MARCELO REGIS STOKER
ELEDIO VERZATRATAMENTO ENDODONTICO EM SESSÃO ÚNICA OU MÚLTIPLA
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MARCELO REGIS STOKER
ELÉDIO VERZA
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- a.
TRATAMENTO ENDOD6NTICO EM SESSÃO ÚNICA OU MÚLTIPLA
Trabalho de conclusão apresentado ao Curso de Especialização em Endodontia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de
Santa
Catarina, como requisito para obtenção do titulode
Especialista em Endodontia.
Orientador: Nélson Luiz da Silveira
Florianópolis
MARCELO REGIS STOKER
ELEDIO VERZA
TRATAMENTO ENDOIDONTICO EM SESSÃO ÚNICA OU MÚLTIPLA
Este trabalho de conclusão de curso foi julgado adequado para obtenção do Titulo de Especialistas em Endodontia e aprovado em sua forma final pelo Curso de Especialização em Endodontia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, 12 de dezembro de 2003.
Prof. Dr. Nélson Luiz da Silveira Orientador
Profa. Dra. Ana Maria Heche Alves Membro
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
Agradecemos aos
professores,
principalmente ao nosso Professor
orientador que nos serviu de informaçães fundamentais para
o bom desempenhodo nosso trabalho.
Aos colegas, pela troca de conhecimento.
STOKER, Marcelo Regis; VERZA, Elédio. Tratamento endodantico em sessão única ou múltipla. 2003. 29f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Endodontia) — Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
RESUMO
0 presente estudo tem por objetivo realizar uma revisão de literatura procurando esclarecer dúvidas sobre o tratamento endodemtico em sessão única, analisando vantagens e desvantagens, prós e contras em relação ao tratamento em sessões múltiplas. Foram distribuídos questionários a profissionais da Area de Odontologia para avaliação e comparação das respostas. Em casos de biopulpectomia parece não haver grande discordância com relação ao tratamento endodõintico em sessão (mica, com o que concordam os autores deste trabalho. Já em necropulpectomia a discordância é grande, os autores que não concordam chamam a atenção para o fato de não se ter certeza da completa desinfecção do canal radicular em sessão única, o que também é o pensamento dos autores deste estudo.Nas respostas dos questionários, verificou-se que a maioria dos profissionais não realiza o tratamento endodõntico em sessão única. Aqueles que o realizam, fazem em casos de biopulpectomia, sendo exceções os profissionais que o fazem em dentes despolpados.
STOKER, Marcelo Régis; VERZA, Elédio. Tratamento endoclantico em sessão Mika ou múltipla. 2003. 29f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Endodontia) — Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
ABSTRACT
This study had the purpose to make a review of the literature about endodontic treatment in one visit by analyzing its advantages and disadvantages upon endodontic treatment in multiples sessions.Questionnaires were distributed to dentists with the objective of evaluating and comparing the answers to the author's studies conclusions in this review. In biopulpectomies cases, the comparison and evaluation showed no discordance about one visit treatment. On the other hand, in necropulpectomies there was a considerable discordance. The authors's findings call for attention to the fact that in teeth with necrosis there isn't guarantee of a complete disinfection of the root canal in such short period of work.A large number of professionals in that questionnaire do not do the one visit intervention, and if they do, they do only in biopulpectomies. A very few makes the use of one visit protocol in necrotic teeth.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 9
2 REVISÃO DE LITERATURA 11
2.1 Tratamento endodôntico em sessão única 11 2.2 Biopulpectomia e Necropulpectomia 12 2.3 Indicações e contra-indicações do tratamento endodõritico em sessão única 13 2.4 Controle da infecção e curativo de demora 14
2.5 Dor pós-operatória ló
2.6 Vantagens e desvantagens do tratamento endoWntico em sessão única 17
2.7 Técnica de modelagem 18
3 DISCUSSÃO 20
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS /3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS /4
ANEXO 27
1 INTRODUÇÃO
Torna-se muito dificil alterar conceitos há muitos anos estabelecidos, ainda que outros
tenham sido testados e aprovados com sucesso, principalmente aqueles relacionados à área de
saúde. Porém, é isto que está ocorrendo nos últimos anos quando se compara a já consagrada
técnica de tratamento endodõntico em sessões múltiplas com a técnica em sessão única.
A endodontia em sessão única agiliza o tratamento, diminui o tempo clinico,
aumentando o ganho do profissional e diminuindo o seu estresse, assim como o do paciente.
A obturação ocorre na mesma sessão em que foi realizado o preparo biomecânico, não
necessitando nenhum tipo de recapitulação em uma sessão posterior. Além disso, diminui o
risco de rompimento do selamento, com a conseqüente quebra de cadeia asséptica, o que
retarda ainda mais a conclusão do tratamento.
Os defensores do tratamento endodõntico em sessão única afirmam não ser
significativa a taxa de dor pós-operatória, assim como o percentual de sucesso, quando
comparado ao tratamento em múltiplas sessões. Outro fator que consideram importante, para
justificar o tratamento em sessão única, é a grande evolução que vem ocorrendo, nos últimos
anos, no que se refere aos instrumentos, materiais e técnicas, que acabam por tornar mais fácil
e rápida a execução da terapia endodõntica.
Se considerarmos o caso do tratamento endodiintico em dentes com polpa viva, desde 9
lo
descartados os casos com sintomatologia dolorosa aguda e, ainda, que haja disponibilidade de
tempo, seja do paciente, seja do profissional, o tratamento em sessão única é bem aceito por
grande número de profissionais.
A aceitação do tratamento endodôntico em sessão única para dentes despolpados é
menor, pois alguns fatores como curativo de demora, respeito as estruturas do endodonto e
paraendodonto, e completa desinfecção do canal radicular em sessão única, ainda são
severamente discutidos.
Visando esclarecer algumas dúvidas, este trabalho de revisão de literatura tem por
objetivo analisar vantagens e desvantagens, e analisar prós e contras do tratamento
2 REVISÃO DE LITERATURA'
2.1 TRATAMENTO ENDOD6NTICO EM SESSÃO ÚNICA
Leonardo; Filho; Leal (1980) sugeriram o tratamento endodõntico em sessão única de
acordo com o seguinte protocolo: anti-sepsia da cavidade oral, remoção de dentina cariada e
restaurações defeituosas, reconstrução dental, isolamento absoluto, remoção da polpa coronal,
irrigação cavidade pulpar, exploração do canal radicular, odontometria, preparo biomecánico,
secagem e obturação. 0 autor salientou que a obturação deve ser realizada de preferência na
mesma sessão para não haver necessidade de nenhuma recapitulação do canal radicular.
De Deus (1992) ressaltou que pouco importa o tempo ou o número de sessões gastas
no tratamento e na obturação do canal radicular se não forem obedecidas às regras biológicas
ditadas atualmente.
0 tratamento endodõntico em sessão única compreende: radiografia, diagnóstico
clinico radiográfico, isolamento absoluto, abertura coronária, neutralização coroa ápice do
conteúdo séptico, necrótico e tóxico do canal (em casos de dentes despolpados),
odontometria, esvaziamento e preparo biomecânico do canal radicular, seguido de sua
'Baseado na NBR 10520: 2002 da ABNT.
1",
obturação na mesma sessão (CARDOSO; GONÇALVES, 2002). Neste módulo de tratamento
não se usa nenhum tipo de curativo de demora, o que faria com que o tratamento tivesse no
mínimo duas sessões.
2.2 BIOPULPECTOMIA E NECROPULPECTOMIA
Calhoun e Landers (1982) realizaram um levantamento, através de questionário com
1287 especialistas em Endodontia ou Professores de Faculdade de Odontologia e constataram
que apenas 12,9% acreditam no sucesso do tratamento endod6ntico em sessão única em
dentes com necrose pulpar.
Leonardo e Leal (1991) salientaram que em dentes com polpa inflamada as paredes do
canal radicular estão livres de infecção e o correto preparo biomecânico as deixa em
condições ideais de obturação. Ressaltaram, ainda, que o controle bacteriológico não aumenta
a possibilidade de êxito em biopulpectomia. Entretanto, as sucessivas intervenções no canal
radicular favorecem sua contaminação.
Siqueira Jr. (1997) relatou que, em casos de biopulpectomia, a infecção restringe-se
porção coronária da polpa adjacente a Area de exposição. Por isso, ao remover-se a polpa
coronária, deve-se fazer a irrigação copiosa com solução anti-séptica para evitar que essas
bactérias sejam introduzidas no interior do canal. Nesses casos a obturação, se indicada, deve
ser feita na mesma sessão, evitando assim, o risco de contaminação pelo rompimento de
13
Siqueira Jr
(1997)salientou que em dentes com polpas
necrosadas,as bactérias
colonizam
ocanal
radicular,passando a agredir as estruturas
perirradiculares.Quando uma
lesão perirradicular,
com
destruição óssea,encontra-se associada a esses dentes,
pressupõeuma
infecçãode longa
duração,com
propagação bacterianapara além do canal principal, em
istmos,
reentrâncias, ramificações,deltas
etau
los dentindrios.Diogo
Filho
(2001)em levantamento nas Faculdades de Odontologia brasileiras,
constatou que
89%(oitenta
enove por cento) delas
nãoindicam
otratamento
endodõnticoem
sessão única
em dentes com necrose
pulpar e lesão periapical.2.3 INDICAÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES
DO TRATAMENTO
ENDOD6NTICOEM
SESSÃO ÚNICA:Ashkenaz (1987)
indica
otratamento
endodõnticoem
sessão únicaem dentes com
problemas de isolamento, nos quais,
otratamento
éexecutado em
sessão'Mica para
nãohaver
crescimento
gengivalque dificultaria
oisolamento absoluto na
próxima sessão eporque
odente tratado em
sessão única, nãocorre
orisco de rompimento do
selamento e contaminação.Destacou também dentes anteriores com problemas estéticos
eem dentes com trauma que
resultou em fratura horizontal a
nível gengival,nos quais,
após otratamento, em
sessão única,pode-se confeccionar uma coroa
provisória.Emdentes em que a
endodontiasera feita, para
fins restauradores
e nãopor patologia
pulpar,como ancoragem de
prótesesfixas, a
endodontiapode ser programada. Cita como
indicaçõesdentes com polpa viva
e pulpite sintomática e14
Leonardo e Leal (1991) indicam o tratamento endod6ntico em sessão única quando
houver consentimento do paciente, tempo disponível para realização do tratamento, exclusão
de qualquer dente com sintoma agudo, ou presença de exsudato persistente.
Ashkenaz (1987) contra-indica o tratamento endod6ntico em sessão única em dentes
com sintomatologia periapical. A sensibilidade A percussão é um sinal clinico de que a
inflamação se espalhou para além dos limites da polpa e do canal radicular atingindo tecidos
periapicais. 0 autor contra-indica ainda essa forma de tratamento diante de complicações
anatômicas, como canais calcificados e curvaturas muito acentuadas, pelo tempo que seria
despendido para sua resolução, e também dentes multirradiculares pelos vários obstáculos que
poderiam ser encontrados durante seu tratamento.
Leonardo e Leal (1991) não recomendam o tratamento endockintico em sessão única
em dentes que apresentam complicações anatômicas e dificuldades técnicas de tratamento
como: degraus, obstruções, trepanações e obturações inadequadas.
Weine (1998) contra-indica a conclusão do tratamento endod6ntico em sessão única
quando for constatada sobreinstrumentação durante o preparo químico mecânico.
2.4 CONTROLE DA INFECÇÃO E CURATIVO DE DEMORA
Zelante (1980) comprovou que em polpas inflamadas e expostas ao meio bucal, a
infecção estava confinada As porções mais coronárias. Analisando amostras de polpas, aquele
15
entrada dos canais radiculares, 45% das amostras mostravam-se contaminadas e próximo ao
forame, não havia infecção.
Segundo Bystrõm e Sundqvist (1983), independentemente da concentração salina, do
hipoclorito de sódio, o preparo mecânico realizado com esse anti-séptico não é capaz de
eliminar completamente a microbiota presente no sistema de canais radiculares e nas crateras
apicais.
Roane; Dryden; Grimes (1983) chamam atenção para que múltiplas sessões levam a
mais entradas no canal radicular, havendo então maior risco de infecção ou por rompimento
do selamento ou por quebra da assepsia e maior número de vezes os medicamentos, alguns
irritantes, utilizados como curativo de demora.
Leonardo e Leal (1991) contra-indicam a obturação imediata em dentes com lesão
periapical, enfatizando a necessidade de uma medicação entre sessões a base de hidróxido de
cálcio.
Assed (1996), Sjorgen (1997) e Spangberg (2002) também ressaltam a importância do
curativo de demora, para completar a desinfecção do canal radicular. Sugerem a utilização do
hidróxido de cálcio.
Siqueira Jr (1997) cita que os estudos têm demonstrado que a tecnologia atual e as
soluções irrigadoras fracassam em promover a total limpeza e desinfecção do canal radicular,
sendo necessário um curativo de demora para desinfetar saliências, reentrâncias, ramificações,
istmos, taulos dentindrios e lacunas de reabsorção cementária.
Segundo Soares et al. (1999), apesar de inegável o valor do preparo mecânico e da
solução irrigadora antisséptica, é necessário reconhecer que as bactérias podem persistir após
16
Leonardo et al. (1999) concordam com a dificuldade de desinfecção mostrando
necessidade de um curativo demora, que através da penetrabilidade atue sobre os
microorganismos não atingidos.
2.5 DOR PÓS-OPERATÓRIA
Pekruhn (1981) em estudo realizado em dentes com e sem vitalidade pulpar mostrou
que após o primeiro dia de obturação, em dentes tratados em sessão única, houve mais dor,
sendo que o total de dias com dor, contando dor entre sessões, são semelhantes.
Fava (1989, 1991) em estudos realizados em dentes despolpados, nos quais, os
tratamentos foram realizados, em uma ou duas sessões, não identificou diferença significativa
na dor pós-operatória.
Berger (1991) avaliou o sucesso relacionado a dor, nos dentes tratados em sessão
única ou múltipla, apresentando resultados similares.
Sato; Sampaio; Magalhães (1996) em revisão de literatura não encontraram resultados
com diferenças estatísticas significativas em relação a dor pós-operatória em dentes tratados
em múltiplas ou em sessão única.
Motta et al. (1997), em estudo envolvendo 205 pacientes, realizando tratamento
endodOntico em 350 dentes com necrose pulpar em sessão única obtiveram um percentual de
17
Soares et al. (2001), em estudo envolvendo 93 dentes anteriores e pré-molares com
polpa necrosada e radiolucidez periapical, utilizando hipoclorito de sódio a 1%, 2,5% e 5%
constataram 84,9% dos casos sem dor pós-operatória.
2.6 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO TRATAMENTO ENDOD6NTICO EM
SESSÃO ÚNICA
Leonardo; Filho; Leal (1980) defendem a obturação do canal radicular de forma
imediata para que não precise haver nenhum tipo de recapitulação/refamiliarização do canal
radicular.
Ashkenaz (1987) cita como vantagens a redução de consultas para o término de cada
paciente e a eliminação da contaminação entre consultas. Além disso, o tratamento
endod8ntico em sessão única permite que os procedimentos restauradores sejam iniciados de
imediato. Permite ainda que a obturação seja feita quando o cirurgião-dentista está
familiarizado com a anatomia do canal e diminui o custo tanto para o paciente quanto para o
profissional.
Rimmer (1993) descreveu que a exacerbação aguda de sintomas durante o intervalo de
tempo entre as consultas no tratamento endodemtico torna-se uma complicação, justificando,
com isso, a obturação imediata.
Fava (1999) cita como vantagens do tratamento endoantico em sessão única: o
18
borracha e usariam em uma sessão, paciente com risco de contrair endocardite bacteriana,
com ansiedade, medo e estresse pré-operatório se defrontaria apenas uma vez com essas
condições. Ressalta ainda a maior produtividade, o inicio imediato dos procedimentos
restauradores, evita a ausência prolongada do paciente e quando o tratamento deve ser
realizado com anestesia geral.
r ,
Ashkenaz (1987) citou que, se for necessário tratamento de emergência para drenagemapós realizada a endodontia em sessão única será complicado por causa da obturação,
podendo ser indicada a artifistulação ou a remoção da obturação propriamente dita. Para
cirurgiões-dentistas que cultivam a checagem de sua preparação biomecânica, essa etapa
ficará faltando nesse sistema de tratamento.
Fava (1999) cita como desvantagens do tratamento endod6ntico em sessão única:
tempo maior de sessão, com o agravante de que se o dente apresentar anatomia complexa será
preciso mais tempo. Cita a dificuldade de controle da exsudação e hemorragia, além de alertar
para que caso ocorram agudizações com necessidade de drenagem via canal, este terá de ser
desobturado. Ressalta ainda, a falta de relação entre paciente e profissional.
2.7 TÉCNICA DE MODELAGEM
Mullern et al. (1982) salientaram a importância da limpeza e patência do forame apical
19
Pekruhn (1982) enfatizou a importância de um bom preparo dos dois terços cervicais
do canal radicular com instrumentos rotatórios e, sua maior atenção em manter o forame
patente, evitando acúmulo de raspas de dentina e desvio do canal.
Fava (1989) mostrou que o preparo coroa-ápice e a patencia do forame reduzem as
chances de acúmulo de raspas de dentina infectada na região apical, melhorando o
prognóstico das obturações imediatas.
Souza Filho et al. (1991) ressaltaram a importância da técnica coroa-ápice de avanço
progressivo sem pressão apical. Para os autores essa técnica pode ter sido concebida para
possibilitar o tratamento de dentes despolpados em sessão única.
Trope (1991) ressalta a importância do preparo dos terços cervical e médio com brocas
Gates-Glidden antes do preparo apical. Para ele a patencia do forame e o preparo pela Técnica
coroa-ápice são os responsáveis pelo baixo índice de reagudizações em dentes despolpados
com ou sem lesão periapical.
Leonardo e Leal (1991) indicam o preparo coroa ápice e a patência foraminal nas
necropulpectomias em sessão única.
Coutinho; Gurgel Filho; Berlink (1995), por meio de revisão de literatura, indicam
obturação imediata em dentes despolpados respeitando os seguintes pontos: a) preparo coroa
ápice; b) preparo apical posterior ao dos dois terços cervicais; c) patência do forame;
d)iffigação com hipoclorito de sódio entre 2,5 e 5,25%; e) irrigação final com EDTA por
3 DISCUSSÃO
A revisão de literatura buscou abranger aspectos importantes no que se refere a
tratamento endodõntico em sessão única, ou sejam acesso ao canal radicular, preparo
biomecânico e obturação na mesma consulta.
Zelante (1980) e Siqueira Jr (1997) mostram que em casos de biopulpectomia mesmo
com polpa inflamada a infecção restringe-se a porção coronária da polpa adjacente à Area de
exposição. Leonardo e Leal (1991) acrescentam mostrando que em casos de polpa inflamada
as paredes do canal radicular estão livres da infecção e o correto preparo biomechnico as
deixa em condições ideais de obturação.
Quando falamos em biopulpectomia parece que não há muita discordância pelo fato de
a infecção ser mais facilmente controlada, e que trabalhos como o de Pekruhm (1981), Berger
(1991) e Sato; Sampaio; Magalhães (1996) mostram não haver diferença na dor
pós-operatória em tratamentos realizados em uma sessão do que em mais sessões. Claro, que
como cita Ashkenaz (1987) devem ser excluídos os dentes com sintomatologia periapical.
Os autores deste estudo concordam com o tratamento endodõntico em sessão única,
em casos de dentes com polpa viva, desde que haja tempo necessário e que dentes com
sintomatologia periapical, o que denota que a inflamação já atingiu os tecidos periapicais
sejam excluídos.
21
Ao abordarmos dentes com polpa necrosada, a desinfecção é o principal problema A
ser discutido. Calhoun e Landers (1982) em levantamento com 1287 especialistas em
endodontia e ou professores de Faculdade de Odontologia constataram que apenas 12,9% dos
profissionais acreditam em sucesso no tratamento endodõntico em sessão única em dentes
com polpa necrosada. Diogo Filho (2001) mostrou que 89% das Faculdades de Odontologia
brasileiras não indicam tratamento endodiintico em sessão única para dentes com polpa
necrosada.
Segundo Cardoso e Gonçalves (2002) a necrose pulpar é representada pela morte do
tecido pulpar, não havendo mais circulação sanguínea, onde o tecido pulpar é invadido por
bactérias e o canal radicular torna-se infectado. Siqueira Jr (1997) acrescenta que as bactérias
colonizam o canal radicular passando a agredir as estruturas perirradiculares e que quando há
uma lesão periapical associada se pressupõe infecção de longa duração com propagação
bacteriana para além do canal principal, para istmos reentrância, ramificações, deltas apicais e
túbulos dentinários. 0 mesmo autor salienta ainda que a tecnologia atual, e as soluções
irrigadoras fracassam em promover a total limpeza e desinfecção em todos os lugares da
propagação bacteriana sendo necessário curativo de demora.
Soares et al. (1999), Bystrõm e Sundqvist (1983), Leonardo e Leal (1991), Leonardo
et al. (1999) concordam que, só o preparo biomecfinico independente da solução irrigadora
utilizada, não é suficiente para desinfecção, pois as bactérias podem permanecer em locais
inacessíveis A. modelagem e seria necessário curativo de demora, que através da
penetrabilidade atue sobre as bactérias não atingidas durante a modelagem.
Outros autores como Mullern (1982), Fava (1989) Souza Filho et al. (1991), Trope
(1991) indicam o tratamento endodemtico em sessão única em dentes despolpados, desde que
11/11 •
DIS lies. ea 11.1*,• Pi
• ••.•
cervicais, manter a patência do forame, a irrigação seja feita com hipoclorito de sódio entre
2,5 e 5,25% e realização de irrigação final com EDTA por 3min.
Para os autores deste trabalho, mesmo utilizando Técnica coroa-ápice, patência
foraminal, soluções inigadoras em altas concentrações e irrigação final com EDTA o
tratamento endodõntico, em sessão única, em dentes despolpados está contra-indicado por não
se ter certeza da completa limpeza e desinfecção do canal radicular sem curativo de demora.
Questionários respondidos por profissionais da Area de Odontologia em número de 35
mostraram que o tratamento endod8ntico em sessão única não é muito utilizado. Apenas 12
profissionais relataram fazer endodontia em sessão única em casos de biopulpectomia, sendo
todos com pós—graduação na Area de Endodontia em um total de 21 pós—graduados na Area.
Apenas um profissional especialista em Endodontia, relatou fazer tratamento endod8ntico em
sessão única em dentes com polpa necrosada mesmo com lesão radiolúcida visível em
radiografia. Nenhum clinico geral disse realizar tratamento endochintico em sessão única.
Apesar disso, 27 profissionais acreditam que a endodontia em sessão única não causa mais
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da revisão de literatura ficou demonstrado que o tratamento endodemtico em
sessão única, em casos de biopulpectomia não causa muita discordância, mesmo ainda não
sendo muito utilizado na clinica diária, a não ser por especialistas, o que foi demonstrado nas
respostas ao questionário, em anexo, apesar de ser necessário um levantamento em maior
escala.
Em casos de necropulpectomia, a discordância é grande pelo fato de não se ter certeza
da completa desinfecção do canal radicular sem um curativo de demora. Para esses casos, o
profissional deve ter bom senso para avaliar sua experiência e habilidade, indicando ou não a
endodontia em sessão única e fazer um acompanhamento rigoroso do sucesso a longo prazo
de seus tratamentos.
Visto a importância do assunto, e de que o tema não foi esgotado, sugere—se que novos
estudos, principalmente clínicos com acompanhamento do sucesso a longo prazo sejam
realizados.
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ANEXO 01
Questionário
1- Anos de formado?
"( ) 0 a 5 anos ( ) 15 a 20 anos ( ) 5 a 10 anos ( ) mais de 20 anos ( ) 10 a 15 anos
2- Faz endodontia na clinica diária?
( ) Sim ( ) Não
Se sim passe para as questões seguintes.
3- Possui algum curso na área de Endodontia? ( ) Não, faço endodontia como clinico geral. ( ) Sim
A nível de:
( ) Aperfeiçoamento ( ) Especialização
( ) Mestrado ( ) Doutorado
4- Há quanto tempo realiza endodontia em sua clinica? ( ) Como clinico generalista anos ( ) Como especialista anos
5- Seus tratamentos são realizados em: ( ) todos os grupos dentais
( ) apenas em dentes anteriores
6- Faz endodontia em sessão única? ( ) Não
( ) Sim, em casos de biopulpectomia. ( ) Sim, em todos os casos.
Se positiva a resposta ao item anterior, como classifica o resultado de seus tratamentos?
( ) Ótimos ( ) Bons ( )Regulares ( ) Ruins
7- Na sua opinião/experiência a endodontia em sessão única causa mais dor 'xis-operatória que em múltiplas sessões?
( ) Sim ( ) Não
8- Você faria endodontia em sessão única em um incisivo central superior com rarefação óssea periapical visivel em radiografia?