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Avaliação da produção de cerveja tipo lager em regime semicontínuo / Evaluation of lager beer production in semicontinuous regime

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Academic year: 2020

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 3,p.13363-13370mar.. 2020.ISSN 2525-8761

Avaliação da produção de cerveja tipo lager em regime semicontínuo

Evaluation of lager beer production in semicontinuous regime

DOI:10.34117/bjdv6n3-267

Recebimento dos originais: 18/02/2020 Aceitação para publicação: 18/03/2020

Lélio Alt Hall Machado

Graduado em Engenharia Química pelo Senai Cetiqt Instituiçao: Senai Cetiqt

End: rua Magalhaes Castro 174 Riachuelo Rio de Janeiro, RJ

E-mail: leliohall@hotmail.com

Marta Cristina Picardo

Doutora em Processos Químicos e Bioquímicos Pela UFRJ

Instituiçao: Senai Cetiqt

End: rua Magalhaes Castro 174 Riachuelo Rio de Janeiro, RJ

Email: mcpicardo@cetiqt.senai.br

RESUMO

A cerveja é uma bebida carbonatada de baixo teor alcoólico preparada a partir da fermentação do mosto de cevada pela espécie Saccharomyces Cerevisiae, contendo lúpulo e água, podendo ser utilizado outros cereais fonte de carboidratos como arroz, trigo, milho, aveia e centeio. A bebida chegou ao Brasil em 1808 com a família real portuguesa e atualmente o país é o terceiro maior produtor de cerveja do mundo com uma produção anual de 104 milhões de hectolitros. Há 610 cervejarias registradas e em 2017, foram abertos 91 novos empreendimentos no ramo de cervejarias. Dentre as diversas formas de se conduzir a fermentação, tanto para produção de cerveja quanto de outros alimentos fermentados, a mais utilizada é a batelada tradicional ou descontínua. Esta forma de conduzir a fermentação pode acarretar uma baixa produtividade e perda de rendimento, uma vez que o substrato, em excesso no momento da inoculação do microrganismo, exerce efeitos de inibição e repressão catabólica, além de poder desviar o metabolismo celular a produtos que não são de interesse. Com possibilidade de aumentar o rendimento na produção de cerveja, este trabalho teve como finalidade, avaliar a produtividade alcoólica do processo semicontínuo na fabricação de cerveja do tipo lager. A primeira parte do trabalho foi o preparo do mosto cervejeiro, pela técnica de infusão, utilizando apenas malte de cevada. A segunda etapa foi a condução da fermentação através de uma batelada em cortes avaliando-se a produção em etanol, assim como o consumo de carboidratos. De acordo com os resultados, verificou-se que a produtividade volumétrica em etanol da etapa fermentativa após o segundo corte, aumentou 257% em relação a fermentação conduzida antes do primeiro corte.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 3,p.13363-13370mar.. 2020.ISSN 2525-8761

Palavras chave: Cerveja, Fermentação, Regime Semicontínuo e Lager

ABSTRACT

Beer is a low-carbonated carbonated drink prepared from the fermentation of barley must by the species Saccharomyces Cerevisiae, containing hops and water, and other carbohydrate source cereals such as rice, wheat, corn, oats and rye can be used. The drink arrived in Brazil in 1808 with the Portuguese royal family and currently the country is the third largest beer producer in the world with an annual production of 104 million hectoliters. There are 610 registered breweries and in 2017, 91 new ventures in the beer business were opened. Among the different ways of conducting fermentation, both for the production of beer and other fermented foods, the most used is the traditional or batch batch. This way of conducting fermentation can lead to low productivity and loss of yield, since the substrate, in excess at the time of inoculation of the microorganism, exerts effects of inhibition and catabolic repression, besides being able to divert the cellular metabolism to products that do not are of interest. With the possibility of increasing the yield in beer production, this work aimed to evaluate the alcoholic productivity of the semi-continuous process in the manufacture of lager beer. The first part of the work was the preparation of the brewing must, using the infusion technique, using only barley malt. The second stage was to conduct the fermentation through a batch of cuts, evaluating the production in ethanol, as well as the consumption of carbohydrates. According to the results, it was verified that the volumetric productivity in ethanol from the fermentation stage after the second cut, increased 257% in relation to the fermentation conducted before the first cut.

Keywords: beer, fermentation, semi-continuous regime and lager

1 INTRODUÇÃO

Segundo Mega et al. (2011), a produção de cerveja é um processo biotecnológico antigo que começou há pelo menos 6.000 anos. Nas últimas décadas do século 19, o processo produtivo evoluiu consideravelmente, devido ao avanço tecnológico, permitindo a produção de cervejas cada vez melhores. Entretanto, as etapas de produção e as operações unitárias inerentes ao processo não mudaram desde então.

Os trabalhos de Rebello (2009) e Schimidell et al. (2001) mencionam que a fermentação alcóolica é a etapa mais demorada de todo processo, juntamente com a maturação pode levar de 4 a 12 semanas e pode ser conduzida de diversas formas, sendo a fermentação descontínua ou batelada tradicional, o método mais usado na produção da bebida. Apesar desse processo possuir baixo custo, devido a sua operação mais simples e baixo risco de contaminação, ele pode reduzir o rendimento e a produtividade devido a inibição por substrato e produto.

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Ainda segundo Schimidell et al. (2001), uma alternativa para contornar esse problema é o processo em batelada semicontínuo que é realizado em três etapas. A primeira, ocorre exatamente como na batelada tradicional, inoculando o mosto a ser fermentado com a levedura selecionada. Ao final da fermentação, realiza-se a segunda etapa que consiste em retirar uma fração de mosto fermentado do reator. E por fim, na terceira etapa, ocorre o reabastecimento do fermentador com mosto novo, não fermentado. O produto que não foi retira do fermentador servirá de inóculo para o mosto novo.

2METODOLOGIA

Para a avaliação da fermentação conduzida pelo método semicontínuo, preparou-se 1 litro de cerveja puro malte do estilo American Lager de acordo com as etapas mostradas no Diagrama 1 e utilizando as matérias primas mostradas na tabela 1.

Diagrama 1 – Metodologia para o preparo da cerveja

A brassagem é o processo responsável pelo preparo do mosto, ela pode ser realizada de diversas formas a depender dos equipamentos disponíveis. Para o presente trabalho, realizou-se as etapas reprerealizou-sentadas no diagrama 2.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 3,p.13363-13370mar.. 2020.ISSN 2525-8761 Para o preparo do mosto utilizou-se os insumos mostrados na Tabela 1.

Tabela 1 – Insumos utilizados no preparo do mosto cervejeiro

Matéria-prima

Quantidade (kg)

Malte Pale Ale 2 Lúpulo

Northern Brewer

0,0082

Lúpulo Saaz 0,0055

A moagem dos grãos foi realizada com moedor de grãos no formato de disco da marca Guzzo. Para a mosturação, utilizou-se uma panela de alumínio com capacidade para 15 litros, onde colocou-se todo o malte dentro de uma bolsa de tecido em infusão utilizando-se 6 litros de água destilada, técnica conhecida como brew in a bag (BIAB), como mostrado na figura 2. Com o auxílio de um fogareiro de alta pressão, realizou-se as rampas mostradas na tabela 2.

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Tabela 2 – Temperaturas usadas na etapa de mosturação e seus respectivos tempos de duração Temperatura (°C) Tempo (minutos) 62 90 72 10 78 5

Antes da rampa de inativação das enzimas (78 °C por 5 minutos), realizou-se o teste do iodo para verificar a conversão completa do amido. Em seguida, o cereal foi removido do mosto e aguardou-se a drenagem do líquido. Ao final desta etapa, obteve-se 4 litros de mosto primário com densidade 19,8 graus Plato (°P). Este mosto foi diluído com 3,5 litros de água destilada, obtendo-se 7,5 litros de mosto com densidade 10,9°P antes do início da fervura.

A fervura foi realizada por 60 minutos, após 20 minutos do início, adicionou-se o lúpulo Northern Brewer, faltando 10 minutos para terminar esta etapa, adicionou-se o coagulante Whirfloc, próprio para bebidas e exatamente no término da fervura, adicionou-se o lúpulo Saaz. Ao final desta etapa, obteve-se 3,5 litros de mosto com densidade 17°P que foi armazenado em geladeira. Para o início da fermentação, dilui-se o mosto concentrado para se obter uma concentração em extrato de 12°P.

As fermentações foram conduzidas a 12°C no biorreator modelo BIO-TEC-PRO da marca Tecnal e utilizou-se a levedura de cepa W-34/70 da marca Fermentis, própria para cerveja de baixa fermentação. E para a medição de etanol utilizou-se o densímetro portátil modelo EasyDens da marca Anton Paar. O volume de cerveja retirada em todos os cortes, foi definido com o auxílio da ferramenta “diluição de mosto” disponível no software Beersmith. Essa quantidade foi tal que, quando adicionado mosto não fermentado com concentração de extrato igual 17°P, a concentração de extrato no interior do vaso de reação alcançasse, novamente, os 12°P do início da fermentação.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O gráfico apresentado na Figura 3 mostra que a primeira etapa do método fermentativo pesquisado neste trabalho não apresentou consumo do extrato disponível no mosto nas primeiras 48 horas de processo, uma vez que o extrato original permaneceu constante a 12°P em duas medições consecutivas. Esse comportamento era esperado, uma

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vez que esse início é semelhante ao método tradicional de fermentação por batelada descontínua.

Figura 3 – Comportamento do consumo de extrato do mosto durante a fermentação semicontínua na produção de cerveja a partir de um mosto de malte de cevada.

A partir do segundo dia de fermentação, o consumo de extrato se mostrou mais evidente e a fermentação se estabilizou em uma concentração de extrato igual a 4,0°P. Gerando uma atenuação de aproximadamente 66,6% do extrato disponível no mosto, produzindo uma cerveja com teor alcoólico de aproximadamente 4,3% (% v.v-1). Esta etapa durou 10 dias e gerou uma produtividade volumétrica em etanol de 0,14 g.L-1.h-1.

A segunda etapa fermentativa iniciou-se após o primeiro corte e alcançou uma atenuação de 68,7% do extrato disponível em apenas 5 dias, metade do tempo necessário para obter o mesmo resultado na primeira fermentação. Após o primeiro corte, o processo gerou uma cerveja com aproximadamente 4,2% de etanol (% v.v-1) e atingiu uma produtividade volumétrica em etanol de 0,28 g.L-1.h-1, o dobro da produtividade alcançada na primeira

etapa.

Após o segundo corte, iniciou-se a terceira fermentação e nas primeiras 24 horas alcançou-se uma atenuação de 58% do extrato disponível. Toda etapa durou 4 dias, produzindo uma cerveja com aproximadamente 4,4% de etanol (% v.v-1) e gerando uma

0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0 0 3 6 9 12 15 18 21 E ta n o l (% v. v -1) E x tr at o a pa re n te ( °P) Tempo (dia)

Título do Gráfico

Extrato aparente Corte Etanol

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produtividade volumétrica em etanol de 0,36 g.L-1.h-1. Um aumento de 157% quando comparado com a produtividade obtida na primeira fermentação (Figura 4).

Figura 4 – Produtividade volumétrica em etanol em diferentes etapas da fermentação semicontínua para produção de cerveja a partir de um mosto de malte de cevada.

4 CONCLUSÃO

Conclui-se que os primeiros cortes realizados na fermentação semicontínua na produção de cerveja permite obter expressivos ganhos na produtividade volumétrica em etanol. O próximo passo do trabalho é avaliar o limite de cortes possíveis sem afetar a produtividade em etanol. 0.14 0.28 0.36 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4

1° Fermentação 2° Fermentação 3° Fermentação

P ro dut iv ida de (g. L -1.h -1)

Produtividade (g.L-1.h-1)

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REFERÊNCIAS

MEGA, J. F.; NEVES, E.; ANDRADE, C. J.; A produção de cerveja no Brasil. Revista

CITINO., v. 01, p. 34-42, 2011.

SCHIMIDELL, W.; LIMA, U. A.; AQUARONE, E.; BORZANI, W.; Biotecnologia

industrial. São Paulo: Editora Blucher, 2001.

Imagem

Figura 2 – Tecido utilizado na técnica brew in a bag.
Tabela 2 – Temperaturas usadas na etapa de mosturação e seus respectivos tempos de duração  Temperatura  (°C)  Tempo  (minutos)  62  90  72  10  78  5
Figura 3 – Comportamento do consumo de extrato do mosto durante a fermentação  semicontínua na produção  de cerveja a partir de um mosto de malte de cevada
Figura 4 – Produtividade volumétrica em etanol em diferentes etapas da fermentação semicontínua  para produção de cerveja a partir de um mosto de malte de cevada

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