N´
umeros
ipercomplexos
−
( Uma Nova Generaliza¸c˜
ao dos N´
umeros
C
)
C
R
H−2D H−3D
ln
w
=
ln
ρ
+
iθ
+
jβ
,
se
0
≤
β
≤
π ;2
ln
ρ
+
iθ
−
jβ
,
se
−
π ≤2
β
≤
0
.
co
s
π
2
,
π
4
,
π
6
=
1
4
i
(
e
−
π
4
−
e
π
4
)
√
3
+
j
(
e
π
4
−
e
−
π
4
)
Y Z
i
R
PlanoC
j
R
Y Z
P
l
a
n
o
H
−
2
D
(
x+ y= 10
x· y= 40
eiy+jz= cosycosz+isenycosz+jsenz
X
Y Z
x y
5
X
Y Z
5
P
l
a
n
o
H
−
2
D
PlanoC
Gentil Lopes da Silva
( Uma
Nova
Generaliza¸c˜ao dos N´
umeros
C
omplexos )
Gentil Lopes da Silva
∗18 de maio de 2007
∗www.dmat.ufrr.br/
“Nenhuma produ¸c˜ao de ordem superior, nenhuma inven¸c˜ao jamais procedeu do homem, mas emanou de uma fonte ultraterrena. Portanto, o homem deveria consider´a-la um dom inspirado do Alto e aceit´a-la com gratid˜ao e venera¸c˜ao. Nestas circunstˆancias, o homem ´e somente o instrumento de uma Potˆencia Su-perior, semelhante a um vaso julgado digno de receber um conte´udo divino”.
Goethe
“O gˆenio, porque sabe encontrar rela¸c˜oes novas entre as coisas, revela-nos novas harmonias e nos aproximam do pensamento de Deus.” E=m·c2
Pietro Ubaldi
“Sois de tal modo levados a vos tomar por tipos do Universo, que credes sempre que fora do vosso mundo n˜ao h´a mais nada. Pareceis verdadeiramente com esses selvagens que nunca sa´ıram de sua ilha e crˆeem que o mundo n˜ao vai mais longe”.
O Livro dos M´ediuns
“Apenas aqueles que pensam por metades se tornam ateus, aqueles que se aprofundam em seus pensamentos e vˆeem as maravilhosas rela¸c˜oes entre as leis universais reconhecem um poder criador”.
Max Planck
“Um conceito ´e um estado vibrat´orio individualizado e delicad´ıssimo que, uma vez perdido, n˜ao mais se acha nem com a l´ogica e muito menos com a vontade, n˜ao retornando sen˜ao quando excitado por uma conex˜ao de id´eias, isto ´e, por uma nova passagem pr´oxima num estado vibrat´orio afim”.
Pietro Ubaldi/As No´ures
“. . . O matem´atico, como o pintor ou poeta, ´e um desenhista. Se os seus desenhos s˜ao mais duradouros que os deles, ´e porque s˜ao feitos com id´eias”.
G.H. Hardy
“A fus˜ao entre f´e e ciˆencia, t˜ao auspiciada, j´a se completou em meu esp´ırito: vis˜ao ´unica na substˆancia e de uma a outra eu passo unicamente por uma mudan¸ca de perspectiva visual ou de focaliza¸c˜ao de meus centros ps´ıquicos
”. Pietro Ubaldi/As No´ures
“N˜ao se pode imaginar que tenacidade de resistˆencia, que massa de in´ercia re-presenta o homem m´edio, justamente o que imp˜oe as normas da vida social”.
Pietro Ubaldi/As No´ures
“O fenˆomeno baseia-se na sintoniza¸c˜ao ps´ıquica e a mente do observador, se n˜ao afasta com suas emana¸c˜oes um objeto do microsc´opio, nem influencia um fenˆomeno f´ısico ou qu´ımico, pode paralisar, todavia, o funcionamento de um fenˆomeno psiqu´ıco. O fenˆomeno tem suas defesas e se retira em face da amea¸ca `a sua vitalidade e, ent˜ao, a ciˆencia n˜ao consegue a observa¸c˜ao, e sim, a destrui¸c˜ao”.
Pietro Ubaldi/As No´ures
“Para poder avan¸car na investiga¸c˜ao cient´ıfica e ver no ´ıntimo das coisas, ´e indispens´avel a sutiliza¸c˜ao do instrumento de pesquisa - a consciˆencia”.
Pietro Ubaldi/As No´ures
Sum´
ario
1 Os N´umeros Hipercomplexos 7
1.1 Defini¸c˜ao: N´umerosHipercomplexos . . . . 8
1.2 Propriedades das opera¸c˜oes . . . 12
1.3 Divis˜ao . . . 14
1.4 Imers˜ao deCem H. . . . 16
1.5 Imers˜ao deH−2D emH−3D . . . . 18
1.6 Forma alg´ebrica . . . 21
1.6.1 Unidade imagin´aria/Unidade hiperimagin´aria . . . 21
1.7 Forma trigonom´etrica . . . 23
1.7.1 Representa¸c˜ao gr´afica . . . 26
1.8 Potencia¸c˜ao . . . 32
1.9 Forma polar . . . 37
1.9.1 Interpreta¸c˜ao geom´etrica da multiplica¸c˜ao hipercomplexa 43 1.10 Radicia¸c˜ao . . . 53
2 Equa¸c˜oes 81 2.1 Resolu¸c˜ao da equa¸c˜aoa·w=b . . . 81
2.1.1 Resolu¸c˜ao da equa¸c˜aob·w=a . . . 85
2.1.2 Resolu¸c˜ao da equa¸c˜aoa·w−1=b. . . . 88
2.1.3 Resolu¸c˜ao da equa¸c˜aob·w−1=a. . . . 90
2.2 Resolu¸c˜ao da equa¸c˜aoa·w2=b. . . . 92
2.2.1 Algoritimo para extra¸c˜ao de ra´ızes quadradas . . . 111
3 Fun¸c˜oes Hipercomplexas de Argumentos Hipercomplexos 115 3.1 Generaliza¸c˜ao da f´ormula de Euler (26.01.07) . . . 115
3.2
Generaliza¸c˜ao de fun¸c˜oes complexas elementares
. . . 1173.2.1 Logaritmo . . . 117
3.2.2 Fun¸c˜oes trigonom´etricas com argumentos hipercomplexos. . . 122
4 Aplica¸c˜oes 131 4.1 Computa¸c˜ao Gr´afica . . . 131
4.2 Rob´otica . . . 133
4.3 Um Desafio Dirigido aos Matem´aticos do Planeta Terra . . . 133
Apˆendice . . . 138
•Da impossibilidade de uma multiplica¸c˜ao noR3 . . . 138
•Programa para multiplicar hipercomplexos . . . 139
•Programa para transformar coordenadas retangulares em polares. . 145
Aproveito esta oportunidade para resumir minha concep¸c˜ao a respeito da rela¸c˜ao entre Deus e o homem.
Algumas pessoas questionam se existe um limite para o homem (at´e onde o homem pode crescer-evoluir- ou avan¸car) ou qual a natureza do homem.
A rela¸c˜ao entre Deus e o homem pode ser entendida, parcialmente, pelo gr´afico abaixo:
✲ ✻
0 t
h(t)
D
q ✲
✻
0 t
h(t)
D
q
D−ε D+ε
δ
“O homem ´e uma fun¸c˜ao do tempo e tem em Deus uma ass´ıntota” Assim como o gr´afico aproxima-se indefinidamente de sua ass´ıntota, sem nunca toc´a-la, da mesma forma o homem ter´a a eternidade para aproximar-se de Deus, aproximar-sem nunca toc´a-lo, digo, jamais ser´a igual a Deus.
Podemos resumir isto na f´ormula:
lim
t→∞h(t) =D
Esta equa¸c˜ao encerra o seguinte significado: Dado, arbitrariamente, um n´umero ε > 0, existe um δ >0 de tal modo que h(t)−D < ε, sempre que
t > δ.
Traduzindo: Fixada uma distˆancia qualquer (ε) de Deus, sempre vai existir um instante no tempo (δ) a partir do qual a distˆancia do homem a Deus ser´a menor que aquela distˆancia fixada.
Observe que o gr´afico n˜ao parte do zero (origem), isto se deve ao fato do homem possuir natureza divina.
Ent˜ao Jesus afirmou:
- Na Lei de voces est´a escrito que Deus disse: “Voces s˜ao deuses”.(Jo˜ao, 10 : 34) Ainda no gr´afico observamos que Deus ´e uma fun¸c˜ao constante do tempo, em outras palavras, ´eimut´avel.
Cada homem individualmente encontra-se sobre algum ponto do gr´afico (falando em termos evolutivos).
Agora levando em conta o conjunto dos Esp´ıritos (isto ´e, n˜ao somente o homem, como tamb´em outros seres) podemos dizer que Deus ´e umponto de
acu-mula¸c˜aopara este conjunto. Isto ´e: a qualquer distˆancia de Deus, encontramos
Neste trabalho construimos um sistema num´erico sobre oR3: os n´umeros
Hipercomplexos−3D(uma nova generaliza¸c˜ao dos n´umerosComplexos).
Nota¸c˜ao: H, ou ainda,H−3D.
Nosso escopo, com este trabalho, ´e trazer `a baila o tema n´umeros
tridi-mensionais.
O matem´atico irlandˆes William Rowan Hamilton (1805-1865) ([2]) ao per-ceber que os n´umeros complexos poderiam ser representados por pontos no plano, isto ´e, por pares ordenados (x, y) de n´umeros reais, teve a id´eia de gene-raliz´a-los para pontos no espa¸co a trˆes dimens˜oes. Isto ´e, para ternos ordenados (x, y, z). Por nada menos que dez anos Hamilton procurou pelos n´umeros na terceira dimens˜ao sem lograr sucesso.
O que significa procurar por estes n´umeros? Eles, por acaso, estariam perdidos em algum recanto da natureza? Certamente que n˜ao; o homem - `a semelhan¸ca de Deus - tamb´em tem o poder de criar; e foi isto o que Hamilton intentou.
E como se cria um conjunto num´erico?
Respondemos: Definindo uma soma e uma multiplica¸c˜ao∗. Por exemplo:
N´umeros Complexos: (
(a, b) + (c, d) = (a+c, b+d) (a, b)·(c, d) = (ac−bd, ad+bc)
pronto! est˜ao criados os n´umeros complexos. Portanto, o que Hamilton procu-rou foi definir uma soma e uma multiplica¸c˜ao de ternos ordenados.
A soma nunca apresentou problemas, ´e f´acil, veja
N´umeros 3−D: (
(a, b, c) + (d, e, f) = (a+d, b+e, c+f) (a, b, c)·(d, e, f) = ( ?,?, ?)
O que Hamilton desejou foi preencher as trˆes interroga¸c˜oes acima.
Posteriormente ficou provada a impossibilidade de uma tal multiplica¸c˜ao. No apˆendice (p´ag. 138) reproduzimos esta prova tal como comparece em [3].
Acontece que, para a prova de uma tal impossibilidade, assume-se a hip´otese de que a multiplica¸c˜ao deve serassociativaedistributiva.
Podemos ignoraruma prova matem´atica. Isto mesmo, um teorema n˜ao encerra uma verdade absoluta no momento em que, n˜ao aceitando suahip´otese, estamos desobrigados de aceitar suatese.
Em resumo: para n´os que n˜ao exigimos, da multiplica¸c˜ao, as propriedades citadas anteriormente, os n´umeros tridimensionais s˜ao uma realidade.
De outro modo: Hamilton tentou preservar propriedades alg´ebricas (da multiplica¸c˜ao) e malogrou. N´os, a priori, preservamos uma ´unica propriedade; n˜ao alg´ebrica, mas sim geom´etrica: a rota¸c˜ao, e tivemos mais sorte.
Ademais justificaremos, com raz˜oes geom´etricas (ou ainda, “raz˜oes intr´ınsecas”), porque o “natural” ´e que em trˆes dimens˜oes (isto ´e, no R3) a
multiplica¸c˜ao n˜ao seja nem associativa e nem distributiva. Por exemplo, o -cl´assico - problema:
∗Existem condi¸c˜oes adicionais sobre estasopera¸c˜oes. Condi¸c˜oesintr´ınsecaseextr´ınsecas,
diriamos. A mais importante, dentre estas ´ultimas, - assim cremos - ´e que resultem deutilidade
“separar o n´umero 10 em duas partes tais que o produto destas seja 40.”, o qual se traduz na resolu¸c˜ao do sistema,
(
x+y= 10
x·y= 40
como se sabe, em Rn˜ao possui solu¸c˜ao, em C possui uma ´unica solu¸c˜ao; nos hipercomplexos (H−3D), como mostraremos, este problema possui infinitas solu¸c˜oes; isto se deve a raz˜oes intr´ınsecas ao espa¸co R3 (quero dizer: por dis-pormos de uma dimens˜ao a mais que noR2), isto n˜ao poderia acontecer se a multiplica¸c˜ao fosse associativa e distributiva.
H´a de se assinalar, todavia, a existˆencia de problemas insol´uveis no corpo complexoCe com solu¸c˜ao emH, por exemplo o (simples) sistema a seguir
x+y= 0 (−1·x−y)·y= 2
Acontece que, como diz o velho ad´agio popular, “onde passa um boi, passa uma boiada” , quero dizer: se existeumproblema insol´uvel emC- e com solu¸c˜ao emH- ent˜ao pode existir umainfinidadede tais problemas.
Em nosso contexto, generalizamos a equa¸c˜ao de Euler: eiy= cosy+iseny, para oR3, assim:
eiy+jz = cosycosz+isenycosz+jsenz
onde,i= (0,1,0) ej= (0,0,1). Por exemplo,e(i+j)π=e(i−j)π = 1.
Conseguimos tamb´em colocar argumentos hipercomplexos nas fun¸c˜oes tri-gonom´etricas, por exemplo,
sen π2, π4, π6=14 (eπ4 +e−π4)√3−j(eπ4 −e−π4)
Quanto `a primeira das propriedades em questionamento, como se sabe, existem ´algebras n˜ao associativas; quanto a ´algebras n˜ao-distributivas estas po-der˜ao ter interˆesse para a ciˆencia, vejamos a seguinte cita¸c˜ao ( [4], p´ag. 167 ):
“No tocante aos sistemas quˆanticos, tudo muda de figura. . . Procedendo-se analogamente ao caso cl´assico, o reticulado a que se chega, conforme Birkhoff e Von Neuman, n˜ao ´e a ´algebra de Boole, por´em um reticuladon˜ao distributivo;”. Mais ´a frente (p´ag. 169):
“Ele observa, seguindo a trilha de Birkhoff e Von Neuman, que o reticu-lado das proposi¸c˜oes da mecˆanica quˆantican˜ao ´e distributivo. Mas, em vez de considerar as opera¸c˜oes definidas entre as proposi¸c˜oes do reticulado como novas opera¸c˜oes que se superporiam aos conectivos cl´assicos, trata de mostrar que a posi¸c˜ao mais sensata ´e a de se aceitar tais opera¸c˜oes como as opera¸c˜oes de uma nova l´ogica proposicional,n˜ao distributiva, a qual, ao ser aplicada a proposi¸c˜oes relativas a fenˆomenos macrosc´opicos, recai na l´ogica cl´assica.”
Ficaremos gratos a cr´ıticas e/ou sugest˜oes.
Minha gratid˜ao maior ao bom Deus, por ter me concedido gestar e dar `a luz este trabalho. Isto ´e, assentar este tijolinho em sua magnˆanima obra.
Gentil Lopes da Silva.
Cap´ıtulo 1
Os N´
umeros
H
ipercomplexos
“Dizendo isso, gritou bem forte: ‘L´azaro, saia para fora!’ O morto
saiu. Tinha os bra¸cos e as pernas
amarrados. . . Jesus disse aos
pre-sentes: ‘Desamarrem e deixem que
ele ande’.” Jo. (43−44)
Introdu¸c˜ao: Diferen¸ca entre conjunto e estrutura
Em matem´atica s˜ao freq¨uentes conjuntos munidos de uma ou mais opera¸c˜oes, que gozam de certas propriedades. Esses conjuntos com tais opera¸c˜oes e respec-tivas propriedades constituem aquilo que denominamosestruturas alg´ebricas.
Primeiramente observamos que quando nos referimos - na maioria das ve-zes - aos “conjuntos num´ericos”Z,R,C, por exemplo; estamos nos referindo, a estes conjuntos com suas respectivas opera¸c˜oes, isto ´e, `as estruturas (Z, +,·), (R,+,·), etc. Em fun¸c˜ao do exposto sugerimos a seguinte nota¸c˜ao:
R=conjunto dos n´umeros reais; R=sistema dos n´umeros reais C=conjunto dos n´umeros complexos; C=sistema dos n´umeros complexos
Observe que, de acordo com nossa conven¸c˜ao,C=R2 e C= R2,+, ·)
Defini¸c˜ao 1(N´umero). Um “elemento” de um conjunto continuar´a a ser
cha-mado de elemento; agora, ao construirmos uma estrutura alg´ebrica sobre este
conjunto, este elemento ter´a adquirido o status de n´umero. Por exemplo, 1 ´e
um elementodo conjunto dos naturais N ={1,2,3, . . .} enquanto que 1 ´e um
n´umero da estruturaN= N,+,·.
Continuaremos a usar o s´ımbolo de pertinˆencia (∈) tanto de elemento
para conjunto quanto de n´umero para estrutura. Por exemplo,
1∈N, 1∈N
No primeiro caso 1 ´e um reles elemento do conjunto dos naturais; enquanto
no segundo caso, 1ter´a adquirido ostatusden´umerodo sistema num´erico dos
naturais.
1.1
Defini¸c˜
ao: N´
umeros
H
ipercomplexos
SejaRo conjunto dos n´umeros reais. Consideremos o produto cartesiano
R×R×R=R3:
R3=(x, y, z) :x, y, z∈R
Vamos tomar dois elementos, (a1, b1, c1) e (a2, b2, c2), de R
3, para
dar trˆes defini¸c˜oes:
(i)Igualdade: dois ternos ordenados s˜ao iguais se, e somente se, ocorre o
se-guinte:
(a1, b1, c1) = (a2, b2, c2) ⇔ a1 =a2, b1 =b2, e c1 =c2.
(ii)Adi¸c˜ao: chama-se adi¸c˜ao de dois ternos ordenados a um novo terno
orde-nado, obtido da seguinte forma:
(a1, b1, c1) + (a2, b2, c2) = (a1+a2, b1+b2, c1+c2)
(iii)Multiplica¸c˜ao: chama-se multiplica¸c˜ao de dois ternos ordenados a um novo
terno ordenado, obtido da seguinte forma:
(a1, b1, c1)·(a2, b2, c2) =
(−c1·c2,0,0), se r1 = 0 e r2 = 0 (D1)
(−c1·c2·a2
r2
,−c1·c2·b2
r2
, c1·r2), se r1 = 0 e r2 6= 0 (D2)
(−c1·c2·a1
r1
,−c1·c2·b1
r1
, c2·r1), se r1 6= 0 e r2 = 0 (D3)
(a1·a2−b1·b2)γ,(a1·b2+a2·b1)γ, c1·r2+c2·r1
, se r1 6= 0 e r2 6= 0 (D4)
Onde,
r1 = q
a2
1+b
2
1 , r2=
q
a2
2+b
2
2 e γ= 1−
c1·c2
r1·r2 Observe que,
r=pa2+b2= 0 ⇒ a2+b2= 0
⇒ a2=−b2 ⇒ a=b= 0; porquanto, a, b∈R.
Nota: J´a neste momento observe que se tomarmosc1=c2= 0 estamos de volta
aos complexosC.
Nota: Na p´ag. 139 mostramos um programa para multiplicar dois
hipercom-plexos.
Defini¸c˜ao 2(N´umeros hipercomplexos). Chama-sesistemadosn´umeros
hiper-complexos, e representamos porH, ao sistema dos ternos ordenados de n´umeros
reais para os quais est˜ao definidas a igualdade, a adi¸c˜ao e a multiplica¸c˜ao
Representaremos cada elemento gen´erico (x, y, z) ∈ H com o s´ımbolo w, portanto:
w∈H ⇔ w= (x, y, z) ∈(R3,+,·) Exemplos:
1o) Dadosw
1 = (1,2,3) ew2= (2, 0,0), calcule: w1+w2,w1·w2 ew
2
1.
Solu¸c˜ao: Temos,
(i)w1+w2= (1,2,3) + (2,0,0) = (1 + 2,2 + 0,3 + 0) = (3,2,3). (ii)w1·w2= (1,2,3)·(2,0,0). Ent˜ao,
r1 = p
12+ 22=√5, r
2 =
p
22+ 02= 2, γ= 1−√3·0
5·2 = 1, comor1 6= 0 e r2 6= 0, calculamos o produto em (D4), assim:
w1·w2 = (1·2−2·0)·1,(1·0 + 2·2)·1,3·2 + 0·
√
5= (2,4,6).
(iii)w2
1 =w1·w1 = (1,2,3)·(1,2,3). Ent˜ao,
r1 =r2 = p
12+ 22=√5, γ= 1−√3·3
5·√5 =
−4 5 , comor1 =r2 6= 0, calculamos o produto em (D4), assim:
w12= (1·1−2·2)·(−4/5),(1·2+2·1)·(−4/5),3·√5+3·√5=12 5 ,
−16 5 , 6
√
5
2o) Dadosw
1 = (−1,0,0) ew2 = (0,0,1), calcule: w1+w2,w1·w2 ew
2
2.
Solu¸c˜ao: Temos,
(i)w1+w2= (−1,0,0) + (0,0, 1) = (−1 + 0,0 + 0,0 + 1) = (−1,0,1). (ii)w1·w2= (−1,0,0)·(0,0,1). Ent˜ao,
r1 = p
(−1)2+ 02= 1, r
2 =
p
02+ 02= 0,
comor1 6= 0 e r2 = 0, calculamos o produto em (D3), assim: (−1,0,0)·(0,0,1) = −0·1·0
1 ,− 0·1·0
1 ,1·1
= (0,0,1).
(iii)w2
2 =w2·w2 = (0,0,1)·(0,0,1). Ent˜ao,
r1 =r2 = p
02+ 02= 0,
comor1 =r2 = 0, calculamos o produto em (D1), assim: (0,0,1)·(0,0,1) = (−1·1,0,0) = (−1,0,0).
3o) Dadosw
1 = (4,3,2) ew2 = (6,7,8), calculewde modo quew1+w=w2.
w1+w=w2 ⇒ (4, 3,2)+(x, y, z) = (6,7,8) ⇒
4 +x= 6,
3 +y= 7,
2 +z= 8.
⇒
x= 2, y= 4, z= 6.
Portanto,w= (2,4,6). 4o) Dadosw
1= (1,−1,2) ew2 = (1,0, 3), calculewde modo quew1·w=w2.
Solu¸c˜ao: Tomemosw= (x, y, z), ent˜ao,
w1·w=w2 ⇒ (1,−1,2)·(x, y, z) = (1,0,3), temos,
r1 = p
12+ (−1)2=√2, r
2 =
p
x2+y2,
temos dois casos a considerar,
(i)r2 = p
x2+y2= 0, isto ´e,x=y= 0. Neste caso calculamos o produto
em (D3), assim:
(1,−1,2)·(0,0, z) = −2·√z·0
2 ,−
2·z·(−1)
√
2 , z·
√
2
Ent˜ao,
(0, z·√2, z√2) = (1,0,3) ⇒
0 = 1, z·√2 = 0, z·√2 = 3.
Isto significa que n˜ao existe um n´umero hipercomplexo w = (x, y, z), com
x = y = 0, satisfazendo a condi¸c˜ao dada; logo este primeiro caso pode ser ignorado.
(ii)r2 = p
x2+y26= 0. Neste caso calculamos o produto em (D
4), assim:
(1,−1,2)·(x, y, z) =(1·x−(−1)·y)·γ,(1·y−x·(−1))·γ,2·r2+z·
√
2
onde,γ= 1−√2z
2r2 = 1−
√
2z r2
. Igualando este produto a (1, 0,3), obtemos
(x+y)·1− √
2z r2
= 1 (1.1)
(−x+y)·1−
√
2z r2
= 0 (1.2)
2r2+
√
2·z= 3 (1.3)
De (1.3), temos: 1−
√
2z r2
= 3 1− 1
r2
obtemos
(x+y)·31−r1
2
= 1 (1.4)
(−x+y)·31− 1
r2
= 0 (1.5)
De (1.4) concluimos que 1−r1
2
6
= 0, ent˜ao dividindo (1.5) por 3 1−r1
2
,
obtemos: −x+y = 0, ou ainda, x=y. Substituindo este resultado em (1.4), resulta:
(x+x)·31−√ 1
x2+x2
= 1 ⇒ x·1−√ 1 2· |x|
=1
6
Temos dois casos a considerar:
a)x >0 (|x|=x). Sendo assim, resulta,
x·1−√1
2·x
=1
6 ⇒ x=
1 + 3√2
6 =y
b)x <0 (|x|=−x). Sendo assim, resulta,
x·1−√ 1
2·(−x)
=1
6 ⇒ x=
1−3√2
6 =y
Da equa¸c˜ao (1.3) tiramos,
z= 3−2r2
√
2 =
3
√
2−2|x| portanto,
z=√3
2−2
1 + 3√2 6
=−
2 + 3√2 6 e
z′=√3
2−2
1−3√2 6
=
2 + 3√2 6
Sendo assim temos dois n´umeros que satisfazem a equa¸c˜ao w1 ·w=w2, quais sejam:
w=1 + 3
√
2
6 ,
1 + 3√2
6 ,
−2 + 3√2 6
e
w′=1−3
√
2
6 ,
1−3√2
6 ,
2 + 3√2 6
1.2
Propriedades das opera¸c˜
oes
Proposi¸c˜ao 1. A opera¸c˜ao de adi¸c˜ao define em Humaestruturadegrupo
co-mutativo, isto ´e, verifica as seguintes propriedades:
A1) Propriedade associativa;
A2) propriedade comutativa;
A3) existˆencia do elemento neutro;
A4) existˆencia do elemento sim´etrico (ou oposto).
Prova: Deixamos como exerc´ıcio.
Apenas observamos que, 0= (0,0, 0) ´e o elemento neutro para a adi¸c˜ao. Dadow= (x, y, z) temos que−w= (−x,−y,−z) ´e o seu oposto aditivo, isto ´e,
w+ (−w) =0.
Subtra¸c˜ao
Decorre da proposi¸c˜ao anterior que, dados os hipercomplexosw1 = (a1, b1, c1) e w2 = (a2, b2, c2) existe um ´unicow∈Htal quew1+w=w2. Esse n´umero
w´e chamadodiferen¸caentrew2 ew1 e indicado porw2−w1.
Proposi¸c˜ao 2. A opera¸c˜ao de multiplica¸c˜ao emHverifica as seguintes
propri-edades:
M1)Propriedade comutativa;
M2)n˜ao associativa;
M3)existˆencia do elemento neutro;
M4)existˆencia do elemento inverso;
M5)n˜ao distributiva em rela¸c˜ao `a adi¸c˜ao.
Prova: M1)Propriedade comutativa.
Dadosw1 = (a1, b1, c1) e w2 = (a2, b2, c2) emH, devemos mostrar que
w1·w2 =w2 ·w1. De acordo com a defini¸c˜ao de multiplica¸c˜ao temos quatro casos a considerar:
( 1 )r1 = 0 e r2 = 0 (D1). Nesta situa¸c˜ao, temos:
w1·w2 = (0,0, c1)·(0,0, c2) = (−c1·c2,0,0)
= (−c2·c1,0,0) = (0,0, c2)·(0,0, c1) =w2·w1. ( 2 )r1 = 0 e r2 6= 0 (D2). Nesta situa¸c˜ao, temos:
w1·w2= (0,0, c1)·(a2, b2, c2) =
−c1·c2·a2
r2
,−c1·c2·b2
r2
, c1·r2
= −c2·c1·a2 q
a2
2+b
2 2
,−c2·c1·b2 q
a2
2+b
2 2
, c1· q
a2
2+b
2 2
( 3 )r16= 0 e r2 = 0. An´alogo ao caso ( 2 ).
( 4 )r16= 0 e r2 6= 0 (D4). Nesta situa¸c˜ao, temos:
w1·w2 = (a1·a2−b1·b2)γ,(a1·b2+a2·b1)γ, c1·r2+c2·r1
= (a2·a1−b2·b1)γ,(a2·b1+a1·b2)γ, c2·r1+c1·r2
=w2·w1. M2)N˜ao associativa. Tomando, por exemplo,
w1 = (0,1,0), w2= (0,0,1), w3 = (0,0,−1). Resulta (confira),
(w1·w2)·w3 = (1,0,0)
w1·(w2·w3) = (0,1,0)
M3)Existˆencia do elemento neutro. Existe1= (1,0,0) ∈Hcom a seguinte propriedade: w·1=w, ∀w∈ H. De fato, considerandow = (a, b, c) temos dois casos a considerar:
(i)r=√a2+b2= 0 (D
2), ent˜ao,
w·1= (0,0, c)·(1,0,0) = −c·0·1 1 ,−
c·0·0 1 , c·1
= (0,0, c) =w
(ii)r=√a2+b26= 0 (D
4), ent˜ao,
w·1= (a, b, c)·(1,0,0) = (a·1−b·0)·1,(a·0+1·b)·1, c·1+0·r1
= (a, b, c) =w.
Da comutatividade da multiplica¸c˜ao decorre aunicidadedo elemento neu-tro, assim: sejam u e ˜u dois elementos neutros para a multiplica¸c˜ao. Sendo assim, ter-se-`a, por um lado,w·u=w, para todow∈H; em particular ˜u·u= ˜u (∗). Por outro lado tamb´em temos w·u˜=w, para todow∈H; em particular
u·u˜=u. Esta ´ultima igualdade pode ser reescrita como ˜u·u=u. Daqui e de (∗) concluimos queu= ˜u.
M4)Existˆencia do elemento inverso. Desejamos mostrar que,
∀w∈H∗, ∃w−1∈H/ w·w−1=1.
De fato, tomando w = (a, b, c), procuramos w′ = (x, y, z) satisfazendo
w·w′ = (1,0, 0). Vamos inicialmente supor,r
1 =
√
a2+b26= 0. A possibilidade
r2 = p
x2+y2 = 0 (isto ´e, w′ = (0,0, z)) nos conduz a uma inconsistˆencia. Consideremos ent˜aor2=
p
x2+y26= 0. Sendo assim, temos,
w·w′ = (a, b, c)·(x, y, z) = (a·x−b·y)γ,(a·y+x·b)γ, c·r2+z·r1
= (1,0,0).
Sendo assim, obtemos
(ax−by)·1− c·z
r1·r2
= 1 (1.6)
(ay+bx)·1− c·z
r1·r2
= 0 (1.7)
De (1.8), temos: 1−rc·z
1·r2
=r
2
1+c
2
r2
1
, substituindo em (1.6) e (1.7), obtemos
(ax−by)·r
2
1+c
2
r2
1
= 1 (1.9)
(ay+bx)·r
2
1+c
2
r2
1
= 0 (1.10)
De (1.9) e (1.10) concluimos queay+bx= 0, (der1 6= 0 ⇒ a6= 0 oub6= 0) supondoa6= 0, resultay=−b·x
a . Substituindo este resultado em (1.9), resulta:
a x−b(−b xa )= r
2
1
r2
1 +c
2 ⇒ x=
a r2
1
· r
2
1
r2
1+c
2 =
a a2+b2+c2.
Logo,
y=−ab ·x=−ba· a2+ba2+c2 =
−b a2+b2+c2
e,
z=−c·r2
r1
= −c
a2+b2+c2
portanto,
w′ = a
a2+b2+c2,
−b a2+b2+c2,
−c a2+b2+c2
- Vamos agora supor r1 =
√
a2+b2= 0, ent˜ao,
w′= 0 02+ 02+c2,
−0 02+ 02+c2,
−c
02+ 02+c2
= 0,0,−1 c
Temos,
w·w′= (0,0, c)· 0,0, −1
c
= −c·−1 c ,0,0
= (1,0,0) Portanto, qualquer que sejaw= (a, b, c)6= (0, 0,0), temos que:
w·w′ = (a, b, c)· a
a2+b2+c2,
−b a2+b2+c2,
−c a2+b2+c2
= (1,0,0).
Nota: Observe que tamb´em provamos que o inverso multiplicativo ´e ´unico. De
fato, o sistemaw·w′ = (1,0,0) possui uma ´unicasolu¸c˜ao.
1.3
Divis˜
ao
Devido a existˆencia do inverso multiplicativo, podemos definir em H a opera¸c˜ao de divis˜ao, simbolizada por w1
w2
, estabelecendo que w1
w2
=w1 ·w2′ =
w1·w−
1
2 , onde mudamos de nota¸c˜ao: w ′
2 =w
−1
Exemplo:
(0,1, 0)
(0,0, 1) = (0,1,0)·(0,0,1) −1
= (0,1,0)· 0 02+ 02+ 12,
−0 02+ 02+ 12,
−1 02+ 02+ 12
= (0,1,0)·(0,0,−1) Em (D3), temos:
(0, 1,0)·(0,0,−1) = −0·(−1)·0
1 ,−
0·(−1)·1 1 ,−1·1
= (0,0,−1),
portanto, (0,1,0)
(0,0,1) = (0,0,−1).
Uma observa¸c˜ao importante ´e que para resolvermos, por exemplo, a equa¸c˜ao
a·x=bem H, n˜ao ´e l´ıcito procedermos assim:
a·x=b ⇒ a−1·(a·x) =a−1·b ⇒ (a−1·a)·x=a−1·b ⇒ x=a−1·b,
uma vez que a multiplica¸c˜ao emH´e n˜ao associativa. Para resolver a equa¸c˜ao em quest˜ao devemos proceder como no exemplo 4o), p´ag. 10.
Uma outra observa¸c˜ao ´e a de que, como o produto ´e comutativo, podemos definir a multiplica¸c˜ao emHcom apenastrˆessenten¸cas, ao inv´es de quatro. A opera¸c˜ao de multiplica¸c˜ao pode ser vista (´e) uma aplica¸c˜ao: f:R3×R3→R3, definida por trˆes senten¸cas.
M5)A multiplica¸c˜ao ´e n˜ao distributiva em rela¸c˜ao `a adi¸c˜ao.
1.4
Imers˜
ao de
C
em
H
Consideremos agora a subestrutura C˜ de H na qual ˜C ´e formado pelos ternos ordenados cujo terceiro termo ´e zero:
˜
C=(a, b, c)∈R3:c= 0
Consideremos agora a aplica¸c˜aof, deCem ˜C, que leva cada (x, y)∈Cao terno (x, y,0)∈C˜, tipo assim:
C C˜
H
f
(a1, b1) (a1, b1,0) (a2, b2) (a2, b2,0)
(a1+a2, b1+b2) (a1+a2, b1+b2,0)
(a1·a2−b1·b2, a1·b2+a2·b1) (a1·a2−b1·b2, a1·b2+a2·b1,0)
f : C C˜
(x, y) (x, y,0)
Primeiramente notemos que f ´ebijetora, porquanto:
(i) todo terno (x, y,0)∈C˜ ´e o correspondente, segundof, de (x, y)∈C(isto quer dizer quef ´e sobrejetora);
(ii) Dados (x, y) ∈Ce (x′, y′)∈C, com (x, y)6= (x′, y′) os seus correspon-dentes (x, y,0)∈C˜ e (x′, y′,0)∈C˜ s˜ao distintos, de acordo com a defini¸c˜ao de igualdade de ternos ordenados (isto quer dizer quef ´e injetora).
Em segundo lugar, notemos quef preserva as opera¸c˜oes de adi¸c˜ao e mul-tiplica¸c˜ao pois,
f (a1, b1) + (a2, b2)
=f (a1+a2, b1+b2)
= (a1+a2, b1+b2,0) = (a1, b1,0) + (a2, b2,0) =f (a1, b1))
+f (a2, b2)
No que concerne `a multiplica¸c˜ao, temos
f (a1, b1)·(a2, b2)
=f (a1·a2−b1·b2, a1·b2+a2·b1)
= (a1·a2−b1·b2, a1·b2+a2·b1,0)
Observe que (a1, b1)·(a2, b2) est´a em C e como tal verifica a regra de multiplica¸c˜ao deC, isto ´e:
Por outro lado, (a1 ·a2 −b1 ·b2, a1 ·b2 +a2 ·b1, 0) est´a em H, obedecendo, portanto, as regras operacionais deste sistema. Devemos mostrar que,
(a1·a2−b1·b2, a1·b2+a2·b1,0) = (a1, b1,0)·(a2, b2,0) =f (a1, b1)
·f (a2, b2)
Para efetuar o produto (a1, b1,0)·(a2, b2,0) temos que analisar quatro alternativas, em cada uma delas devemos ter:f (a1, b1)·(a2, b2)
=f (a1, b1)
·
f (a2, b2)
. Vamos provar para a alternativa (D4) (r16= 0 e r26= 0), pois para as demais se prova de modo an´alogo. Temos,
(a1, b1,0)·(a2, b2,0) = (a1·a2−b1·b2)·1,(a1·b2+a2·b1)·1,0·r2+ 0·r1
= (a1·a2−b1·b2, a1·b2+a2·b1,0) Sendo assim,
(a1·a2−b1·b2, a1·b2+a2·b1,0) = (a1, b1,0)·(a2, b2,0) =f (a1, b1)
·f (a2, b2)
.
Devido ao fato de existir uma aplica¸c˜aof:C→C˜que preserva as opera¸c˜oes de adi¸c˜ao e multiplica¸c˜ao, dizemos queC e ˜Cs˜aoisomorfos.
Devido ao isomorfismo, operar com (x, y,0) leva a resultados an´alogos aos obtidos operando com (x, y); em raz˜ao disto, de agora em diante, faremos a
identifica¸c˜aoque se segue:
(x, y) = (x, y,0), ∀(x, y)∈C
Em particular, pela teoria dos n´umeros complexos, podemos escrever ainda,
x= (x,0) = (x,0,0), ∀x∈R Aceita estas igualdades, temos em particular que,
0 = (0,0) = (0,0,0), 1 = (1,0) = (1,0,0), a= (a,0) = (a,0,0).
Assim o corpo C dos n´umeros complexos passa a ser considerado uma
subestruturadosistema Hdos n´umeros hipercomplexos.
1.5
Imers˜
ao de
H
−
2
D
em
H
−
3
D
Consideremos agora a subestrutura H˜ de H na qual ˜H ´e formado pelos ternos ordenados cujo segundo termo ´e zero:
˜
H=(a, b, c)∈R3:b= 0
Vamos mostrar que ˜H´efechadopara as opera¸c˜oes de soma e multiplica¸c˜ao. De fato, sejam (a1,0, c1) e (a2,0, c2) dois pontos em ˜H, ent˜ao,
(a1,0, c1) + (a2,0, c2) = (a1+a2, 0, c1+c2)∈H˜ Por outro lado (ver p´ag. 8),
a1,0, c1)·(a2,0, c2
=
−c1·c2, 0,0
, se r1 = 0 e r2 = 0
−c1·c2·a2
r2
,0, c1·r2
, se r1 = 0 e r2 6= 0
−c1·c2·a1
r1
,0, c2·r1
, se r
1 6= 0 e r2 = 0 (a1·a2)γ,0, c1·r2 +c2·r1
, se r1 6= 0 e r26= 0
Onde,
r1 =|a1|, r2 =|a2| e γ= 1−
c1·c2
|a1| · |a2| De outro modo,
(a1,0, c1)·(a2, 0, c2) =
−c1·c2, 0,0
, se a1= 0 e a2= 0
−c1·c2
a2
|a2|
,0, c1· |a2|
, se a1= 0 e a26= 0
−c1·c2
a1
|a1|
,0, c2· |a1|
, se a
16= 0 e a2= 0
a1·a2−c1·c2
a1·a2
|a1| · |a2|
,0, c1· |a2|+c2· |a1|
, se a16= 0 e a26= 0
Portanto,
Consideremos agora a aplica¸c˜ao f, de H−2D em ˜H, que leva cada (x, y)∈H−2Dao terno (x,0, y)∈H˜, tipo assim:
H−2D H˜
H
f
(a1, b1) (a1,0, b1) (a2, b2) (a2,0, b2)
(a1+a2, b1+b2) (a1+a2,0, b1+b2)
(a1·a2−b1·b2, a1·b2+a2·b1) (a1·a2−b1·b2,0, a1·b2+a2·b1)
f : H−2D H˜
(x, y) (x,0, y)
Podemos mostrar que f ´e um isomorfismo. Devido ao fato de existir uma aplica¸c˜aof:H−2D → H˜ que preserva as opera¸c˜oes de adi¸c˜ao e multi-plica¸c˜ao, dizemos queH−2D e ˜Hs˜aoisomorfos.
Devido ao isomorfismo, operar com (x,0, y) leva a resultados an´alogos aos obtidos operando com (x, y); em raz˜ao disto, de agora em diante, faremos a
identifica¸c˜aoque se segue:
(x, y) = (x,0, y), ∀(x, y)∈H−2D
Em particular, pela teoria dos n´umeros hipercomplexos−2D, podemos es-crever ainda,
x= (x,0) = (x,0,0), ∀x∈R Aceita estas igualdades, temos em particular que,
0 = (0,0) = (0,0,0), 1 = (1,0) = (1,0,0), (0,1) = (0,0,1) =j.
Assim o sistema H−2D, dos n´umeros hipercomplexos bidimensionais, passa a ser considerado uma subestrutura do sistemaHdos n´umeros hipercom-plexos tridimensionais.
Em resumo, os n´umerosH−3D generalizam, a um s´o tempo, os n´umeros complexos e os hipercomplexos−2D.
Podemos ilustrar a imers˜ao de estruturas atrav´es de diagramas de Venn, assim:
C
R
Proposi¸c˜ao 3. Para todo k∈R, a seguinte identidade
k·(a, b, c) = (k a, k b,|k|c) = (
(k a, k b, k c), se k≥0; (k a, k b, −k c), se k <0.
se verifica.
Prova: Temos algumas alternativas a considerar: (i)k= 0, trivial.
(ii)k6= 0 e r2 =
√
a2+b2= 0. Temos (D
3):
k·(0,0, c) = (k,0,0)·(0, 0, c) =−0·c·k
|k| ,−
0·c·0
|k| , c· |k|
= (k0, k0,|k|c) (iii)k6= 0 e r2 =
√
a2+b26= 0. Temos (D
4):
k·(a, b, c) = (k, 0,0)·(a, b, c) = (k·a−0·b)·1,(k·b+ 0·a)·1,0·r2+c· |k|
= (k a, k b,|k|c.
Esta proposi¸c˜ao nos proporciona umfenˆomeno que n˜ao ocorre emRou emC.
Corol´ario 1. Em Ha seguinte identidade
−1·x=−x
´e falsa.
Prova: De fato, tomandox= (0,0,1), resulta,
−x=−(0,0,1) = (0,0,−1)
−1·x= (−1·0,−1·0,| −1| ·1) = (0,0,1)
Sendo assim ´e importante estar atento para o fato de que, ao contr´ario do que ocorre emR, ou emC, emH´e necess´ario distinguir entre−xe−1·x. Observe que, enquanto no primeiro caso temos o oposto aditivo dex, no segundo caso temos o produto de dois hipercomplexos: −1 = (−1,0,0) e x= (a, b, c). Observe, outrossim, que em H n˜ao vale a propriedade de cancelamento para a multiplica¸c˜ao; para se convencer disto considere a seguinte igualdade,
1·(0,0,1) =−1·(0,0,1)
Isto se deve ao fato da multiplica¸c˜ao n˜ao ser associativa. Prove a seguinte,
Proposi¸c˜ao 4. Sejama∈Rew∈H,
j·a=w ⇒
a= w
j, se a≥0; a=−wj, se a <0.
(1.11)
1.6
Forma alg´
ebrica
1.6.1
Unidade imagin´
aria/Unidade hiperimagin´
aria
Chamamosunidade imagin´ariae indicamos porio n´umero hipercomplexo (0,1,0). Notemos que
i2= (0,1,0)·(0,1,0) = (0·0−1·1)·1,(0·1 + 0·1)·1,0·1 + 0·1 = (−1,0,0) =−1,
isto ´e, a propriedade b´asica da unidade imagin´aria ´e,
i2=−1
Chamamos unidade hiperimagin´aria e indicamos por j o n´umero hiper-complexo (0,0,1). Notemos que
j2= (0,0,1)
·(0, 0,1) = (−1·1,0,0) =−1,
isto ´e, a propriedade b´asica da unidade hiperimagin´aria ´e,
j2=−1
Digamos que a unidade hiperimagin´aria tem duas propriedades b´asicas, sendo a outra dada por,
−1·j=j (1.12)
propriedade esta que n˜ao ´e partilhada pela unidade imagin´aria. A bem da verdade esta ´e apenas um caso especial da seguinte: Vamos multiplicarj pelo n´umero complexoz= (x, y,0). Temos
(0,0,1)·(x, y,0) = −1·0·x r2 ,−
1·0·y r2 , 1·r2
= (0,0, px2+y2)
Portanto,
j·z= ( 0,0,|z|)
Observe que se|z|= 1 (c´ırculo unit´ario) ent˜aoz·j=j.
Forma alg´ebrica
Dado um n´umero hipercomplexo qualquerw= (x, y, z), temos:
w= (x, y, z) = (x,0,0) + (0, y, 0) + (0, 0, z) Temos,
(i) (x,0,0) =x. (ii) Temos,
y·(0,1,0) = (y·0, y·1,|y| ·0) = (0, y,0) ⇒ y·i= (0, y,0) (iii) Sez≥0, ent˜ao (0,0, z) =z(0,0,1) =z j.
Sez≤0 (|z|=−z), ent˜ao
Tendo em conta estes resultados podemos escrever,
w= (x, y, z) = (
x+i y+j z, se z≥0;
x+i y−j z, se z≤0. (1.13)
Assim, todo n´umero hipercomplexow = (x, y, z) pode ser escrito sob a forma acima, chamadaforma alg´ebrica. O n´umero realx´e chamadoparte real de w, o n´umero real y ´e chamadoparte imagin´aria de w e o n´umero realz ´e chamadoparte hiperimagin´ariadew.
Neste momento precisamos fazer um esclarecimento assaz importante: A estas alturas o leitor j´a percebeu que a ´algebra hipercomplexa ´e “ligeiramente” distinta da ´algebra real ou complexa. Isto nos obriga a estar (bastante) atento quanto `as nota¸c˜oes. Por exemplo, consideremos as quatro express˜oes seguintes
x+i y−j z x+i y−z j x+i y+j(−z)
x+i y+z(−j)
Vejamos o significado da terceira parcela em cada uma delas:
−jz, significa: o opostodej que multiplicaz
−zj, significa: o opostodez que multiplicaj j(−z), significa: o opostodez que multiplicaj z(−j), significa: o opostodej que multiplicaz
O leitor pode mostrar, a partir da proposi¸c˜ao 3, que
−jz6=−zj=j(−z)
Podemos dar as seguintes denomina¸c˜oes a alguns hipercomplexos:
w= (0, 0, c), c6= 0, hiperimagin´ario puro;
w= (0, b,0), b6= 0, imagin´ario puro;
w= (a,0,0), real puro;
w= (a, b,0), a6= 0, b6= 0, complexo puro;
w= (a, b, c), c6= 0, hipercomplexo puro;
w= (a, b, c), a6= 0 oub6= 0;c6= 0, hipercomplexo n˜ao-singular.
Nota: Um hipercomplexo n˜ao-singular ´e um hipercomplexo puro coma6= 0 ou
1.7
Forma trigonom´
etrica
Defini¸c˜ao 3 (Conjugado). Chama-seconjugadodo hipercomplexow= (a, b, c)
ao hipercomplexow= (a,−b,−c), isto ´e:
w= (a, b, c) ⇔ w= (a,−b,−c)
Defini¸c˜ao 4 (Norma). Chama-se norma do hipercomplexo w = (a, b, c) ao
n´umero real
N(w) =a2+b2+c2
Defini¸c˜ao 5(M´odulo). Chama-sem´odulo(ouvalor absoluto)do hipercomplexo
w= (a, b, c)ao n´umero real
|w|=pN(w) =pa2+b2+c2
Nota: Alternativamente podemos usar a nota¸c˜ao: ρ, para o m´odulo. Deixamos como exerc´ıcio ao leitor, mostrar quew·w=|w|2.
Observe que o inverso dew= (a, b, c) pode ser escrito como,
w−1= a
a2+b2+c2,
−b a2+b2+c2,
−c a2+b2+c2
⇔ w−1= a
|w|2, −b
|w|2, −c
|w|2
Ou ainda,
w−1= 1
|w|2(a,−b,−c). (1.14)
Defini¸c˜ao 6 (Argumento). Chama-se argumento de um hipercomplexo w =
(x, y, z), n˜ao nulo, ao par de ˆangulos (θ, β)tal que
cosθ·cosβ= x
ρ, senθ·cosβ= y
ρ, e senβ =
z ρ.
Observe que, existe ao menos um par (θ, β) satisfazendo a defini¸c˜ao, pois
cosθ·cosβ2+ senθ·cosβ2+ senβ2=x
ρ
2
+y
ρ
2
+z
ρ
2
= x
2+y2+z2
ρ2 = 1.
Fixado o hipercomplexo w 6= 0, est˜ao fixados cosθ·cosβ, senθ·cosβ e senβ, mas os ˆangulos θ eβ podem assumir infinitos valores, congruentes dois a dois (congruˆencia m´odulo 2π).
Assim o hipercomplexow6= 0 tem argumento, (θ, β) = (θ0+ 2kπ, β0+ 2k
′π); k, k′ ∈Z (1.15) onde (θ0, β0) ´e chamadoargumento principaldew, ´e tal que
cosθ0·cosβ0 =
x
ρ, senθ0·cosβ0 =
y
ρ, e senβ0 =
e
0≤ θ0 <2π, −
π
2 ≤ β0 ≤
π
2 (1.16)
Por vezes trabalharemos com (θ0, β0) chamando-o simplesmente argu-mento dew.
Exemplos:
1o) Paraw=√3 +i, temosρ=q(√3)2+ 12+ 02= 2, ent˜ao
cosθ0·cosβ0 =
x ρ =
√
3 2
senθ0·cosβ0 =
y ρ =
1 2
senβ0 =
z ρ=
0 2 = 0
Tendo em conta (1.16), resulta
θ0 =
π
6 ⇒ θ=
π
6 + 2kπ
β0 = 0 ⇒ β= 0 + 2k′π
2o) Paraw= (0,1,1), temosρ=√02+ 12+ 12=√2, ent˜ao
cosθ0·cosβ0 =
x ρ =
0
√
2 = 0
senθ0·cosβ0 =
y ρ =
1
√
2
senβ0 =
z ρ =
1
√
2
Tendo em conta (1.16), desta ´utima equa¸c˜ao concluimos que β0 = π
4, sendo
assim resulta
cosθ0·cos π
4 = 0 ⇒ cosθ0 = 0
⇒ θ0 =
π
2
senθ0·cos π
4 =
√
2
2 ⇒ senθ0= 1 Sendo assim, temos
θ=π
2 + 2kπ, β=
π
4 + 2k ′π
3o) Paraw=−√3 + 3i−2j, temosρ=q(−√3)2+ 32+ (−2)2= 4, ent˜ao
cosθ0·cosβ0 =
x ρ =
−√3 4
senθ0·cosβ0 =
y ρ=
3 4
senβ0 =
z ρ=
−2 4 =−
Tendo em conta (1.16), desta ´utima equa¸c˜ao concluimos que β0 =− π
6, sendo
assim resulta
cosθ0·cos(− π
6) =−
√
3
4 ⇒ cosθ0 =−
1 2
⇒ θ0 =
2π
3
senθ0·cos(− π
6) = 3
4 ⇒ senθ0 = √
3 2
Sendo assim, temos
θ= 2π
3 + 2kπ, β=−
π
6 + 2k ′π
Dado um n´umero hipercomplexow= (x, y, z), n˜ao nulo, podemos escrever
w= (ρcosθ0·cosβ0, ρsenθ0·cosβ0, ρsenβ0). Sendoρ >0, podemos reescrever,
w=ρ(cosθ0·cosβ0,senθ0·cosβ0,senβ0)
chamadaforma trigonom´etricadew. Na forma alg´ebrica (equa¸c˜ao (1.13), p´ag. 22):
w=
ρ cosθ0·cosβ0+isenθ0·cosβ0+jsenβ0
, se senβ0 ≥0;
ρ cosθ0·cosβ0+isenθ0·cosβ0−j senβ0
, se senβ0 <0. (1.17)
1.7.1
Representa¸c˜
ao gr´
afica
As no¸c˜oes de m´odulo e argumento tornam-se mais concretas quando repre-sentamos os n´umeros hipercomplexosw= (x, y, z) pelos pontos do espa¸coR3,
com a conven¸c˜ao de marcamos sobre os eixos0X,0Y e0Z, respectivamente, a parte real, a parte imagin´aria e a parte hiperimagin´aria dew.
Assim a cada n´umero hipercomplexow= (x, y, z) corresponde um ´unico pontoP do espa¸coX0Y Z, assim:
0 z
X x
Y y Z
P(x, y, z)
r ρ
ρ=√x2+y2+z2
r=√x2+y2
θ0 β0
0≤θ0<2π
−π
2≤β0≤
π
2
Note que a distˆancia entrew= (x, y, z) e0= (0,0,0) ´e o m´odulo dew:
|w|=px2+y2+z2=ρ
Nomenclatura:
X0Y Z = espa¸coR3; 0X = eixo real;
0Y = eixo imagin´ario; 0Z = eixo hiperimagin´ario;
X0Y = plano complexo C;
X0Z= plano hipercomplexo−2D;
P = afixo de w.
Observa¸c˜ao: Gr´aficamente a condi¸c˜aor=√a2+b2= 0 paraw= (a, b, c)
significa que este n´umero est´a localizado sobre o eixo0Z.
Desta forma as senten¸cas que definem o produto podem ser interpretadas como:
1a) r
1 =r2 = 0. Neste caso w1 ew2 est˜ao situados sobre o eixo 0Z. Isto ´e, dois hiperimagin´arios puro s˜ao multiplicados segundoD1.
2a) r
1 = 0 e r2 6= 0. Neste caso w1 est´a situado sobre o eixo 0Z e w2 est´a situado fora deste eixo. Observe que as condi¸c˜oes (D2) e (D3), para o produto, podem ser unificadas em uma ´unica, onde fazemosr1 (our2) corresponder ao ponto que situa-se fora do eixo0Z.
3a) r
Considere, novamente, o diagrama de Venn:
C
R
H−2D H−3D
A seguir colocamos em destaque uma vers˜ao geom´etrica,
Y Z
i
R
PlanoC
j
R
Y Z
Pl an
o
H−
2D
Vimos que emHtemos−w6=−1·w. Sendo,
w= (x, y, z)
−w= (−x,−y,−z)
−1·w= (−x,−y, z)
Geometricamente −w´e uma rota¸c˜aode 180o (em torno da origem) emw;
Y Z
X
w
−w −1·w
Um problema cl´assico no contexto dos hipercomplexos
O fato de os hipercomplexos residirem em dimens˜ao 3, enquanto os com-plexos em dimens˜ao 2 isto, naturalmente, se reflete na (re) solu¸c˜ao de ummesmo problema trabalhado em um ou outro destes espa¸cos. Vejamos um exemplo do que estamos falando. Vamos resolver o cl´assico,
Problema: Separar o n´umero 10 em duas partesxeytais que o produto destas
seja 40.
Solu¸c˜ao: Devemos resolver o seguinte sistema,
(
x+y= 10 (1.18)
x·y= 40 (1.19)
1o) Resolu¸c˜ao nouniversoC.
Tirandoy na primeira equa¸c˜ao e substituindo na segunda, obtemos:
x· 10 + (−x)= 40
Aplicando a propriedade distributiva e associativa temos 10x−x2 = 40, ou
ainda,
x2−10x+ 40 = 0. Sendo assim, temos
x= −(−10)± p
(−10)2−4·1·40
2 = 5±
√ −15
Sendo assim, emC, temos uma´unicasolu¸c˜ao para este problema:
X Y
x=5+i√15
y=5−i√15 5
p
x= 5 +i√15
2o) Resolu¸c˜ao nouniversoH.
Aqui vamos fazer uma mudan¸ca de nota¸c˜ao, (
x′+y′= 10 (1.20)
x′·y′= 40 (1.21)
Tirandoy′ na primeira equa¸c˜ao e substituindo na segunda, obtemos:
x′· 10 + (−x′)= 40 (1.22) Observe que emHn˜ao podemos aplicar, na equa¸c˜ao acima, a propriedade distri-butiva da multiplica¸c˜ao em rela¸c˜ao `a adi¸c˜ao. Devemos proceder assim: fa¸camos
x′ = (x, y, z). Substituindo em (1.22), resulta (x, y, z)· 10 + (−x,−y,−z)= 40, de outro modo,
(x, y, z)·(10−x,−y,−z) = 40
Inicialmente observamos que este problema s´o tem solu¸c˜ao se considerar-mosr1 =
p
x2+y26= 0 (por que?). Sendo assim calculemos o produto anterior
emD4:
x·(10−x)−y·(−y)·γ, x·(−y) + (10−x)·y·γ, z·r2+ (−z)·r1
= 40
onde,r1= p
x2+y2,r
2 =
p
(10−x)2+y2 e γ= 1 +z2/(r
1·r2). Sendo assim, montamos o seguinte sistema
(10x−x2+y2)·1 + z
2
r1·r2
= 40 (1.23)
(−2xy+ 10y)·1 + z
2
r1·r2
= 0 (1.24)
z·(r2−r1) = 0 (1.25) De (1.23) e (1.24) concluimos que−2xy+ 10y= 0, ou ainda (−x+ 5)·y= 0. Desta equa¸c˜ao tiramosy= 0oux= 5. Ent˜ao:
I) x= 5 ⇒
r1 =r2 = p
y2+ 25
γ= 1 +y2z+252
As equa¸c˜oes (1.24) e (1.25) est˜ao satisfeitas, resta satisfazer (1.23):
(10·5−52+y2)·1 + z
2
25 +y2
= 40
Donde,
y2+z2= 15 (cilindro) Logo,
(x= 5 ) | {z } plano
∩(y2+z2= 15 )
| {z }
cilindro
II) y= 0 ⇒
r1 =|x|, r2 =|x−10|
γ= 1 +|x|·|zx2−10|
A equa¸c˜ao (1.24) est´a satisfeita, resta satisfazer (1.23) e (1.25):
(10x−x2+ 02)·1 + z
2
|x| · |x−10|
= 40
z· |x| − |x−10|= 0
Desta ´ultima equa¸c˜ao concluimos quez= 0 ou |x| − |x−10|= 0. Sez= 0, na primeira equa¸c˜ao obtemos 10x−x2= 40, a qual n˜ao tem solu¸c˜ao (porquantox
deve ser real). Se|x| − |x−10|= 0, resultax= 5; volta ao primeiro caso. Deste modo existem infinitas solu¸c˜oes para o nosso problema, todas da forma,
x′= (5, y, z), y′= (5,−y,−z), onde y2+z2= 15.
Tomando, por exemplo,z= 0, obtemosy= ±√15. Como as solu¸c˜oes s˜ao “conjugadas”, resulta:
x′= ( 5, √15,0 ), y′= ( 5,−√15,0 ) que ´e a solu¸c˜ao complexa.
Tomando, por exemplo,y= 0, obtemosz= ±√15. Como as solu¸c˜oes s˜ao “conjugadas”, resulta:
x′= ( 5, 0,√15 ), y′= ( 5,0,−√15 ) que ´e a solu¸c˜ao hipercomplexa (2−D) (ver [5]).
A equa¸c˜aoy2+z2= 15 representa umcilindro emR3, a interse¸c˜ao deste
cilindro com o plano x = 5 nos d´a um c´ırculo (eq. (1.26)), onde moram as infinitas solu¸c˜oes do nosso problema. Geometricamente temos,
X
Y Z
x′
y′
5
X
Y Z
5
Multiplica¸c˜ao na forma trigonom´etrica
Veremos a seguir que a multiplica¸c˜ao na forma trigonom´etrica se apre-senta de forma mais simples (e mais est´etica) que na forma retangular e, o que ´e melhor, nos possibilita dar uma interpreta¸c˜ao geom´etrica ao produto hiper-complexo, o que aumentar´a, substancialmente, o espectro de aplica¸c˜oes destes n´umeros.
Proposi¸c˜ao 5. Dois n´umeros na forma trigonom´etrica,
w1=ρ1(cosθ1·cosβ1,senθ1·cosβ1,senβ1)
w2=ρ2(cosθ2·cosβ2,senθ2·cosβ2,senβ2)
onde cosβ1≥0 e cosβ2 ≥0, s˜ao multiplicados da seguinte forma:
w1·w2 =ρ1ρ2 cos(θ1+θ2)·cos(β1+β2), sen(θ1+θ2)·cos(β1+β2), sen(β1+β2)
Prova: Apˆendice, p´ag. 140
Notas:
1a) Uma observa¸c˜ao importante a respeito desta proposi¸c˜ao ´e que, para
qual-quer n´umero do eixo0Z (β = π
2+k π, k∈Z) devemos tomarθ= 0 e β=
π
2
ouθ= 0 eβ=−π
2, antes de fazer a multiplica¸c˜ao.
Uma vez que pontos do eixo OZ tˆem θ indeterminado, estamos “levan-tando” esta indetermina¸c˜ao convencionando que θ = 0, n˜ao h´a nenhum mal nisto, desde que estejamos todos de acordo.
2a) Para deduzir esta f´ormula para a multiplica¸c˜ao supomos cosβ
1 ≥ 0 e
cosβ2 ≥ 0; esta n˜ao ´e uma restri¸c˜ao s´eria tendo em conta que qualquer hi-percomplexowpode ser escrito com cosβ≥0 (ver (1.15), p´ag. 23).
3a) Observe outrossim que, enquanto a multiplica¸c˜ao em coordenadas
retangu-lares (defini¸c˜ao) ´e dada em quatro senten¸cas, na forma trigonom´etrica ´e dada em apenas uma. Isto se deve `a restri¸c˜ao referida na nota anterior.
Corol´ario 2. O m´odulo do produto de dois n´umeros hipercomplexos ´e igual ao
produto dos m´odulos dos fatores. Isto ´e,
|w1·w2|=|w1| · |w2|
Prova: Basta ter em conta que, para quaisquer ˆangulosλeγ, temos:
p
(cosλcosγ)2+ ( senλcosγ)2+ ( senγ)2= 1
Proposi¸c˜ao 6. Dois n´umeros na forma trigonom´etrica,
w1=ρ1(cosθ1·cosβ1,senθ1·cosβ1,senβ1)
w2=ρ2(cosθ2·cosβ2,senθ2·cosβ2,senβ2)
onde cosβ1≥0 e cosβ2 ≥0, s˜ao divididos da seguinte forma:
w1
w2 =ρ1
ρ2
Prova: Provamos esta proposi¸c˜ao utilizando a anterior. Pois bem, tendo em conta (1.14) (p´ag. 23) escrevemos
w−21= 1
ρ2
cosθ2·cosβ2,−senθ2·cosβ2,−senβ2
= 1
ρ2
cos(−θ2)·cos(−β2), sen (−θ2)·cos(−β2), sen (−β2)
Realizando o produtow1·w−
1
2 de acordo com a proposi¸c˜ao 5, temos o resultado
desejado.
Corol´ario 3. O m´odulo do quociente de dois n´umeros hipercomplexos ´e igual
ao quociente dos m´odulos dos hipercomplexos. Isto ´e,
w1
w2 =|
w1|
|w2|
Prova: Basta ter em conta que, para quaisquer ˆangulosλeγ, temos:
p
(cosλcosγ)2+ ( senλcosγ)2+ ( senγ)2= 1
1.8
Potencia¸c˜
ao
Defini¸c˜ao 7. Sejam w um n´umero hipercomplexo e n um n´umero natural.
Potˆencia de basew e expoenten´e o n´umero wn tal que:
(
w0= 1;
wn =wn−1
·w, ∀n, n≥1.
Desta defini¸c˜ao decorre que:
w1=w0·w= 1·w w2=w1·w=w·w w3=w2·w= (w·w)·w w4=w3·w=(w·w)·w·w
Proposi¸c˜ao 7. A seguinte identidade ´e v´alida
jn= (
−1, se n ´e par;
j, se n ´e ´ımpar.
Prova: Indu¸c˜ao sobren.
1o) npar.
validade da mesma para n=k, isto ´e,jk =
−1. Mostremos que a proposi¸c˜ao continua v´alida para o pr´oximo parn=k+ 2:
jk+2= (jk·j)·j= (−1·j)·j =j·j=j2=−1
2o) n´ımpar. An´alogo.
Lema 1. Se w= (x, y, z)ent˜ao,
w2=
(−z2,0,0), se x=y= 0;
(x2−y2)· 1− z2 x2+y2
,2x y· 1− z2 x2+y2
,2zpx2+y2, se x6= 0 ou y6= 0.
Prova: Sejaw= (x, y, z). Para calcularw·w, temos duas alternativas,
1a)r=px2+y2= 0 (x=y= 0). Deste modo calculamos o produto em (D
1)
(p´ag. 8),w·w= (−z·z,0,0).
2a)r=px2+y26= 0. Deste modo calcule o produto em (D
4).
Como exemplo, calculemos (i+j)2. Temos
i+j= (0,1,0) + (0,0,1) = (0,1,1) ⇒ x= 0, y= 1, z= 1.
Sendo assim, temos
(i+j)2=(x2−y2)· 1− z 2
x2+y2
,2x y· 1− z 2
x2+y2
,2zpx2+y2
=(02−12)· 1− 1
2
02+ 12
,2·0·1· 1− 1
2
02+ 12
,2·1p02+ 12
= (0,0,2) = 2j
Exerc´ıcio: Sejaw∈H, mostre quew·(−w)∈C.
Dadow= (x, y, z)∈Hobservamos que acota dew2 tem o mesmo sinal dez. Isto significa que ao multiplicarmos um hipercomplexo por ele mesmo o resultado permanece no mesmo semi-espa¸co (z > 0 ou z < 0) de w. Vamos mostrar que isto vale para qualquer potˆencia dew.
Proposi¸c˜ao 8. Sejaw= (x, y, z)∈H. Temos,
Se wn = (x′, y′, z′), ent˜ao sign(z′) = sign(z), ∀n≥2.
Prova: Indu¸c˜ao sobren. Para n = 2 a proposi¸c˜ao decorre do lema (1).
Suponhamos a proposi¸c˜ao verdadeira paran=k. Isto ´e,
wk = (a, b, c), onde sign (c) = sign (z) (hip´otese de indu¸c˜ao) E mostremos que vale paran=k+ 1. Isto ´e,