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Inclusão da pessoa com deficiência no ensino a distância sob a ótica dos documentos legais / Inclusion of people with disabilities in distance learning from the perspective of legal documents

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Inclusão da pessoa com deficiência no ensino a distância sob a ótica dos

documentos legais

Inclusion of people with disabilities in distance learning from the perspective of

legal documents

DOI:10.34117/bjdv6n6-308

Recebimento dos originais: 10/05/2020 Aceitação para publicação: 13/06/2020

Andreia Ines Dillenburg

Doutoranda em Educação- Universidade Federal de Santa Maria Pós-graduanda em Libras-Docência- Uníntese

Instituição: Universidade Federal de Santa Maria

Endereço: Av. Roraima n° 1000, Camobi- Santa Maria- RS Brasil E-mail:andreia.ines.d@gmail.com

Danieli Wayss Messerschmidt

Mestre em Políticas Públicas e Gestão Educacional Pós-graduanda em Orientação Educacional - Uniasselvi

Instituição: Universidade Federal de Santa Maria

Endereço: Av. Roraima n° 1000, Camobi- Santa Maria- RS Brasil E-mail: dani.w.m@hotmail.com

RESUMO

O presente trabalho caracteriza-se por uma pesquisa bibliográfica que objetivou verificar as legislações que norteiam e balizam a inclusão de pessoas com deficiência na Educação Superior na modalidade a distância. Classifica-se como qualitativo cuja principal característica é a análise do comportamento humano e a sua capacidade de observação, e de interação do investigador com os atores sociais envolvidos, visando o aprofundamento e a compreensão do objeto em estudo. Neste sentido, buscou-se retomar e organizar as possibilidades legais relacionadas a inclusão de pessoas com deficiência na Universidade Aberta do Brasil da UFSM (UAB/UFSM). A pesquisa foi realizada considerando a realidade da Universidade Federal de Santa Maria, que desde o vestibular de 2008, possui a reserva de 5% de suas vagas para pessoas com deficiência, amparada na Resolução 0011/071 que atualmente destina-se aos processos seletivos referentes a graduação, nível médio e cursos técnicos, em cursos da modalidade de Educação a Distância-EAD e presencial. A leitura vertical dos documentos apresentados possibilita compreender a importância da expansão e interiorização da aprendizagem, as quais caracterizam-se como estratégias para o alcance de metas nacionais e internacionais. Este movimento tem gerado novas possibilidades e realidades, sendo a inclusão na educação a distância um reflexo destes movimentos de expansão nas vagas. No entanto a grande quantidade de documentos acaba burocratizando o processo de acesso e atualização dos gestores e usuários da modalidade, o que pode caracterizar-se como uma barreira para a promoção da inclusão de pessoas com deficiência na Educação Superior.

Palavras-chave: Inclusão. Políticas Públicas. Educação a Distância. Pessoa com Deficiência.

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ABSTRACT

The present work is characterized by a bibliographic research that aimed to verify the laws that guide and guide the inclusion of people with disabilities in Higher Education in the distance modality. It is classified as qualitative whose main characteristic is the analysis of human behavior and its capacity for observation, and the interaction of the researcher with the social actors involved, aiming at deepening and understanding the object under study. In this sense, we sought to resume and organize the legal possibilities related to the inclusion of people with disabilities at the Open University of Brazil at UFSM (UAB / UFSM). The research was carried out considering the reality of the Federal University of Santa Maria, which since the entrance exam in 2008, has reserved 5% of its vacancies for people with disabilities, supported by Resolution 0011/07 which is currently intended for selection processes related to undergraduate, high school and technical courses, in distance education courses - distance and face-to-face. The vertical reading of the documents presented makes it possible to understand the importance of expanding and internalizing learning, which are characterized as strategies for achieving national and international goals. This movement has generated new possibilities and realities, and the inclusion in distance education is a reflection of these movements of expansion in vacancies. However, the large number of documents ends up bureaucratizing the process of access and updating of managers and users of the modality, which can be characterized as a barrier to promote the inclusion of people with disabilities in Higher Education.

Keywords: Inclusion. Public policy. Distance Education. Disabled Person.

1 INTRODUÇÃO

O cenário educacional, que não é isolado das demais situações do cotidiano, também vem se apropriando destas mudanças, buscando adequar-se às novas regras globais, do mesmo modo, como visa preparar os sujeitos para que possam interagir com estas novas possibilidades. O entrelaçamento das questões econômicas, sociais e históricas permite verificar o quanto a Educação a Distância, embora seja uma realidade recente representa uma parcela significativa das vagas ofertadas na Educação Superior.

Para contextualizar, utilizamos como exemplo, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que por sua vez, desde o vestibular de 2008, possui a reserva de 5% de suas vagas para pessoas com deficiência, amparada na Resolução 0011/072, destinando-se aos processos seletivos

referentes a graduação, nível médio e cursos técnicos, em cursos da modalidade de Educação a Distância-EAD e presencial.

Em busca de uma educação pública de qualidade social e democrática, cujas reivindicações atravessaram décadas, por interesse de diversos segmentos da sociedade, a Constituição Federal de 1988, vem contemplar essa luta com a aprovação do princípio de gestão democrática na educação. Oliveira et. al (2017, p.1) apresentam que:

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A Constituição Federal/88 estabeleceu princípios para a educação brasileira, dentre eles: obrigatoriedade, gratuidade, liberdade, igualdade e gestão democrática, sendo esses regulamentados através de leis complementares.

O ingresso na Educação Superior é o desejo de muitas pessoas visto que, cursar e obter formação em nível superior significa atingir o nível máximo de conhecimento. De maneira geral o acesso está garantido legalmente, entretanto, o processo formativo das pessoas com deficiência requer, por vezes, ações mais específicas de permanência e aprendizagem, não ocorrendo de maneira diferente na educação a distância. Dessa forma, o presente trabalho caracteriza-se por uma pesquisa bibliográfica que objetivou verificar as legislações que norteiam e balizam a inclusão de pessoas com deficiência na Educação Superior, modalidade a distância.

O embasamento teórico do trabalho estará articulado as leis e com autores como Barreto (2008), Belloni (1999), Beyer (2010), Garcia (2008), Lavarda (2014), Manzini (2007), Nunes e Sobrinho (2008), Santos (2010), e Sassaki (2010) Oliveira et. al (2017). Com base neste autores buscou-se retomar e identificar as possibilidades legais relacionadas a inclusão de pessoas com deficiência na UAB/UFSM, a fim de atender as especificidades desse público através de ações e/ou adequações didático-pedagógicas para que possam desenvolver-se integralmente e atingir a aprendizagem esperada nesta modalidade de ensino.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Aos profissionais da educação torna-se fundamental a retomada de todas os documentos oficiais que normatizam a implementação de ações de gestão nos espaços escolares. Na prática das instituições em muitos momentos, são necessárias investigativas sobre marcos internacionais. Como forma de exemplificar esta afirmação apresenta-se o artigo 24 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência - Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência o qual prevê ações específicas para a Educação desse público. De acordo com o documento, a pessoa com deficiência possui acesso ao sistema educacional em todos os níveis, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida. Possuindo os seguintes objetivos:

a. O pleno desenvolvimento do potencial humano e do senso de dignidade e auto-estima, além do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos, pelas liberdades fundamentais e pela diversidade humana;

b. O máximo desenvolvimento possível da personalidade, dos talentos e da criatividade das pessoas com deficiência, assim como de suas habilidades físicas e intelectuais;

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c. A participação efetiva das pessoas com deficiência em uma sociedade livre. (ONU, 2007, p. 28)

Informações que são de grande relevância para compreender-se a influência destes documentos com os propostos em esfera nacional. Com estas proposições surgem diferentes possibilidades, os desafios e as interfaces da inclusão da pessoa com deficiência também é uma realidade (Barreto, 2008). Sassaki (2010), quando apresenta que a inclusão social é um processo que contribui para a construção de um novo tipo de sociedade traz questões relacionadas ao acesso a espaços anteriormente segregativos até uma mudança na mentalidade das pessoas em relação à deficiência. No mesmo sentido a Educação Especial no atual cenário educacional, vem passando por mudanças e visível ampliação, que redundam em novas políticas. Garcia (2013, p. 101) nos apresenta

a política de educação especial no Brasil na última década ganhou contornos que merecem ser analisados por conta de suas mudanças conceituais e estruturais. Parte de tal movimento está relacionada à adoção de uma perspectiva inclusiva para a educação nacional, que ganhou definições particulares quando voltada aos sujeitos que constituem o público-alvo das políticas de educação especial.

A educação a distância, mais especificamente a UAB/UFSM tem direcionado ações de acesso de pessoas com deficiência a educação superior. Partindo-se da apresentação modesta que recebe na LDB nº 9394/96, serão utilizados como suporte teórico e legal no decorrer deste estudo os PNEs 2001-2010; 2014-2024 que nos proporcionam mais orientações sobre a EAD.

3 METODOLOGIA

Entende-se que a presente investigativa é de cunho qualitativo cuja principal característica é a análise do comportamento humano e a sua capacidade de observação e de interação do investigador com os atores sociais envolvidos, visando o aprofundamento e a compreensão do objeto em estudo (COSTA, 2009). Pesquisar estas e outras realidades significa adentrar no campo das ciências sociais, é [re]conhecer uma realidade que nós produzimos.

Para Gerhardt et al. (2009) a pesquisa qualitativa preocupa-se com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais. Podemos classificar este trabalho como descritiva a qual, segundo Gil (2002), possui como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno. Na visão desse autor, a grande contribuição das pesquisas descritivas é proporcionar novas visões sobre uma realidade já conhecida.

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Os debates e a leituras de diferentes materiais possibilitam articular as ideias produzidas nesta revisão bibliográfica. Sob a ótica de Manzini (2011) na revisão bibliográfica o investigador faz um levantamento de conteúdos já publicados e que tenham relação com o tema em foco.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 LEGISLAÇÃO QUE OFERECEM SUBSÍDIOS E ORIENTAM SOBRE A EAD NO ATUAL CENÁRIO EDUCACIONAL

Diferentes leis, decretos e portarias orientam as práticas da EAD. Embora os decretos e portarias não possuam força de lei, auxiliam as instituições a formular as suas estruturas, orientando os espaços de ensino (SANTOS, 2010).

Neste sentido, a EAD vem se consolidando como uma alternativa para aqueles que buscam formação em nível superior. A constituição de 1988, e a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, podem ser utilizadas para fundamentar juridicamente a implementação da EAD. Neste sentido, verificamos que esta modalidade possui os mesmos respaldos legais que a modalidade presencial.

Outros documentos legais como o Decreto N.º 5.773 de 09 de maio de 2006, também pode ser citado, o qual dispõe sobre a Educação Superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino. Nos orientam sobre as estruturas que a modalidade a distância deve seguir. Nessa mesma linha temos o Decreto nº 6.303, de 12 de dezembro de 2007, que trata de alterações dos Decretos nos 5.622, de 19 de dezembro de 2005 e janeiro de 2007 e nº 2 (revogada), de 10 de janeiro de 2007, nº 40, de 13 de dezembro de 2007 nº 10, de 02 julho de 2009, tratam de questões relacionadas a Educação Superior presencial, bimodal e a distância.

Atualmente, no cenário educacional encontram-se diferentes modalidades que oferecem cursos em diferentes níveis de ensino, seja na modalidade presencial ou a distância, de acordo com os dados do E-MEC3 a Educação Superior pode ser ministrado nas modalidades presencial e a distância, sendo a modalidade presencial caracterizada pela exigência de pelo menos, 75% das aulas presenciais, e em todas as avaliações realizadas. A modalidade a distância caracteriza-se pela relação professor-aluno não ser presencial. Deste modo o MEC orienta que o processo de ensino ocorra com a utilização de meios que possibilitem acesso ao conteúdo com material impresso, televisão, internet etc.

As propostas para ambas as modalidades divergem na metodologia utilizada e não no acesso ao currículo. Garcia (2008) aborda em suas reflexões que os movimentos políticos e educacionais partem da esfera global para a local e têm desafiado educadores, sociedade e as instituições que ainda

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carecem de acesso a materiais mais concretos para a inclusão no ensino superior. Menezes (2006) relata que a inclusão representa a luta de uma parcela significativa da população mundial, como confirma Beyer (2010, p.12) sobre a história do acesso à educação

Demonstra que nunca houve uma escola, de fato, para todos. Escola e educação formal sempre foram um privilégio para poucos, um privilégio dos poderosos. Na antiguidade, apenas os ricos podiam usufruir de uma educação escolar. Na Idade Média, a educação formal tornou-se um privilégio dos alunos dos mosteiros e dos filhos da nobreza. Poder e glória dos intelectuais e iluminados constituíam de fato de que podiam ler e escrever. As pessoas simples e comuns eram analfabetas.

Pessoas com deficiência e/ou com necessidades educacionais especiais, por muito tempo, ficaram sem acesso à escolarização ou ao atendimento educacional. (SASSAKI, 2010), (BARRETO, 2008). Para compreender mais sobre o assunto, apresentam as definições e delimitações sobre o tema. No dicionário Aurélio online o significado da palavra inclusão é “Ação ou efeito de incluir/Estado de uma coisa incluída”. Esta definição pode ser considerada reducionista, no sentido de perceber que algo ou alguém deve se moldar para acessar o espaço, frente ao desafio de pensar a verdadeira inclusão.

Garcia (2008) relata que a inclusão social e educacional são caracterizadas como um movimento mundial que vem se intensificando particularmente a partir da década de 90. Conforme Sassaki (2010) os movimentos de inclusão ocorreram de forma diferenciada nos países desenvolvidos a partir da segunda metade dos anos 80 e nos países em desenvolvimento como o Brasil na década de 90. Ambos os autores apresentam que pensar a inclusão não parte somente das questões legais, mas também das mudanças sociais e históricas do país, sendo influenciados por políticas externas.

A pessoa com deficiência tem o acesso garantido legalmente mas por vezes ainda não existem condições de permanência. Nunes e Sobrinho (2008) afirmam que a acessibilidade se constitui como uma das mais antigas e legítimas reivindicações das pessoas com deficiência.

A nível Federal a inclusão é abordada em diversas leis, tendo como base a Constituição Federal de 1988; a Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, Decreto nº 3209 que regulamenta a Lei nº 7853/89; a Portaria 1793/94; a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96; o Decreto n° 3298/98; Aviso Circular 277/96; a Portaria nº 1679/99 MEC reeditada pela Portaria nº 3284/03; o Plano Nacional de Educação – PNE/2001- Lei nº 10.172/ 2001; o Decreto Federal 5296/2004; e o documento mais atual – a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva de 2008. Embora os aportes legais sejam importantes para o processo de democratização

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da inclusão, não existe uma “fórmula da inclusão educacional” para cada nível e modalidade é enfatizada a necessidade de análise individual sobre o sujeito, curso, disciplina.

A atual Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva de 2008 (BRASIL, 2008) é um dos principais documentos norteadores das práticas de inclusão, principalmente, nos estabelecimentos públicos de ensino. Embora não tenha força de lei como a LDB nº 9.394/96, verifica-se que o governo federal, por meio de políticas de gestão, passa a direcionar as suas práticas pautadas nesta política. Atualmente a Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, apresenta no Art. 1o ficando instituído a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da

Pessoa com Deficiência), a qual possui a finalidade de assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania para todos. Souza et al (2020, p. 4) apresentam o desdobramento da implementação de legislações, os autores refletem que

a partir da promulgação de uma lei, tem-se a necessidade de cumpri-la, diante disso, os gestores possuem uma grande responsabilidade, uma vez que estão exercendo cargos responsáveis pelo cumprimento ou não de leis relativas ao seu setor de atuação.

Nesta direção verifica-se a implementação de programas para as legislações sejam operacionalizadas. Um exemplo é o programa de Acessibilidade na Educação Superior - INCLUIR4

foi implementado em 2005, para operacionalizar financeiramente o inclusão e acessibilidade na Educação Superior. O programa destinava verbas por meio de editais, os quais possuíam a finalidade de apoiar projetos de criação ou reestruturação de Núcleos de Acessibilidade. A proposta visa melhorar o acesso das pessoas com deficiência a todos os espaços, ambientes, ações e processos desenvolvidos na instituição, buscando integrar e articular as demais atividades para a inclusão educacional e social. Atualmente ocorre o repasse, sem a abertura de edital, o que nos indica duas realidades distintas. A primeira relaciona-se à estabilidade de recebimento de verbas, pois a proposta via edital pode ser recusada e a segunda, apresenta-se como uma desvantagem, em razão de que a verba não favorece as instituições com ações afirmativas, tampouco o repasse é realizado de acordo com o número de estudantes com deficiência e sim baseada no número total de estudantes da instituição.

No panorama atual da Educação Superior, as instituições privadas de ensino têm alta representatividade no cenário educacional, verificando-se que a maioria dos cursos EAD autorizados

4 Programa Incluir. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=495. Acesso em 07.maio.2020. Atualmente, este Programa é contemplado, a partir da implementação ou reestruturação dos Núcleos de Acessibilidade bem como das resoluções internas e próprias de cada Instituição de Educação Superior.

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é ofertado em instituições privadas, uma representação que vem crescendo, e de acordo com o CENSO ABED em 20125, essas instituições representavam sessenta e três por cento (63%). No ano de 2013, de acordo com o site UOL6 baseando-nos dados do censo da educação superior, já existe um novo percentual de participação das instituições privadas que corresponde a setenta e um por cento (71%), o que reforça a representatividade de oferta de vagas que destes cursos. A maioria destas instituições oitenta e dois por cento (82%) possui fins lucrativos. Como relata Lima (2011), a educação torna-se um lucrativo serviço a ser negociado no “mercado educacional”, bem como, a difundir a concepção hegemônica de educação e de sociabilidade em tempos de neoliberalismo. A reportagem do site UOL ainda apresenta que nos últimos onze anos, a oferta de cursos na modalidade EAD cresceu 24 vezes, fator, este, impulsionado pelas atuais necessidades do mercado e as ações de expansão da Educação Superior.

A educação, no entendimento do proletariado, busca proporcionar conhecimentos e habilidades que permitam fazer valer seus interesses econômicos, políticos e culturais, enquanto na concepção histórica da classe dominante, ou seja, àquela que detém o capital, a educação deve habilitá-los técnica, social e ideologicamente apenas para o trabalho, subordinando-o para às demandas do capital. Oliveira et al (2017, p.2) apresentam,

o mundo do trabalho teve sua lógica alterada e a educação, sobretudo a qualificação profissional, passou a enfatizar a aquisição de conhecimentos e habilidades cognitivas e comportamentais. Tais alterações interferem nas políticas educacionais, redirecionando o pensar e o fazer político-pedagógico, o que certamente traz implicações para a gestão escolar.

Nesta mesma direção, na atual conjuntura das políticas públicas verifica-se uma mudança na trajetória da escolarização de pessoas com deficiência. Neste sentido o documento Orientador do programa INCLUIR, que visa subsidiar financeiramente as ações de inclusão nas instituições de educação superior verifica-se um crescimento de 2003 a 2011 de 358% nas matrículas. Há de acordo o texto do Programa INCLUIR uma necessidade de

A inclusão das pessoas com deficiência na educação superior deve assegurar-lhes, o direito à participação na comunidade com as demais pessoas, as oportunidades de desenvolvimento pessoal, social e profissional, bem como não restringir sua participação em determinados ambientes e atividades com base na deficiência. Igualmente, a condição de deficiência não deve definir a área de seu interesse profissional. Para a efetivação deste direito, as IES devem

5 Disponível em: http://www.abed.org.br/censoead/censoEAD.BR_2012_pt.pdf. Acesso em: 01.05. 2020.

6 Disponível em: https://educacao.uol.com.br/noticias/2014/09/09/censo-da-educacao-superior-2013-em-11-anos-oferta-de-cursos-de-graduacao-a-distancia-cresce-24-vezes.htm. Acesso em 15.05.2020

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disponibilizar serviços e recursos de acessibilidade que promovam a plena participação dos estudantes. (MEC,2003, p. 11)

Esta plena participação deve ser propiciada a todos, não somente aos estudantes com deficiência. Relaciona-se diretamente com questões de cidadania, a ONU (2007) afirma que Direitos humanos são direitos de todos, embora se façam necessárias nuances específicas para grupos mais vulneráveis e antes relegados à periferia dos fatos. Sonza et al(2013) apresenta que de acordo com o Censo 2000 a taxa de alfabetização, dentre as pessoas com algum tipo de limitação equivale a 72%. Estes dados demonstram que há avanços e desafios para a aprendizagem de pessoas com deficiência, pois com uma demanda maior ocorre a necessidade de mais estrutura e ações que consigam efetivar a inclusão dos estudantes (Lavarda, 2014).

Todas essas articulações previstas nos documentos legais brasileiros objetivam subsidiar os processos inclusivos em todos os níveis, etapas e modalidades de ensino. Para tanto é fundamental que o gestor articule-se e envolva-se com esta questão, pois as legislações e programas não se desenvolvem sozinhos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na atual conjuntura das políticas de acessibilidade na Educação Superior, e o Programa Incluir propiciam e garantem o acesso “pleno” de pessoas com deficiência às instituições federais de Educação Superior. Verificamos que as ações de permanência também buscam estabelecer ações para combater a crescente evasão na Educação Superior. Ações estas que precisam ser pensadas e desenvolvidas para garantir o acesso, permanência e a promoção da aprendizagem dos estudantes, de modo que a desistência seja uma decisão pessoal, e não por ausência de condições institucionais. O que precisa estar esclarecido que as ações não podem apenas focar os números (menos desistências), mas sim a busca por real produção de conhecimento.

A leitura vertical dos documentos apresentados possibilita compreender a importância da expansão e interiorização da aprendizagem, e de que estas são estratégias para o alcance de metas nacionais e internacionais, favorecendo o acesso à aprendizagem formal ao longo de toda vida. Este movimento tem gerado novas possibilidades e realidades, sendo a inclusão na educação a distância um reflexo destes movimentos de expansão nas vagas. Souza et al (2020, p.04) apresentam que a implementação das políticas públicas teve impacto nas instituições de ensino brasileiras, as quais

tiveram que se adequar para receber alunos com deficiência, e quando esses alunos começaram a ingressar, obviamente as estruturas escolares e universitárias não estavam

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preparadas como deveriam, mesmo porque em0 nosso país, ainda há uma longa distância entre a existência de uma lei e a sua efetivação na prática.

Verifica-se também que em alguns momentos a grande quantidade de documentos acaba burocratizando o processo de acesso e atualização dos gestores e usuários da modalidade, o que pode caracterizar-se como uma barreira para a promoção da inclusão de pessoas com deficiência na Educação Superior.

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