégias e ações por parte do poder público municipal ou estadual na difusão de informações sobre sexualidade para prevenir as doenças transmitidas sexualmente e a gravidez na adolescência, ocasionando a evasão escolar. A ausência de políticas públicas para a população em geral, mas principalmente para crianças e adolescentes em idade escolar é crucial para a situação de perpetuação da pobreza na região.

No contexto familiar foi possível evidenciar a inexistência de diálogo entre pais e filhos quando se trata de sexualidade e formas de prevenção da gravidez. Destaca-se também, a falta de apoio em relação a continuidade dos estudos das adolescentes gravidas e/ou mães, pois as famílias não mostraram muito interesse na volta ou permanência das jovens na escola.

A escola por sua vez, também não está preparada para lidar com as questões que envolvem a adolescência, principalmente a sexualidade e a gravidez precoce. No momento da pesquisa, foram identificadas as seis adolescentes entrevistadas desistentes dos seus estudos por conta da gravidez e maternidade, um número considerável, levando em conta a quantidade de moradores da comunidade pesquisada, e nada foi feito por parte da escola para reverter tal situação.

A ausência de políticas públicas em saúde e educação para crianças e adolescentes é gritante na comunidade, principalmente para adolescentes em situação de gravidez ou maternidade, pois o posto de saúde que deveria atender a comunidade não funciona o que dificulta o pré-natal e a vacinação tanto das mães quanto das crianças. Na educação, não é diferente, a escola funciona com o mínimo do mínimo e isso limita o trabalho da gestora e dos professores da instituição.

Na guisa de sugestões está a necessidade da presença do poder público com atenção às populações ribeirinhas da Amazônia marajoara efetivando políticas públicas aos adolescentes em situação de vulnerabilidade dessa região. Esses indivíduos são o futuro da população da Amazônia e, como todos os brasileiros, tem o direito à cidadania plena.

Somente com vultuosos investimentos em educação, saúde, saneamento básico na promoção da cidadania que se faz a inserção dos adolescentes na sociedade, proporcionando condições para estes protagonizarem a sua própria história e assegurar um futuro próspero para o país.

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Imagem

Figura 01: Reserva Extrativista Terra Grande Pracuúba.
Figura 02: Comunidade Turé, Curralinho, PA, vista do rio Piriá.
Figura 03: Adolescentes da Comunidade Turé no caminho da roça de mandioca.
Figura 04: Pai e filho no trajeto da roça de mandioca.
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