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III) Surgiu em 1648 (com o Tratado de paz de Westfália): Somente a partir deste tratado o direito

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1º BIMESTRE / 2012

Renata Valera

SUMÁRIO

1. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO... 2

2. SOCIEDADE INTERNACIONAL ... 2

3. SURGIMENTO DA SOCIEDADE INTERNACIONAL... 2

4. EXISTÊNCIA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL ... 3

5. SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE O DIREITO INTERNACIONAL E O DIREITO INTERNO ... 3

6. “COMITAS GENTIUM”... 3

7. CONFLITO COM O DIREITO INTERNO ... 4

8. FUNDAMENTOS DO DIREITO INTERNACIONAL ... 4

9. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO INTERNACIONAL ... 5

10. FUNDAMENTOS DO DIREITO INTERNACIONAL ... 5

11. CRITÉRIOS PARA A CONCEITUAÇÃO DE DIREITO INTERNACIONAL ... 5

12. CLASSIFICAÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL ... 6

13. SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL ... 6

13.1. CONDIÇÕES ... 7

13.2. PRINCIPAIS SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL ... 7

13.3. ATORES DE DIREITO INTERNACIONAL ...10

14. FONTES DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO ...10

14.1. FONTES PRIMÁRIAS ...10

14.1. FONTES AUXILIARES ...11

15. ATOS UNILATERAIS ...12

15.1. ATOS UNILATERAIS DOS ESTADOS ...12

16. “COMITAS GENTIUM” OU CORTESIA ...13

17. TRATADOS INTERNACIONAIS ...13

17.1. NOMENCLATURAS ...13

17.2. CARACTERÍSTICAS GERAIS ...14

17.2.1. Tratados escritos: forma ...14

17.3. CLASSIFICAÇÃO ...14

17.4. CONDIÇÕES DE VALIDADE ...15

17.4.1. Habilitação de agentes ...15

17.4.2. Consentimento ...16

17.5. PROCEDIMENTO DE NEGOCIAÇÃO ...17

17.6. ENTRADA EM VIGOR ...18

17.6. EFEITOS DOS TRATADOS...18

17.6.1. Em relação às partes ...18

17.6.2. Em relação a terceiros ...19

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1. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

Conjunto de normas que regula as relações externas dos atores que compõem a sociedade internacional.

2. SOCIEDADE INTERNACIONAL

Sociedade internacional é a junção de todos os sujeitos de direito internacional sob um regulamento jurídico.

─ Sociedade é qualquer agrupamento humano.

─ Nação é qualquer agrupamento humano com identidade. Uma comunidade de pessoas com um laço espontâneo e subjetivo de identidade. Não tem ordenamento jurídico próprio.

─ Estado é um conceito semelhante ao de nação, mas difere desta porque é politicamente organizado, tem um ordenamento jurídico próprio, além de um território com um povo. Ou seja: povo + território + soberania.

Conforme Valério de Oliveira Mazzuoli: O direito internacional público rege a sociedade internacional. A formação da sociedade internacional se baseia na ideia de vontade de seus participantes, que visam objetivos comuns. Se não lograrem êxito os componentes se desligam do grupo. É uma sociedade de Estados e de organizações internacionais que se suportam mutuamente enquanto isso lhes convém e interessa. Trata-se de uma relação de suportabilidade, nada mais que isso. Por isso, não se pode falar que exista atualmente uma comunidade internacional, a despeito de a expressão ser utilizada em diversos instrumentos internacionais, porque esta pressupõe laço espontâneo e subjetivo de identidade (familiar, social, cultural, religioso).

2.1. Finalidades (art. 1º da Carta das Nações Unidas): A sociedade internacional tem por finalidade:

 paz e segurança

 desenvolvimento de relações amistosas entre as nações  cooperação entre as nações

 harmonização de ações para objetivos comuns

3. SURGIMENTO DA SOCIEDADE INTERNACIONAL

Há 3 teorias:

I) Sempre existiu: Já na Antiguidade se projetavam os institutos da arbitragem, da imunidade

diplomática, da permuta dos capturados em combate, do asilo político, etc. O tratado mais antigo registrado é o celebrado entre Lagash e Umma, cidades da Mesopotâmia, relativo à fronteira comum. Mas o tratado mais famoso da Antiguidade é, possivelmente, o de Kadesh, concluído entre Ramsés II, faraó do Egito, e Hatusil III, rei dos hititas, no século XIII a.C.

II) Nem sempre existiu: Na Antiguidade não existia direito internacional propriamente dito, como

o concebemos hoje, mas apenas um direito que se aplicava às relações entre cidades vizinhas (e não Estados), com língua comum, de mesma origem e com as mesmas crenças religiosas.

III) Surgiu em 1648 (com o Tratado de paz de Westfália): Somente a partir deste tratado o direito

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4. EXISTÊNCIA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL

Realmente existe uma sociedade internacional? Há 2 teorias, a negadora e a afirmativa:

I) Negadora: Nega a existência de uma sociedade internacional pelos seguintes argumentos:

a. O Estado é a forma mais elevada de organização social (ninguém está acima dele, não há autoridade soberana);

b. Não há autoridade coativa (para fazer seguir as leis ou punir quem não as segue – pois se houvesse uma autoridade supra-estatal, isso feriria a soberania dos Estados);

c. Não há órgão legislativo para fazer a lei internacional;

d. A existência de guerras contraria os objetivos de uma sociedade internacional.

II) Afirmativa:

a. A realidade fática demonstra que há evidências no plano internacional de que existe uma sociedade internacional, tais como as várias relações entre os Estados e a atuação de órgãos no plano internacional.

b. Nem toda lei é coativa. A coação não é essencial a um sistema jurídico.

c. No plano internacional há um ordenamento jurídico próprio, e quem faz a lei no plano internacional é o Executivo de cada Estado.

d. A guerra não nega o direito, ela é jurídica e declarada por um dos Estados (art. 84, XIX, CF). As guerras existem, mas elas não contradizem a sociedade internacional porque elas são um instrumento do direito para buscar a paz.

5. SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE O DIREITO INTERNACIONAL E O DIREITO INTERNO

Semelhanças: Diferenças:

Ordenamento jurídico: Cada Estado tem seu ordenamento, assim como a sociedade internacional. A diferença está no formato deste ordenamento. A legislação dos Estados são suas constituições, códigos, etc. A legislação da sociedade internacional são tratados, principalmente.

Imposição de sanções: Também no plano internacional há imposição de sanções aos Estados que infrinjam as normas. Existência de atos ilícitos: Também no plano internacional

existem os atos ilícitos, que podem ser a violação tanto da lei, quanto dos princípios.

Princípio da igualdade jurídica entre os membros da sociedade internacional: Todos os Estados são juridicamente iguais nas relações exteriores (art. 4º, V, CF).

Matérias: As matérias reguladas pelo Direito Internacional são diferentes das reguladas pelo Direito Interno;

Produção das normas: A forma de produção das normas de Direito Internacional e das normas de Direito Interno é diferente;

Formato da legislação: O Direito Internacional é composto por tratados, convenções, etc, enquanto o Direito Interno é composto por suas Constituições, Códigos, etc.

6. “COMITAS GENTIUM”

Trata-se da cortesia internacional, que não cria direitos nem gera deveres entre os entes de Direito Público Internacional (não é obrigatória). Ex: Cuba ofereceu sangue aos feridos americanos nos ataques às Torres Gêmeas em 11/Setembro/2011.

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7. CONFLITO COM O DIREITO INTERNO

I) Teoria dualista: O Direito Interno de cada Estado e o Direito Internacional são sistemas

independentes e distintos, e cada Direito trata de um tipo de relação.

a. Dualismo radical: O direito internacional só tem eficácia no ordenamento interno se for

recebido como lei nacional, pelo processo legislativo.

b. Dualismo moderado: O direito internacional pode ser aplicado em determinados casos

sem a necessidade de processo legislativo.

II) Teoria monista: Há uma hierarquia entre o direito internacional e o interno, devendo um

prevalecer.

a. Monismo nacionalista: O direito interno de cada Estado está acima do direito

internacional.

b. Monismo internacionalista: Prevalece o direito internacional.

8. FUNDAMENTOS DO DIREITO INTERNACIONAL

Legitimidade

Obrigatoriedade

Saber qual o fundamento do direito internacional público significa desvendar de onde vem sua legitimidade e sua obrigatoriedade, ou os motivos que justificam e dão causa a essa legitimidade e obrigatoriedade. Busca-se saber quais as razões jurídicas que explicam o motivo da aceitação do direito internacional público (legitimidade) e da aplicação obrigatória (obrigatoriedade) na sociedade internacional.

Há várias doutrinas que estudam a questão do fundamento do direito internacional público. Todas elas podem ser enquadradas em 2 principais correntes, a voluntarista e a objetivista. Há também a fundamentação do direito internacional público na regra pacta sunt servanda.

I) Voluntarista: A obrigatoriedade decorre do consentimento (vontade) dos Estados, expresso nos

tratados e convenções, ou ainda proveniente de uma vontade tácita, pela aceitação generalizada do costume internacional. Ou seja, o direito internacional público é obrigatório porque os Estados assim o desejam. O fundamento está na vontade coletiva.

 Crítica à doutrina voluntarista: Os Estados, de um momento para outro, podem modificar drasticamente sua posição original, ocasionando insegurança e instabilidade na sociedade internacional. Modificando sua vontade, desaparece o direito internacional, o que não é admissível. Defender o voluntarismo é permitir que os Estados possam a qualquer momento desligar-se unilateralmente das normas jurídicas internacionais, sem que se possa falar em responsabilidade, nem, tampouco, em violação do direito internacional.

II) Objetivista: A obrigatoriedade do direito internacional público advém da existência de

princípios e normas superiores aos do ordenamento jurídico estatal, uma vez que a sobrevivência da sociedade internacional depende de valores superiores que devem ter prevalência sobre os interesses meramente domésticos dos Estados. Tal doutrina tem como suporte os princípios e regras do direito natural, bem como as teorias sociológicas do direito e o normativismo jurídico kelseniano. A legitimidade e obrigatoriedade devem ser procuradas fora do âmbito de vontade dos Estados, ou seja, na realidade da vida internacional e nas normas que disciplinam e regem as relações internacionais.

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III) Pacta Sunt Servanda: Terceira corrente, mais moderna. O fundamento mais correto da aceitação generalizada do direito internacional público emana do entendimento de que este se baseia em princípios jurídicos alçados a um patamar superior ao da vontade dos Estados, mas sem que, contudo, se deixe totalmente de lado a vontade destes mesmos Estados. Trata-se de teoria objetivista temperada. Um Estado ratifica um tratado internacional pela sua própria vontade, mas tem que cumprir o tratado ratificado de boa-fé, sem se desviar deste propósito, a menos que o denuncie (e, então, novamente aparece a vontade do Estado como meio hábil para retirá-lo do compromisso que anteriormente assumira). Esta ideia foi consagrada no art. 26 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados: “Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa-fé”. Na regra geral, os Estados cumprem os pactos.

9. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO INTERNACIONAL

I) Não há subordinação dos sujeitos a um Estado: Não só Estado. Por mais poderoso que seja,

nenhum Estado manda nos outros. O que eventualmente ocorre é uma barganha política e/ou econômica.

II) Não há norma constitucional acima das demais: Não há uma lei maior no plano internacional.

Não há a possibilidade no plano internacional de criação de uma constituição internacional.

III) Não há atos jurídicos unilaterais obrigatórios a todos: Há atos que são acatados por uma certa

parte, mas não uma imposição a todos. Existem atos unilaterais, que possuem certa força, mas não há como impor a todos.

10. FUNDAMENTOS DO DIREITO INTERNACIONAL

I) Intercâmbio e solidariedade:

a. Intercâmbio: Cultural, econômico, social, político, estratégico ou técnico, entre os sujeitos internacionais.

b. Solidariedade: Uma vez que não há autoridade há solidariedade. A coesão deve surgir de uma coesão, harmonia. Mesmo não tendo relação nenhuma com algum país, o Estado tem de ser solidário.

II) Multiplicidade de Estados

III) Comércio internacional: É tudo que os Estados fazem. A simples saída de uma pessoa e entrada

em outro país é comércio internacional. As pessoas circulam num ambiente que não é o seu. Para tanto, é preciso ter um fio condutor. Para uma pessoa ir, há todo um trâmite.

IV) Convicções jurídicas coincidentes: Devem existir leis que permeiam todos os Estados. Todos os

Estados têm diplomacia. Mesmo que o país não assine um tratado, este vai atingi-lo. Para uns será lei; para outros, costume internacional.

11. CRITÉRIOS PARA A CONCEITUAÇÃO DE DIREITO INTERNACIONAL

Cada doutrinador dá a sua conceituação de direito internacional de acordo com o contexto em que está inserido. As definições em ciências humanas são sempre instáveis. A doutrina apresenta alguns critérios para dizer o que seria o Direito Internacional, quais sejam:

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II) Ratione materiae: Em razão da matéria. Este critério é problemático tendo em vista que muitas matérias podem ser tratadas por normas de Direito Internacional Público. Não há como, a não ser que haja um foco em algum assunto. O máximo que poderia ser feito é uma separação entre matérias civis e militares, sempre levando em consideração que matérias civis podem se tornar militares, assim que a necessidade exigir.

III) Técnico formal: Forma de criação das normas, criadas pela vontade conjugada dos Estados.

Tenta-se definir direito internacional a partir da forma de criação das normas. Direito internacional seria aquele cuja norma advém da vontade conjugada dos Estados. A crítica a este critério reside no fato de que não há só Estados na sociedade internacional, há outros sujeitos.

IV) Validade espacial da norma: Em razão do âmbito de validade da norma, que ultrapassa a

jurisdição dos Estados. O Direito Internacional é aquele cuja norma transcende as fronteiras (a jurisdição e o espaço geográfico) de um Estado ou de um organismo internacional.

12. CLASSIFICAÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL

I) Natural ou teórico: Inerente às nações, nasce com o homem. Estados livres. Regido pelos

princípios boa fé (não há entes supremos; as partes celebram acordos em respeito à boa fé) e

pacta sunt servanda (os pactos devem ser cumpridos).

II) Positivo ou prático: Um direito criado pelas pessoas, pelos Estados. Tudo que acordado,

negociado, praticado por dois ou mais sujeitos de direito internacional. Não só o que está escrito, pois existem costumes internacionais.

III) Geral ou comum: São direitos que abrangem todas as áreas do Planeta. Ex: convenção do Mar.

A convenção que criou a OIT abrange muitos Estados, mas não os obriga. Relações do Espaço. Direitos humanos. Valem para uma amplitude maior.

IV) Particular ou regional: Abrangem uma certa região. Por exemplo, a OEA. O próprio Mercosul.

V) Ius pacis: Direito da Paz. Vigente no período da paz. Predomina a diplomacia, intercâmbios culturais, econômicos. Não há ameaças, não há movimentação de tropas.

VI) Ius ad bellum: Problemas na paz. Prepara as nações para uma situação mais delicada. Conferência de Haia – complexo de leis criando regras de guerra, preservando os feridos. Vigente entre a paz e a guerra.

VII)Ius in belo: Direito da guerra. A guerra começa com um ato jurídico e termina com outro. Nesse

meio, existem muitas normas. Proibição de alvos civis, escolas, igrejas, agricultura, etc. Proibição de sabotagem. Vigente no período de guerra.

VIII) Comunitário: O único direito comunitário existente é o da união econômica européia, pois é

fruto de uma evolução.

IX) Inter estatal: Integração. MERCOSUL, Pacto Andino, NAFTA, ALCA, visam a um processo de

integração. Depois evolui até chegar a uma união econômica.

X) Organizações internacionais: Direito das organizações internacionais. Ex: Tribunal

administrativo da ONU.

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É sujeito de direito internacional aquele que tem direitos e deveres no plano do direito internacional. Sujeitos de Direito Internacional Público é toda entidade jurídica que goza de direitos e deveres internacionais e que possua a capacidade de exercê-los. O rol de sujeitos não é fixo, cada doutrinador elenca de forma diversa os sujeitos do direito internacional.

13.1. CONDIÇÕES:

O que é preciso para ser sujeito (requisitos):

I) Personalidade jurídica internacional: Capacidade para atuar juridicamente no plano

internacional. Poder exercer direitos e deveres internacionais;

II) Estrutura adequada: Ter estrutura física que permita tratar, atuar, transitar no plano

internacional, tal como possuir corpo de funcionários adequado para tal fim;

III) Compatibilidade de objetivos com o direito internacional: Ex: um sujeito que pregue violências,

rupturas com o direito internacional não pode!

13.2. PRINCIPAIS SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL:

I) ESTADO:

O Estado Nacional Soberano é o sujeito principal sujeito de Direito Internacional Público.

Figura composta por povo, território e soberania. Apesar de o direito internacional anteceder Cristo (questões de navegação, arbitragem, diplomacia, etc), esta figura só tem sentido a partir da Idade Moderna, pois antes disso a legislação de direito internacional era esparsa. As regras de direito internacional são sistematizadas pela primeira vez em 1625. Os Estados iniciam a sociedade internacional; criam um direito internacional. É o sujeito mais importante, mesmo existindo em menor número.

II) ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS GOVERNAMENTAIS:

Não se confundem com as ONGs (organizações não governamentais), que podem ser nacionais ou internacionais.

As Organizações Internacionais (OIs) são criadas por Estados, e tem vontade própria (Ex: ONU. Tem 193 estados componentes, mas cada um destes países tem sua vontade própria, que é diferente da vontade da OI que integram. É como se fosse um clube de pessoas físicas, onde cada sócio tem sua vontade, mas o clube pode ter outra).

Este sujeito surge com o tratado de paz de Versalhes em 1919. Neste tratado surgem algumas propostas:

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 A segunda proposta foi da França, que propôs a criação de uma OI do trabalho (OIT). Isso se deveu aos observados abusos à pessoa humana, que se deram em virtude da Rev. Industrial. Quando começaram, o estado não intervia. Surgiram então, movimentos sociais que se insurgiram contra este tratamento que os trabalhadores sofriam. Esses movimentos conquistaram algumas mudanças pequenas, e ainda não suficientes. Contudo, a segunda metade do século XIX foi muito rica no sentido de palestras/seminários sobre o trabalho (mas ainda sem a presença estatal). Em agosto de 1914 ocorreria, na Suíça, uma reunião para discutir estes problemas referentes ao trabalho. Porém, antes de ela acontecer, estoura a Primeira Guerra Mundial. Ao terminar a guerra, surge a OIT.

 Não havia menções se as OIs eram pessoas com personalidade jurídica de direito internacional, ou não.

 Conflito entre Palestina e Israel.

 CIJ (Corte Internacional de Justiça) é órgão da ONU, mas é independente.

 A ONU passa a ter personalidade jurídica de direito internacional. As OIs que vem depois também.  Protocolo de Rio Preto

 Tratado de Assunção, arts. 34 e 35

 Empresas transnacionais não são OIs, porque seu objetivo é só o lucro, e isso descaracteriza o Estado.

 ONGs não são OIs. É sempre uma ONG nacional, registrada num país, mas com atuação que transcende as fronteiras do país. Não existem ONGs internacionais.

III) CRUZ VERMELHA:

Organização de assistência humanitária. Atua em todo o mundo de forma neutra e imparcial, protegendo e assistindo as pessoas afetadas por conflitos armados ou perturbações internas.

A doutrina é quase unânime em considerar esta ONG, somente, como sujeito internacional.

Piemont. Unificação da Itália. Henry Dunnant. Batalha de Solferino. Percebiam que os feridos ficaram no campo e ninguém ajudava eles. Dunnant vai a província mais próxima de Solferino e consegue fazer com que os habitantes tragam água aos feridos. Descreve um monte de coisa triste... feridos bebendo poças de sangue por estarem com muita fome e sede... volta para a Suíça e conta o que viu. Cria uma entidade humanitária (1863) para ajudar os feridos de batalha, atuando fora da Suíça. A Cruz Vermelha não está vinculada ao governo da Suíça.

IV) HOMEM (INDIVÍDUO):

Sozinho, o homem, como indivíduo, não é sujeito de direito internacional, porque ele não pode atuar no plano internacional. No plano internacional se percebia a proteção do Estado, e do homem só como elemento dele.

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Este é um sujeito atípico. Tem mais direitos que deveres. É possível um homem ter deveres no plano internacional?

 Genocídio? O genocídio é a morte (“cídio”) de um povo (“genos”).

 Crimes contra a humanidade?

 Extermínio em massa. Extermínio de judeus, ciganos, armênios, ..., grupos raciais, étnicos ou

religiosos , ..., durante a 2ª Guerra Mundial.

 Genocídio: Estatuto de Roma, arts. 6º e 7º. Na Alemanha nazista era uma política de Estado, mas

era praticado por pessoas.

 Os agentes desses crimes são homens, que são sujeitos de direito internacional que tinham o

dever de não poder praticar estes crimes.

 Certas situações só podem ser cometidas ou sofridas por homens, p. ex.: genocídio, contrabando

de armas, tráfico de pessoas etc.

 Todo direito destina-se ao homem. Com a Declaração dos Direitos Humanos o ser humano como indivíduo passa a ser um sujeito de direitos porque todo direito é diretamente destinado ao Homem. Em 1948, cria-se a Comissão de Direitos Humanos. Hoje, há o Conselho de Direitos Humanos.

 O Regulamento Jurídico Internacional protege o homem perante o seu Estado e os outros Estados do mundo. Dispõe o art. 44 da Convenção Americana De Direitos Humanos (1969) - Pacto De San José Da Costa Rica, verbis:

Art. 44 - Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não-governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados-membros da Organização, pode apresentar à Comissão petições que contenham denúncias ou queixas de violação desta Convenção por um Estado-parte.

V) VATICANO:

Sujeito de direito internacional atípico.

É um Estado religioso, e não um Estado pleno. Seu objetivo é a fraternidade, não é um objetivo econômico.

É um Estado poderosíssimo, porque tem um aparato histórico que o faz assim. Tem diplomacia forte.

VI) MLN (MOVIMENTOS DE LIBERTAÇÃO NACIONAL):

São movimentos destinados à independência ou democratização de um País.

Grupos que impedem a formação de um território ou que querem libertar seu país de um grupo que o lidera. Começaram como grupos terroristas.

Ex: OLP (Organização para Libertação da Palestina). Yasser Arafat muda o tratamento da OLP para mais diplomático. OLP sempre participa quando se fala em Palestina.

MLN é sujeito quando cumpre regras mínimas de pacifismo e diálogo.

VII)CONFEDERAÇÕES DE ESTADOS:

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VIII) ENTES BELIGERANTES:

Não são todos os doutrinadores que apontam esse sujeito.

Entes beligerantes surgem quando parte do povo de um Estado, em razão de revoluções, toma parte do território daquele Estado, formando um grupo que passa a pleitear reconhecimento pelos demais sujeitos do Direito Internacional.

São guerrilhas civis rebeladas contra seu Governo em luta armada para modificação do sistema político do Estado. Não são terroristas. O reconhecimento desses sujeitos ocorre quando as facções se mostram fortes o bastante para exercer poderes semelhantes ao do Estado contra o qual se rebelam.

Os Estados conferem aos beligerantes alguns direitos e prerrogativas inerentes à condição de Estado tendo em vista o seu caráter incipiente (principiante).

O status de beligerante serve para que, ao serem julgados, possam ser julgados como militares, e não como civis (incidindo apenas nos crimes militares previstos pela legislação).

IX) INSURGENTES:

Surgem geralmente em casos de guerras internas, contra um regime colonialista ou de libertação nacional, mas sem controle político de determinada área do Estado.

O reconhecimento da insurgência não cria automaticamente direitos e deveres em favor dos revoltos, mas sempre depende de uma manifestação formal do Estado.

MEIO AMBIENTE?

Alguns autores dizem que o Meio Ambiente Internacional é sujeito internacional.

13.3. ATORES DE DIREITO INTERNACIONAL:

ONG`s, Empresas Multinacionais e Empresas Transnacionais não são sujeitos, são ATORES de Direito Internacional.

14. FONTES DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

São os documentos ou pronunciamentos de que emanam direitos e deveres das pessoas internacionais configurando os modos formais de constatação do Direito Internacional.

Podem ser primárias ou auxiliares.

14.1. FONTES PRIMÁRIAS:

Art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça:

Artigo 38.

1. A Côrte, cuja função é decidir de acôrdo com o direito internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará:

a) as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais. que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;

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d) sob ressalva da disposição do art. 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos publicistas mais qualificados das diferentes Nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.

2. A presente disposição não prejudicará a faculdade da Côrte de decidir uma questão ex aeque et bano, se as partes com isto concordarem.

Características:

o Rol não taxativo (exemplificativo) o Sem hierarquia

o A escolha da fonte é feita no momento do julgamento.

O art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça arrola, exemplificadamente:

o Tratados internacionais: Principal fonte do Direito Internacional, mas não está

hierarquicamente acima das demais.

o Costumes internacionais: Mais antiga fonte do Direito Internacional, proveniente de

uma prática longa, reiterada e uniforme (elemento objetivo), que os sujeitos vêem como obrigatória (elemento subjetivo – conscientização das partes de que aquela prática gera consequências jurídicas entre eles; deve haver expressa concordância de que aquelas partes gerarão costume). Ex. de costume: Embaixadores não são puníveis no outro país.

o Princípios gerais de Direito: Informam e fundamentam o Direito Internacional, pois

reconhecidos em vários ordenamentos pátrios. Ex. boa-fé, coisa julgada, direito adquirido. No Brasil, estão dispostos no art. 4 da Constituição Federal (rol exemplificativo)1.

14.1. FONTES AUXILIARES:

Jurisprudência: Decisões tomadas por tribunais ou árbitros internacionais.

o Carta da ONU, art. 38, §2º - “A presente disposição não prejudicará a faculdade da Côrte

de decidir uma questão ex aeque et bano2, se as partes com isto concordarem.”

o As decisões do tribunal podem ser secundum legem (segundo a lei), praeter legem (se

houver lacuna na lei, será aplicada analogia), ou contra legem (contra a lei, o julgador não previu aquela situação na lei, assim, o juiz julgará com equidade).

Doutrina: Pareceres dados por doutrinadores publicistas de vários países.

1Art. 4º - A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

I - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção;

V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

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Equidade: Conferido ao árbitro, para aplicar a justiça no caso concreto. No art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça está disposta no item 2, verbis: “A presente disposição não prejudicará a faculdade da Côrte de decidir uma questão ex aeque et bano, se as partes com isto concordarem.”

15. ATOS UNILATERAIS

Fontes de Direito Internacional, consistentes em atos praticados por um sujeito de Direito Internacional, sem o pedido da outra parte.

Efeitos jurídicos: Visam criar direitos (para o destinatário) ou assumir obrigações (para si)

Forma: Pode ser tácita (pelo silêncio) ou expressa (por manifestação formal)

Espécies:

o Atos unilaterais dos Estados

o Atos das organizações internacionais

15.1. ATOS UNILATERAIS DOS ESTADOS:

15.1.1. TIPOS:

I)Notificação: Objetiva dar conhecimento a outros sujeitos de direito internacional de algo que

aconteceu no país (ex: chefe de estado estará ausente por licença alguns meses).

o Pode ser:

─ Obrigatória (ex: bloqueio pacífico dos portos; saída do Mercosul, cf. arts. 22 e 28 do Tratado de Assunção; bem como art. 21 do mesmo tratado, que determina que, caso um Estado queira se retirar do tratado, é obrigatória a notificação aos demais países signatários3)

─ Facultativa (ex: quem é o novo presidente). Em geral é facultativa.

o Objeto: Não é necessariamente jurídico (ex: Rússia vai notificar os demais Estados de

que vai fechar determinado espaço do mar – que é de todos – porque irá esperar a queda de um satélite).

II)Silêncio: Não implica em consentimento. Significa desconhecimento da situação ou

impossibilidade de expressar a vontade, mas deve ser analisado de acordo com o caso concreto. Exemplos: (I) Se um Estado está cobrando outro por uma dívida, e o Estado cobrado não responde (silencia), pode ser porque ele nem sabe da dívida (pois não foi notificado a respeito de sua existência). (II) O Estado silencia a respeito de determinado assunto porque estava sendo ocupado, então havia problema nas comunicações. (III) O Estado silencia sobre determinado assunto porque estava em guerra interna, então não teve tempo de se manifestar porque estava em jogo a própria existência desse Estado! Mas, se não se manifestou por negligência, considera-se silêncio, gerando a obrigação!

III) Protesto: Declarar a repulsa a um ato, para que não se torne costume ou lhe seja prejudicial.

3 Art. 21 - O Estado Parte que desejar desvincular-se do presente Tratado deverá comunicar essa intenção aos

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IV) Denúncia: Saída amigável de um tratado.

V)Renúncia: Renunciar a direitos, devendo ser de forma expressa e inequívoca. Ex: Renúncia de

dívida.

VI) Adesão: Se dá quanto um Estado adere a um tratado já em curso. Ele não discute mais o tema, apenas adere, aceitando ou não o tratado.

VII)Ratificação: É um ato em que um Estado celebra um acordo com outro, que leva ao Poder Executivo para ratificar; concordar com o tratado.

VIII)Promessa: De realizar determinado ato. Uma vez feita, o sujeito fica obrigado (promessa é dívida!)

IX) Reconhecimento de Estados ou Governo: Permite que um novo Estado integre a comunidade

internacional, podendo-se iniciar relações diplomáticas com o mesmo.

X) Oferta e aceitação: Solução diplomática de conflitos, através de mediação feita por um

terceiro.

XI) Atos inominados: Às vezes estão baseados num tratado. Ex: O direito de cada um dos Estados

de determinar seu limite de mar territorial. No plano interno é apenas um decreto, no plano internacional é um ato unilateral sem nome. Não estão previstos na lei como fontes.

16. “COMITAS GENTIUM” OU CORTESIA

Ato praticado por um Estado em benefício de outro, mas não é fonte de Direito Internacional, pois não cria direitos ou obrigações, sendo:

Dever-faculdade sua prática não é obrigatória, mas cria melhores relações entre os países  Unilateral independentemente de pedido do outro Estado

Aleatório pode ser realizado em benefício de outro Estado, e não ser em relação a outro, ainda que em situação idêntica

Diferente do costume pois o costume constitui obrigação, mas a cortesia não

17. TRATADOS INTERNACIONAIS

É um ato jurídico bi ou plurilateral que os sujeitos de DIP (Direito Internacional Público) celebram entre si com o propósito de criar relações jurídicas mútuas, regidos pelo DIP, feitos de livre e espontânea vontade.

Duas Convenções regulam os tratados internacionais: ─ Convenção de Viena de 1969 (Direito dos Tratados) ─ Convenção de Viena de 1986

17.1. NOMENCLATURAS:

Conforme os sujeitos, ou a matéria de que tratam, recebem nomenclaturas diversas:  Carta– institui organizações internacionais. P.ex. Carta das Nações Unidas

Estatuto– institui tribunais internacionais. P.ex. Estatuto da Corte Internacional de Justiça  Convenção tratados com muitos países. P.ex. Convenção de Viena

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Concordata entre o vaticano e outro país, de conteúdo religioso

17.2. CARACTERÍSTICAS GERAIS:

Os tratados podem ser:

Oral: Se dá por questões singelas (não pode ser sobre armas nucleares, p. ex.).  Escrito: Em regra, os tratados são escritos.

Em um ou mais instrumentos: Pode ser que a constituição do tratado tenha sido feita por vários

atos. Esta não é a regra, mas acontece!

17.2.1. TRATADOS ESCRITOS: FORMA:

Os tratados escritos têm formato semelhante ao das leis:

PreâmbuloPartes, lugar e objeto de que trata; introito; parte vestibular do tratado.  Parte dispositiva– Artigos que disciplinam a matéria.

Anexos Contém aquilo que não faz parte do tratado, p.ex., cronograma de execução. Não é obrigatório que haja anexos, apenas se for necessário.

17.3. CLASSIFICAÇÃO:

I) QUANTO À QUANTIDADE DE SUJEITOS:

Bilaterais – somente entre 02 sujeitos de Direito Internacional

Multilaterais –mais de 02 sujeitos de Direito Internacional

II) QUANTO À QUALIDADE DAS PARTES:

 Estado X Estado

 Organização Internacional X Organização Internacional  Estado X Organização Internacional

 Ex: Acordo de Oslo.

III) QUANTO AO OBJETO:

Não militares

Militares

IV) QUANTO À NATUREZA JURÍDICA:

Tratados-lei – Criam normas gerais, de validade “erga omnes”. Tratados celebrados entre

muitos sujeitos com o objetivo de fixar normas de Direito Internacional. Aplicam-se a todos que se enquadrarem na previsão legal. Ex: Convenção da ONU, Convenção de Viena sobre direitos dos tratados.

Tratados-contrato – Criam normas somente entre as partes. Possuem partes e objetos

definidos. O tema é especificado. Ex: Tratado de Itaipu, Tratado de fronteira ou tratado de transferência de tecnologia.

Tratados-quadro – Criam critérios e mecanismos para fomentar um futuro tratado, ou seja,

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Assunção, em que os Estados Partes decidem formar um mercado comum que ainda será constituído.

17.4. CONDIÇÕES DE VALIDADE:

Partes capazes – Sujeitos de Direito Internacional (exceto ONGS e indivíduos).

Agentes habilitados – Pessoas que tem poder para representar as partes.

Consentimento mútuo – Livre de vícios de vontade.

Objeto –Lícito, possível e determinado ou determinável.

17.4.1. HABILITAÇÃO DE AGENTES:

Art. 7 da Convenção de Viena Plenos Poderes

1. Uma pessoa é considerada representante de um Estado para a adoção ou autenticação do texto de um tratado ou para expressar o consentimento do Estado em obrigar-se por um tratado se:

a) apresentar plenos poderes apropriados; ou

b) a prática dos Estados interessados ou outras circunstâncias indicarem que a intenção do Estado era considerar essa pessoa seu representante para esses fins e dispensar os plenos poderes.

2. Em virtude de suas funções e independentemente da apresentação de plenos poderes, são considerados representantes do seu Estado:

a) os Chefes de Estado, os Chefes de Governo e os Ministros das Relações Exteriores, para a realização de todos os atos relativos à conclusão de um tratado;

b) os Chefes de missão diplomática, para a adoção do texto de um tratado entre o Estado acreditante e o Estado junto ao qual estão acreditados;

c) os representantes acreditados pelos Estados perante uma conferência ou organização internacional ou um de seus órgãos, para a adoção do texto de um tratado em tal conferência, organização ou órgão.

Os agentes são considerados habilitados em razão de:

Cargo –o Chefe de Estado e seu vice (de forma privativa); o Ministro de Relações Exteriores e o

Chefe de Missões Diplomáticas (de forma delegada)

Carta de Plenos Poderes –mandato conferido, normalmente ao Chefe de uma Delegação

(diplomata) ou Comissão, para representar o país ou a organização

OBSERVAÇÃO: Em alguns países, o Chefe de Governo também é habilitado em razão do cargo.

Os representantes de um Estado, para a adoção ou autenticação do texto de um tratado, ou para expressar o consentimento do Estado em obrigar-se a suas disposições, demonstram a sua capacidade mediante a apresentação dos plenos poderes.

O artigo 7º da Convenção de 1969 diz que os plenos poderes podem ser dispensados no caso de chefes de Estado ou de governo e dos ministros das relações exteriores.

A carta de plenos poderes deverá ser firmada pelo Chefe de Estado ou pelo Ministro das Relações Exteriores.

O Chefe do poder Executivo é quem tem habilitação para celebrar tratados, contudo, esta função pode ser delegada quando se precisa discutir a matéria.

CHEFE DO ESTADO/GOVERNO: Possui representação originária. Delega as suas atribuições para as

próximas figuras, que estão em ordem hierárquica após o chefe de governo.

PLENIPOTENCIÁRIOS: São os Ministros de Relações Exteriores. Tem representação derivada. São

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celebrar acordos. Já os demais Ministros (internos), quando forem representar o seu Estado fora do Brasil, devem apresentar a carta de plenos poderes.

Outras pessoas que não se encaixam nas categorias acima, mas que são especialistas em algum assunto, tais como juristas, físicos, etc, se forem representar o Estado no exterior, necessitarão de procuração de plenos poderes.

DELEGAÇÕES NACIONAIS: Os Estados que querem discutir determinados temas em pautas, devem

enviar seus delegados especialistas em tais temas. Assim, forma-se a delegação de determinados temas que é enviada pelo seu país para a negociação. Exemplo: Rio + 20.

17.4.2. CONSENTIMENTO:

O tratado é um acordo de vontades e, como tal, a adoção de seu texto efetua-se pelo consentimento de todos os Estados que participam na sua elaboração.

A convenção de Viena de 1969 estipula em seu art. 11 que “o consentimento de um Estado em obrigar -se por um tratado pode manifestar--se pela assinatura, troca de instrumentos constitutivos do tratado, ratificação, aceitação, aprovação ou adesão, ou por quaisquer outros meios, se assim acordado”.

VÍCIOS DE VONTADE (arts. 48 a 52 da Convenção de Viena)

ERRO:

Se a parte supunha fato ou situação essencial, na verdade inexistente.

Artigo 48 da Convenção de Viena de 1969:

1. Um Estado pode invocar erro no tratado como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado se o erro se referir a um fato ou situação que esse Estado supunha existir no momento em que o tratado foi concluído e que constituía uma base essencial de seu consentimento em obrigar-se pelo tratado.

2. O parágrafo 1 não se aplica se o referido Estado contribui para tal erro pela sua conduta ou se as circunstâncias foram tais que o Estado devia ter-se apercebido da possibilidade de erro.

3. Um erro relativo à redação do texto de um tratado não prejudicará sua validade; neste caso, aplicar-se-á o artigo 79.

DOLO:

Pela conduta fraudulenta da outra parte em influenciar a decisão.

Artigo 49 da Convenção de Viena de 1969:

Se um Estado foi levado a concluir um tratado pela conduta fraudulenta de outro Estado negociador, o Estado pode invocar a fraude como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado.

CORRUPÇÃO DO REPRESENTANTE DO ESTADO:

Que agiu em interesse próprio, e não do país.

Artigo 50 da Convenção de Viena de 1969:

Se a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado foi obtida por meio da corrupção de seu representante, pela ação direta ou indireta de outro Estado negociador, o Estado pode alegar tal corrupção como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado.

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Que agiu por ter sido coagido. É ameaçado fisicamente ou psicologicamente.

Artigo 51 da Convenção de Viena de 1969:

Não produzirá qualquer efeito jurídico a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado que tenha sido obtida pela coação de seu representante, por meio de atos ou ameaças dirigidas contra ele.

COAÇÃO DO ESTADO:

Por outro Estado, seja por emprego de ameaça, força ou embargos econômicos.

Artigo 52 da Convenção de Viena de 1969:

É nulo um tratado cuja conclusão foi obtida pela ameaça ou o emprego da força em violação dos princípios de Direito Internacional incorporados na Carta das Nações Unidas.

17.5. PROCEDIMENTO DE NEGOCIAÇÃO:

(1) NEGOCIAÇÃO

- Agentes Podem negociar os agentes habilitados (vide acima)

- Idioma Convencionado pelas partes, mas o inglês é considerado idioma oficial

- Local Tratando-se de acordo bilateral, será o país onde não foi feito o último tratado entre eles

- Forma A negociação pode ser bilateral ou coletiva

(1.1) Adoção do texto

O texto é escolhido por maioria de 2/3 dos Estados presentes e votantes, entre várias minutas, mas pode-se convencionar diversamente.

(1.2) Autenticação do texto

Consiste na assinatura dos agentes habilitados.

(2) CONSENTIMENTO

(2.1) Assinatura:

- Não gera efeitos jurídicos

- Compromisso de levar para o Parlamento (Congresso Nacional)

(2.2) Aprovação legislativa:

Após a assinatura, o tratado vai para o Congresso Nacional, que discute e aprova / não aprova / aprova com ressalvas.

Se aprova, encaminha para o Presidente para que ele ratifique.

OBS: Adesão: É um tipo de consentimento, mas ocorre quanto o tratado já esta em vigor.

Assim, quem adere não discute o conteúdo do tratado, apenas aceita.

(3) RATIFICAÇÃO

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Se ratificar, o faz por carta de ratificação.

Não existe prazo para a ratificação de tratados.

(4) PROMULGAÇÃO

Decreto de Promulgação.

(5) REGISTRO

Art. 102 da Carta da ONU Art. 80 da Convenção de Viena

Registro do tratado na Secretaria da ONU (para surtir efeitos em face de todos os signatários).

Caso o país não registre na ONU, não poderá recorrer à mesma para solucionar qualquer conflito sobre o tratado.

(6) DEMAIS PROCEDIMENTOS

INTERPRETAÇÃO: Pelos Estados interessados, nos mesmos moldes da interpretação dada às leis

internas, utilizando-se o idioma oficial do tratado, a fim de evitar divergências terminológicas.

REVISÃO: Poderá ser alterado a qualquer tempo pelas partes, entretanto, as alterações

somente terão validade para os países que anuírem com a mudança.

17.6. ENTRADA EM VIGOR:

A entrada em vigor não é automática, depende de um prazo. Não é com a publicação, pois não tem. Normalmente, entra em vigor no prazo de 2 anos.

Artigo 24 - Entrada em vigor

1. Um tratado entra em vigor na forma e na data previstas no tratado ou acordadas pelos Estados negociadores.

2. Na ausência de tal disposição ou acordo, um tratado entra em vigor tão logo o consentimento em obrigar-se pelo tratado seja manifestado por todos os Estados negociadores.

3. Quando o consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado for manifestado após sua entrada em vigor, o tratado entrará em vigor em relação a esse Estado nessa data, a não ser que o tratado disponha de outra forma.

4. Aplicam-se desde o momento da adoção do texto de um tratado as disposições relativas à autenticação de seu texto, à manifestação do consentimento dos Estados em obrigarem-se pelo tratado, à maneira ou à data de sua entrada em vigor, às reservas, às funções de depositário e aos outros assuntos que surjam necessariamente antes da entrada em vigor do tratado.

17.6. EFEITOS DOS TRATADOS:

17.6.1. EM RELAÇÃO ÀS PARTES:

Pacta sunt servanda (art. 27 da Convenção de Viena)

Artigo 27 - Direito Interno e Observância de Tratados

(19)

17.6.2. EM RELAÇÃO A TERCEIROS:

Não cria deveres – consentimento (art. 34 a 36 da Convenção de Viena).

Artigo 34 da Convenção de Viena de 1969:

Um tratado não cria obrigações nem direitos para um terceiro Estado sem o seu consentimento.

Artigo 35 da Convenção de Viena de 1969:

Uma obrigação nasce para um terceiro Estado de uma disposição de um tratado se as partes no tratado tiverem a intenção de criar a obrigação por meio dessa disposição e o terceiro Estado aceitar expressamente, por escrito, essa obrigação.

Artigo 36 da Convenção de Viena de 1969:

1. Um direito nasce para um terceiro Estado de uma disposição de um tratado se as partes no tratado tiverem a intenção de conferir, por meio dessa disposição, esse direito quer a um terceiro Estado, quer a um grupo de Estados a que pertença, quer a todos os Estados, e o terceiro Estado nisso consentir.

Presume-se o seu consentimento até indicação em contrário, a menos que o tratado disponha diversamente.

2. Um Estado que exerce um direito nos termos do parágrafo 1 deve respeitar, para o exercício desse direito, as condições previstas no tratado ou estabelecidas de acordo com o tratado.

17.7. EXTINÇÃO DOS TRATADOS:

São vários os meios de extinção dos tratados.

Exemplificadamente, extinguem-se por:

Conclusão do objeto: Execução integral do objeto: acaba o tratado quando executou o objeto, o

objeto se concluiu.

Decurso de prazo: Desde que o tratado tenha prazo e que não haja prorrogação.

Novo tratado com mesmos termos e partes: Sempre que um tratado for concluído por ambas

as partes, do mesmo tema, mas tratado de forma diferente, a lei posterior vai revogar a anterior, o mesmo para os tratados.

Renúncia ou denúncia de um Estado, em tratado bilateral:

o Renúncia unilateral pelo beneficiário.

o A denúncia é admitida expressa ou tacitamente pelo próprio tratado. Ocorre na

hipótese de modificação fundamental das circunstâncias que deram origem ao tratado. É a aplicação do princípio rebus sic stantibus.

Guerra entre as partes:

o Existem tratados que entram, ou continuam, em vigor durante a guerra: (I) tratados

de guerra; (II) tratados multilaterais para os países não beligerantes.

Acordo mútuo: Quando o tratado não é mais benéfico para ambas às partes elas podem

negociar o término do tratado, mesmo o objeto não tendo sido executado.

Inexecução por uma das partes: Se essa falta de execução não atinge as outras partes, esse tratado só não vai continuar em face daquele estado que não executou o acordado.

Impossibilidade de execução

Referências

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