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Gestão das unidades industriais em Cabo Verde

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Academic year: 2021

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(1)

UNIVERSIDADE TÉCNICA

O

E

LISBOA

INSTITUTO SUPERIOR DE ECONOMIA E GESTÃO

I. G. E" G. Eiblioleco

...,.._

H-C $94.

"2"1

. IS2.

371191

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GESTÃO

DAS

UN

IDADES INDUSTRIAIS

Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Economia,

EM

CABO

VERDE

orientada pela Professora Aurora Murteira e pelo Professor Doutor José Manuel Rolo

JORGE MANUEL DA ROCHA SÃO MARCOS

LISBOA

MAIO DE 1991

(2)

NOTAS

PR

ÉV

IAS

A todos os que deram a sua colaboração a este trabalho os nossos agradecimentos.

À Professora Aurora Muneira, por ter tornado possível a visita de investigação à República de Cabo Verde e pelo constante acompanhamento inicial deste trabalho, os nossos agradecimentos e saudade.

Ao Professor José Rolo Correia pela sua disponibilidade em continuar a orientar esta dissertação e pelas inúmeras sugestões e encorajamentos que nos dispensou, o nosso reconhecido agradecimento.

Ao Ministro da Educação de Cabo Verde, Dr. Corsino Tolentino, pelas facilidades de alojamento e de transporte em Cabo Verde. Também vão palavras de reconhecimento para os dois técnicos do Ministério da Indústria, Dr. Carlos Castro Silva e Dra. Sónia Araújo, cuja colaboração viabilizou a visita às unidades indusoiais, da Praia e Mindelo.

Desejariamos também agradecer a colaboração recebida das nossas colegas de mestrado, Dra. Elda Guimarães e Dra. Rosa Moínhos, pelas sugestões e críticas feitas e pelo apoio prestado em termos de pesquisa bibliográfica.

Evidentemente, quaisquer erros e omissões existentes nesta dissertação são da nossa exclusiva responsabilidade.

(3)

ÍNDICE

I. QUESTÕES PRELIMINARES .

II. INDUSTRIALIZAÇÃO EM CABO VERDE.

1. Evolução da Estrutura Industrial.

2. Políticas, Estratégias e Resultados Induso-iais ..

3. Obstáculos à Industrialização.

lll. METODOLOGIA PARA ANÁLISE DA GESTÃO INDUSTRIAL EM CABO VERDE ....

I. Questionário .. 1.1 Caracterização da Amostra . 1.2 Organização Interna .. 1.2.1 Sistema Produtivo .. 1.2.2 Função comercial. 1.2.3 Actividade Financeira .. 1.2.4 Recursos Humanos .

2. Tratamento do Questionário e Apuramento de Resultados . 10 13 13 14 14 15 16 16 18 19

(4)

IV. ANÁLISE DOS RESULTADOS .. I. Caracterização da Amostra .. 2. Organização Interna . 2.1 Sistema Produtivo···---·-·--··· 2.2 Função Comercial . 2.3 Actividade Financeira ..

2.4 Recursos Humanos.

V. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS.

I. Análise Crítica ..

2. A Indústria e a Gestão ...

3. Perspectivas ..

ANEXOS.

ANEXO I -Questionário, Campos de Registo e Códigos dos Dados .

ANEXO 2 -Resultados do Questionário ...

ANEXO 3 -Lista das Empresas ..

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .. 36 36 39 39 47 5l 68 79 79 82 93 99 100 108 l20 l22

(5)

I.

QUESTÕES PR

ELIMINARES

Nos primeiros cinco anos após a independência -1976, inclusivé, a 1980 - os novos governantes cabo-verdianos não incentivaram a industrialização, preocupando--se preferencialmente com a "reconstrução nacional". Somente a partir de 1981, o desenvolvimento industrial, passou a orientar as políticas económicas estabelecidas pelo Estado da República de Cabo Verde. A eficiência de resposta dos gestores das unidades fabris a esta aposta industrial, é a ideia central desta dissertação.

Ames de entrarmos propriamente no corpo desta tese - a gestão das unidades industriais - apresentámos o quadro em que ele está inserido: o processo industrial cabo-verdiano. Desta fonna, efectuámos, no segundo capítulo, uma análise prévia da evolução do sector industrial na economia. Comparámos, primeiramente, a situação da indústria durante o período colonial e depois da independência, com o intuito de ver como os novos dirigentes políticos de Cabo Verde reagiram à falta de tradição industrial. Em segundo lugar, apreciaram-se as políticas e estratégias industriais definidas na sequência de planos de desenvolvimento, para o primeiro e segundo quinquénio da década de 80, bem como os resuhados neles obtidos. Por fim, caracterizámos, sucintamente, os obstáculos mais relevantes à evolução favorável do processo industrial. É de atentar, todavia, que o atraso na apresentação de certos indicadores macroeconómicos pelos organismos oficiais cabo-verdianos, dificultaram uma análise mais precisa da evolução do sector industrial nos últimos anos. A eficiência na síntese e publicação de dados estatísticos pelo Estado de Cabo Verde, apesar de continuar a apresentar um atraso relativo, tem vindo a registar uma evolução favoráveL

NO

terceiro capítulo apresentamos a metodologia que serviu de supone à investigação da gestão dos estabelecimentos industriais em Cabo Verde. Esta metodologia traduz-se, em tennos gerais, pela utilização de um inquérito, composto de um questionário, do tratamento do mesmo e, finalmente, do apuramento de resultados. Este .questionário foi apresentado aos responsáveis de várias unidades fabris cabo-verdianas não anesanais, nas duas principais cidades do arquipélago: Praia e Mindelo. Pese embora este estudo in loco não abranger todas as ilhas, o meio industrial cabo-verdiano de maior importância, encontra-se nestas duas

(6)

cidades, realidade esta semelhante à vivida na grande maioria das economias sub· -saharianas. Convirá aliás salientar, que a experiência de gestão das inúmeras indústrias destes países ao sul do Sahara, em muito nos orientou na realização deste inquérito.

Na sequência dos resultados obtidos pelo questionário supracitado, fizemos, no quano capítulo, a respectiva análise, avaliando a eficiência dos geslOres indusoiais nos diferentes tipos de unidades fabris em Cabo Verde. Investigámos como se processa a gestão nas várias áreas de actividades das unidades fabris: produção, comercialização, actividade financeira e administrativa e gestão do pessoal, após termos caracterizado as unidades da amostra em diversos domínios - sectores industriais, peso e origem do capital privado, formas de propriedade e dimensão das empresas. Este capítulo e o anterior, são o supone científico deste trabalho, apesar de se apresentarem um pouco narrativos, e exaustivos na apresentação de valores e quadros.

No quinto e último capítulo, inicialmente é feita, uma análise crítica do trabalho, apresentando-se, ponanto, as insuficiências mais relevantes que lhe estão subjacentes. Em seguida, efectuamos uma síntese intencional dos resultados da gestão industrial e suas implicações no desenvolvimento da indústria de Cabo Verde. Finalmente, adiantamos as perspectivas de evolução da gestão industrial em Cabo Verde, segundo dois campos: - (i) em aspectos organizativos globais · políticas industriais, tecnologia adequada a outras modelos de industrialização e maior formação dos gestores ; -(ii) quanto à eficiência da gestão nas unidades fabris.

A condução da gestão empresarial nas diferentes funções da vida das indústrias, tem repercussões na evolução da industrialização. Com este trabalho pretendemos investigar o grau de eficiência da gestão até agora concretizada nas indústrias cabo-verdianas e colocarmos em debate algumas orientações da gestão empresarial face a políticas industriais conducentes a uma evolução favorável do sector, num futuro mais ou menos próximo.

(7)

II

.

INDUSTRIALIZAÇÃO EM CABO VERDE

1. Evolução da Estrutura Industrial

Durante o período colonial, o sector industrial não apresentava qualquer projecção na economia de Cabo Verde. O número de investimentos industtiais realizados neste arquipélago foi, portamo, insignificante, o que aliás muito se correlacionava com a inexistência de infra-estruturas no domínio da indústria. Neste contexto, o sector industrial, aquando da independência, era praticamente constituído por pequenas unidades fabris a laborarem com técnicas rudimentares e que, quase só, utilizavam os parcos recursos internos: empresas produzindo aguardente de cana, indúsoias de conservação e congelação de peixe, empresas de exploração do sal e unidades familiares de panificação (1).

Posteriormente à independência, a política de "reconstrução nacional" delineada pelo Governo, traduziu-se preferencialmente no financiamento de investimentos públicos destinados ao desenvolvimento rural, dos transportes e das comunicações, concrelizando-se apenas um diminuto apoio à indústria (2). A escassa actividade industrial herdada da colonização não se inverteu, mantendo-se muito limitado o papel da indústria na economia cabo-verdiana. Assim, a contribuição da indústria na fonnação do PIB, que em 1973 rondava os 7%, veio a decrescer 2 pontos percentuais em 1980 (3). O Governo de Cabo Verde, em finais de 1979, atribuía esta incipiente situação do sector industrial a um reduzido apoio do Estado e dificuldades endémicas: "ausência de rradição industrial, de mão-de-obra qualificada e de quadros; fragilidade geral dos recursos ( ... ); desenvolvimento limitado dos outros sectores e reduzido mercado interno; factores desfavoráveis: ene~gia, água, descontinuidade (I) O mini mo da indüstria e energia, Adam Rocha, numa entrevi na rc.:~liz.W.a cm 1986 e.:ar:~ctcrizou cbramcrm: 1 d6bil situação do sector indu1trial, .quando da tOITuda de ponc do 1e. governo d:l Repúblio de Cabo Verde :"( ... ) nio tlnlumos qualquer ponto de partida sobre o qual foucpouívcl iniciar•rcconnruçãodop:~ís. i\ilot(nhamos quulqutrblscindustnal ( ... ),mas 1.11mbém não tfnhamos c.apiul ( ... )"(Davidson, 19SS. p.222).

(2) Por e:\emplo de 1978 a 1980, • média anual "das dc.spcs.as do Prognma de lnvesumcntos" dcJtinadas ao sector indl!Jtnal, não atingiu 2% do total (Cfr. Direcç!o Geral de PlartC3mento (DGP), 1989, p.33.)

(3) Cfr. CNUCED. 1987. p.435: c.onviri \Jlmbem sublinha! qlle dentro dn acu,,idadcs do sector scrondirio. a p:~rtc d3 "construç!o" no PIB.também decaill entre 1973 c 80: de 20% pnsou pua 13%.

(8)

territorial" (Secretaria de Estado da Cooperação e Planeamento - SECP -, 1979, p.l9).

A dinamização do sector industrial, somente começou a orientar a política económica dos governos cabo-verdianos, a panir de 1981, na sequência do I Plano Nacional de Desenvolvimento (1 PND), o qual definiu dois objectivos prioritários no domínio da indústria: "aumentar a produção para o mercado nacional, graças à

promoção de pequenas e médias empresas; estabelecer uma base de desenvolvimento

das indústrias de exponação" (Secretaria de Estado das Pescas - SEP -, Terêncio Alves, 1985, p.380). Este esforço do Estado na industrialização tinha por base a definição de quatro ramos prioritários, "as indústrias de pesca (conservação, congelação, farinhas); as indústrias de materiais de consttução; as agro-indústrias; as indústrias elecrrometalomecânicas" (Ibidem, p.380). Porém, os empresários privados

nacionais, essencialmente pequenos e médios comerciantes com uma acumulação de capital não significativa e sem grande experiência indusnial, não se arriscavam em empreendimentos fabris. Atendendo a esta fraca iniciativa local, o Estado, com capitais provenientes de empréstimos e donativos externos, e da poupança pública, foi o "empresário" que mais investiu em variados empreendimentos produtivos.

Assim, em 1980, o Sector Empresarial do Estado na Indústria (SEEi) - empresas

públicas e mistas - que, no conjumo de alguns dos principais indicadores

industriais (emprego, produção e produtividade), não apresentava os maiores valores, passou, em 1985, a dominar fortemente (4).

2. Políticas, Estratégias e Resultados Industriais

Na sequência deste primeiro quinquénio de industrialização, que teve por

suporte as linhas orientadoras do I PND, será conveniente salientar os principais resultados e medidas adoptadas:

(4) Por c~cmplo cm 1980. o sector priv:ado :absorvia 63% c 64% do emprego c produção, cnquarno cm 1985 já o SEEi liderava: 51~ para o emprego c 71% para :a produçio: no que rt:spc:iu i produção por empregado, :as cmpruu mntas (com eerea de 1377 conlos) cu pública.s (ccrea 565 cornos) umbém csuvam n:as primcir:as posiçõc:s, cm 1985. vindo cm 3•.1ugar :as privadu (na ordr:m dos 400 cornO!), u quais perckrum o segundo lugar- que ocupa•·am cm 1980- par:a o scclOr público. (C(r. O~UDl. 1986,QuadroVJ.2.2.,p.39).

(9)

- em termos reais, a taxa média de crescimento anual da produção industrial interna foi de 10%, mais 2 pontos percentuais que a taxa de crescimento do valor da produção global, de 1980 a 1986; este nOtório crescimento indusoial, porém, não se verificou em todos os ramos industriais, sendo mesmo insignificante na "pesca industrial e conservas" onde a taxa média de crescimento anual ascendeu apenas 2,3% (5);

-as vendas dos produtos manufacturados para outros países contribuiu, numa média anual entre 1981 a 86, apenas a 8% no total das exportações (6); portanto, os mercados a jusante de quase todas as empresas industriais, situaram-se, fundamentalmente, no arquipélago, sendo muito limitado "o desenvolvimento das indústrias de exportação";

- a generalidade dos bens produzidos foram de consumo final - por exemplo, de 1980 a 1986, mais de metade do valor produzido pelo sector industrial era realizado pelas unidades dos ramos IAABT e 01 (7)- sendo diminuta a produção de bens intermediários e de capital;

-como efeito desta maior produção de bens de consumo relativamente aos bens intennediários e de capital, a taxa média anual de crescimento das importações de bens de consumo, de I 980 a 1987, rondou os 15%, sendo inferior em 5 pontos percentuais à da dos bens intermediários e 2 pontos à dos bens de capital. Contudo, ainda cerca de 60% do consumo final das famílias em bens alimentícios, bebidas, tabaco, roupa e calçado, em 1986, foi adquirido no exterior. A importância das importações deste lipo de produtos no total das compras externas apresentava o maior peso relativo, em 1986 e 1987 -na ordem de 41% (8);

(5)Fontc: Direcção Gellll de Esmíuica (DGE), \989, p.\44; não obstante estarmos a analiur o pçrfodo correspondente ao I PND. os seus efeitos ainda se repercutem nos primeiros llllOS da segunda metade dos .mos 80, pçlo que iremos também analisar algunsresultadoseeon6mieosdel986eatéme5mode 1987.

(6)Fonlt:DGP,\989,p.42.

(7) DGE, 1989, p.\44; tratam·5t de produtOll agro·alimentarc5, bebidas e 1abaoos ·IAABT· e vestu5rio, eal~o. produ1os

farm:u:éuticos c livros ·01; se se ti'"esse ainda adic10Mdo o ramo da l'esa.lndusui~l c Conservas. lllmbém prodlltores de bens de consumofinal,teHe-iapraticarm:ntclodaaproduçãoindunriaL

(10)

-um notório intervencionismo do Estado e a substituição de imponações de bens de consumo final como objectivo da maioria dos investimentos, foram as medidas que mais caracterizaram o processo inicial de indusoialização em Cabo Verde, tal como sucedeu na generalidade das economias africanas.

A política económica cabo-verdiana para o segundo quinquénio da década de 80, foi apontada no II PND. A indústria continuou a ser considerada como "o motor do desenvolvimento" económico, facto este muito relacionado com a posição geo--económica do país - não esquecer que Cabo Verde está equidistante relativamente aos mercados mediterrânicos e dos Estados Unidos.

Relativamente às duas medidas que mais caracterizaram a evolução do sector na primeira metade dos anos 80 -investimentos visando principalmente a substituição das importações (i) e o Estado como grande investidor (ii) - os próprios líderes políticos cabo-verdianos deixaram de as considerar prioritárias.

(i) No que concerne à política de substituição de importações, o governo foi alertado por vários investigadores internacionais dos seus limites (9): exiguidade do mercado, inexistência de indústrias produtoras de bens intennediários e de capital, agudização da dependência externa em vários domínios. Simultaneamente já eram conhecidas as experiências de muitas economias africanas com este tipo de política, pelo que se definiram metas mais realistas, conseguindo-se alcançar cenas resulrados positivos: as indústrias mais produtivas fabricavam bens destinados à satisfação das necessidades elementares das populações, as empresas com maior produtividade eram mistas, pelo que o Estado conseguiu mobilizar empresários privados nacionais a arriscarem mais fortemente. Nesta segunda fase da industrialização, o Estado de Cabo Verde considerando "que as possibilidades de crecimemo baseadas na expansão do consumo interno e/ou na subs~ituição de importações se esg01am rapidamente face à estreiteza do mercado interno, a ênfase no desenvolvimento terá de ser crescentemente colocada nas indústrias voltadas para a exportação" (Ministério da Indústria e Energia- MIE-, 1987, p.5).

(ii) Quanto à crescente intervenção do Estado no processo de industrialização,

(9) Pore.u:mplo,jí cm 1977, antes do I PND. na scquênçi~ dum convit.c do Sccrctirio de Eu:ado da Coopcnçio c Plamfie:.ç~o

a dois investigadores da Universidade de Ciências Sociais de Grenoble, estes aprcsc:nllnm um rcl~1ório qllC apon11va as limilaçõc:sdestclipodepolílica(Cfr.Judet,\917,pp.22a24).

(11)

mais vincada nos primeiros anos da década de 80 (10), os governantes cabo--verdianos tomaram consciência dos entraves que decorreriam dum sector público de

elevada dimensão. Desta fonna, o programa do governo para o período da 111

Legislatura -1986/1990 -foi explícito no que se refere a esse aspecto: "Toma-se evidente que a aceleração do crescimento económico ao ritmo necessário, não pode ser fruto dum Estado omnipresente e paternalista, num país carente de recursos. Tal opção conduziria, necessariamente, ao bloqueamento do processo de desenvolvimento.( ... ) O país precisa de um dinamismo maior no sector produtivo devendo os cidadãos para tal assumir mais o desenvolvimento. Neste contexto à

iniciativa privada cabe um imponante papel nos vários sectores económicos por fonna a que os encargos de desenvolvimento do país possam ser assumidos e vividos por todos" (Pires, 1986, p.64). No entanto, ainda em 1989, o Estado detinha uma participação maioritária no capital da generalidade dos maiores estabelecimentos fabris cabo-verdianos (caso das grandes e médias empresas de maior dimensão).

No final da década de 80, os governantes cabo-verdianos cada vez mais sentiam a necessidade de tomar medidas bem concretas para que, efectivamente, o desenvolvimento não adviesse dum "Estado omnipresente e paternalista" Passou a ser senso comum, tanto no Governo, como nos deputados da Assembleia Nacional Popular, que se teria de conduzir os industriais nacionais a uma associação efectiva com investidores estrangeiros; visando-se, assim, a criação de novas empresas, a aquisição de parte do capital realizado por outros industriais, e o aumento da participação social de fábricas já em funcionamento com o intuito de se aumentar a capacidade de penetração nos mercados internacionais e uma maior mobilização da iniciativa privada no processo industrial. Desta forma, no início do terceiro mandato,

o governo de Cabo Verde considerou que se deveria recomendar, "sempre que necessário, a associação de entidades nacionais a parceiros estrangeiros detentores de capitais, tecnologia, mercados e capacidades de gestão, capa~s de viabilizar o esforço que se pretende acrescido de produção e intervenção no mercado internacional" (11).

(10) A média anual dO$ inveslimentos públicos que relauvamcnte 3 indústria não atingiu os 2%, entre 1978/80, cresceu 22 pontos pcrec:nmais de 1981/83: nos qu.>.tro .tnos seguinLes -19S4/87· o sector indunnal somente foi comtemplado eom uma mMia anual de5% du despesas do programa de investimentos (Cfr. DGP. 1989. p.)J.).

(ii) A anesora do gabinete do Primciro Ministro de Cabo Verde. em 1986. Geora:ina de Mello, upres~.SV' claramcnlc a neecnidadcdoinvcstimcntocstrangciro(Mello,l986,p.55)

(12)

A aplicação de capitais privados, nacionais e estrangeiros, em investimentos industriais, era dificultada pela inexistência de legislação referente ao processo de industrialização em geral, e ao investimento estrangeiro em particular, sendo, portanto, a estabilidade política e social insuficiente para a realização de mais e melhores empreendimentos. Apenas em Junho de 1989, foram aprovadas as leis do "Desenvolvimento Industrial" e do "Investimento Externo". A primeira lei visava estabelecer "os objectivos, os princípios, os meios e instrumentos básicos e as políticas enquadrantes do desenvolvimento industrial". Por sua vez, a lei referente aos empresários estrangeiros, estipula "as condições gerais da realização de investimentos externos em Cabo Verde, bem como os direitos, garantias e incentivos aoibuidos ao investidor externo" (12).

Instituicionalizou-se uma liberdade de investimento em novos projectos industriais para os diferentes agentes económicos, os quais deixariam de ser quase "obrigados" a fixarem-se nos ditos "secmres prioritários" (13). O Estado, embora continue a ter o papel orientador, promoror e apoiante das actividades industriais, passa a reconher os empresários privados como agentes económicos essenciais na dinamização do desenvolvimento do sector, através do "incremento das exponações, na densificação das relações imer-sectoriais e na aquisição de novos conhecimentos e tecnologias" (14).

No que respeita à Lei do Investimemo Externo, Cabo Verde pretendeu impulsionar a extroversão económica, criando condições favoráveis ao investimento externo. Os dirigentes políticos cabo-verdianos, pretendem por um lado, criar mais postos de trabalho, e por outro, aumentar as suas exportações. Assim, no âmbito dos objectivos deste código de investimento estrangeiro recentemente aprovado, o Estado de Cabo Verde tem feito muitos contactos com empresários de diversos países

(l2) Estas duu leis (ol3m aprovadas pela VIl Sesdo Legislativa dJ 1!1'. Legislatura da ANP, quedcooncu de S a lS de Junho de 1989 (Boletim Oficial-BO. n°.27. 1989, leis n°. 49/lll e n9.50/lll).

(13) Esta legislaçio -menos rígid3 c exclusiva de sectores prioritários". surte na sequência de anteriores renexlles lObre o desenvolvimento industrial, de iniciativa do Ministério d:i Indústria e Energia, cm que consrdcnwa que c:om tal rigide:t "o crescimento induurial se esgotaria ripidamcme- alim de poderem ser eviudu "outras inictauvas importantes p3111 o desenvolvimentodopaís"{Cfr.MIE,1987,p.S).

(13)

estrangeiros, nomeadameme europeus e asiáticos (15). Alguns resultados pretendidos foram já alcançados por duas das empresas mistas, cuja maioria do capital privado é

estrangeiro: uma delas já conseguiu que a maioria do seu volume de negócios se dirigisse para mercados externos, em 1989; a outra estabeleceu recentemente um protocolo de exponações com outro país africano. Convirá ainda referir que esta úllima empresa se trata de uma cervejeira, recentemente instalada- em 1988- e que

se destina a satisfazer os hábitos de consumo ocidentais herdados do período colonial.

A maioria dos novos estabelecimentos concentraram-se nas duas cidades principais do arquipélago, o que provocou neste país africano, apreciáveis migrações para estas cidades, principalmente para a cidade da Praia. A oferta de empregos é

inferior ao crescimento desta população urbana - por exemplo, as taxas de

desemprego, em 1980, na Praia e Mindelo que eram de 12,5% e 21,2%,

respectivamente, subiram, em 1987, para 23% e 32% (DGP, 1989, p.l25). O custo

da mão-de-obra, porém, não se pode considerar diminuto quando comparado com o

verificado em outros países africanos. Esta facto é em muito justificado porque os

vencimentos das indústrias cabo-verdianas são definidos, não por negociações contratuais, mas em última instância pelo Estado para as empresas públicas. Estas

servem como tabelas de referência para as unidades do sector privado, misto e cooperativo, e explicam estes maiores encargos com o pessoal (16). Esta política

salarial tem sido crucial para que a taxa de crescimento salarial não tenha vindo a decrescer durante este processo de industrialização cabo-verdiano (17).

As relações comerciais de pouca expressão entre países africanos, são uma

realidade que geralmente caracteriza a economia cabo-verdiana, não obstante os seus líderes políticos terem idealizado o contrário em anos precedentes:

{15)Porcxcmp1o,antcscbapro\'açliod.tleidoinvcsumcntoc.\tcmo.odirectorr,craldaindíistriaapre.scntoucs1.11 estratégia industria1a cmpred.rios da Co~ia do Sul, Singapura, Hong Kong e :'>1acau, os quais consideram ajustada aos seus objectiVOS de cxp.:md:o (Cfr. ·Extrovcnão já começou; vêm ai os "tigres de As ia"~, in "Tribuna", de I de Junho de 1989. p.6) (16)Cfr.O;>;UDI,Jcannc, 198S,pp.40a49cpp.I3S-136.

(17) Por exemplo, nwn estudo sobre a industrialiuçio cm Cabo- Verde, de Alves da Rocha, afirma,·a-sc: "os salários industnais a preços de 1980 awncnt.aram entre 1982 c 1984 48,4%" (Rocha, 19SS. p.7) ou se analisarmos, no sector industna1, as tuu de cresc:imcnlo dos "Salários distribuidos c despesas oom Previdênc:ia social" c a do cmprer,o. entre 1980 c 19g5, vê-se que a primeira foi superior~ segunda cm ISO pontos percentuais (Cfr. DGE, 1989, p.1SO, c ONUD\, 1986, p.IO).

(14)

- a) no que respeita às imponações, analisámos os dados oficiais relativamente aos bens adquiridos em mercados externos, seja qual for o sector económico a que se destinam, concluindo-se que, de 1980 a 1988, os mercados externos mais imponantes estão no continente europeu, praticamente nos países do Mercado Comum, apresentando África um peso pouco significativo (18).

- b) relativamente às exponações das actividades industriais, tem vindo a ser diminuto o seu montante, como já se referiu. No entanto, se analisannos a globalidade dos bens exportados enlre 1980 e 1988, quase sempre tem dominado o continente europeu, principalmente os países da CEE, com excepção de 1985 e 1987, nos quais alguns países africanos - não pertencentes à CEDEAO - foram, marcadamente, os seus principais clientes (19).

Portanto, o comércio externo de Cabo Verde, canalizou-se, preferencialmente para a Europa ao longo da década de 80, quer no que respeita às actividades industriais, quer no que concerne às restantes actividades económicas.

3. Obstáculos à Industrialização

Diversos factores têm vindo a impedir uma evolução favorável do sector secundário, não se tomando a industrialização no desejado "motor do desenvolvimento".

Entre os condicionalismos que têm entravado o crescimento e o desenvolvimento industrial em Cabo Verde, serão de evidenciar os seguintes:

(IS) Cfr. DGE, 1989. p.84 e DGP, 1989, p.42: os merc3dos c:<tc:mos a monunte gcr.almcnte siio os mesmos, seja qual for o seetorceonómicoqucosimportc.

(\9) Cfr. DGE, 1989, p.90 e DGP, 1989, p.43; em 1984 o monunte de exporuçõcs distribui-se cquitativameme entre Arriea c Europl· 47,7'1'0 para eada CQntinente. c an 1985 c cm 1987 . .1 maioria do valorCllporUdo dc:stmou-se a píscs do continente afriçano-71% e 77% das c~poruções, naqueles dois anos: coniUdo, trat:~tn-se o.lc c~po~s rcsuluntcs de cnCQmCI"ldas csporidic.:u; 1li.h. em 19SS, 94'?"Q das e~poruç6es at>.>-vcrdianu dirigir.1m-se pir.l p3fscs da CEE, c somente 6% i1m p:u1 o eontinentcafricano,oqucmostranãoesun::mencsúltunosmcrcadosconsolidados.

(15)

a. a insularidade do arquipélago e sua dimensão; b. a ausência de tradição industrial dos agentes económicos; c. as deficientes infra-esuuturas;

d. o intervencionismo estatal nem sempre adequado; e. as práticas administrativas pouco eficientes; f. a dependência externa;

g. a diminuta dimensão dos mercados internos.

Estes problemas têm tido reflexos desfavoráveis em todo o tipo de unidades fabris: públicas, privadas, mistas e cooperativas. A exiguidade dos mercados internos (i), em conjunto com a dependência externa (ii), são, todavia, os condicionalismos mais marcantes na evolução desfavorável da industrialização cabo-verdiana.

(i) Assim, um grande número das empresas, apenas dominando os exíguos mercados do arquipélago- "o desenvolvimento das indústrias de ex penação" não foi conseguido-, tornou difícil aos estabelecimentos indusuiais conseguirem realizar um volume de negócios suficiente à cobenura aceitável dos seus custos fixos e variáveis. Isto coloca muitas empresas com rentabilidade desfavorável, muitas vezes mantendo--se em laboração apenas com subsídios do Estado.

(ii) Concomitantemente, a expansão indusuial dos ramos destinados à substituição das imponações teve efeitos desfavoráveis, agudizando a dependência externa nos mais variados campos: tecnológico, financeiro e económico. Como dito num estudo sobre a industrialização cabo-verdiana, "a estratégia de substituição de imponações causou mais problemas do que aqueles que resolveu, nomeadamente ao ter originado a instalação de algumas unidades industriais de dimensão claramente superior às possibilidades do mercado interno( ... ), com o subsequente arrolamento de perdas de eficácia económica, de hemorragia de divisas, de dependências de factores de produção importados, ... " (Rocha, 1988, p. 4).

Convirá também assinalar, que diferentemente de muitas outras economias sub--saharianas, em Cabo Verde a instabilidade política não tem sido um factor negativo ao processo indusuial. Este país não tem registado movimentações políticas através da violência, sendo esta estabilidade política um factor incentivador à realização de empreendimentos industriais.

(16)

Neste contexto de ausência de tradição industrial dos agentes económicos, a qual tem dificultado a existência dum clima propício a uma gestão industrial experiente e, consequentemente, gerando alguns obstáculos ao desenvolvimento industrial, iremos analisar, nos dois capírulos seguintes, como responderam esses agentes às funções inerentes à actividade das unidades industriais.

(17)

ill. METODOLOGIA PARA A ANÁLISE DA GESTÃO

INDUSTRIAL EM CABO VERDE

Com a apresentação de diversos assuntos económicos referentes aos países ao Sul do Sahara no seminário de Economia Africana e Cooperação, do mestrado escolar, a temática "gestão das unidades fabris", motivou-nos panicularmente. A experiência particular em um dos PALOP's - Cabo Verde -torna-se, assim, a ideia central deste nosso trabalho de investigação.

A apreciação sistematizada da gestão das empresas industriais cabo--verdianas, efectuou-se através de um inquérito a responsáveis desses estabelecimentos fabris. Este inquérito é composto por um questionário (Cfr. Anexo 1) estruturado com um conjunto de critérios para a agregação de elementos caracterizadores da actividade empresarial.

Aquando da realização das enrrevistas, efectuaram-se visitas nos diferentes departamentos das unidades industriais, o que permitiu, por um lado, corrigir aJgumas respostn.s dos questionários preenchidos em algumas fábricas, e por outro, obter dados que o referido questionário não aborda.

Constituíram a amostra 27 unidades industriais (Cfr. Anexo 3), 48, l% das quais com sede na cidade do Mindelo e 51,9% com sede na Praia, sendo o universo da sondagem constituído por unidades económicas industriais não artesanais.

1. Questionário

As questões apresentadas dividiram·se em dois conjuntOs: um primeiro, caracterizando as empresas da amostra na sua globalidade, e um segundo, preocupando·se com as funções dos diferentes depanamentos internos das unidades fabris.

(18)

l.J. Caracterização da Amostra

A primeira questão destina-se a classificar as unidades produtivas industriais em ramos de actividade, de acordo cem a origem e forma de obter os produtos transformados: "Indústrias Agro-alimentares, Bebidas e Tabaco" (IAABT), "Indústrias de Materiais de Construção"(IMC), "lndúsuias Metalomecânicas" (IMM) e "Outras Indústrias" (00 (1). O ano da constituição destas unidades questiona-se na pergunta número dois.

O ponto três pretende classificar as empresas, em função do ripo de proprietários dos meios de produção, sendo as mesmas escalonadas em rrês grupos: privado, público e misto (2).

Analisar o peso do capital Privado e do Estado nas empresas, e observar se aquele capital privado é investido principalmente por empresários nacionais ou esrrangeiros, constituem os objectivos das perguntas quatro e cinco.

A dimensão das fábricas foi definida em função dum único parãmerro (Cfr. ponto seis): o do número de pessoas que as empresas ocupam.

1.2. Organização Interna

Nas unidades fabris concretizam-se actividades centradas em técnicas distintas, havendo uma departamentalização de funções específicas. Este segundo conjunto de questões encontra-se dividido em quatro tipos de funções: função produtiva, comercial, financeira e de recursos humanos.

(I) Alêm destes quatro ramos existe o du "Indústrias Basead3s em Recursos ~laritimos". Porém. sc:&undo in(onnaçio da SecrcuriadeEsudodasPcscas.vcrifica-scumaquascparalisaçiodasumd3desc:tistcrncs·emprcsas deeonscrvas depet.tec aaivid3dcSIIincira-.peloqucnloseanalisouc.lle111mo.

(2) As coopcr.~tivas inquiridas estio incluldu no sector pri'"ado, visto serem apenas d~u. e. uma delas, realiur c rt&iSUir comabilisticamemc a su~ )Ctividadc igual3 uma empresa privada.

(19)

1.2.1 Sistema Produtivo

O ponto sete pretende saber se as máquinas e equipamentos induslriais são fabricados em Cabo Verde ou se são imponados, e se imponados, qual a localização dos principais fornecedores. Quanto à nacionalidade e a residência habitual dos técnicos que reparam e conservam máquinas e equipamentos, é rratado no pergunta oito.

Além dos elementos tecnológicos apreciados nos dois pontos precedentes, o questionário também contempla outros, como a fonnação e qualificação profissional, mas que não são tratados na presente função empresarial.

Além da dependência externa tecnológica, faz-se a apreciação, na pergunta nove, da dependência externa perante aos fornecedores de matérias-primas e de material de uso corrente. Tal como nos mercados externos onde se adquire o imobilizado corpóreo, também neste ponto se pretende descriminar a origem dos principais fornecedores estrangeiros destes bens de consumo corrente. Numa segunda alínea desta questão, analisa-se se os credores concedem ou não facilidades de pagamento, apesar desta matéria dizer respeito à função financeira.

A existência ou não de uma relação dinâmica entre a função produüva e comercial, é traduzida no ponto dez, o qual pretende observar a eficácia dos estabelecimentos industriais na satisfação dos clientes.

O facto das empresas terem de interromper a sua exploração produtiva e as principais causa dessa inactividade, merecendo análise particular a deterioração das existências, é questionado nos pontos onze, doze e treze, respectivamente.

Com a questão catorze pretende ver-se se os estabelecimentos fabris efectuam (ou não) estudos arquitectónicos, dado que as particularidades climatéricas africanas originam muitos obstáculos à exploração industrial -deterioração das existências e de outros bens, para além de inapropriadas condições de trabalho.

(20)

1.2.2 Função Comercial

A pergunta quinze pretende saber se as quotas de mercado das unidades produtivas de Cabo Verde, são preferencialmente internas ou externas. Relativamente aos estabelecimentos industnais que abastecem mercados externos, aprecia-se para onde se dirigem prioritariamente as exportações, no ponto dC7..asseis. Analisar a credibilidade negocial dos países imponadores dos produtos transformados em Cabo Verde, é importante para ver se os mercados externos se podem tornar estáveis, ou apenas respeitarem a encomendas pomuais.

A sazonalidade das vendas de certos produtos, para algumas unidades fabris, pode ter de figurar na sua política de vendas, aspecto este questionado no ponto dezassete.

A política de preços é um dos domínios muito determinantes na penetração de mercados, condicionando fortemente o acréscimo do volume das vendas. No ponto dezoito, analisa-se se os preços de venda dos produtos fabricados são fixados pelos responsáveis das unidades industriais ou pelas instituições governamentais. Se os empresários ou gestores consideram aceitáveis ou insuficientes os preços de venda fixados (ou homologados) pelo Estado, é a interrogação de7.anove.

O conhecimento efectivo do custo dos produtos fabricados, é importante na determinação do correspondente preço de venda, pelo que é essencial a empresa possuir uma contabilidade de custos organizada para o conhecimento dos referidos custos. A existência ou não da contabilidade analítica foi tratado na questão vinte.

1.2.3 Actividade Financeira

Toda a actividade respeitante à origem e a aplicação de fundos, tanto numa óptica funcional, como estrutural, é estudada e proposta pelos departamentos financeiros. Estes organizam e analisam os fenómenos e estruturas patrimoniais, através das informações contabilísticas, sendo toda esta actividade essencial na definição da política financeira. Alguns aspectos que traduzem a actividade e resultados da gestão financeira nas fábricas cabo-verdianas, são abordados no questionário entre os pontos vinte e um a trinta e um.

(21)

Em termos do fundo de maneio de c uno prazo (3) impona ver :

· a celeridade das empresas na conversão dos produtos fabricados em numerário: a questão vinte e um destina-se a conhecer a aceitabilidade do prazo médio de recebimentos de clientes;

- o grau da dependência das unidades económicas face aos credores bancários (ponto vinte e dois), visto esta dependência originar pesados encargos financeiros e delicados problemas de tesouraria.

Nos países com economias muito dependentes do exterior, as unidades industriais suportam inúmeras vezes diferenças de câmbio desfavoráveis, devido à flutuação cambial. A questão vinte e três pretende saber se a flutuação do dólar tem vindo a afectar a situação financeira das empresas.

O ponto vinte e quatro pretende ver o peso dos empréstimos obtidos, com vencimento a médio e longo prazo, na totalidade dos capitais alheios. O montante destes empréstimos com os capitais próprios, na cobertura do activo fixo, são um importante indicador da situação financeira das empresas em termos estruturais. A questão vinte e cinco traduz, portanto, o grau de cobertura dos activos imobilizados pelos capitais permanentes.

Ainda sobre este recurso a capitais externos de médio e longo prazo para a cobertura de investimentos de expansão industrial, analisa-se, no ponto vinte e seis, se o governo concede ou não facilidades de crédito.

O ponto vinte e sete aprecia se as empresas possuem montantes de capitais próprios suficientes, enquanto que a pe~gunta seguinte visa saber se os empresários cabo-verdianos estão dispostos a aumentar o capital social. A questão vinte e nove diz ainda respeito às origens internas de fundos, mais concretamente ao grau de auto· -financiamento decidido pelos empresários.

(3) Relativamente ls facilid•des concedidas pelos fornecedores. isto foi abord;ado na funçlo <k. produção, por raWes técnicas. ou

(22)

Para finalizar o tratamento da função financeira colocam-se mais duas questões, as quais se preocupam com a análise e interpretação da situação e evolução financeira das empresas. Assim, a questão trinta, visa saber o grau de organização em que se encontra a contabilidade geral (4).

O ponto trinta e um do questionário, destina-se a saber se a situação económica e financeira das empresas e sua evolução é analisada regularmente, facto este muito condicionado pelo grau de organização das actividades administrativa e contabilística implementadas (5).

1.2.4 Recursos Humanos

A gestão dos recursos humanos abrange aspectos como o recrutamento, a apreciação, a disoibuição, a formação e a rnorivação do pessoal, tendo em vista uma utilização óptima do pessoal empregado e das suas capacidades. Entre os pontos trinta e dois e trinta e nove do inquérito, pretende ver-se como é concretizada a intervenção humana nas, e entre as, diferentes áreas empresariais, no intuito de se estudar como os problemas de pessoal são equacionados nas unidades industriais cabo-verdianas.

A questão trinta e dois pretende analisar o nível médio de qualificação

profissional dos trabalhadores. O ponto seguinte debruça-se sobre a experiéncia profissional do pessoal nas unidades industriais, aspecto este, que em conjunto com o precedente, tem muitos reflexos na produtividade fabril.

A quantidade de cursos de formação profissional impulsionados pelos gestores, assim como o local da sua realização se situar dentro ou fo_ra da unidade fabril, são tratados na pergunta trinta e quatro.

(4) O ponlo vinle que se refere 1 eont:lbilidade analítie.t, e.P foi tratado na funçio comercial. t i&ualmenlc mtcgr.Jo aqui. (S) Vis!O a competência desta5 anilise5 do equilibrio fin:r.nteiro. ou do tomrole dos recurso$, ou da rentabilidade do5 investimenlos, assim eomo da própria gesl!o fin;meeira, esur muito dep..:.ndeme da efieiêneta or&anizauva do sector contabillslico e administra1ivo, certos autores denominam, em ahcm3l1va, esta funç!o fin.1ncein, como "funç!o admmmnti, ·o--financcira"ou"funç.ilofin.lnceiraecontabilfstica".

(23)

Na questão trinta e cinco, pretende-se averiguar quais os departamentos das fábricas cuja mão-de-obra tem recebido mais cursos, visto tal se correlacionar muito com o grau de fonnação profissionaJ dos empregados distribuídos pelas diferemes secções.

Os pontos trinta e seis e trinta sete ainda se referem à fonnação profissional, mas no caso panicular dos quadros técnicos. No primeiro destes dois pontos pretende--se saber se os técnicos cabo-verdianos tiveram fonnação profissional internamente ou no estrangeiro, enquanto que na questão posterior se indaga qual o país estrangeiro (ou comunidade económica) onde se processou essa fonnação.

O relacionamento entre o pessoal nacionaJ empregado e os gestores e técnicos estrangeiros, gera múltiplas vezes conflitos laborais nas empresas devido aos diferentes modos de vida. Tal é analisado neste último subgrupo. Desta fonna, a questão trinta e oito preocupa-se com a frequência deste tipo de conflitos, enquanto que a trinta e nove questiona se os orgãos de gestão são compostos por quadros principalmente nacionais ou estrangeiros.

2. Tratamento do Questionário e Apuramento de Resultados

Os pomos referidos no questionário destinam-se a possibilitar uma caracterização da gestão industrial em Cabo Verde através da selecção e do agrupamento de elementos essenciais dos estabelecimentos industriais. Deste modo, nesta fase do inquérito, as questões foram divididas em seis conjunros com o objectivo de se efectuarem combinações entre os elementos pertencentes a cada conjunto e entre os vários conjuntos, em função de certas orientações que se enquadram na gestão empresariaL Simultaneamente, quantificaram-se esses elementos e respectivas combinações, tendo em vista a determinação de resultados.

As seis primeiras perguntas do questionário, inserem-se no primeiro conjunto (C.I.), o qual foi dividido em três subconjuntos.

O primeiro subgrupo destina-se a enquadrar as empresas num dos quatro ramos industriais - IAABT, IMC, IMM e 01- em conjugação com os períodos de

(24)

constituição das unidades produtivas e atendendo à classificação das empresas de acordo com os meios de produção. Quanto ao momento de constituição das fábricas, foram definidos quatro períodos: i) antes da independência (6); ii) até ao I Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), ou seja, de '976 a 1980, iii) de 1981 a 1985 (elaboração e execução do I PND), i v) e depois de 1985 (TI PND).

Assim, com a elaboração do Quadro I (7), caracterizou-se o peso de cada um dos ramos económicos quanto ao número de estabelecimentos fabris, a disoibuição do número de investimentos industriais pelos quatro períodos politico--económicos apontados, e em função do ripo de empresas (privadas, públicas ou mistas), pelo que se retiraram os dado provenientes da interligação dos três aspectos focados (ramos económicos, momenros de constituição das empresas e seu tipo de classificação).

A entidade que detem o maior peso no capital social das unidades económicas (Estado ou pessoas privadas), e o grau de participação de investidores estrangeiros no capital privado das empresas, está na base da constituição do segundo subconjunto, como se pode analisar no Quadro 2.

As conclusões que se retiram sobre a participação dos diferentes tipos de investidores nas unidades fabris, é dado pela combinação das variáveis inscritas no quadro anterior e sua correspondente quantificação, ou seja, o número de unidades que satisfazem as diversas relações.

O terceiro subgrupo pretende caracterizar a dimensão das unidades fabris em função do número de pessoas empregadas, tendo para tal sido considerados rrês intervalos: menos de 20, entre 20 a 99 e fábricas com 100 ou mais trabalhadores, correspondentes a empresas de pequena, média e grande dimensão, respectivamente;

(6) A proclamaçio da independência da República de Cabo Verde re~lizou-se na Assembleia Consmuin1e cm S de Julho de 1975 (Cfr. Comiuio do V Aniversário da Independência Nacionll. J9SO.p.22)

(7) A rc:~liução destes quadros foi faciliuda pelo arquivo t.las r~spostas t.lo questionário no programa infonmiuco DBASE III Plus. Marca Regist3t.l:l. da Ashton-T3te, 1986 (Cfr. Anexo 2).

(25)

(Quadro I) Ano de Constituição <1976 [76;80] [81;85) > 1985 To tal (Quadro2) Tipo de Empresa E.Privadas E. Públicas E. Mistas To tal

Ramo industrial, ano de Constituição Vs Tipo de Proprietários

Ramo IAABT IMC IMM 01 Total

E.Priv. E.Púb. E. Mista E.Priv. E.Púb. E. Mista E.Priv. E.Púb. 2 E.Mista E.Priv. E.Púb. E. Mista II 27 Capital Social Ma i o ri a Maioria do Capital Total Privado (1) Estado Pessoas

Privadas Nacional Estrang11 •

10 10 10

8 8 1

6 3 9 5 4

14 13 27 16 4

(1) Das 8 empresas publicas apenas uma tem paruc1paçilo

(26)

em relação às fábricas de média dimensão, convirá acrescentar terem sido considerados dois subconjuntos: "as médias empresas de dimensão inferior" que empregam entre 20 a 49 pessoas, e "as médias de dimensão superior" que ocupam entre 50 a 99 trabalhadores (8).

Analisou-se a relação entre a quantidade de pessoal empregado com o ramo fabril a que a unidade penence e com a classificação da empresa no que respeita aos seus proprietários (privada, etc). Assim, por exemplo, das 14 fábricas de pequena dimensão, o ramo IAABT domina com 7 unidades, e a maioria são privadas (9 são privadas, sendo apenas 5 mistas).

O segundo grande grupo (C. II.) tem por base os elementos essenciais ao sistema produtivo, mais concretamente os aspectos referidos entre os pontos 7 e 14 do questionário. Este conjunto foi dividido em dois, um referente à dependência externa e outro à eficiência produtiva e seus condicionalismos.

No primeiro subgrupo analisa-se a nacionalidade dos fornecedores tanto de bens de capital, como de matérias-primas e material de consumo corrente. A nacionalidade dos técnicos e sua residência é o outro aspecto aqui considerado (cfr. Quadro 3).

No Quadro 3 quantifica-se o número de empresas que:

- recorrem exclusivamente ou a fornecedores (técnicos) cabo-verdianos, ou estrangeiros, ou conjuntamente a ambos;

- utilizam técnicos cuja residência habitual ou é no país ou no estrangeiro, ou para alguns técnicos no país e para outros no estrang~iro.

Será conveniente tecer duas considerações adicionais:

(8) Esta ciiSsificaç.:;o nio segue um padrlo univenal, variando conwante a estnnur.l industrial das diferente$ economias. Por e~emplo. uma cmpreu de gnnde dimcnlio, tem um número de mio-de-obn. danmente diuinto em Cabo Verde. Ponugal ou Alemanha.

(27)

Locali7..ação dos Fornecedores e Técnicos

(Quadro])

Localização Unicamente C. V. Total

e C. V. Estrang9 Estrang2 I )Naciona1idade: Fornec.Bens Capita1 26 I 27 Fornec.M.P.{I'vl.U.C. I 20 6 27 Técnicos 21 I 3 25(') 2)Residência: Técnicos 22 I 2 25(•)

(*) Duas unidades fabris não responderam, dado a sua constituição ter sido mui LO recente.

Será conveniente tecer duas considerações adicionais:

I) este Quadro 3, no que respeita aos países estrangeiros. foi dividido em algumas zonas geográficas (Portugal, CEE, COMECON e Outros);

2) igualmente, efectuaram-se mapas combinando as variáveis em causa neste subgmpo, com as pertencentes ao primeiro grande conjunto (C.I.), ou seja, fez-se uma relação entre a residência e nacionalidade dos técnicos e dos fornecedores:

- com o ramo industrial onde as fábricas se inserem, com o seu ano de constituição e com a sua classificação (atendendo ao tipo dos proprietários dos meios da produção);

- com as unidades económicas, subdivididas em função da entidade que derem maior peso no capital social (o Estado ou empresários privados);

-com o grau de participação dos industriais nacioniais e estrangeiros no capital privado e, por último, com a dimensão da empresa através do número de pessoal empregado, confonne se pode ver nos quadros exemplificativos

(28)

(Quadro 4.a) Nacionalidade i)Fornecedores* I )Cabo Verde 2)Estrangeiro 3) (I) e (2) ii)Técnicos I )Cabo Verde 2)Esrrangeiro 3) (I) e (2)

Caracteri7.ação Empresarial Vs Nacionalidade dos Fornecedores e Técnicos

IAABT IMC !MM 01 Priv. Púb. Mist Privs Estado

I I I 6 4 5 5 5 7 8 8 12 5 I 4 I I 4 2 9 3 4 5 6 8 7 9 12 I I I 2 I 2 I 2 I

.

( ) Tratam-se dos fornecedores de malénas-pnmas e matenal de

uso corrente.

(Quadro 4.b) Nacionalidade

i)Fornecedores I)Cabo Verde 2)Estrangeiro 3)(1) e (2) ii)Técnicos !)Cabo Verde 2)Estrangeiro 3) (I) e (2)

Caracterização Empresarial Vs 'acionalidade dos Fornecedores e Técnicos Sacion.al Estr.mg• A 8

c

D < 20 [20;99) > 99 I I I 9 4 4 6 7 3 2 12 6 6 2 I I 2 I 4 I 12 2 5 6 8 2 I 13 7 I I I 2 I I 2 2 I Ano de Consutmçào da Empresa: A: Antes 1976; B: (1976, 1980]; C: [ 1981, 1985]; 0: 1986 e seguintes 4.a. e 4.b. (9).

{9) Este tipo de combinações efectuou·Se igualmente nos ~suntcs grupos c subgrupos por mu:nnédio da ru.liuç!o de quadros 1njlog0$ aos Quadros 4a c 4b que se apresenta a título exempl11iu.uvo, pelo que nos 1rcmos d1spensar de continun a mc:ncionu ui procedimento.

(29)

O segundo subconjunto referente ao sistema da produção, inregra as seguintes variáveis:

- Tempo na satisfação dos clientes com os produtos fahricados, inactividade fabril e suas principais causas, deterioração das existências e projectos arquitectónicos dos edifícios e localização das máquinas e equipamento indusoiaJ, face às panicularidades climatéricas.

Como forma de estudar a eficiência do sistema produtivo, optou-se, primeiramente, por analisar a cünâmica de contacto entre as áreas da produção e de vendas, quantificando as fábricas que satisfaziam (ou não) os seus clientes no tempo previamente acordado e a respectiva correlação com a anormal interrupção da actividade fabril, como se pode inferir do Quadro 5.

Satisfação dos Clientes (QuadroS)

Interrupção Prazos Sempre

da Cumpridos Tmal Produção Sim

I Não

Muitas Vezes 2 I 3 Algumas Vezes 8 8 16 Nunca 3 5 8 Tot ai 13 14 27

Como um dos factores determinantes de uma insuficiente produtividade, analisou-se a frequência da interrupção anormal da produção nas diferentes unidades fabris, em combinação com os motivos mais relevantes para essa inactividade laboral, construindo-se o Quadro 6.

(30)

Frequência da Inactividade Fabril e suas Causas

{número de empresas)

(Q11adro 6)

Frequência Muitas Algumas

Motivos Vezes Vezes Nunca Total

Matéria-Prima(!) I 9 lO ~nergia(2) 2 2 Agua(3) I I Excesso Produção(3) I I 2 Atrasos Rep.Máquin.(4) (!)e (2) I I 2 (l),(2)e (4) I I (1),(2).(3) e (4) I I Nenhum 8 8 To ta I 3 16 8 27

deficiente operacionalidade do sistema produtivo de muitas unidades fabris. Assim, analisaram-se as combinações entre o número de empresas que registam quebras anormais de bens devido a efeitos nefastos do clima, e a atenção dada aos projectos arquitectónicos das instalações industriais, elaborando-se o Quadro 7.

(Q11adro 7) Repetição de Quebras Sim Muitas Vezes Algumas Vezes II Nunca 6 Total 17

Deterioração das Existências e Arquitectur3 das Fábricas

Realizar~m-se Projectos Arquitetónicos

Só em Certas Não

Não lnstal~ções Re_s_ponderam I 3 2 I 3 4 I 5 Total I 16 lO 27

(31)

O terceiro conjunto (C.lll.) respeita à actividade comercial das empresas e dividiu-se em dois subgrupos. O primeiro relaciona-se com os tipos de mercados das unidades fabris, enquanto o segundo atende à política de preços.

Na sequência das questões 15, 16 e 17 viu-se o número de estabelecimentos fabris cujo mercado principal é interno ou externo, quantas fábricas exportam e a localização desses mercados externos e, ainda, o número de unidades que possuem ou não um mercado sazonal, pelo que se efectuaram combinações entre o número de empresas que satisfaziam cada um dos três tipos de problemas mencionados, sistematizando essas relações através do Quadro 8.

No referente à política de preços, analisou-se o número de empresas cujo preço de venda ou é definido pelos gestores das unidades fabris ou pelo governo, e quando é fixado pelos poderes públicos, qual a reacção dos empresários. Em virtude da existência de contabilidade analítica nas fábricas ser importante na definição dum

Mercados a Jusante (Quadra 8) E X p o r t a m Sazonabilidade T S i m Não o das t

Portugal Palop's Comecon e a

Vendas Outros I Interno I I 2 M Sazonal e Ex teme r c a Não Interno 2 I 21 24 d Sazonal o Ex teme 1 1 Tot a I 2 2 I 22 27

(32)

(Quadro 9)

Reacção

À

Política

De

Preços

Preço de Venda Fixado Preço Venda Livre

T ot a I

Implantação da Contabilidade Analítica Vs

Política de Preços

Contabilidade Analítica

S i m N ã o Preço de Venda Preço de Venda

Livre Fixado Livre Fixado aos Produtos Todos Alguns Aceitável Insuflei. 13 13 T o 18 27

preço de venda óptimo, realizaram-se as inter-relações enrre o número de empresas que têm implantada (ou não) a contabilidade interna e os ourros aspectos supracitados (Cfr. Quadro 9).

O quarto grupo (C .IV.) respeita à função financeira, tendo-se realizado

relações a partir dos pontos 21 a 26 do questionário, os quais foram divididos em

quatro subconjuntos.

O primeiro subgrupo refere-se à gestão financeira corrente. Neste contexto, construiu-se o Quadro lO, onde se analisa a actividade dos gestores financeiros sobre

o crédito a conceder aos clientes, a dependência bancária e as implicações financeiras decorrentes das flutuações cambiais resultantes do fone volume de

imponações, combinando~se assim a satisfação de tais variáveis pelos

estabelecimentos fabris da amostra (lO).

(\O) No Quadro lO não apuecem referências .sobre o crêdito concedido junto dos fornecedores de matérias-primas c material de usocoiTentc.j.iapontadonasegundaalínc:~ daqucsrãonovc.pois todas uunidadesd:a amoma quercsponderam,eonsidenm seremcona:didufacilidadcsdcpagamcntoporestctipodccredorcs.

(33)

Gestão Financeira Corrente (dados financeiros vs número de empresas) (Quadro lO)

Dependência Bancária

Elevada Reduzida Nula Não Responderam Implicaçoes Cambiais

*

s

p N

s

p N

s

p N

s

p N Tempo Elevado I I 2 I I I ~édiode Aceitável 3 I 2 6 3 3 Recebit11s. Insufic. I

1·1-

II To ta I 4 2 I 4

+

I 4 3 I I

(*)As flutuações cambiais do dólar afcclam a silUação financeira. segundo três níveis: S: significalivamcnle; P: pouco; N: nada.

T o 1 a I 7 18 2 27

Ao nível da esrrutura financeira, e numa perspectiva de médio e longo prazo, efectuou-se um segundo subconjunro, no qual se estuda a cobertura do imobilizado, o peso no passivo dos capitais alheios com vencimento a mais de um ano, as facilidades de crédito ao investimenro industrial e a dependência bancária/Estado( II), pelo que se construiu o Quadro 11, atendendo ao número de empresas da amostra que satisfazem os supracitados indicadores financeiros em diferentes níveis.

Quamo aos recursos financeiros obtidos dentro da própria empresa, analisou-se o comportamento das unidades produtivas da amostra quanto à sua solvabilidade total, quanto ao interesse dos empresários em injectarem capital e ainda tendo em conta a retenção/distribuição de dividendos ou a acumulação de prejuízos. O número

{li) Aqui refere-se novamente a dependência bancária, pois algumas empresas est!io muno dependentes de empti~limos bandrios, mas com vencimenlos a mais de um ano. enquan10 outras, n:com:m à bane~. em termos de conllll correntes. Ac=e-·SC que foi considerada conjuntamente a dependência ao Estado, pois certas unidades cm vez de n:eonen:m a iMtimições f"inanceiras,$:iofinanciadasdin:ct.amc:mepebsenLidadesadministr:Liivas.

(34)

Cobertura do lmobili:r.ado, Dívidas MIL Prazo Versus Facilidades de Crédito e Dependência Financeira

(Quadro 11)

Grau de Cobertura do Menor Maior N ã o

Imobilizado que I que I Responderam

Débitos MIL Prazo

om Pouc Com ouco Com Pouco Não ola! Passivo Sig• Sig# Sig Sig# Sig Sig# Resp

Facilidades Muitas 2 I 3

de Crédito Poucas 2 4 7 I 14

ao Investi0 Nulas I I I 2 5

Industrial Não Resp. 2 2 I 5

Total I 2 5 12 3 I 4 27

Dependênci Muita I 7 8

Bancária Pouca I 4 4 I lO

ou do Nula I I 2 I 2 7

Estado Não Resp. 2 2

Total 2 2 5 12 3 I 4 127

Com Sig•: Com significado,i.é., peso elevado ou significativo: Pouco Sig#: Pouco Signilicado,ié.. peso reduzido ou sem significado.

de combinações das unidades fabris, com um coeficiente de satisfação semelhante destes elementos financeiros, formam o terceiro subgrupo, o qual foi sintetizado por

intermédio do Quadro 12.

O último subgrupo da função financeira, diz respeito às actividades de

controlo económico-financeiro, por intermédio de registos contabilísticos. A panir dos pontos trinta e trinta e um do quesriom'irio, relacionou-se o número de unidades fabris com uma contabilidade externa eficiente (ou não), e as que analisam

regulannente (ou não) a sua situação económico-financeira e respectiva evolução, conforme se pode inferir do Quadro 13.

(35)

Se a contabilidade analítica Uá referida no C.ll), fosse aqui igualmente

inserida, veriamos que as cinco unidades onde já está implantada. possuem a

contabilidade externa organizada e efectuam oponunamente a análise da sua evolução

patrimonial e reditual. Por seu turno, das outras vinte e duas unidades sem

(Quadro 12) Peso dos Sao Colocados Problemas Ao Aumento Do Capital Social T o t a l

Solvabilidade Total, Aumento do Capital

Versus Auto-Financiamento

Capitais Próprios lnsufic. Aceiláv.

s

Distrib. +de 50 1 de 25% a 50% 1 1 Dividendos Nula 1 1 Geralmente 1 M Prejuízos ou Distrib. lnivid.Nula Sub-Total 1 3 2 N Distrib. +de 50 1 2 de 25% a 50% 3 Dividendo Nula 2 1 Ã Geralmente 5 2 (b) Prejuízos ou Distrib.

o

Divid.Nula 1

o

(a) Recent. Constituídas(c) 1

o

Sub-Total 2 10 8 13 10 Elcvad Total 1 1 2 1 5 3 3 1 4 2 9 l 2

o

1 4 2 4 7

(a) Aqui csl.âo incluídas as unidades onde os sócios j~ se interrogaram sobre a necessidade de elevarem o capital social c não foram levantados emraves, assim como aquelas onde nunca foi colocada a questão.

(b) Integra-se aqui uma fábrica cujos Resultados Líquidos apenas se referem ao primeiro exercício de actividade.

(c) A unidade aqui considerada nllo concluiu ainda o primeiro ano de laboraçilo, pelo que nilo conhece exact.amente o Resultado Líquido.

(36)

contabilidade analítica, quinze efectuam a evolução da situação da empresa e têm a contabilidade geral minimamente organizada (excepto uma), e as restantes sete, não fazem qualquer controlo económico-fmanceiro e têm a contabilidade geral muito atrasada.

(Quadro 13)

Organização Contabilística e Política Financeira

Análise Económica e Financeira J Organização

da Contabilidade

Geral Sim Não Total

s

i 19 19 m N ã I 7 8 o To ta I 20 7 27

Ir-se-à apontar o último conjunto (C.V.), tendo como ponto de partida as questões trinta e dois a trinta e nove, as quais abordam a gestão dos recursos

humanos. Subdividiu-se este quinto conjunto em três: o primeiro referente à capacidade profissional, o segundo à fonnação profissional e o último aos conflitos

laborais.

No primeiro subconjunto relacionou-se a qualificação e experiência profissional do pessoal, no que respeita ao número de unidades da amostra que satisfazem as duas variáveis em diferentes níveis. como se pode observar no Quadro 14.

A fonnação profissional é detenninante no aperfeiçoamento e na actualização dos conhecimentos do pessoal empregado nas diferentes actividades laborais. Oeste modo, analisou-se a quantidade de cursos de formação profissional realizados pelas

(37)

Capacidade Profissional (Quadro 14)

Ex riência QuaJificação Elevada Média Reduzida Total

Boa I 5 6

Suficiente I 7 3 ll

Insuficiente 5 5 !O

To ta I 2 17 8 27

diferentes unidades, em conjugação com o locaJ da sua leccionação -na própria empresa ou extemameme - e com os depanamentos fabris preferencialmente seleccionados. A quantificação das diferentes combinações, foram rraduzidas no seguinte quadro.

Cursos de Formação Profissional (Quadro 15)

Número de Cursos Mui tos Poucos

~

lnt. Ex L Mist lnt. E>t

(!) (2) (!) (2)

Admininistrat./Comercial I

Admin./Produção 2 2

Comercial/Produção I

Admin./Comerc/Produçaõ I 3

Produção I 2 8 I

To ta I I I 2 13 5

(*)Está aqm mclmda uma umdade que nilo respondeu a estas questões. (I) lnt.: internamente( dentro da empresa); (2) Ext.:cxtcmamcntc.

Misto N T u o I t o a s I I 4 I 4 12 5* 5* 27

(38)

Até agora foram considerados os trabalhadores das unidades fabris, diferenciados consoante o departamento em que trabalham - admnistrativo, comercial ou da produção ·, mas não atendendo a qualquer hierarquia de funções. Contudo, ainda neste segundo subconjunto, ir-se-à apreciar quantos estabelecimentos da amostra empregam quadros técnicos com formação profissional adquirida em Cabo Verde e/ou em outro país ou união económica estrangeira (Cfr. Quadro 16).

País de Formação dos Quadros Técnicos (Quadro 16)

Globalmente Cabo Estrang'õl. Misto Não Total

Verde Respond. Países Estrangeiros *Exclusivo 5 7

I

12 Ponugal (I) ( (2)e/ou

I

*e( (3)e/ou 4 3 7 ( (4) "CEE" (2) I

I

I COMECON(3) I I Outros(4) I I Cabo Verde ou Não Responderam I 4 5 T o l a I I II II 4 27

"CEE": representa os países do Mercado Comum, excepto Portugal.

Constituiu-se o último subconjunto, tendo em vista a caracterização do relacionamento entre a maioria do pessoal fabril cabo-verdiano e os quadros estrangeiros nas diferentes unidades da amostra, face à nacionalidade da maioria dos elementos dos orgãos de gestão e ao peso do capital privado estrangeiro (12)- Cfr. Quadro 17.

(12) A pJnicip.:~çlo dos invemdorcs estrangeiros é um dos elementos do pnmCITO eon;unto (C.I.), que conju&ou c~ duu

variáveis do c. v. pclm innuêneia que pode ter na uliliz:~çjo de modelos de &estio oc>denta>s c 1uas repcrcunões em eonnnos de trabalho.

(39)

(Quadro 17) Maioria dos Gestores

I

Nacionais 50% Nacional e Estrangeiro Estrangeiros T o

Pessoal Especiali:~.ado Estrangeiro e seus Ereitos

Maioria do Capital Privado Nacional Estrangeiro Não Existe Nacional Estrangeiro Não Existe Não Existe t a I

Frequência dos Conflitos Laborais Algumas Poucas Nenhuns Total

Vezes Vezes 4 12 2 19 16 3 7 27

A inexistência de conflitos em 19 das empresas resulta não só de um

relacionamento harmonioso enrre o pessoal africano empregado e os gestores e

técnicos ocidentais, mas também por não terem recorrido ao pessoal especializado

estrangeiro.

A metodologia adoptada, concretizou-se na utilização de um inquérito, que inclui um questionário, o seu tratamento e o apuramento de resultados relativos à gestão das empresas da amostra. Estes resultados sintetizaram-se através da construção de quadros tecnicamente adequados. Esta metodologia foi a base da elaboração do próximo capítulo, no qual se efectua a análise da Gestão Industrial em Cabo Verde, nas diferentes funções empresariais.

Referências

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