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ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

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SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

ESTEVÃO JANUÁRIO THEODORO DE SOUZA

FATORES DESENCADEANTES DA DEPRESSÃO EM IDOSOS NO

ASILO “NOSSO LAR CASA DO IDOSO” NO MUNICÍPIO DE

TANGARÁ DA SERRA – MT.

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

ESTEVÃO JANUÁRIO THEODORO DE SOUZA

FATORES DESENCADEANTES DA DEPRESSÃO EM IDOSOS NO

ASILO “NOSSO LAR CASA DO IDOSO” NO MUNICÍPIO DE

TANGARÁ DA SERRA – MT.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Enfermagem da Universidade do Estado de Mato Grosso, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Bacharel em Enfermagem, sob a Orientação da Profª Me. Ana Lúcia Andruchak e sob Co-orientação da Profª Enfermeira Fernanda Luiza de Mattos Silvestre.

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

ESTEVÃO JANUÁRIO THEODORO DE SOUZA

FATORES DESENCADEANTES DA DEPRESSÃO EM IDOSOS NO

ASILO “NOSSO LAR CASA DO IDOSO” NO MUNICÍPIO DE

TANGARÁ DA SERRA – MT.

Trabalho de Conclusão de Curso encaminhado ao Departamento de Enfermagem para apreciação e aprovação, sob orientação da Profª Me. Ana Lúcia Andruchak.

Data: ___________________

Resultado: _______________

Responsável pela aprovação: Prof. . ________________________

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FATORES DESENCADEANTES DA DEPRESSÃO EM IDOSOS NO

ASILO “NOSSO LAR CASA DO IDOSO” NO MUNICÍPIO DE

TANGARÁ DA SERRA – MT.

Resultado:_________

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________ Orientadora: Profª Me. Ana Lúcia Andruchak

___________________________________________________________ Co-orientadora: Enf ª Fernanda Luiza de Matos Silvestre.

___________________________________________________________ Examinador: Enf ª Edilaine Monteiro de Oliveira.

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peça fundamental para que eu tenha me tornado a pessoa que hoje sou.

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mais uma etapa da minha vida.

Ao meu pai Dr. Fernando Januário de Souza, por todo amor e dedicação que sempre teve comigo, homem pelo qual tenho maior orgulho de chamar de pai, meu eterno agradecimento pelos momentos em que esteve ao meu lado, me apoiando e me fazendo acreditar que nada é impossível, pessoa que sigo como exemplo, pai dedicado, amigo, batalhador, que abriu mão de muitas coisas para me proporcionar a realização deste trabalho.

A minha mãe Marilena Pereira de Souza, por ser tão dedicada e amiga, por ser a pessoa que mais me apóia e acredita na minha capacidade, meu agradecimento pelas horas em que ficou ao meu lado não me deixando desistir e me mostrando que sou capaz de chegar onde desejo, sem dúvida foi quem me deu o maior incentivo para conseguir concluir esse trabalho.

Ao meu primo Mauro (in memoriam), por ter sido minha estrutura familiar por muitos anos, uma pessoa que mostrou que muitas vezes um gesto marca mais que muitas palavras, coração bondoso que dedicou toda sua vida a família.

Aos meus irmãos pelo carinho e atenção que sempre tiveram comigo, em especial ao meu irmão Engenheiro Agrônomo Lucas Roberto de Souza a quem considero um segundo pai, sempre me apoiando em todos os momentos, enfim por todos os conselhos e pela confiança em mim depositada meu imenso agradecimento.

Aos amigos que fiz durante o curso, pela verdadeira amizade que construímos em particular aqueles que estavam sempre ao meu lado (Evelyn, Karoline, Nykely), por todos os momentos que passamos durante esses cinco anos e meio meu especial agradecimento. Sem vocês essa trajetória não seria tão prazerosa;

A minha Orientadora, professora Ana Lúcia Andruchak, a sua filha Tassiana por ajudar nas pesquisas, e minha Co-Orientadora Enfermeira Fernanda Luiza de Matos Silvestre, ambas responsáveis pelos ensinamentos dispensados à concretização dessa monografia.

A todos os professores do curso de enfermagem, pela paciência, dedicação e ensinamentos disponibilizados nas aulas, cada um de forma especial contribuiu para a conclusão desse trabalho e conseqüentemente para minha formação profissional.

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depressão em idosos no asilo “Nosso Lar - Casa do Idoso” no município de Tangará da Serra – MT. Foram entrevistados 18 idosos na faixa etária de 60 a 101 anos, sendo 17 homens e uma mulher. A Depressão é um distúrbio de natureza multifatorial, que envolve inúmeros aspectos de ordem biológica, psicológica e social. É um estado de humor vivenciado por um grande número de indivíduos em algum momento de suas vidas, sendo muitas vezes relatada como tristeza, saudade, angústia, desânimo, entre outros. Caracteriza-se como um distúrbio da área afetiva ou do humor, que exerce forte impacto funcional em qualquer faixa etária.

O estudo é de abordagem quanti-qualitativa, com dados coletados através de entrevistas gravadas, realizadas diretamente com os idosos, seguindo um roteiro de questões semi-estruturadas, e um questionário fechado padronizado, a Escala de Depressão Geriátrica. Concomitantemente, foram aplicados questionários com perguntas abertas com as Técnicas em enfermagem, com o intuito de avaliar o serviço prestado aos idosos. Esse estudo foi estruturado a partir da Escala de Depressão Geriátrica que aplicado aos idosos do Lar – Casa do Idoso de Tangará da Serra – MT, revelou que a maioria dos idosos encontra-se em estado depressivo por inúmeros fatores.

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asylum "Our Home - Home for the Elderly" in the city of Tangará da Serra - MT. We interviewed 18 patients aged from 60 to 101 years, 17 men and one woman. Depression is a multifactorial disorder that involves many aspects of biological, psychological and social. It is a mood experienced by a large number of individuals at some point in their lives, often reported as sadness, longing, anxiety, depression, among others. It is characterized as a disorder of mood or affective area, which has a strong functional impact at any age. The study is quantitative and qualitative approach, with data collected through recorded interviews conducted directly with the elderly, following a script of questions semi-structured, and a standardized closed questionnaire, the Geriatric Depression Scale. At the same time, questionnaires were filled with open questions with the techniques in nursing in order to evaluate the service provided to seniors. This study was structured from the Geriatric Depression Scale applied to the elderly from Home - Home of the Aged, Tangará da Serra - MT revealed that the majority of the elderly is in depressed state by many factors.

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1. Introdução ... 12

PARTE I ... 14

REFERENCIAL TEÓRICO ... 14

1.1 História: Surgimento dos Asilos ... 14

1.2 Surgimento das legislações em atenção ao idoso ... 16

1.3 Causas que vitimizam a depressão em idosos ... 17

1.4 O profissional de saúde que assiste o idoso ... 19

1.5 Atuações da Enfermagem na Assistência ao Idoso ... 19

1.6 As Atribuições do Enfermeiro para o Ministério da Saúde ... 21

1.7 As recomendações do Ministério da Saúde sobre a assistência domiciliar (SUS) ... 22

1.8 Como evitar a Depressão em Idosos ... 23

PARTE II ... 25

PERCURSO METODOLÓGICO ... 25

2.1 Instrumentos de coleta de dados. ... 25

2.1.1 Escala de Depressão Geriátrica. ... 26

2.1.2 Procedimentos para entrada no campo da pesquisa ... 27

2.1.3 Questionário semi-estruturado para guiar as entrevistas com os idosos ... 27

2.1.4 Questionário semi-estruturado para guiar as entrevistas com as Técnicas em enfermagem ... 28

2.2 Coleta de Dados ... 28

PARTE III ... 30

CONSTRUÇÃO DA ANÁLISE DE DADOS ... 30

3.1 Resultados e Discussão ... 31

3.1.1 Caracterização dos sujeitos ... 31

3.1.1.1 Escolaridade ... 31

... 31

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 65

ANEXO A- Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage. ... 68

ANEXO B. ... 69

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1. Introdução

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE 2009), o Brasil possui cerca de 19 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, o que representa mais de 10% da população brasileira. Estimativas indicam que esse contingente atingirá 32 milhões até 2025 e fará do país o sexto em número de idosos no mundo. É a faixa etária que mais cresce no Brasil.

O processo de envelhecimento ocorre de forma gradual em países desenvolvidos, pois são acompanhados de melhorias na cobertura do sistema de saúde, nas condições de habitação, saneamento básico, trabalho e alimentação, contudo no Brasil ocorre rapidamente e num contexto de desigualdades sociais, economia frágil, níveis de pobreza em crescimento, com precário acesso aos serviços de saúde e reduzidos recursos financeiros, sem as modificações estruturais que respondam às demandas do novo grupo etário emergente.

Com isso a saúde do idoso se torna precária, não encontrando amparo adequado no sistema público de saúde e previdência, acumulam seqüelas de doenças, desenvolvendo incapacidades e perdendo autonomia e qualidade de vida.

Assim, entendemos que melhorar a qualidade de vida dos idosos significa utilizar recursos para proporcionar-lhes o que não têm, mas deveriam ter, para viver melhor.

À medida que um indivíduo envelhece, sua qualidade de vida é fortemente determinada por sua habilidade de manter autonomia e independência.

Os idosos têm um papel importante na sociedade, no lar, no ambiente de trabalho e na comunidade. Eles oferecem às pessoas, com sua maturidade, a sabedoria das experiências da vida. Estão cada vez mais instruídos sobre sua saúde e são encorajados a ter mais interesse e responsabilidade por sua saúde e bem-estar.

A enfermagem Gerontológica ou Geriátrica é o campo da enfermagem que se especializa no cuidado dos idosos. O enfermeiro gerontológico pode ser um especialista ou generalista que oferece cuidado de enfermagem abrangente para pessoas idosas ao combinar o processo de enfermagem com o conhecimento especializado sobre o envelhecimento.

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A situação familiar do idoso no Brasil reflete o efeito cumulativo em eventos socioeconômicos, demográficos e de saúde ao longo dos anos, demonstrando que o tamanho da prole, as separações, o celibato, a mortalidade, a viuvez, os recasamentos e as migrações, vão originando, no desenvolver das décadas, tipos de arranjos familiares e domésticos, onde o morar sozinho, com parentes ou em asilos, pode ser o resultado desses desenlaces. Portanto a qualidade de vida é:

“a percepção que o indivíduo tem de sua posição na vida dentro do contexto de sua cultura e do sistema de valores de onde vive, e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. É um conceito muito amplo que incorpora de uma maneira complexa a saúde física de uma pessoa, seu estado psicológico, seu nível de dependência, suas relações sociais, suas crenças e sua relação com características proeminentes no ambiente” (OMS, 1994).

Segundo Siqueira et al, (2006) “A depressão é um problema de saúde freqüente entre idosos, embora a identificação desses pacientes seja muitas vezes difícil na prática clínica”. Nesse sentido, a avaliação sistemática dos indivíduos nessa faixa etária pode contribuir para melhorar a detecção dos casos de depressão. O estudo do envelhecimento e da velhice, como processos do ciclo vital, é hoje um dos principais pontos de atenção dos agentes sociais e governamentais.

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PARTE I

REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 História: Surgimento dos Asilos

Para Araujo, Souza e Faro (2009), “o surgimento de instituições para idosos não é recente. O cristianismo foi o pioneiro no amparo aos velhos”. Segundo Alcântara apud Escobar (2004), “as primeiras instituições filantrópicas destinadas a abrigar idosos carentes surgiriam no império Bizantino, no século V da era Cristã”. De acordo com Araujo, Souza e Faro (2009), “há registro de que o primeiro asilo foi fundado pelo Papa Pelágio II (520-590), que transformou a sua casa em um hospital para velhos”.

No século XVIII, os asilos na era da princesa Izabel eram instituições que abrigavam mendigos. A partir do século XIX, foram criados na Europa asilos grandiosos, com uma intensa concentração de velhos. O maior era o Salpêtrière, que abrigava oito mil doentes, dentre os quais dois a três mil idosos. Este asilo pode ser considerado o núcleo da primeira instituição geriátrica, espaço que possibilitou coletar dados clínicos e sociais sobre idosos.

No Brasil colônia, o Conde de Resende defendeu que soldados velhos mereciam uma velhice digna e “descansada”. Em 1794, no Rio de Janeiro, começou então a funcionar a Casa dos Inválidos, não como ação de caridade, mas como reconhecimento àqueles que prestaram serviço à pátria, para que tivessem uma velhice tranqüila (ARAÚJO, SOUZA E FARO, 2009).

Entretanto Escobar (2004) relata que “a criação de instituições filantrópicas destinadas a prestar cuidados a velhos, denominadas de asilos tiveram sua origem no final do século XIX e início do século XX”.

A questão da pobreza passa a ser redimensionada no final do século XIX quando surge uma instituição no Rio de Janeiro, destinada a acolher exclusivamente a velhice, o asilo “São Luis para a Velhice Desamparada”. Somente no início do século XX as categorias sociais tiveram seus espaços ordenados sendo: as crianças em orfanatos, loucos em hospícios e os velhos em asilos. (ALCANTARA apud ESCOBAR, 2004).

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Brasil. Para esses autores “O surgimento deste asilo dá visibilidade à velhice”, ou seja, a “instituição era um mundo à parte e ingressar nela significava romper laços com família e sociedade” (GROISMAN apud POLLO e ASSIS, 2008).

Primeiramente essas instituições eram destinadas apenas a idosos, porém na segunda metade do século XX, elas passaram a ser utilizadas também para abrigar mendigos, moribundos, e leprosos. Assim a sociedade buscando evitar que a pobreza ficasse exposta nas ruas “abriga” seus excluídos em asilos. Pois segundo Escobar (2004), “a sociedade teve uma postura em manter o afastamento da pobreza”.

No mesmo período a caridade passou a ser alvo de críticas pela falta de organização de seu método de trabalho. Em suas palavras Escobar (2004), nos lembra que “É nesse contexto que surgiram as experiências voltadas para o atendimento social, ainda permanecendo o caráter filantrópico que marca essas ações”. Assim segundo Escobar (2004), “a medicina social é considerada um marco desse período, contribuindo assim para a melhoria das condições de saúde e estilo de vida dos pobres, pois as condições anti-higiênicas desta minoria eram entendidas como de alto risco para a população”.

Para Pollo e Assis (2008), “Quando as instituições específicas para idosos não existiam, estes eram abrigados em asilos de mendicidade1, junto com outros pobres, doentes mentais, crianças abandonadas, desempregados”. No final do século XIX, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo dava assistência a mendigos e, conforme o aumento de internações para idosos passou a definir-se como instituição gerontológica2 em 1964.

O modelo asilar brasileiro ainda tem muitas semelhanças com as chamadas instituições totais, ultrapassadas no que diz respeito à administração de serviços de saúde e/ou habitação para idosos. Goffman apud Pollo e Assis (2008), define instituição total como "um local de residência e trabalho, onde um grande número de indivíduos com situação semelhante, separados da sociedade mais ampla por considerável período de tempo, leva uma vida fechada e formalmente administrada". Nesse espaço os indivíduos se tornam cidadãos violados em sua individualidade, sem controle da própria vida, sem direito a seus pertences sociais e à privacidade, com relação difícil ou inexistente com funcionários e o mundo exterior. (POLLO apud ASSIS, 2008).

Asilo para Araújo, Souza e Faro (2009), vem do grego ásylos, pelo latim asylu, e são definidas como casa de assistência social onde são recolhidas, para sustento ou também para educação, pessoas pobres e desamparadas, como mendigos, crianças abandonadas, órfãos e idosos. É considerado como um lugar isento de execução de leis, os que a ele se recolhem. Relaciona-se assim, a idéia de guarita, abrigo, proteção ao local denominado de asilo,

1

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independentemente do seu caráter social, político ou de cuidados com dependências físicas e/ou mentais. (ARAUJO, SOUZA E FARO, 2009).

Logo em seguida esta definição foi modificada, surgindo novos termos para denominar locais de assistência ao idoso, “como, por exemplo, abrigo, lar, casa de repouso, clínica geriátrica e ancionato”. (ARAUJO, SOUZA E FARO, 2009).

Os asilos constituem a modalidade mais antiga e geral de atendimento à pessoa idosa, fora de seu convívio familiar. Desde sua origem é considerado um lugar de segregação, associado à pobreza e ao abandono, um lugar de cuidado de pessoas inofensivas e incapazes (cegos, velhos, órfãos e indigentes). Com o surgimento dos asilos, a velhice ganha um lugar, mas perde simbolicamente o seu lugar na vida. (GROISMAN,1999).

1.2 Surgimento das legislações em atenção ao idoso

Para Souza (2005), “A política pública de atenção ao idoso está intimamente relacionada com o desenvolvimento sócio econômico e cultural, bem como com a ação reivindicatória dos movimentos sociais”. Essa trajetória teve um marco importante com a Constituição Federal de 1988, que introduziu em suas disposições o conceito de Seguridade Social, fazendo com que a rede de proteção social alterasse o seu foco estritamente assistencialista, passando a ter uma conotação ampliada de cidadania.

A partir deste momento Souza (2005), nos relata que “a legislação brasileira procurou se adequar a tal orientação, embora faltem algumas medidas”. A Política Nacional do Idoso, estabelecida em 1994 através da Lei 8.842, “tem como objetivo assegurar os direitos sociais dos idosos, criando condições para promover sua autonomia, integração, e participação efetiva na sociedade” (ROCHA, 2008).

Souza (2005), nos relata que

“Essa lei foi reivindicada pela sociedade, resultando-se inúmeras discussões e consultas ocorridas nos estados, nas quais participaram idosos ativos, aposentados, professores universitários, profissionais da área de gerontologia e geriatria e várias entidades representativas desse segmento, que elaboraram um documento que transformou no texto base da lei”.

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segmentadora das políticas públicas no Brasil, que provocam a superposição desarticulada de programas e projetos voltados para um mesmo público.

A área de amparo à terceira idade é um dos exemplos que mais chama atenção para a necessidade de uma “intersetorialidade” na ação pública, pois os idosos muitas vezes são "vítimas" de projetos implantados sem qualquer articulação pelos órgãos de educação, de assistência social e de saúde. Essa falta de amparo social associada às doenças que surgem na terceira idade e outros fatores relacionados, tem acentuado a depressão nos idosos.

1.3 Causas que vitimizam a depressão em idosos

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), desde a década de 1990, a depressão vem ocupando uma posição de destaque no rol dos problemas de saúde pública, considerada a doença mais cara de todas as doenças em todo o mundo. Ainda segundo a OMS, esta síndrome, no ano de 2020, será a segunda moléstia que afetará os países desenvolvidos e a primeira nos países em desenvolvimento.

Segundo Stella et al (2002), “A população acima dos 60 anos de idade tem aumentado significativamente no Brasil”. Em 1980, havia 7 milhões de pessoas idosas; atualmente, há em torno de 15 milhões, correspondendo a 8,6 % da população total. Com este aumento, a população idosa está associada à prevalência elevada de doenças crônico-degenerativas, dentre elas aquelas que comprometem o funcionamento do sistema nervoso central, como as enfermidades neuropsiquiátricas e particularmente a depressão.

A depressão é um problema comum em pessoas idosas, especialmente entre as que possuem várias enfermidades médicas. O envelhecimento provoca numerosas perdas que poderiam influenciar a produção de uma síndrome depressiva, como, por exemplo, a perda da saúde, do companheiro, dos papéis sociais, bem como o abandono, o isolamento social, a incapacidade de reengajamento na atividade produtiva, a ausência de retorno social do investimento escolar e a aposentadoria que mina os recursos mínimos de sobrevivência. Esses fatores comprometem a qualidade de vida e predispõem o idoso ao desenvolvimento da depressão (SIQUEIRA et al 2009).

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vivenciado por um grande número de indivíduos em algum momento de suas vidas, sendo muitas vezes relatada como tristeza, saudade, angústia, desânimo, entre outros.

A depressão para Oliveira et al. (2006), “envolve uma série de comprometimentos no funcionamento do organismo de uma pessoa” [...] a presença de sintomatologia depressiva está associada com pior funcionamento social e qualidade de vida, bem como a uma maior utilização dos recursos de saúde. Segundo Andrade et al. (2005), “Fatores como as limitações físicas e a dependência funcional, verificados nos idosos residentes em asilos, associam-se ao isolamento e à negação no intuito de diminuir a percepção de um ambiente que não lhe é agradável e afeta profundamente seus sentimentos contribuindo para o desenvolvimento de doenças, entre elas a depressão”.

Segundo Davim et al. (2004), “Os asilos, geralmente, são casas inapropriadas e inadequadas às necessidades do idoso, as quais não lhes oferecem assistência social, cuidados básicos de higiene e alimentação”. Ademais, esses locais vêm também dificultar as relações interpessoais no contexto comunitário, relações estas indispensáveis à manutenção da qualidade de vida do idoso e de sua cidadania. Estes asilos constituem também, a modalidade mais antiga e universal de atendimento ao idoso, fora do seu convívio familiar, tendo como, inconveniente, favorecer seu isolamento, sua inatividade física e mental, podendo, dessa forma, produzir conseqüências negativas irreparáveis à sua vida. (DAVIM et al 2004).

Por outro lado, com a nuclearização das famílias há um distanciamento afetivo desses idosos, produzindo um isolamento social. Para minimizar essa sensação de abandono familiar, acredita-se que alguns idosos vão parar em “casas de idosos” com o objetivo de evitar a solidão. Segundo Bessa e Silva (2008), “A solidão para o idoso está muitas vezes relacionada com as alterações que ocorrem no contexto familiar, principalmente as perdas familiares”. Dessa forma, as pessoas envelhecem e ao depararem-se sozinhas em sua casa, decidem por livre vontade ou por influência de outras pessoas procurar um asilo, pois este torna-se um projeto atraente às opções tidas como possíveis, posto que poderia oferecer um tipo de sociabilidade.

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Dessa maneira, a família desses idosos passa a ser a própria instituição, pois é nela que terão acolhimento e acompanhamento no seu cotidiano, provavelmente até o fim de suas vidas.

Para Bessa e Silva (2008), “as perdas progressivas de entes significativos e do papel social levam o idoso a procurar espaço onde possa ser aceito, no caso, uma instituição própria para recebê-lo”.

O idoso que vive em asilo geralmente encontra-se separado do ambiente familiar, na presença de pessoas estranhas e muitas vezes isolado, sentindo-se abandonado, dependente e inútil. Em relação a alguns asilos onde existe uma baixa qualidade de vida oferecida para o idoso, este acaba por apresentar um quadro de insegurança, descontentamento e também falta de intimidade. Todo este processo pode levar a um quadro de depressão mesmo que o paciente não tenha histórico pessoal ou familiar da doença.

1.4 O profissional de saúde que assiste o idoso

“Pelo fato de lidarmos com um grupo etário que tem crescido muito em anos recentes, existe uma enorme carência de profissionais treinados, com formação específica e cursos reconhecidos pela qualidade acadêmica” (VERAS, 2003). A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) reconhece pouco mais de 500 médicos como especialistas em geriatria, ou seja, profissionais que prestaram exame para obter o título de especialista, quando nos dias atuais a população de idosos ultrapassa 15 milhões de brasileiros.

Segundo Veras (2003), “Os modelos a serem propostos para assistência ao idoso devem estar baseados nesta realidade assistencial – a carência de médicos especialistas em idosos”. Logo, com isso, o profissional a ser utilizado prioritariamente não deverá ser um geriatra, pois como vimos anteriormente são poucos profissionais especializados nesta área.

A assistência deverá ser exercida pelo médico clínico, reservando apenas para casos bem definidos e criteriosamente selecionados o atendimento do geriatra. Esse clínico geral para que se possa exigir dele alta resolutividade e baixo custo precisará de instrumentos, particularmente aqueles que permitam a identificação mais correta possível dos distúrbios, a fim de que ele seja capaz de saber como tratar e quando encaminhar para o profissional com treinamento específico em envelhecimento humano (VERAS, 2003).

1.5 Atuações da Enfermagem na Assistência ao Idoso

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freqüentemente exigem intervenções custosas, envolvendo tecnologia complexa para um cuidado adequado”.

Para Diogo (2000), “A atuação do enfermeiro junto ao idoso deve estar centrada na educação para a saúde, no “cuidar” tendo como base o conhecimento do processo de senescência3 e senilidade4 e no retorno da capacidade funcional para a realização das suas atividades, com objetivo de atender às suas necessidades básicas e alcançar sua independência e felicidade”. (CAMPEDELLI, 1983, apud DIOGO, 2000). O enfermeiro e demais profissionais envolvidos, devem atuar junto ao idoso e seus familiares, apoiando suas decisões, ajudando-os a aceitar as alterações na imagem corporal, num processo educativo e congruente às necessidades individuais. (DRENCH, 1994, apud DIOGO, 2000). Assim consideramos que o enfermeiro, inserido numa equipe multidisciplinar, deve assistir ao idoso de forma integral, levando em consideração as suas limitações físicas, psíquicas e ambientais.

“A assistência sistematizada de enfermagem nos permite identificar os problemas dos idosos de maneira individualizada, planejar, executar e avaliar o atendimento a cada situação. Para tanto, direcionando a assistência para nível ambulatorial à consulta de enfermagem é uma atividade que atende a estas questões aqui colocadas, por meio da qual o enfermeiro assume a responsabilidade quanto a ação de enfermagem a ser determinada frente aos problemas detectados e estabelece a sua intervenção. (DIOGO, 2000).

.

O enfermeiro evidencia um grande desafio a ser enfrentado, pois terá que capacitar sua equipe promovendo cuidados fundamentais a todo o público, e também quem ficará com o paciente idoso no âmbito asilar ou familiar. O cuidador apresentará a necessidade de incorporar a nova realidade ao seu cotidiano, muitas vezes árdua e desgastante, conforme o que o idoso doente apresenta, e conviver com ela.

Além disso, o enfermeiro irá enfrentar a sobrecarga de trabalho, pois ao assumir as tarefas da enfermagem respeitando fundamentalmente a concepção de assistência humanizada ao idoso, este irá desempenhar múltiplas ações hospitalares e ainda perceberá a necessidade de prestar assistência domiciliar, em residências ou “casas de idosos”. Portanto este profissional estará além de preocupado em capacitar sua equipe, prestando assistência ao cuidador no asilo ou residência. Considerando que nestes locais tenham pessoas disponíveis para o cuidado ao idoso, muito embora sem conhecimentos técnicos e científicos. Segundo Floriani, Schramm (2004), “Esta assistência domiciliar vai desde cuidados pessoais de suas

3 Termo que se refere aos efeitos naturais ou fisiológicos do processo de envelhecimento.

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atividades de vida diária (higiene íntima, alimentação, banho, locomoção e vestuário), cuidados com sua medicação e realização de curativos de ferimentos, cuidados com escaras”.

Ao agir dessa forma o enfermeiro estará proporcionando ao idoso um acolhimento de forma digna ao serviço de saúde, percebendo a importância de orientar o familiar que por sua vez está cuidando diretamente do idoso, considerando que este não tem conhecimentos técnicos e científicos para lidar com a demanda de cuidados que a doença do idoso exige.

Podemos perceber o quanto torna-se importante a enfermagem contribuir com o cuidador que está no ambiente asilar ou domiciliar, para que o processo de cuidar não se torne desgastante, entendendo que este profissional deverá "driblar" de forma criativa os fatores geradores de sobrecarga.

1.6 As Atribuições do Enfermeiro para o Ministério da Saúde

Para Nunes et al (2009) “Com a implementação pelo Ministério da Saúde da Estratégia Saúde da Família, a atenção básica foi esquematizada de forma diferenciada”. Neste contexto, a tentativa de um trabalho voltado para assistência integral e contínua de todos os indivíduos vinculados à Unidade Básica de Saúde (UBS). Entre os integrantes desta equipe está o trabalhador da enfermagem, que deve ter entre outras a habilidade para atuar como facilitador do desenvolvimento de um envelhecimento saudável para esta população. Ele deve atuar favorecendo a reflexão dos papéis e necessidades desta faixa etária e ainda contribuir com a melhoria da qualidade de vida da população idosa a partir da utilização das ações de promoção à saúde no decorrer de suas práticas cotidianas.

Segundo o Ministério da Saúde (2006), “as atribuições do enfermeiro frente aos idosos são”:

• Realizar atenção integral às pessoas idosas;

• Realizar assistência domiciliar, quando necessário;

• Realizar consulta de enfermagem, incluindo a avaliação multidimensional

rápida e instrumentos complementares, se necessário, solicitar exames complementares e prescrever medicações, conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor municipal, observadas as disposições legais da profissão;

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• Realizar atividades de educação permanente e interdisciplinar junto aos demais

profissionais da equipe;

• Orientar ao idoso, aos familiares e/ou cuidador sobre a correta utilização dos medicamentos.

Atribuições do Auxiliar/Técnico de Enfermagem segundo o mesmo documento do Ministério da Saúde:

• Realizar atenção integral às pessoas idosas;

• Orientar ao idoso, aos familiares e/ou cuidador sobre a correta utilização dos

medicamentos;

• Participar das atividades de assistência básica, realizando procedimentos regulamentados no exercício de sua profissão na UBS e quando indicado, ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários.

1.7 As recomendações do Ministério da Saúde sobre a assistência domiciliar (SUS)

Segundo o Manual de Assistência Domiciliar na Atenção Primária à Saúde (2008), a assistência domiciliar é caracterizada pela efetivação de todo e qualquer atendimento a domicílio realizado por profissionais que integram a equipe de saúde. Pode ser dividida em algumas modalidades:

• Atendimento Domiciliar

É o cuidado prestado no domicílio, para pessoas com problemas agudos, e que em função disto estejam temporariamente impossibilitadas de comparecer à Unidade Básica de Saúde (UBS).

• Internação Domiciliar

É o cuidado no domicilio de pacientes, com problemas agudos ou egressos de hospitalização, que exijam uma atenção mais intensa, mas que possam ser mantidos em casa, desde que disponham de equipamentos, medicamentos e acompanhamento diário pela equipe da UBS e a família assuma parcela dos cuidados.

• Acompanhamento Domiciliar

É o cuidado no domicílio para pessoas que necessitem contatos freqüentes e programáveis com os profissionais da Equipe.

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saúde e a família, pois em geral não tem vínculo legal com a instituição que presta assistência domiciliar”. Cria-se um vínculo de trabalho solidário, para alcançar um mesmo objetivo: manter nas melhores condições de saúde e conforto o paciente. Na maior parte das situações, o cuidador não possui uma formação técnica específica na área da saúde, é um dos membros da família, amigo ou pessoa próxima que, embora sem formação profissional específica se dispõe a assumir da melhor forma possível esta função; ou é pessoa da comunidade que foi adquirindo experiência cuidando de pessoas doentes, sendo que alguns fazem desta prestação de serviço uma profissão informal; ainda temos uma parcela de profissionais com formação técnica de enfermagem que exerce sua profissão nesta modalidade de atividade.

A pessoa identificada para ser o cuidador sem formação profissional (Cuidador Comunitário) pode ser habilitada a realizar tarefas básicas ao nível do domicílio, auxiliando na recuperação da pessoa assistida. Deve ser treinado pela equipe de saúde nos cuidados a serem realizados diariamente no próprio domicílio. O importante é que as atribuições sejam definidas claramente entre equipe, família e cuidador, dentro de um processo continuado de trocas de saberes, poderes e responsabilidades.

A assistência domiciliar potencializa a ação das equipes de saúde atuando em Atenção Primária à Saúde: integralidade, universalidade, eqüidade, acesso e continuidade.

Diante do exposto é essencial que a enfermagem proporcione ao idoso depressivo maior assistência preocupando-se em oferecer maior conforto, com intuito de minimizar os sintomas, integrando-o a sociedade com maior independência, como também orientar e supervisionar o atendimento prestado do cuidador para com o idoso proporcionando o bem-estar físico e bio-psico-social.

1.8 Como evitar a Depressão em Idosos

Para evitar a depressão é importante que o idoso permaneça em atividade, de preferência, com seus pares e que seja respeitado tanto pelas suas limitações como por sua experiência de vida.

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idosas, rompendo fronteiras de idade, classe socioeconômica, cultura, raça e espaço geográfico”.

Assim para Balbé et al (2008), “um dos meios para se chegar, aos últimos ciclos da vida, com uma melhor qualidade de vida é aliando a rotina do dia-a-dia a prática regular da atividade física. Para (Mazo et al. 2005, apud Balbé et al 2008), “a atividade física é uma fonte preciosa que deve ser descoberta e praticada não só na fase adulta ou na velhice, mas sim o mais cedo possível, como forma de prevenção.

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PARTE II

PERCURSO METODOLÓGICO

A pesquisa desenvolvida trata-se de um estudo quanti-qualitativo, a escolha desse caminho metodológico se deu por entender que esse método contribui para associar a análise estatística à investigação dos significados das relações humanas, privilegiando a melhor compreensão do tema a ser estudado, facilitando assim a interpretação dos dados obtidos.

Segundo Rodrigues (2007), “a pesquisa quantitativa traduz em números as opiniões e informações para serem classificadas e analisadas utilizando-se de técnicas estatísticas”. A pesquisa qualitativa é descritiva, pois os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem interferência do pesquisador, utilizando-se técnicas padronizadas de coleta de dados (questionário e observação sistemática). As informações obtidas não podem ser quantificáveis, os dados obtidos são analisados indutivamente, as interpretações dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa.

O presente estudo foi realizado no “Nosso Lar Casa do Idoso”, localizado na rodovia MT-358, km 06 no município de Tangará da Serra-MT, tendo com objeto de investigação os fatores desencadeantes da depressão em idosos.

Para compreender o tema e contextualizar o problema investigativo proposto foram necessárias leituras sobre o surgimento dos asilos, o processo de cuidado com os idosos, a construção das leis de proteção ao idoso, às causas e conseqüências da depressão em idosos, a atuação da enfermagem referente ao cuidado dos idosos e programas de assistência ao idoso proposto pelo Ministério da Saúde.

2.1 Instrumentos de coleta de dados

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e um questionário semi estruturado aplicado a 2 (Dois) técnicos em enfermagem para orientar as entrevistas.

2.1.1 Escala de Depressão Geriátrica.

As leituras nos permitiram conhecer um instrumento de coleta de dados que entendemos ser ideal para mensurar a depressão nos idosos, chamado de Escala de Depressão Geriátrica criado por Yesavage. Segundo Ferrari e Delacorte (2007), “Em 1983, Yesavage e colaboradores desenvolveram e validaram um instrumento de triagem para depressão chamada de Escala de Depressão Geriátrica”. Esta escala, que foi traduzida, aferida e adaptada à população portuguesa por Veríssimo (1988) apud Ferreira (2005), na “Avaliação Diagnóstica das Síndromes Demenciais”. Segundo Ferreira (2005), “esta escala foi construída por Brink, Yesavage, Lum, Heersema, Adey e Rose, e é, segundo os mesmos, o único instrumento que se conhece que terá sido elaborado com o objetivo de ser usado, especificamente, para pessoas idosas”.

A escala diminui indicadores somáticos da depressão e manifestações físicas normais do envelhecimento, presentes em outras escalas, e que causam confusões. A escala pode ser aplicada por profissionais não médicos, pois não exige conhecimentos em psicopatologia. Essa escala possui uma versão longa e uma curta, composta de 30 e 15 questões, respectivamente. Foi aplicada a versão reduzida com 15 questões, essa escolha se deu por entendermos que é rápida a sua aplicação e faz com que os idosos não se sintam indispostos em colaborar com a pesquisa.

Almeida e Almeida (1999), nos relatam que “A Escala de Depressão Geriátrica é um dos instrumentos mais freqüentemente utilizados para a detecção de depressão no idoso”. Segundo Ferreira (2005), “os casos rastreados como provável depressão deveriam ser submetidos a uma avaliação mais detalhada, de preferência por médicos especialistas”, no entanto não é nosso objetivo diagnosticar detalhadamente o grau e o nível da depressão em idosos, pois pretendemos apenas identificar a presença da depressão e os fatores que possivelmente a desencadeiam.

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Dependendo das respostas, sugere-se que, para a quantificação dos resultados, se proceda à seguinte classificação: valores de 0 – 5: idosos normais; para pontuações entre 6 – 10 são indicativos de depressão de severidade crescente; uma pontuação 11 – 15 é indicação de idosos gravemente deprimidos.

A Escala de depressão Geriátrica oferece medidas válidas e confiáveis para a avaliação de transtornos depressivos, além disso, versões reduzidas da Escala com 1, 4, 10, 15, e 20 questões (em contraste com as 30 questões da versão original) vêm sendo utilizadas de forma cada vez mais freqüente. O uso dessas versões reduzidas na prática clínica é ainda mais atraente, já que o tempo gasto com sua aplicação pode ser substancialmente reduzido.

Segundo Almeida e Almeida (1999) “A Escala de Depressão em Geriatria vem sendo amplamente utilizada em diversos países, com índices de confiabilidade e validade considerados adequados”. Durante os últimos anos a versão original da Escala com 30 itens vem cedendo espaço para as versões reduzidas com 15, 10, e 4 itens. A consistência interna e validade dessas versões já foi analisada por diversos estudos, todos indicando que a versão de 15 questões e de 10 questões (e em menor grau a de 4 questões) apresentam boa performance na detecção de casos de depressão em idosos.

2.1.2 Procedimentos para entrada no campo da pesquisa

Seguindo recomendações do CEP - Comitê de Ética em Pesquisa regulamentado pela Resolução CNS 196/96, antes do início da coleta de dados foram realizados convênios com as instituições envolvidas na pesquisa. Após a assinatura do termo de autorização para realização da pesquisa no nosso Lar Casa do Idoso, foram explicados aos sujeitos que o tipo de pesquisa a ser realizada seria em forma de entrevista, assim que os sujeitos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, e que obtivemos parecer aprovado pelo Comitê de Ética iniciamos a pesquisa. O parecer nº063/2011 encontra-se no anexo B.

2.1.3 Questionário semi-estruturado para guiar as entrevistas com os idosos

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denominada dados brutos. Esses dados foram separados por sujeito em pastas de arquivo utilizando o programa Word.

Em uma análise preliminar foi possível constatar que as respostas revelaram situações que possivelmente levaram os idosos a adquirir a depressão.

2.1.4 Questionário semi-estruturado para guiar as entrevistas com as Técnicas em enfermagem

Estas entrevistas também foram realizadas no Lar dos Idosos. Foram elaboradas 14 perguntas semi-estruturadas, as quais foram aplicadas durante as entrevistas que foram gravadas com 2 (Dois) Técnicos em enfermagem e posteriormente transcritas na integra. Esses dados brutos também foram separadas em pastas de arquivos utilizando o programa Word.

2.2 Coleta de Dados

Inicialmente, foram esclarecidos aos idosos sobre a pesquisa a ser realizada. Através das explicações, foi feita a leitura do termo de Consentimento Livre e Esclarecido, documento que autoriza o pesquisador desenvolver a pesquisa. Para realizar esse procedimento tivemos o cuidado em utilizar uma linguagem apropriada ao público envolvido nesta pesquisa, considerando seu nível de escolaridade baixo.

Para assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, foi dividido por categorias como: alfabetizado, totalmente analfabeto e analfabeto, mas sabem ao menos escrever seu nome. Para os idosos que não sabem ler e escrever, o meio para a assinatura do termo foi através de impressão digital.

No lar, residem cerca de 31 idosos, sendo 28 homens (90,32%) e 3 mulheres (9,68%). Os critérios de exclusão para participar da pesquisa foram o rebaixamento do nível de consciência por delirium5 ou outra causa clínica, alguma alteração na cognição determinada por demência pré-existente e ausência de condições clínicas para responderem aos questionamentos. Idosos que possuem déficit auditivo leve a moderado participaram da pesquisa.

A realização da coleta de dados aconteceu em três momentos:

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Primeiramente foram aplicadas 15 perguntas fechadas, com respostas “Sim” ou “Não” da Escala de Depressão Geriátrica, envolvendo 18 idosos, na faixa etária entre 60 a 101 anos, sendo 17 homens e uma mulher.

Em um segundo momento foram realizadas as entrevistas com os idosos, com a gravação das 16 perguntas. As entrevistas foram realizadas com 6 sujeitos participantes da pesquisa que residem no lar. Essa segunda etapa da coleta de dados, diminuímos a amostra e então foram selecionados 6 (seis) idosos a partir dos dados revelados na primeira etapa, sendo 2 (dois) não depressivos, 2 (dois) depressivos moderados e 2 (dois) depressivos graves.

Em um terceiro momento foram realizadas as entrevistas com as técnicas em enfermagem. Foram realizadas 14 perguntas com 2 técnicas. As técnicas em enfermagem foram bem cooperativas com as perguntas. As entrevistas foram bem tranqüilas, as mesmas esclareceram todas as dúvidas em relação ao serviço prestado aos idosos.

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PARTE III

CONSTRUÇÃO DA ANÁLISE DE DADOS

Durante essa pesquisa, buscamos estabelecer grupos para o estudo da depressão e sua relação com as variáveis em estudo. Em função dos resultados individuais consideramos três categorias: idosos que apresentaram ausência de depressão, idosos com depressão moderada e idosos com depressão grave.

Com base nos resultados do instrumento de coleta de dados Escala de Depressão Geriátrica, aplicado em 18 sujeitos, sentimos a necessidade de aprofundar a pesquisa dando voz aos idosos, com o intuito de revelar as circunstâncias que promovem o sentimento depressivo, caracterizando o perfil dos sujeitos, identificando os motivos que levam o idoso a morar no Lar Casa do Idoso, a presença ou ausência do sentimento de abandono, a relação existente com familiares e amigos e principalmente confrontar a assistência da enfermagem oferecida aos idosos. Para essa segunda etapa da coleta de dados, diminuímos a amostra e então foram selecionados 6 (seis) idosos a partir dos dados revelados na primeira etapa, sendo 2 (dois) não depressivos, 2 (dois) depressivos moderados e 2 (dois) depressivos graves.

Portanto essa pesquisa contou com três questionários, a Escala de Depressão Geriátrica, as entrevistas realizadas com os idosos e com os técnicos (as) em enfermagem.

As entrevistas foram realizadas no próprio lar dos idosos. Para manter sigilo total dos entrevistados classificamos em: I1, I2, I3, I4, I5, I6, para os idosos. Os técnicos (as) de enfermagem foram classificados em: E1, E2.

Foram realizadas entrevistas com duas funcionárias, técnicas em enfermagem, para evidenciar a formação técnica dessas profissionais bem como os cuidados oferecidos aos idosos.

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3.1 Resultados e Discussão

3.1.1 Caracterização dos sujeitos 3.1.1.1 Escolaridade

A pesquisa foi realizada com 18 idosos, sendo 17 homens e uma mulher, sendo os quais 7 (38,9%) alfabetizados, 8 (44,4%) analfabetos e 3 (16,7%) analfabeto/sabem escrever seu nome( Figura 1).

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00%

Escolaridade

Alfabetizado Analfabeto Analfabeto/Sabe Escrever seu Nome

Figura 1: Porcentagem da Escolaridade dos Idosos.

Segundo o IBGE (2000) “Na última década, houve aumento significativo no percentual de idosos alfabetizados do País. Se em 1991, 55,8% dos idosos declararam saber ler e escrever pelo menos um bilhete simples, em 2000, esse percentual passou para 64,8%, o que representa um crescimento de 16,1% no período”.

A maioria dos idosos entrevistados nunca estudou, pois desde cedo tiveram que trabalhar para dar sustento as suas famílias. Grande parte dos entrevistados trabalhou na lavoura. Para Bulla e Kaefer (2003), “O trabalho sempre foi categoria fundamental para o desenvolvimento humano”. A maneira como o homem se relaciona com o trabalho faz com que tenha concepções e significados diferentes, que devem ser respeitados e entendidos, pois nenhum homem mesmo exercendo funções semelhantes no processo de trabalho, não trabalha da mesma forma. Cada indivíduo se apropria do trabalho de maneira diferente, o que irá sustentar essa diferenciação será a maneira como o sujeito convive em seu meio social, considerado seu contexto socioeconômico.

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números são maiores, podendo ser diagnosticada a depressão maior em 5% a 13% dos pacientes hospitalizados e em 12% a 16% dos residentes em asilos (Dasgupta, 2001; Abreu, 2003 apud Santana e Coutinho, 2007).

Na tabela abaixo apresentamos os resultados da pontuação da Escala de Depressão Geriátrica aplicado aos idosos que colaboraram com a pesquisa:

Pontuação Idosos não Deprimidos

0-5 Depressão Moderada 6-10 Depressão Grave 11-15 Idoso 1 2 2 3 3 4 4 11 5 13 6 14 7 6 8 6 9 6 10 8 11 8 12 9 13 9 14 10 15 10 16 10 17 10 18 10

Tabela 1. Pontuação dos idosos de acordo com a Escala de Depressão Geriátrica (Yesavage) - Versão reduzida.

Podemos perceber na tabela 1, que no nosso Lar Casa do Idosos dos 18 sujeitos que contribuíram com essa pesquisa 3 (três) apresentam-se não depressivos, 12 (doze) encontram-se com depressão moderada e 3 (três) estão com depressão grave.

Segundo a Classificação Internacional das Doenças (CID) “Nos episódios típicos de cada um dos três graus de depressão: leve, moderado ou grave, o paciente apresenta um rebaixamento do humor, redução da energia e diminuição da atividade”. Com isto, existe alteração da capacidade de experimentar o prazer, perda de interesse, diminuição da capacidade de concentração. Ocorre quase sempre uma diminuição da auto-estima e da autoconfiança e freqüentemente idéias de culpabilidade e ou de indignidade, mesmo nas formas leves.

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atividades. Na depressão moderada os pacientes apresentam quatro ou mais dos sintomas citados, o mesmo aparentemente tem muita dificuldade para continuar a desempenhar as atividades de rotina. Já na depressão grave, vários sintomas são marcantes e angustiantes, tipicamente a perda da auto-estima e idéias de desvalia ou culpa.

No gráfico abaixo apresentamos o grau de depressão dos idosos que contribuíram com a pesquisa:

Figura 2: Porcentagem dos idosos com depressão.

Na figura 2, verifica-se que a porcentagem de depressão moderada está em grande evidência 66,6%, aos quais 16,7% são idosos com depressão grave e 16,7% idosos não deprimidos. Para compreender o resultado da Escala de Depressão Geriátrica aplicado aos Idosos sentimos a necessidade de compreender os fatores sócio-ambientais que contribuem para agravar a depressão.

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recursos mínimos de sobrevivência, são fatores que comprometem a qualidade de vida e predispõem o idoso ao desenvolvimento de depressão.

De acordo com as literatura pesquisadas, foi visto que grande parte dos casos de depressão ocorrem em função da perda da qualidade de vida, associada ao isolamento social e às doenças da idade. Os sentimentos de frustração devido a sonhos não concretizados durante a vida, a perda de companheiros, familiares ou amigos, a falta de apoio social, o abandono e a falta de atividade, assim como os problemas financeiros decorrentes da aposentadoria, são fatores que predispõem à depressão.

No caso dos sujeitos envolvidos nessa pesquisa, esse contexto depressivo também pode ser percebido em dois momentos, tanto durante a aplicação da Escala de Depressão Geriátrica, quanto durante as entrevistas, foram evidenciadas os sentimentos acometidos.

A seguir estão ilustrados por meio de gráficos a caracterização da depressão segundo a Escala de Depressão Geriátrica. Como utilizamos a escala de versão reduzida com 15 perguntas as quais algumas são pontuadas positivamente e outras negativamente, buscamos evidenciar e aprofundar utilizando fundamentação teórica às respostas obtidas nas perguntas 1, 5, 7, 11, 13 que devem ser pontuadas negativamente na escala, e às demais 2, 3, 4, 5, 8, 10, 12, 14 e 15 devem ser pontuadas positivamente. Os gráficos abaixo representam as respostas de cada sujeito.

Na figura 3 apresentamos o nível de satisfação dos idosos em relação a sua vida atual:

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Na figura 3, 13 (72,2%) dos idosos, estão satisfeitos com suas vidas, sendo que apenas 5 (27,8%) declararam não estar satisfeito com sua vida. Segundo Ruiz et al (2007), “A satisfação com a vida está registrada na literatura como precursora do envelhecimento bem sucedido”.

O sentimento de satisfação percebido durante as entrevistas podem circundar em torno de motivações variadas como ilustram os autores a seguir. Para Lenardt, Michel, Wachholz (2010), “A satisfação com a vida é um processo de juízo individual e subjetivo, depende de uma comparação entre as reais condições de vida do indivíduo e um padrão por ele estabelecido” (Figura 3). A satisfação é determinada pelas expectativas individuais, existência ou não de recursos individuais e do meio, qualidade dos relacionamentos, continuidade ou não das visitas dos familiares e condições de saúde.

Ruiz et al (2007), relata que “A literatura registra associações da satisfação com a vida com fatores relacionados aos valores previamente construídos, a maturidade, a autonomia, a percepção dos objetivos de vida, a auto-aceitação e a interação com outros como determinantes da satisfação com a vida na velhice (FISHER, 1995, apud RUIZ, 2007). Markides (1979), apud Ruiz (2007), falam em conforto domiciliar, participação em grupos religiosos e depressão que cada vez se torna uma enfermidade muito prevalente e que, freqüentemente, é considerada uma decorrência natural do envelhecimento, sendo negligenciada como possível indicador de uma morbidade que causa severos danos à qualidade de vida do idoso e de seus familiares, e que resulta em custos elevados para a sociedade em geral.

Em geral as pessoas projetam uma velhice perfeita, morando num lugar maravilhoso, viajando muito e só fazendo coisas boas, se esquecendo que nessa fase da vida provavelmente terão doenças, limitações físicas, os filhos irão cuidar da própria vida e se distanciarão. Essa projeção de velhice feliz desassociada das doenças que provavelmente terão, são fatores que também contribuem para a depressão. Uma velhice saudável acontece quando os sujeitos encaram as consequências dessa fase como próprias da idade e as assumem como naturais.

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I4. “Gosto é um lugarzinho fresco aqui”. “Eu agradeço muito isso aqui”. “Eu gosto”.

I4. “Dormi bem, comi bem, graças a Deus”.

I5. “Durmo, dormir bem eu durmo”. “Ninguém me perturba”.

I2. “Graças a Deus as meninas daqui conhecem as pessoas, as meninas são igual a minha mãe, esse povo aqui trata da gente, não judia da gente, não bate na gente. Aqui pode se dizer que ta em casa”.

Ainda em relação a satisfação de estar no Lar Casa do Idoso, obtivemos respostas que inspiram uma análise mais detalhada, como podemos ver:

I1.“Onde aqui? Não, não é falando mal do lugar, esse povo são todos bons, legal né, as empregadas, agente tem a ceia, todas as camas limpinhas, as coisas todas em ordem, mais pra mim não serve, vou sair, com fé em Deus, só to esperando eu poder ir à assistente social pra ver esse problema da minha vista, eu to cego, to vivendo mesmo por Deus”.

I2. “Eu sou obrigado, eu sou obrigado”, eu to contente eu tenho a comida eu tenho café a água”.

I3. Nesta condição eu to satisfeito, eu pago, já estou com dinheiro contado pra pagar, todo mês eu tiro lá, porque eu tenho caderneta de poupança”.

I3. “Eu não durmo bem, essa noite eu não dormi bem porque tem um homem ai que não deixa agente dormir”. Tem um cara ai que não deixa dormir.

Nas falas acima identificamos a ausência do sentimento de satisfação com atendimento fornecido identificado no grupo anterior. Estes idosos reconhecem a importância do lugar, tem consciência de que nesse momento da vida estão precisando ficar ali, no entanto, um sujeito afirmou que só está de passagem, outro deixa claro que só permanece ali porque é obrigado e o outro sabe que precisa de um lugar e não é de graça, ele paga para receber cuidados ali.

Quando perguntado se os idosos têm familiares, obtivemos as seguintes respostas:

I1.“Filho se não faleceu está no Norte, em Cacole do Norte nos viemos pra tupã, já ouviu fala? Meu irmão, nunca, nunca apareceu. I4. “Tenho família, tenho uma família que mora aqui em londrina, juína, Cuiabá, Íratinga”.

I1. “Não tenho noticia dele”

I4. “Tenho, eles vieram aqui umas três vezes, veio”.

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que eu tive, ele tem que se vira por lá porque eu to sustentado. Aqui dentro eu não tenho, são todos pessoas que vivem, mais eu não sei o que é amigo, não sei.

I4. Tenho, tenho amigos fora daqui, sempre eles visita agente”. “Isso mesmo, é muito amigo aqui é”.

As respostas acima também ajudam a ilustrar a idéia de abandono ou de distanciamento da família e amigos. Também é possível identificar um certo grau de revolta quando um sujeito afirma que “não tem amigos” ou quando outro destaca que “ o irmão me esqueceu”. Através destes depoimentos é fácil entender o que causa depressão nos idosos. Chegar nesta fase da vida, velhos, doentes, muitas vezes com limitações físicas leves ou severas e ainda ter o sentimento de ter sido abandonado pelos filhos, pela família não é preciso muito esforço para compreender os dados da Escala de Depressão Geriátrica que revelou que a maioria dos idosos entrevistados, estão com depressão moderada.

Essa constatação sobre os sujeitos é também explicada por Oliveira et al (2006), segundo esse autor “a presença de sintomatologia depressiva está associada com pior funcionamento social e qualidade de vida, bem como a uma maior utilização dos recursos de saúde”.

No rastreamento de sintomas depressivos relacionados ao humor deprimido, a pesquisa mostra que no Lar dos Idosos, os sintomas depressivos em relação ao humor foram rastreados em apenas 3 (três) (16,7%) (Figura 4) dos idosos que responderam a quinta pergunta da Escala de Depressão, como podemos ver no quadro abaixo:

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Segundo Perón et al (2004), “a depressão abrange alterações normais do humor diante de perdas ou outros problemas de natureza emocional”. Essas perdas puderam ser identificadas nos sujeitos, nos depoimentos relatados acima, relacionando ao abandono de familiares.

Gazalle, Lima, Tavares e Hallal (2004), relata que “Nos idosos, há uma diminuição da resposta emocional (“erosão afetiva”) e, com isso, há um predomínio de sintomas como diminuição do sono, perda de prazer nas atividades habituais, ruminações sobre o passado e perda de energia.

Dadas ás circunstâncias em que os sujeitos se encontram, morando em uma casa de idosos, longe de seus entes queridos e doentes também é possível compreender a ausência de bom humor.

Na figura abaixo, 12 (doze) dos 18 (dezoito) idosos que participaram da pesquisa responderam estar felizes a maioria das vezes e 6 (seis) responderam não estar feliz.

Figura 5: Sétima pergunta da Escala de Depressão Geriátrica.

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Para Peron et al (2004), [...] “o estado depressivo clínico é caracterizado por atraso nos processos psíquicos, humor depressivo e/ou irritável, redução de energia (Figura 7), incapacidade parcial ou total de sentir alegria ou prazer (anedonia), desinteresse, dificuldade de concentração e pensamentos de cunho negativo”. Existem pessoas que possuem ambos os sintomas, físicos e psicológicos, mas a natureza exata da doença pode variar de uma pessoa para outra. (PERON et al, 2004).

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Figura 6: Décima primeira pergunta da Escala de Depressão Geriátrica.

Na questão abaixo, quando perguntado se os idosos se sentem cheios de energia obtivemos 10 (dez) idosos negando essa sensação e 8 (oito) idosos afirmando esse sentimento. Esse resultado também está associado à forma como o idoso encara essa fase da vida. Experiências têm comprovado que idosos que praticam atividades lúdicas, desportivas ou mesmo que desempenham alguma atividade profissional apresentam uma predisposição maior do que idosos que levam a vida parados, sentindo-se inúteis. Para estes além da oportunidade de terem depressão ainda desencadeiam maiores limitações físicas.

Figura 7: Décima terceira pergunta da Escala de Depressão Geriátrica.

Figuras das perguntas 2,3,4,6,8,9,10,12,14,15 da Escala de Depressão Geriátrica.

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Figura 8: Segunda pergunta da Escala de Depressão Geriátrica.

I2. “Eu não saio daqui”.

I3. Aqui, só ler, gosto de ler. Eu não faço nenhuma atividade de lazer, eu não saio nada, mesmo porque eu tô assim coisa, não posso andar e coisa.

I4. “Aqui eu faço caminhada, o que eu posso faze com ele aqui é pega esses trenzinho é por na beira”. “Aqui eu caminho direto, jogo dado, baralho, é, é...jogo, só brinco com isso aqui o dia que nos tem uma folguinha, é só isso”.

I5. “Eu gosto, eu gosto de fazer mais não tem ninguém pra jogar”.

Os depoimentos acima não deixam dúvidas sobre a sensação de ausência de liberdade e limitação das atividades. Os idosos revelam que não podem sair, que ninguém “joga” com eles, que tem limitações físicas e não podem andar e se fazem alguma atividade é a mesma sempre numa rotina diária. Esses relatos ajudam clarear ainda mais os fatores que promovem a depressão nos idosos e contribuem para doenças físicas e emocionais. Também esses depoimentos nos causam preocupação. Fazem-nos pensar sobre os direitos destes idosos. Até que ponto eles “precisam” ter sua liberdade regrada?

Segundo o Manual do Estatuto do Idoso (2009), no capitulo II sobre o direito á liberdade, ao respeito e a dignidade:

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comunitária; VI - participação na vida política, na forma da lei; VII - faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação.

No Manual no capitulo V abrange a Educação, Cultura, Esporte e Lazer:

Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade.

Art. 21. O Poder Público criará oportunidades de acesso do idoso à educação, adequando currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais a ele destinados.

§ 1.º Os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo relativo às técnicas de comunicação, computação e demais avanços tecnológicos, para sua integração à vida moderna.

§ 2.º Os idosos participarão das comemorações de caráter cívico ou cultural, para transmissão de conhecimentos e vivências às demais gerações, no sentido da preservação da memória e da identidade cultural.

Art. 23. A participação dos idosos em atividades culturais e de lazer será proporcionada mediante descontos de pelo menos 50% (cinqüenta por cento) nos ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial aos respectivos locais.

Art. 24. Os meios de comunicação manterão espaços ou horários especiais voltados aos idosos, com finalidade informativa, educativa, artística e cultural, e ao público sobre o processo de envelhecimento.

Percebemos que a legislação avançou realizando a inclusão de direitos fundamentais a pessoa idosa, no entanto pelos depoimentos dos idosos é possível perceber que há uma distância entre a lei e a sua execução. Percebemos que no Lar Casa do Idoso há a necessidade de se desenvolver ainda mais atividades educativas e de recreação com idosos. (MOURA e CAMARGOS, 2005). Também nos perguntamos, de quem é a responsabilidade de garantir que os direitos aos idosos sejam de fato vivenciados por eles?

Para (Gonçalves & Perpétuo, 2000 apud Moura e Camargos, 2005), “A vivência, o jogo, o lúdico, viabilizado através de dinâmicas de grupos possibilitam o surgimento das condições propícias para a constituição do grupo e do ensino-aprendizagem”. Esses autores acrescentam que o uso de dinâmicas nos processos alternativos de educação em grupo visa proporcionar momentos educativos que possibilitem ao grupo vivenciar situações inovadoras.

Segundo Jacob (2007), “um componente importante da animação, no seu sentido mais lúdico e puro, é o jogo”. Jogar, brincar, quando se é adulto, enquadra-se também naqueles mitos e estereótipos que advogam que jogar, brincar é coisa de criança. Grande erro, o desejo de brincar nos acompanha por toda a vida, mas os nossos diferentes papéis sociais assumidos distraem-nos da prática regular de brincar, o que não eliminou, no entanto, o nosso desejo de fazê-lo. O jogo quer em crianças, em adultos ou em idosos é das melhores formas de transmitirmos uma mensagem e de nos divertirmos. (JACOB, 2007).

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Figura 9: Terceira pergunta da Escala de Depressão Geriátrica.

Contexto muito comum, frequentemente enfrentado por idosos são situações como a saída dos filhos de suas casas, o distanciamento de seus familiares, a perda do companheiro ou companheira por morte ou separação, o distanciamento do mundo do trabalho com o momento da aposentadoria são algumas das sensações que pode ocasionar a solidão, o sentimento de vazio (Figura 9) e a depressão que é bastante comum em idosos que vivem ou não em asilos, não sendo diferente o que podemos perceber através do gráfico acima, o que acontece entre os idosos pesquisados em Tangará da Serra.

Oliveira e Cupertino (2005), também destacam esses fatores ao relacionarem essas causas a depressão. Para esses autores [...] “Problemas de saúde (tanto do próprio idoso como de outros), relações conjugais, problemas financeiros, aposentadoria e aborrecimentos diários” (figura 10), são as principais causas de depressão em idosos que convivem em asilos. Cabe ressaltar, ainda, que com o passar dos anos, as pessoas idosas estão freqüentemente lidando com doenças crônicas e incapacidades, com a perda de amigos e membros familiares e ainda com seus próprios impedimentos.

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Figura 10: Quarta pergunta da Escala de Depressão Geriátrica.

Acreditamos que as respostas acima refletem um pouco a condição social de origem desses idosos. Os idosos que provavelmente vieram de famílias bem estruturadas apresentam-se mais revoltados com a condição em que apresentam-se encontram e os idosos que sabem que não teriam outro lugar para ficar sentem-se felizes e agradecidos na condição de vida em que se encontram. Acreditamos que essa sensação de aborrecimento cotidiano ou a ausência dela está relacionada com a expectativa de vida que esses idosos construíram para si e com o contexto que promoveram a ida para a o Lar dos Idosos.

I3. “Eu morava a 8 anos em uma kit net né, 8 anos, ai eu tava lá e deu uma tontura assim, deu uma tontura e eu cai da cama, morava sozinho, durante 8 anos morava sozinho, cai da cama, ai levaram eu no hospital ai depois na segunda vez eu cai da cama e machucou aqui, ai fui pra Unidade Mista, acordei lá, fui inconsciente, ai eu tava lá, ai chegou uma moça, ai eu contei que moro só e... e... cai da cama, ai ela disse: eu vou fala com a Assistente social e ela vai arranja um jeito de coloca ele aqui ( no lar dos idosos), ai ela: você quer ir? e eu respondi: eu quero.

I4. Eu vim pra qui, pra resolve mesmo a aposentadoria, e nesse tempo eu to aqui até hoje”.

I5. Eu vim de Cuiabá, do hospital do câncer lá, fui transferido da santa casa e dae da santa casa eu vim pra cá”. “Eu passei três meses no hospital de lá.

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Figura 1: Porcentagem da Escolaridade dos Idosos.
Tabela 1.  Pontuação dos idosos de acordo com a Escala de Depressão Geriátrica (Yesavage) -  Versão reduzida.
Figura 4: Quinta pergunta da Escala de Depressão Geriátrica.
Figura 5: Sétima pergunta da Escala de Depressão Geriátrica.
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Referências

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