• Nenhum resultado encontrado

GERAÇÃO Z: O DESAFIO DE FORMAR LEITORES/ NATIVOS DIGITAIS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "GERAÇÃO Z: O DESAFIO DE FORMAR LEITORES/ NATIVOS DIGITAIS"

Copied!
12
0
0

Texto

(1)

1

LEITORES E NATIVOS DIGITAIS: ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE OS DESAFIOS NA FORMAÇÃO DE LEITORES

READERS AND NATIVE DIGITAL: SOME REFLECTIONS ON THE CHALLENGES IN EDUCATION READERS

Estela da Silva Leonardo Elisa Cristina Lopes Universidade Federal de Viçosa

RESUMO: A educação não tem acompanhado, em grande parte, o perfil do aluno de hoje, indivíduo multitarefa, imerso em tecnologias, ávido por informação e incluso na prática de comunicação instantânea. Assim, para que a leitura esteja presente na sala de aula e seja capaz de motivar os alunos no processo de ensino-aprendizagem da Arte Literária para além da escola é preciso conhecer as características desse aluno, nativo digital ou ainda conhecido como pertencente à chamada Geração Z. Dessa forma, entende-se a literatura como um conhecimento possível e desejável, na formação do aluno, que precisa ser explorado considerando o conhecimento prévio e o repertório cultural desse público, influenciado diretamente pelos meios midiáticos. Este artigo, portanto, objetiva refletir e ampliar a discussão sobre a relação entre o perfil dos alunos atuais e a prática social de leitura, a partir da incorporação das tecnologias da informação e comunicação como instrumentos de ensino. O nosso estudo concluiu sobre a necessidade premente de implantar e implementar novas metodologias de Ensino, considerando as características da Geração Z, e acreditamos na incorporação das tecnologias enquanto instrumentos da prática didática para reforçar o ensino de leitura de textos literários na formação do leitor consciente.

PALAVRAS-CHAVE: formação do leitor; Geração Z; nativo digital, tecnologia, ensino.

ABSTRACT: Education has not kept up, in large part, the profile of the student today, multitasking individual immersed in technology, eager for information and included in the practice of instant communication. So for that reading is present in the classroom and be able to motivate students in the teaching-learning process of the Literary Art beyond the school is necessary to know the characteristics of the student, digital native or known as belonging to the so-called Generation Z. Thus, it is understood literature as a possible and desirable knowledge, student education, which needs to be explored considering the prior knowledge and the cultural repertoire of this audience, directly influenced by media means. This article therefore aims to reflect and expand the discussion on the relationship between the profile of current students and social practice of reading from the incorporation of information technologies and communication as teaching tools. Our study found on the urgent need to deploy and implement new methods of teaching, considering the characteristics of Generation Z, and we believe the incorporation of technology as instruments of teaching practice to enhance teaching reading of literary texts in the formation of conscious reader.

KEYWORDS: reading practice; reader education; generation Z; digital native; technology.

Introdução

O ritmo da educação tem acompanhado, em grande parte, o perfil do aluno de hoje, nascido em meio a era digital na qual as informações estão distantes apenas por um

(2)

2 clique. Essas características têm alterado o modo de pensar dessa geração e isso se reflete cada vez mais no comportamento desse aluno na sala de aula.

Se o perfil do aluno demanda mudanças nas práticas de ensino, aferimos então que conteúdos desmotivadores e práticas tradicionais dificilmente obterão bons resultados considerando a geração atual. Já, em relação ao ensino de Literatura, o cenário é ainda mais alarmante. O professor de Literatura se depara com alunos com muita dificuldade na leitura e escrita e pouco interesse pela leitura, e isso acaba agravando-se com o distanciamento entre professor e aluno.

Assim, entendemos que para aproximar a prática de leitura da sala de aula e torná-la capaz de motivar os alunos no processo de ensino-aprendizagem da Arte Literária para além do espaço escolar é preciso conhecer as características desse aluno atual, pertencente à chamada Geração Z ou ainda conhecido como nativo digital. Vale salientar que neste trabalho utilizamos as duas definições – Geração Z e nativos digitais – como sinônimas, já que ambas caracterizam uma geração nascida na era digital e influenciada fortemente pelos recursos tecnológicos.

Ensinar Literatura tem sido uma prática cada vez menos frequente na sala de aula, e as consequências disto têm apresentado alguns impasses: um nível elevado de alunos com deficiência na leitura e interpretação de textos; a dificuldade na expressão escrita e oral; a falta de assimilação da norma linguística ocasionando desinteresse pela matéria e, principalmente a não aquisição do hábito da leitura, que acarreta a falta de formação integral que una conhecimento intelectual e emocional. Muitos são os fatores que levam a tal situação, Kleiman (2000) apud Bem (2009, p.8) aponta “que muitas das deficiências do ensino da leitura, nesse caso, no Ensino Fundamental, são resultantes de metodologias inadequadas e desmotivadoras”. Assim, a mudança das práticas e estratégias de ensino é primordial para o êxito no ensino.

Acreditamos que a vivência e o contato com os textos literários desde o início da vida escolar, podem contribuir para que a leitura seja uma prática social e habitual dos alunos, principalmente se pensado que a Literatura possibilita a reflexão crítica, a construção do conhecimento e o prazer estético. Dessa forma, este artigo objetiva refletir e ampliar a discussão sobre a relação entre o perfil dos alunos atuais e a prática social de

(3)

3 leitura, a partir da incorporação das tecnologias da informação e comunicação como instrumentos de ensino.

Para isso, partimos da caracterização da geração atual e problematizamos como isso se reflete no contexto escolar. Posteriormente, situamos o papel do professor na sala de aula diante das particularidades desses alunos. Por fim, propomos um repensar sobre a prática de leitura a partir da premissa de que o ensino de Literatura deve passar pelo professor, pelos profissionais da escola e pela problematização do perfil dos alunos, traçando-se assim novos caminhos a partir da interação destas três instâncias.

1 Metodologia

Este artigo, de cunho exploratório, deriva do trabalho de conclusão de curso da autora deste trabalho intitulado “Ensino de literatura mediado pelas tecnologias da informação e comunicação: Desafios e perspectivas”, que teve como objetivo planejar, elaborar e estruturar uma proposta metodológica para o ensino fundamental que considerasse a leitura de textos literários como princípio de aprendizagem do conhecimento da Literatura, através das tecnologias da informação e comunicação.

Na ocasião, o trabalho investigativo foi baseado em dados empíricos coletados através da observação e de questionário aplicado em turmas do oitavo ano de uma escola pública do município de Viçosa (MG). Em um segundo momento, a pesquisa de dissertação em andamento do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Viçosa dá continuidade aos apontamentos da pesquisa inicial, mas trabalha com uma nova perspectiva – a importância da inserção do professor de Língua Portuguesa e Literatura na criação de qualquer proposta de ensino.

Para realização e embasamento do presente artigo, apoiamo-nos na perspectiva defendida por alguns autores tanto de áreas da Educação e Literatura e Ensino, como aqueles que discutem a utilização das tecnologias da informação e comunicação (TICs) no processo de ensino, apresentados a seguir.

(4)

4

2 Um novo perfil em sala de aula: Conhecendo essa nova geração

Estamos diante de uma geração de jovens com características bem peculiaridades em relação ao modo de pensar e agir dentro e fora do espaço escolar. Expressões do tipo “esses alunos não são mais os mesmos” precisam perder o tom pejorativo e passar a ser ponto de partida para nossas reflexões no ensino.

Os alunos nascidos depois dos anos noventa, e que estão em contato constante com os recursos tecnológicos e seus diversos instrumentos são considerados pertencentes à Geração Z ou são ainda conhecidos como nativos digitais. O “Z” vem de “zapear”, ou seja, trocar os canais da TV de maneira rápida e constante com um controle remoto, em busca de algo que seja interessante de ver ou ouvir ou, ainda, por hábito. Zap, do inglês, significa “fazer algo muito rapidamente” e também “energia” ou ”entusiasmo”. (TOLETO, ALBUQUERQUE, MAGALHÃES, 2012, p.3) Salientamos que, em muitos dicionários de Língua Portuguesa, “zapear” ainda não possui definição, sendo esta terminologia ainda recente. Entretanto, o dicionário online Priberam traz uma significado para este termo semelhante à anteriormente apresentada: o ato de “mudar consecutivamente de canal de televisão com o controle remoto; fazer zapping.” (DICIONÁRIO PRIBERAM DA LÍNGUA PORTUGUESA). Assim, estamos diante de uma geração em constante movimento.

Segundo Neto; Franco (2010) a tendência é que os alunos de hoje “estejam com o fone nos ouvidos a todo instante, ao mesmo tempo em que estão realizando outras atividades e assistindo TV”. Assim, zapeando pelo conhecimento, os jovens têm dificuldade de concentrar-se em aulas essencialmente expositivas e são estimulados por atividades que exijam problematização de situações, reflexão e práticas.

Explorar essa habilidade de agilidade diante de situações-problema e pensamento rápido frente a questionamentos é visto então, como uma possibilidade de favorecer a construção do conhecimento nas diversas áreas do saber. Nesse sentido, diversas propostas têm surgido, como o ensino híbrido1, a sala de aula invertida2, a gamificação3, a

1 Neste tipo de abordagem metodológica, tem-se a combinação de atividades utilizando recursos

tecnológicos presencial e virtualmente. O foco do processo de aprendizagem está no aluno e a sala de aula torna-se um espaço de aprendizado ativo.

2 Nela, altera-se a lógica de organização do espaço de sala de aula. Os recursos tecnológicos

funcionam como apoio para o aprendizado de conteúdos que ocorre em casa. A sala de aula, enquanto espaço físico, é utilizada para resolução de exercícios, tirar dúvidas com o professor e realizar discussão.

(5)

5 aprendizagem colaborativa4, entre outras metodologias, que têm proporcionado a

personalização do ensino e apresentado novas oportunidades de aprendizagem.

Outra terminologia que é atribuída ao aluno da Geração Z é a de indivíduo multitarefa, capaz de realizar diversas tarefas ao mesmo tempo, tais como enviar mensagens de texto, falar no telefone, navegar na Internet e ver televisão simultaneamente (ROBERTS, 2005). Esse estudante se depara com aulas essencialmente expositivas, de respostas prontas e pouco espaço para debate. A rapidez decorrente do contato constante com as tecnologias e problematização de situações são substituídas pela insistência em ensino de regras, repetição de respostas “certas” e atividades passivas. Todo potencial que o aluno possui é deixado de lado e, muitas das vezes, considerado incongruente com o disposto nos documentos norteadores do ensino.

Já a expressão “nativos digitais”, é cunhada por Prensky (2001). Segundo ele nossos alunos de hoje são todos 'falantes nativos' das tecnologias. A tecnologia é utilizada pelos jovens como aliadas de suas atividades e, o que realmente ocorre é uma descontinuidade entre o perfil dos alunos e o perfil do professor. O grande impasse desses dois grupos distintos resulta no fato de que os nossos professores, que são imigrantes digitais5 enfrentam uma espécie de “combate” para ensinar uma geração que

usa uma linguagem totalmente nova, da qual eles não são nativos. Destacamos, portanto, que as mudanças, boa parte das vezes desafiadoras, devem partir do docente.

3 O papel do professor

Nesse cenário de transformações tecnológicas e mudanças de perfil dos alunos, o professor tem um papel desafiador. Ele precisa criar ações que tornem possível ao aluno o “contato crítico e reflexivo com o diferente e o desvelamento dos implícitos das práticas de linguagem, inclusive sobre aspectos não percebidos inicialmente pelo grupo (...)

3 Consiste na integração de elementos presentes em jogos (níveis, badges, competição, etc.) ao

currículo escolar. O diferencial é que o aprendizado ocorre por meio de brincadeiras, nas quais teoria e a prática estão integradas.

4 Na aprendizagem colaborativa a construção do conhecimento ocorre coletivamente, por meio da

interação entre os alunos e deles com o professor. A tecnologia potencializa esse processo de aprendizagem, pelas redes sociais e demais recursos de comunicação e compartilhamento de informações.

5 Segundo Prensky (2001), imigrantes digitais utilizam uma linguagem que já está ultrapassada, e estão

(6)

6 articulados ao conhecimento dos recursos discursivos e linguísticos”. (BRASIL, 1998, p.48)

Nesse sentido, o uso de tecnologias é visto como uma das possibilidades para um repensar de práticas. Contudo, é preciso dar atenção ao fato de “que as tecnologias, seus recursos e suas ferramentas não têm significado pedagógico se forem tratadas de forma isolada e desconexa do processo educativo. É o professor quem atribui valor pedagógico a elas, tornando-as geradoras de situações de aprendizagem.”( CARLINI; TARCIA, 2010, p. 47)

O desafio do professor se inicia na necessidade de “promover a aprendizagem do aluno para que este possa construir o conhecimento dentro de um ambiente que o desafie e o motive para a exploração, a reflexão, a depuração de ideias e a descoberta”.(ALMEIDA, 2000, p, 41) A mesma autora completa que “o professor crítico-reflexivo de sua prática trabalha em parceria com os alunos na construção cooperativa do conhecimento, promove-lhes a fala e o questionamento e considera o conhecimento sobre a realidade que o aluno traz, para construir um saber científico que continue a ter significado.”( ALMEIDA, 2000, p. 43)

No entanto, há ainda uma resistência de boa parte dos docentes em relação ao uso dos recursos tecnológicos e a proposição de novas metodologias no ensino. Muitos dos professores que estão atualmente atuando na sala de aula

nasceram num tempo em que a televisão era o principal meio de comunicação e que, como tal, provocou muitas mudanças em vários aspectos da vida em sociedade. Esses mesmos professores convivem hoje com crianças e jovens que estão, quase todo o tempo, numa realidade tecnológica e virtual muito mais avançada do que aquela que eles experimentaram em sua trajetória: internet, celulares, telecomputadores, iPods, videogames com gráficos magníficos, vídeos e televisores com alta definição e 3D, games jogados em rede na internet, redes sociais, etc. (NETO; FRANCO, 2010, p.12)

Deste modo, é normal que essas diferenças exijam uma mudança de postura e provoquem uma necessária renovação na formação. O primeiro passo para isso é considerar os conhecimentos que o aluno possui como o cerne de toda proposta de ensino.

Conhecer o perfil do aluno é o primeiro passo para esse “repensar de práticas”. Após conhecer o perfil do jovem, o professor precisa pesquisar possíveis estratégias e recursos que possam ser aplicados dentro de sua prática.

(7)

7 Compreendemos que uma dessas possibilidades é o uso de tecnologias aplicadas ao ensino. Assim, partimos do pressuposto de que o ensino de literatura mediado pelas tecnologias pode ser instrumento para auxiliar na formação do leitor e na formação de qualidade na educação. Assim, propõe-se uma prática de ensino de literatura mediada pelas tecnologias que se justifica principalmente, se considerarmos o perfil dos alunos da Geração Z, nativos “da era digital e conectados na rede seja pelo computador pessoal, celular, Ipad e etc.” (NONATO; PIMENTA; FERREIRA, 2012, p.2)

4 Repensando a leitura como uma prática possível

Se o perfil dessa geração vem exigindo novas propostas de ensino, em relação à valorização da leitura literária na sala de aula, explorar o potencial tecnológico como instrumento do ensino de Literatura é um meio de aproximar e motivar os alunos. Assim, o planejamento dessas novas práticas deve passar pelo professor, pelos profissionais da escola e pela problematização do perfil dos alunos, traçando-se assim novos caminhos a partir da interação destas três instâncias.

Esse repensar de práticas deve partir dos próprios documentos norteadores do ensino, mas serem problematizados pelos próprios professores. Assim, os docentes podem criar situações em que os recursos tecnológicos sejam utilizados em uma metodologia diferenciada que utilize o potencial das tecnologias em articulação com o conteúdo.

Vale ressaltar que a prática de leitura literária é influenciada pelo repertório cultural do aluno, com suas crenças, valores e características pessoais, ou seja, seu contexto social é que vai determinar como essa prática de leitura ocorre. A observação do repertório cultural do aluno precisa ser levada em consideração, pois ela refletirá no processo de significação desencadeado pela leitura. Sem isso, o aluno nunca será percebido como sujeito no processo de construção do seu próprio conhecimento e a escola, por sua vez, não será espaço facilitador do aprendizado. A aproximação desses mundos distintos – escola e vida – precisa ser feita de forma a propiciar ao aluno não só conhecer a literatura como também o direito do prazer estético através da leitura.

(8)

8 Segundo dados da pesquisa “Retratos da Leitura do Brasil”6, que em sua terceira

edição apresenta dados de 2011, a porcentagem de leitores neste ano é de 50% (88, 2 milhões) da população, sendo que quem mais influenciou a leitura dos respondentes foram os professores segundo 45% dos entrevistados. Dessa forma, mais uma vez, salientamos a importância do professor de Literatura nesse processo, pois a prática de leitura, muitas das vezes será desafiadora, o que vai exigir um profissional que seja ao mesmo tempo, pesquisador e leitor. Assim, o professor precisa conhecer tanto as dificuldades do processo de inserção da leitura literária na sala de aula, quanto estar em constante busca de novas metodologias e intervenções didáticas que sejam compatíveis com o perfil de aluno atual, para que essa prática de ensino seja possível.

Antes de pensar a criação de uma metodologia para auxiliar os alunos em sua formação enquanto leitores, o professor precisa compreender que eles são leitores cotidianos e o que eles leem não faz parte do cânone, como a escola preconiza e deseja e, por isso mesmo o repertório cultural prévio dos alunos precisa ser considerado.

Compreendemos então, que para possibilitar o acesso à leitura em sua plenitude é preciso conhecer e aprender a apoiar-se nas práticas cotidianas de leitura dos alunos, influenciadas pelo advento do intenso acesso às TICs. Contudo, ao se pensar a inserção desta ou daquela tecnologia ou recurso, é preciso dar atenção à forma como este recurso e esta metodologia podem ser aplicados, pois conforme Moran (1995) as tecnologias de comunicação não mudam necessariamente a relação pedagógica. Elas tanto servem para reforçar uma visão conservadora, individualista, como uma visão progressista. Consoante a isto Valente (2002) aponta que os conhecimentos técnicos e pedagógicos devem crescer simultaneamente. “O domínio das técnicas acontece por necessidades e exigências do pedagógico e as novas possibilidades técnicas criam novas aberturas para o pedagógico, constituindo uma verdadeira espiral de aprendizagem ascendente na sua complexidade técnica e pedagógica” (VALENTE, 2002, p.23).

O que os alunos mais têm contato e apreciam é justamente, aquilo que a escola rejeita. Assim, além de considerar o repertório de leitura e o gosto por outras manifestações literárias, é preciso ampliar o leque de opções dos alunos, levando a eles outros gêneros textuais e conduzi-los num caminho de conhecimento à literatura canônica

6 A pesquisa Retratos da Leitura é a única pesquisa, em âmbito nacional, que tem por objetivo avaliar

(9)

9 defendida pela escola. Chartier (2002, p.103-104) corrobora com esta perspectiva ao apontar que “aqueles que são considerados não-leitores leem, mas leem coisa diferente daquilo que o cânone escolar define como uma leitura legítima”.

Acreditamos que explorar a prática de leitura de textos literários através dos recursos e possibilidades presentes nos meios tecnológicos pode favorecer o interesse do aluno pela leitura, já que os jovens estão familiarizados com este suporte. Isto ajuda a desconstruir a ideia equivocada de que a tecnologia atrapalha o hábito de leitura dos jovens. O que o nosso estudo procura demonstrar é exatamente o contrário, o ensino de Língua Portuguesa e Literatura só serão eficazes se o professor tiver um conhecimento a respeito da literatura e for um leitor assíduo e atualizado. Além disso, como nossa proposta é utilizar o potencial tecnológico como instrumento para a prática de leitura, é necessário que o professor saiba utilizar minimamente os recursos tecnológicos disponíveis e reconhecer as possibilidades destas ferramentas.

A ideia de possibilitar aos alunos a capacidade de “saber utilizar fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos” (BRASIL, 1998, p.8) presente nos Parâmetros Curriculares Nacionais reforça a linha argumentativa desta pesquisa. O papel do professor, desta forma, é o de ser facilitador da aprendizagem, proporcionando que a relação entre tecnologia e conhecimento seja mais favorável a um processo de construção do saber e não apenas a mera transmissão e reprodução de conhecimento.

Utilizar as tecnologias enquanto instrumentos da prática didática, na criação de estratégias de ensino de Literatura, por meio da prática de leitura, demonstra como esses recursos tecnológicos podem funcionar como aliados no processo de aprendizagem, motivando os alunos para os conteúdos e mudando sua postura enquanto sujeitos.

Considerações finais

Para que a escola cumpra o seu papel de propiciar aos alunos momentos de reflexão crítica a respeito da realidade, de forma que eles possam sair da superficialidade do conhecimento é necessário que, nós professores e pesquisadores, repensemos as práticas pedagógicas atuais.

(10)

10 Levando em conta a relação do aluno com as práticas pedagógicas, inferimos que os alunos sinalizam para inovadoras metodologias que trabalham a construção dialógica do saber, considerando, assim, a articulação entre TICs e conhecimento. O professor devem propor mudanças e acreditar no potencial da educação para que estes, desmotivados e com diversas deficiências pedagógicas acreditem nela como espaço de mudança.

Ao refletir e planejar o uso de tecnologias aliadas à educação é preciso “o envolvimento de novas formas de ensinar, aprender e de desenvolver um currículo condizente com a sociedade tecnológica, que deve se caracterizar pela integração, complexidade e convivência com a diversidade de linguagens e formas de representar o conhecimento”(TORNAGHI et. al, 2010, p.47). Dessa forma, o professor, como instância fundamental nesse processo, precisa conhecer as potencialidades e contribuições de diferentes recursos e planejar seu uso a depender da turma, dos objetivos esperados, da proposta da escola, dentre outras particularidades.

Por fim, acreditamos na perspectiva do ensino de leitura de textos literários e na formação do leitor consciente, se as TICs forem implementadas enquanto instrumentos da prática didática. Tendo em vista, a necessidade premente de implantar e implementar novas metodologias de Ensino e considerando as características da Geração Z.

Apesar da Literatura não existir enquanto disciplina no Ensino Fundamental, compreendemos que ensinar a ler textos literários é um dos requisitos principais para se obter uma formação cultural mais abrangente. Para isso, a articulação entre TICs e Literatura cria formas de despertar o interesse do aluno formando leitores críticos e familiarizados com o aspecto lúdico da linguagem literária.

Entendemos o desafio a ser enfrentado, mas acreditamos nas perspectivas do ensino de leitura de textos literários e na formação do leitor consciente, se implementarmos as tecnologias da informação e comunicação enquanto instrumentos da prática didática.

(11)

11

Referências

ALMEIDA, M. E. B. Inclusão digital do professor: formação e prática pedagógica. São Paulo: Articulação, 2004.

ALMEIDA, M. E. B. de. Informática e formação de professores. Coleção Informática para a mudança na Educação. ProInfo: Programa Nacional de Informática na Educação, Secretaria de Educação a Distância, Ministério da Educação. Brasília: USP/Estação Palavra, 2000.

BEM, D. M. de. Dificuldades de leitura: professor e aluno no ensino fundamental. 2009. 205 f. Monografia (Língua e Literatura com ênfase nos gêneros do discurso) -Universidade do Extremo Sul Catarinense. Criciúma, 2009. Disponível em: <http://www.bib.unesc.net/biblioteca/sumario/00003D/00003D7E.pdf>. Acesso em 23 de maio de 2014.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. (3o e 4o ciclos do ensino fundamental). Brasília: MEC, 1998.

CÂNDIDO, A. O direito à Literatura. Vários escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1995. Disponível em: < http://culturaemarxismo.files.wordpress.com/2011/10/candido-antonio-o-direito-c3a0-literatura-in-vc3a1rios-escritos.pdf>. Acesso em: 12 de mai. 2014.

CHARTIER, R. Os desafios da escrita. São Paulo: Editora UNESP, 2002.

INSTITUTO PRÓ-LIVRO. Retratos da leitura no Brasil. Instituto Pró-Livro. 2011. 3ª ed.

Brasília, 2013. Disponível em: <

http://www.prolivro.org.br/ipl/publier4.0/texto.asp?id=2834>. Acesso em 10 de maio de 2015.

MORAN, J. O Vídeo na Sala de Aula. Comunicação & Educação. São Paulo, ECA-Ed.

Moderna, [2]: 27 a 35, jan./abr. De 1995. Disponível

em:<http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2014/03/vidsal.pdf>. Acesso em: 16 de maio de 2014.

(12)

12 NETO, E. dos S.; FRANCO, E. S. Os professores e os desafios pedagógicos diante das novas gerações: considerações sobre o presente e o futuro. Revista de Educação do Cogeime – Ano 19 – n. 36 – janeiro/junho 2010.

PRESNKY, M. Nativos Digitais, Imigrantes Digitais. De On the Horizon. NCB University Press, Vol. 9, No. 5, out., 2001.

ROBERTS, G. Technology and learning expectations of the Net generation. In: OBLINGER, D. & OBLINGER, J. (Org.). Educating the Net Generation. Educause. 2005. p. 1-7. Disponível: <https://net.educause.edu/ir/library/pdf/pub7101c.pdf>.. Acesso em 26 de mai. de 2014.

TORNAGHI, A. J. da C.; PRADO, M. E. B. B.; ALMEIDA, M.E.B. de. Tecnologias

na Educação: ensinando e aprendendo com as TIC. Guia do cursista. 2.ed.

Referências

Documentos relacionados

Este capítulo tem uma abordagem mais prática, serão descritos alguns pontos necessários à instalação dos componentes vistos em teoria, ou seja, neste ponto

Para preparar a pimenta branca, as espigas são colhidas quando os frutos apresentam a coloração amarelada ou vermelha. As espigas são colocadas em sacos de plástico trançado sem

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

A tem á tica dos jornais mudou com o progresso social e é cada vez maior a variação de assuntos con- sumidos pelo homem, o que conduz também à especialização dos jor- nais,

Inspecção Visual Há inspeccionar não só os aspectos construtivos do colector como observar e controlar a comutação (em

A gestão do processo de projeto, por sua vez, exige: controlar e adequar os prazos planejados para desenvolvimento das diversas etapas e especialidades de projeto – gestão de

Excluindo as operações de Santos, os demais terminais da Ultracargo apresentaram EBITDA de R$ 15 milhões, redução de 30% e 40% em relação ao 4T14 e ao 3T15,

A placa EXPRECIUM-II possui duas entradas de linhas telefônicas, uma entrada para uma bateria externa de 12 Volt DC e uma saída paralela para uma impressora escrava da placa, para