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CARACTERIZAÇÃO E USO DAS FARINHAS DE ABATEDOUROS DE AVES EM DIETAS PARA PEIXES

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Academic year: 2020

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Caracterização e uso das farinhas de

abatedouros de aves em dietas para peixes

Juliano Kelvin dos Santos Henriques1; Rômulo Batista Rodrigues2;

Rafael Lazzari3;

1 Mestrando em Zootecnia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste. E-mail: juliano.henriques@hotmail.com; 2 Doutorando em Zootecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. E-mail: rrodrigues1903@gmail.com;

3 Professor adjunto ao Departamento de Zootecnia e Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, campus Palmeira das Missões. E-mail: rlazzari@ufsm.br;

RESUMO

A farinha de peixe é tradicionalmente o alimento de origem animal mais utilizado como fonte proteica na nutrição de peixes. Contudo, a estabilização da produção pesqueira re-sulta na diminuição da produção de farinha de peixes, tornando necessária a utilização de fontes proteicas alternativas. Dentre as alternativas, tem-se utilizado os alimentos de origem vegetal como o farelo de soja e alimentos de origem animal, como as farinhas pro-cessadas a partir de resíduos de abatedouros. Ao encontro disso, está a cadeia produtiva avícola, que é uma das atividades agropecuárias mais desenvolvidas e que, anualmente, gera grandes quantidades de subprodutos que são originados no processo de abate de frangos, e resíduos gerados em matrizeiros. O crescente número de abate de aves no Brasil, com consequente aumento na quantidade de resíduos, fez com que abatedouros se ade-quassem às legislações ambientais. A seguinte revisão de literatura mostra as característi-cas nutricionais dos subprodutos da indústria avícola e apresenta resultados da utilização destes produtos como ingredientes proteicos em dietas para peixes.

Palavras-chave: Aquicultura. Nutrição. Piscicultura. Proteína. Resíduo.

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Characterization and use of poultry

slaughter flours in diets for fish

ABSTRACT

Fish’s flour is traditionally the animal food most commonly used as a protein source in fish nutrition. However, stabilization of fish production results in a decrease in the production of fishmeal, necessitating the use of alternative protein sources. Among the alternatives, foods of plant origin such as soybean meal and animal foods have been used, such as flour processed from slaughterhouse waste. At the same time, there is the poultry production chain, which is one of the most developed agricultural activities and annually, generates large quantities of by-products that originate in the process of slaughtering chickens and residues generated in ‘matrizeiros’. The increasing number of poultry slaughters in Brazil, with a consequent increase in the amount of waste, has made slaughterhouses adequate to environmental legislation. The following literature review shows the nutritional characteristics of by-products of the poultry industry and presents results of the use of these products as protein ingredients in fish diets.

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1 INTRODUÇÃO

Com o acelerado crescimento da aqui-cultura, a nutrição de peixes nas fases de crescimento recebeu destaque devido à sua importância para promover o desenvolvi-mento do animal e também da qualidade da sua carne (SANTOS; OBA, 2009).

A farinha de peixe é o principal ingredien-te proingredien-teico de origem animal utilizado na formulação de rações para peixes (LIU et al., 2012), apresentando teores elevados de pro-teína, gordura e energia, baixo teor de fibras e rico em minerais (PASTORE et al., 2013), além de suprir todos os aminoácidos essen-ciais para um bom desenvolvimento do ani-mal e possuir boa palatabilidade (AMBAR-DEKAR e REIGH, 2007; GATLIN III et al., 2007; KAUSHIK e SEILIEZ, 2010). Milles e Chapman (2006) acreditam que as altas pro-dutividades dos cultivos aquáticos devem-se à qualidade da farinha de peixe, que propor-ciona todos os aminoácidos, lipídeos e mi-nerais essenciais aos organismos aquáticos. O aumento da demanda por este produto pela aquicultura é contestada, pois a farinha de peixe é um recurso limitado e finito, sen-do que sua utilização em excesso é criticada por organizações ambientais (HARDY, 2010), tendo em vista que são necessários seis qui-los de peixe não cultivado para produzir um quilo de peixe cultivado (HARDY, 2006); sendo que com a sua baixa disponibilidade e custo elevado seja necessário a busca por ingredientes alternativos de menor custo, sem prejudicar o desempenho zootécnico dos animais (NAYLOR et al., 2000).

Matadouros, abatedouros e frigoríficos se enquadram como agroindústrias, cujos re-síduos encontrados são vísceras de animais abatidos, fragmentos cárneos, sangue, con-teúdo intestinal, pelos, ossos, penas, gordu-ras e águas residuais, sendo todos passíveis de tratamento biológico. Do ponto de vista econômico e ambiental, muitos destes pro-dutos residuais poderiam ser transforma-dos em subprodutos úteis para alimentação humana e de animais, indústria de rações ou fertilizantes (PACHECO, 2008).

Contudo, a matéria-prima deve atender alguns critérios para viabilizar seu uso na nutrição de peixes, segundo Gatlin III et al. (2007), como: disponibilidade no mercado ao longo de todo ano, em quantidades que possam atender as demandas da indústria; preço competitivo em relação à farinha de peixe, considerando entre outros fatores, o custo por unidade de proteína e sua biodis-ponibilidade; baixo potencial poluidor ava-liado pelo conteúdo de fósforo e nitrogê-nio não digestível; facilidade de manuseio, transporte e processamento até as unidades de fábricas de ração.

Além destes aspectos, os ingredientes subs-titutos devem apresentar um baixo teor de fibra, carboidratos (especialmente os não solúveis), fatores antinutricionais, alto va-lor proteico, perfil equilibrado de aminoá-cidos essenciais, boa digestibilidade e boa palatabilidade (LABOISÉRE, 2010).

Vários estudos mostram a viabilidade de redução parcial ou total da farinha de pei-xe na dieta de peipei-xes cultivados, sendo as fontes de proteína animal mais estudadas,

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a farinha de vísceras de frango (SIGNOR et al., 2007), e farinha de sangue (OLIVO et al., 2006). Desta forma, os subprodutos avícolas aparecem como importantes fon-tes alternativas de proteína de origem ani-mal para a nutrição de peixes, sendo assim, a seguinte revisão de literatura destaca as características dos ingredientes de origem avícola e os resultados de sua utilização na nutrição de peixes.

2 DESENVOLVIMENTO DO

TEMA

2.1 Farinha de Peixe e Proteínas Alternativas

A farinha de peixe, produzida a partir da cap-tura de peixes marinhos caracteriza-se como uma das matérias-primas mais adequadas do ponto de vista nutricional, para elaboração de rações destinadas a alimentação de or-ganismos aquáticos. A farinha de peixe de água salgada apresenta um perfil ideal de aminoácidos essenciais, rico em energia, áci-dos graxos essenciais, vitaminas e minerais, com proteína digestível acima de 80% para algumas espécies de peixes (NRC, 2011). Devido à composição nutricional da fari-nha de peixe e a importância do seu uso em dietas para peixes, a aquicultura tornou--se dependente deste ingrediente. Tacon e Metian (2009) estimaram que em 2006 as rações aquícolas utilizaram 68,2% de toda produção mundial de farinha de peixe, isso representou um total de 3,724 milhões de toneladas de farinha de peixe, sendo neces-sária a captura de 16,6 milhões de tonela-das de peixes através da pesca.

A demanda por fontes proteicas, associadas ao crescimento contínuo da aquicultura, requer ingredientes balanceados e de baixo custo. Pesquisas visando substituir a fari-nha de peixes por fontes alternativas, como farinha de carne e ossos, farinha de sangue, farinha de penas, farinha de vísceras e fare-lo de soja, têm sido realizadas para se obter informações acerca da composição e o va-lor biológico destes ingredientes (FURUYA; FURUYA, 2010).

Neste cenário, o Brasil oferece grandes oportunidades já que está entre os maio-res produtomaio-res mundiais de soja (BRASIL, 2011) e de carnes bovina, suína e de aves (ROSTAGNO et al., 2011). As proteínas advindas de resíduos de animais, seja ma-rinho ou terrestre, são obtidas durante o abate do animal e posterior processamento, transformando-os em ingredientes de inte-resse para uso na alimentação animal. 2.2 Subprodutos de Aves

O conhecimento dos componentes nutri-cionais dos alimentos permite ao nutricio-nista formular dietas que atendam às exi-gências da espécie. A composição química dos alimentos determina seu valor nutri-cional, sendo importante avaliar a disponi-bilidade dos nutrientes e o valor energético dos alimentos, possibilitando maior preci-são na formulação e no balanceamento de rações para peixes, reduzindo o custo da alimentação (BRUGALLI et al., 1999).

Durante muitos anos, a formulação de ra-ções para peixe esteve baseada na proteína bruta, resultando em rações com conteúdo de aminoácidos superior às exigências dos

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107 animais. Com o avanço nas pesquisas em

nutrição de peixes e exigências de amino-ácidos, as dietas passaram a ser formuladas com níveis inferiores de proteína e níveis de aminoácidos mais próximos das neces-sidades do animal, porém mantém ainda altos níveis de proteína. O conceito de pro-teína ideal se torna interessante quando se consideram ingredientes não-convencio-nais como os subprodutos de origem ani-mal (CANCHERINI et al., 2004).

2.2.1 Farinha de vísceras

Farinha de vísceras aves é o produto resul-tante da cocção, prensagem e moagem de vísceras de aves, sendo permitida a inclusão de cabeças e pés. Não deve conter penas, exceto aquelas que podem ocorrer não in-tencionalmente, e nem resíduos de incuba-tórios e de outras matérias estranhas à sua composição. Não deve apresentar contami-nação com casca de ovo (BELLAVER, 2005). A proteína varia de 55 a 65% e sua cor é dourada a marrom, devendo seguir a com-posição estipulada (COMPÊNDIO BRASI-LEIRO DE ALIMENTAÇÃO ANIMAL, 2009). A composição química da farinha de vísce-ras pode ser observada na tabela 1. Além das diferenças na composição química das fari-nhas de vísceras comercializadas atribuídas à natureza do tecido animal, há também di-ferenças através dos métodos adotados de processamento (HOLANDA, 2009). O mé-todo clássico de processamento da matéria prima é através de cocção em que a matéria prima é cozida à pressão de vapor de 110ºC à 130ºC, de três a seis horas. Após a remo-ção da gordura o produto é seco e triturado.

Tabela 1: Composição química da farinha de víscera de aves. Nutrientes (%) Referências Fracalossi e Cyrino (2012) Rostagno et al. (2011) Proteína bruta 65,7 57,68 Extrato etéreo 15,1 14,14 Matéria seca 97,5 93,0 Matéria mineral 17,6 15,19 Lisina 5,92 3,33 Metionina 1,88 1,10 Treonina 1,56 2,36 Arginina 4,40 4,09 Valina 2,76 2,93 Isoleucina 2,31 2,31 Leucina 4,72 4,10 Histidina 1,53 1,10 Fenilalanina 2,47 2,39

Fonte: Adaptado de Fracalossi e Ciryno (2012) e

Rostagno et al. (2011).

2.2.2 Farinha de penas

As penas são constituídas de aproximada-mente 1% de gordura, 9% de água e 90% de proteínas estruturais, contudo, o alto teor proteico da farinha de penas é prejudicado pela baixa digestibilidade, pois 85% a 90% dessa proteína são de queratina, muito re-sistente às enzimas proteolíticas (ROSTAG-NO et al., 2005). Segundo Rostagno et al. (2011), para a alimentação animal, a fari-nha de penas deverá passar por um proces-samento em que as penas são hidrolisadas para tornar os nutrientes mais disponíveis aos animais, fator este diretamente ligado à qualidade do produto. Na tabela 2, estão demonstradas as composições aminoacídi-cas das farinhas de penas de aves para a ti-lápia do Nilo.

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A composição química da farinha de pe-nas pode ser observada na Tabela 2. Como podemos perceber, ainda há certas diver-gências nos valores nutricionais de cada alimento para as diferentes referências uti-lizadas, contudo, tais discrepâncias podem estar relacionadas à grande variação de composição que esses produtos 1oriundos do processamento de resíduos apresentam (ROSTAGNO et al., 2011).

Tabela 2: Composição química da farinha de penas. Nutrientes (%) Referências Fracalossi e Cyrino (2012) Rostagno et al. (2011) Proteína bruta 78,1 74,91 Extrato etéreo 15,6 6,13 Matéria seca 93,0 89,74 Matéria mineral 5,4 3,00 Lisina 1,92 2,32 Metionina 2,32 0,66 Treonina 2,16 3,66 Arginina 5,74 5,07 Valina 2,38 5,56 Isoleucina 4,07 3,56 Leucina 6,35 6,47 Histidina 0,70 1,07 Fenilalanina 6,15 3,77

Fonte: Adaptado de Fracalossi e Ciryno (2012);

Rostagno et al. (2011).

2.2.3 Farinha de sangue

Farinha de sangue é o produto resultante do processo de cozimento e secagem do sangue fresco. A farinha de sangue convencional é produzida de sangue fresco, sem cerdas, uri-na e conteúdo digestivo, exceto em quan-tidades que podem ser admitidas nas boas práticas de processamento. A umidade é re-movida no cozimento convencional e a

se-cagem em secadores rotatórios. O produto obtido é vermelho-escuro, tendendo a preto e insolúvel em água (BELLAVER, 2005). Destaca-se como característica positiva da farinha de sangue o alto nível de lisina, e como restritivas o baixo nível de metioni-na e o alto nível de ferro. A lisimetioni-na, embora abundante na farinha de sangue, é um dos aminoácidos mais sensíveis ao aquecimen-to, podendo ser destruído ou tornar-se in-disponível aos animais. (LU; CHEN, 2000). Tabela 3: Composição química da farinha de sangue Nutrientes (%) Referências Fracalossi e Cyrino (2012) Rostagno et al. (2011) Narvaéz-Solarte (2006) Proteína bruta 91,1 83,50 81,84 Extrato etéreo 1,20 Nd 3,06 Matéria seca 93,8 92,90 93,33 Matéria mineral 2,1 3,44 nd Lisina 10,58 7,55 8,45 Metionina 2,31 1,04 1,05 Treonina 4,38 4,17 4,61 Triptofano nd 1,46 4,61 Arginina 4,17 3,44 3,96 Valina 7,75 7,35 7,60 Isoleucina 0,93 0,69 0,76 Leucina 11,03 10,97 12,49 Histidina 6,44 5,09 4,96 Fenilalanina 6,45 6,16 nd

Fonte: Adaptado de Fracalossi e Ciryno. (2012);

Rostagno et al. (2011) e Narvaéz-Solarte. (2006); nd= não determinado.

2.3 Uso de Subprodutos de Aves em Die-tas para Peixes

2.3.1 Farinha de vísceras

Signor et al. (2008) em trabalho realizado com alevinos de lambari (Astyanax bima-culatus), avaliando a inclusão de 20% de farinha de vísceras, teve o melhor

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desem-109 penho e deposição de proteína na carcaça

em relação a não inclusão da farinha de vís-ceras. O aumento da deposição de proteína na carcaça pode estar relacionado com o melhor balanço de aminoácidos das dietas com farinha de vísceras (PEZZATO, 1995). Signor et al. (2007), avaliando a inclusão de 0, 5, 10, 15 e 20% da inclusão de fari-nha de vísceras de aves na dieta de alevinos de piavuçu (Leporinus macrocephalus), em substituição ao farelo de soja, obser-vou aumento linear nas variáveis de peso final, comprimento final e ganho em peso, mostrando, desta forma, que uma maior inclusão deste alimento pode trazer resul-tados ainda melhores para o crescimento de piavuçu, já que a resposta foi linear, ou seja, quanto maior a inclusão, melhor a resposta. Da mesma forma, observou-se a diminuição da conversão alimentar de ale-vinos de piavuçu conforme se aumentava os níveis de inclusão da farinha de vísceras (BOSCOLLO et al., 2005).

Boscollo et al. (2005), observaram melho-rias no desempenho de tilápias do Nilo na fase de reversão sexual quando alimentadas com a inclusão de 40 a 60% de farinha de vísceras, sendo obtido um maior peso final dos animais com a inclusão da farinha de vísceras. Meurer et al. (2005), em estudo realizado com tilápias do Nilo na fase de reversão sexual, verificaram que o fator de condição dos peixes do tratamento com ra-ção fabricada com ingredientes proteicos de origem animal (farinha de peixe e vísce-ras de frangos) foi superior aos tratamentos que receberam rações com ingredientes de

origem vegetal (farelo de soja e glúten de milho) suplementada com lisina e metio-nina e com a ração contendo fontes protei-cas de origem vegetal sem suplementação aminoacídica. Este estudo demonstra que o balanço de aminoácidos presentes nos in-gredientes de origem animal é mais interes-sante que os de origem vegetal na nutrição de tilápias, mesmo sem a suplementação com aminoácidos sintéticos, enfatizan-do que se a dieta for bem formulada com ingredientes que apresentem um balanço nutricional interessante, os resultados de desempenho produtivo podem ser equiva-lentes aos de animais suplementados com aminoácidos sintéticos, ou até superior. Em estudo realizado com peixe-rei (Odon-testhes bonariensis), o ganho em peso e comprimento total e padrão foi maior com a substituição de 50% de farinha de peixe, por farinha de vísceras de aves (PORTE-LINHA, 2011). O autor observou que não houve diferença na proteína bruta corporal dos peixes alimentados com farinha de vís-ceras, em comparação aos alimentados com farinha de peixe. Observou também que o extrato etéreo corporal diminuiu com o au-mento da inclusão da farinha de vísceras. Guimarães et al. (2008) avaliaram a digtibilidade aparente dos 10 aminoácidos es-senciais para tilápia do Nilo, da farinha de vísceras e da farinha de penas (Tabela 4), trazendo uma informação relevante para determinação do valor biológico desses ali-mentos, já que trabalha com a digestibilida-de aparente digestibilida-de aminoácidos e não digestibilida-de pro-teína, o que é interessante, pois os peixes

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têm exigência nutricional de aminoácidos e não proteína bruta. Os resultados mostram que a farinha de vísceras é melhor aproveitada pela tilápia do Nilo, sendo um alimento de maior valor biológico.

Tabela 4: Coeficiente de digestibilidade aparente (CDA%) dos aminoácidos da farinha de vísceras e farinha de penas para a tilápia do Nilo.

Nutriente Farinha de vísceras Farinha de penas Farinha de sangue

Arginina 91,42 85,39 56,00 Histidina 96,66 77,86 60,00 Isoleucina 90,94 81,70 55,00 Leucina 88,30 79,76 60,00 Lisina 95,84 86,16 56,00 Metionina 97,28 95,44 42,00 Finilalanina 95,24 77,78 60,00 Treonina 86,22 74,47 54,00 Triptofano 93,17 78,24 65,00 Valina 81,35 74,36 54,00

Fonte: Guimarães et al. (2008).

2.3.2 Farinha de penas

Fasakin et al. (2005), testando diferentes fontes de proteína de origem animal em substi-tuição parcial a farinha de peixe, para juvenis de tilápia (O. niloticus x O. mossambicus), observaram que a farinha de penas tratada com enzimas melhora o desempenho produti-vo em comparação com a mistura de farinha de penas hidrolizada e farelo de soja.

A inclusão de 18% da farinha de penas, em dietas para truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss), apresentou deficiência de alguns aminoácidos essenciais, principalmente de lisi-na, sendo recomendada a suplementação com aminoácidos sintéticos, para obter melhor ganho em peso (POPPI et al., 2011). O mesmo autor relata, também, que o mesmo nível de inclusão com a suplementação aminoacídica, proporciona um teor de proteína bruta na carcaça de 15,5%, enquanto os peixes alimentados com dietas sem suplementação de aminoácidos sintéticos apresentaram um teor de 14,7% de proteína bruta na carcaça, de-monstrando que a suplementação com aminoácidos sintéticos faz-se necessário quando os alimentos utilizados na formulação não atendem às exigências nutricionais das espécies. Utilizando a farinha de penas em substituição a farinha de peixe, com a suplementação de lisina, metionina e histidina, Graeff e Mondado (2006) constataram que é possível substituir em até 100% da farinha de peixe, sem causar prejuízos na sobrevivência e, con-sequentemente, no desempenho de carpa comum (Cyprinus carpio). Zhu et al. (2011) concluíram que a substituição da farinha de peixe por uma mistura de fontes proteicas

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111 de origem animal, incluindo farinha de

pe-nas, pode ser realizada em até 50% utilizan-do aminoáciutilizan-dos sintéticos para balancear a dieta, obtendo-se melhor ganho de peso de juvenis de esturjão (Acipenser).

2.3.3 Farinha de sangue

Barros et al. (2004), ao substituir até 60% da proteína do farelo de soja pela proteína da farinha de sangue na dieta da tilápia do Nilo, não verificou prejuízos no desempe-nho dos animais. Segundo esses pesquisa-dores, níveis de 10% de farinha de sangue podem ser incluídos em rações para tilápia do Nilo. Da mesma forma Otubusin (1987) observou que a tilápia do Nilo, consumin-do rações com 10% de farinha de sangue, apresenta maior ganho de peso que o obti-do com níveis.

Asgard e Austreng (1986) concluíram que 50% da proteína da farinha de peixe pode ser substituída pela farinha de sangue na dieta da truta (Oncorhynchus mykiss) e do salmão (Salmo salar) de 25 e 50%. Martins e Guzmán (1994) recomendam a inclusão de 5% de FS, em substituição à farinha de peixe na dieta do tambaqui (Colossoma macropomum); entretanto, os autores ob-servam que níveis de 10,3 e 17,8% de FS re-duzem drasticamente a taxa de crescimen-to, piorando a conversão alimentar e a taxa de eficiência proteica.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As farinhas proteicas de subprodutos de aves, devido sua qualidade, representam uma parcela importante nas dietas animais,

tornando necessários mais estudos de ali-mentos provenientes de abatedouros em conjunto com a suplementação de amino-ácidos essenciais com espécies de interesse econômico. Da mesma forma, é extrema-mente importante um rigoroso controle de qualidade no momento da fabricação das farinhas residuais para evitar prejuízos pro-dutivos devido a problemas sanitários que podem ocorrer se não houver um proces-samento adequado, e consequentemente evitar prejuízos na viabilidade econômica da atividade.

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Tabela 1: Composição química da farinha  de víscera de aves. Nutrientes (%) ReferênciasFracalossi  e Cyrino  (2012) Rostagno et al
Tabela 3: Composição química da farinha  de sangue Nutrientes (%) ReferênciasFracalossi  e Cyrino  (2012) Rostagno et al
Tabela 4: Coeficiente de digestibilidade aparente (CDA%) dos aminoácidos da farinha de  vísceras e farinha de penas para a tilápia do Nilo.

Referências

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