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Segmentação, Esfera Pública Virtual e Horizontalidade Dialógica da Comunicação nas Redes Sociais

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SEGMENTAÇÃO, ESFERA PÚBLICA VIRTUAL E HORIZONTALIDADE DIALÓGICA DA COMUNICAÇÃO NA ERAS REDES SOCIAIS* Ismar Borges de Lima**

Noêmia Félix da Silva***

Resumo: este artigo oferece uma análise crítica acerca da

verticalidade estrutural dos meios de comunicação de massa e da hierarquização da indústria cultural bem como contextualiza as redes sociais indicando a sua segmentação e as ferramentas de interatividade como parte de uma cyberdemocracia. Parte-se do pressuposto de que o fenômeno corrente é o da ‘ horizontalidade dialógica’ na comunicação virtual que, por sua vez, nutre a expansão do ‘capital social’, demo-cratiza o acesso à informação, e forma uma ‘opinião pública’ mais isenta. Para sustentar sua tese de ‘verticalidade’ e ‘ horizontalidade’, os autores citam Milton Santos e o modelo habermasiano de esfera pública, além de uma reflexão sobre ‘modernidade’ fundamentando a discussão com uma abordagem sociológica. No entanto, o artigo é provocativo ao assumir que o conteúdo transferido pelas redes sociais é, maiormente, superficial (abstrato), e, portanto, restrito a serviço da mídia como fonte de informação.

Palavras-chave: Ciberespaço. Redes Sociais. Segmentação.

Verticalidade Estrutural. Horizontalidade Dialógica.

D

iscutir a comunicação na era das redes sociais leva a uma reflexão das transformações da mídia desde os anos 90, uma “midiamor-fose” (NEGROPONTE 1995; FIDLER, 1997) que, tecnologicamente, evoluiu associada com as inovações da informática, a internet, e as suas providenciais ferramentas que facilitaram e dinamizaram o trânsito da informação digital, o trabalho editorial, e o próprio processo comuni-cacional online. Não se trata apenas da convergência das mídias – de

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mais um estágio na evolução dos meios de comunicação –, nem de uma “convergência orgânica” em que as pessoas se propõem a realizar múlti-plas tarefas ao mesmo tempo com seus aparatos eletrônicos, praticando a chamada “cultura digital” (JENKINS 2006).

O que se presencia atualmente é que a comunicação na internet, principalmente por meio das redes sociais, mostra-se constituída de uma ‘horizontalidade dialógica’, rompendo com os paradigmas de uma ‘co-municação de massa’ verticalizada estruturalmente, além de romper com a própria noção de uma ‘indústria cultural’ hierarquizada, propiciando dessa forma um espaço virtual segmentado - nichos temáticos – para os diversos atores usuários dos meios cibernéticos. Horizontalidade dialógica traduz-se em liberdade de expressão e de acesso à informação em ambientes genuinamente democráticos de veiculação. Tais inferências não resultam de um falso silogismo, mas de um raciocínio amparado por investigação qualitativa e quantitativa sobre os vários recursos, as narrativas, o layout e as características das redes sociais. Neste artigo, a metodologia e os fundamentos teóricos estão diluídos no debate, difusos no corpo textu-al, na forma de um monólogo acadêmico em que os autores levantam algumas premissas e buscam subsídios na literatura e no empirismo para seus argumentos. Para sustentar sua tese de ‘verticalidade estrutural’ e ‘horizontalidade dialógica’, os autores citam Milton Santos e o modelo habermasiano de esfera pública, além de um relato sobre ‘modernidade’ exposto na seção a seguir.

MODERNIDADE, INDÚSTRIA CULTURAL, MEIOS DE COMUNICAÇÃO E O MODELO FORDISTA DE PRODUÇÃO

Para explicar os momentos divisórios da sociedade na era moderna, Talcott Parson, por exemplo, desenvolveu uma teoria de modernidade Janus-faced (HABERMAS, 1981), ou seja, uma teoria preocupada com polaridades e contrastes, pois as transições são marcadas por grandes mudanças societais que acontecem concomitantemente ao melhoramento das tecnologias. Talcontt Parson estabelece três revoluções que denotam o período moderno em sua primeira fase; são revoluções que têm, em essência, sistemas integrativos.

Para Talcontt, a sociedade – como sistema integrado – manifesta-se na modernidade com a Revolução Industrial em meados de 1750, com a Revolução Francesa, em 1789, e com a revolução educacional em que houve uma expansão do ensino formal enraizado nas idéias do

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século XVIII (ROBERTSON; TURNER, 1991; HABERMAS, 1981), com as revoluções burguesas e o iluminismo em que se presenciou uma valorização da auto-suficiência do ‘indivíduo social’. Em contrapartida, a evolução do capitalismo resultou em transformações estruturais em que a comunidade societária vê suas relações enviesadas por sistemas e subsistemas econômicos e políticos e, logo, regidas por normas abstratas e universais, levando os grupos a formas de interação condicionadas e à manipulação.

Por exemplo, no sistema fordista de produção prevalecia o mando administrativo completo sobre os empregados das fábricas bem como a verticalização da cadeia produtiva – da obtenção da matéria-prima, transporte, etc. Buscava-se um sistema que propiciasse a especializa-ção dos funcionários de modo a ter excessos de produtividade; nesse contexto, a especialização resumia-se em estabelecer rotinas simples e predeterminadas, realizadas mecanicamente pelos empregados, em uma evidente separação entre projeto e produção. O indivíduo não tinha que refletir sobre a cadeia produtiva, sobre o processo, nem sobre o conteú-do, mas apenas agilizar a produção em uma jornada de trabalho mais enxuta. Prevaleciam o silêncio humano e o barulho das máquinas. Na cadeia produtiva não havia diálogos plenos com trocas de conteúdo de substância. Eram todos passivos no processo. Consumidores de ordens e do pensar alheio. Predominavam as regras, conceitos e idéias vindas de cima. Enfim, o controle.

O Fordismo envolve não só a criação do sistema de produção em massa, mas também...a padronização de produtos, ferramentas e métodos de trabalho, a criação de relações trabalhistas mais estáveis, associados à integração vertical e à centralização do poder...[a] Ford tenta estabilizar as relações trabalhistas de duas maneiras...através de incentivos, oferecendo benefícios e remuneração ampliada...[combinados com treinamentos e atividades sociais]...[ou] reprimindo, pressionando e minando o poder dos sindicatos, num propósito firme de manter os trabalhadores sob controle (TEIXEIRA, 2003, p. 8,12).

Apesar de o sistema fordista favorecer mais tempo de lazer ao funcionário, e valorizá-lo visando ao aumento da qualidade e quantidade dos resultados, esse sistema de produção é, em diversos aspectos, adverso vis-à-vis ao que se vislumbrava para uma modernidade no iluminismo: a liberdade de escolha e o indivíduo inserido no processo criativo. Pode-se, no entanto, divisar o continuísmo da verticalização das fábricas da Ford nos meios de comunicação de massa e na sua indústria cultural. No que

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Max Horkheimer e Theodor Adorno, da Escola de Frankfurt, intitulam com ironia, a ‘indústria cultural: o iluminismo como ilusão das massas’. Rüdiger (1999), no livro Comunicação e teoria crítica da sociedade, explica que os pensadores frankfurtianos desenvolveram o conceito de ‘in-dústria cultural’, e pretendiam elaborar uma teoria crítica da sociedade que pudesse apostilar as novas realidades do século XX, e, para isso, buscaram em obras de Marx e Nietzsche tais fundamentos teóricos. Na leitura deles, a produção cultural e intelectual estaria subordinada ao mercantilismo capitalista, ou seja, uma produção a serviço do consumo em massa e dos ditames do mercado em que a lógica era estabelecer um ‘padrão cultural’, criar uma demanda a fim de vender exponencialmente tais bens culturais. Nesse contexto, os intelectuais do collegium de Frankfurt defendiam que os meios de comunicação de massa vinham ocupando deliberadamente o lugar das instituições, entre elas a própria família e a escola, na formação e transferência de valores e da moral. O domínio da produção de bens culturais pelas amarras capitalistas e por grupos de interesse é assim ilus-trado por eles,

Toda cultura de massa sob monopólio é idêntica, e os contornos de sua estrutura - a armadura conceitual fabricada pelo monopólio – começam a ficar óbvios. Aqueles no comando há muito não enfrentam dificulda-des em ocultar tal estrutura que quanto mais o poder aumenta, mais candidamente sua existência é admitida. Os filmes e o rádio há muito não precisam ser apresentados como arte. A verdade de que eles são nada exceto business é usada como ideologia para legitimar o lixo que eles intencionalmente produzem. Eles se intitulam como indústrias, e as cifras pagas aos diretores dispensam quaisquer comentários sobre a necessidade social de seus produtos lançados (HORKHEIMER; ADORNO, 2006, p.42, tradução nossa).

Com base nas concepções de Adorno e Horkheimer sobre o papel dos meios de comunicação de massa e a intenção por trás de seus donos, pode-se dizer que o caráter familiar e/ou oligárquico das empresas de comunicação e das produtoras, a própria estrutura organizacional dessas empresas e a forma seletiva (determinada por poucos) sobre o tipo de in-formação a ser veiculada e os bens culturais a serem produzidos, formam o arcabouço que ainda mantém a verticalização nas comunicações. Deste modo, a noção de verticalidade em relação ao conteúdo midiático conota ‘domínio’, ‘manipulação’, ‘influência’, ‘uniformização’, ‘restrição’,

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‘poder’ e ‘jogo de interesses’. Nesse sistema, não é o coletivo que determi-na, escolhe e produz o que o coletivo deveria (ou gostaria de) “consumir” nos meios de comunicação. Ainda persiste a arbitrariedade na produção midiática: poucos determinam valores e padrões para milhões de pessoas. Mesmo que a mídia fosse inteiramente interativa, não linear, e houvesse a possibilidade de consultas públicas sobre o produto midiático a ser produzido, pode-se deduzir que prevaleceria o despótico na tomada de decisões, pois o aspecto econômico é quase sempre o fator determinante. Porém, tal verticalização tem sido parcialmente erodida pela própria natureza tecnológica dos meios de comunicação e a internet.

Como parte do processo evolucionário da modernidade e das mídias, o computador e o ciberespaço interativo (a internet) surgem represen-tando o meio físico e imaterial, respectivamente, de uma comunicação livre das formas tradicionais de cerceamento e censura. Simbolicamente, tornam-se um dos marcos da modernidade avançada, a revolução mais recente e, em uma conjuntura capitalista, os meios para o surgimento e consolidação de uma outra indústria, a Dot.com. No entanto, o foco deste artigo é o sujeito-actante no mundo digital e não as empresas que especulam com o espaço virtual.

A internet transforma-se em um caminho alternativo para as rela-ções sociais e dialógicas não-presenciais, bem como, os novos meios para a produção e divulgação da(s) cultura(s) e, para o funcionamento menos refratário e incólume dos sistemas políticos e da política de subordinação dos indivíduos. Com ela ocorre a transnacionalização das relações, uma desterritorialização dos relacionamentos sociais e organizacionais, fazendo com que a internet funcione às margens das legislações, da soberania do Estado e dos detentores do poder (KACZMARCZYK, 2010).

A internet torna-se a vanguarda da globalização e, para muitos, um ‘totem da modernidade’, representando simbolicamente o ideal emancipatório, pois, em sentido lato, o indivíduo contemporâneo anseia por uma modernidade de contornos iluministas em que haja uma rela-tiva autonomia para se expressar. Assim, tal ideário mostra-se tangível, pois a pessoa encontra no espaço virtual anárquico e descentralizado da circulação de conteúdos, oportunidades de participar, contribuir, ter voz e interferir - sem censuras ou mediadores -, no processo comu-nicacional. Com a internet, o indivíduo sente-se unidade em meio à multidão dando razão a si próprio. E, as redes sociais – por causa de suas ferramentas, interfaces e aplicativos online – criam as condições para que esse ‘ser comunicante sem fronteiras’ se materialize; e, que

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possa ele, exercer o papel simultâneo de produtor e de consumidor do conteúdo virtual. Talvez seja esse o elemento principal a tornar as redes sociais tais como Orkut, Facebook, Twitter, Bebo, Hi5, MySpace tão populares e peculiares. O chamado fenômeno Web 2.0.

O segundo elemento motivador dessa popularidade é o da pos-sibilidade de ‘agrupamento’ através das redes. As pessoas se agrupam basicamente em dois momentos: no contato interpessoal, nas seções ‘meus amigos’, ou, em ‘minhas comunidades’. As redes sociais são segmentadas, e o sujeito participante é notoriamente sinérgico; quer ser parte de um coletivo com interesses e assuntos em comum. Ser membro ativo de uma comunidade virtual implica que o sujeito se identifica com aquele grupo. Quem busca agrupamentos busca reafirmar a própria identidade bem como compartilhar temas comuns de vários matizes. As redes sociais por serem parte da internet funcionam como uma plataforma para o exercício de uma cyberdemocracia (KACZMARCZYK, 2010) com uma revitali-zação, ainda que acanhada, das instituições e das práticas democráticas.

Além do internauta que busca exercer uma cidadania virtual, são também atores das redes sociais: o governo, ONGs, companhias, empresas de comunicação, marketing e propaganda, os partidos políticos (e o político) representando grupos sociais, corporativos, organizacionais e a sociedade civil visando a comunicação e a promoção. Os elementos clandestinos da sociedade também são atores nas redes, mas participam na contramão do saber ao divulgar conteúdos enganosos, e ao praticar atos ilícitos e ilegais.

Para Lopes e Freire (2009)1, a democracia representativa tem dado lugar a uma democracia mais participativa em que, a partir dos meios digitais, o cidadão participa de uma administração pública mais trans-parente, e “a criação de espaços virtuais, em escala planetária... renovam as formas de deliberação e do debate público [e] fazem aperfeiçoar a de-mocracia local” (p. 3,4) e não representam o fim do Estado como poder público. São essas características que dão fulcro para os argumentos sobre a ‘horizontalidade dialógica’ na internet e nas redes sociais.

CONTEXTUALIZANDO OS CONCEITOS DE ‘HORIZONTALIDADE’ E ‘VERTICALIDADE’

Horizontalidade e verticalidade são dois conceitos usados pelo geó-grafo Milton Santos para auxiliar na compreensão das relações estabelecidas entre o ‘global’ e o ‘local’. Neste caso há uma transcendência das relações

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(a verticalidade). Por outro lado, nas relações socioeconômicas feitas in loco entre os habitantes de uma determinada área geográfica têm-se a ho-rizontalidade. Nota-se que há nesta classificação termos ambivalentes, tais como ‘endógeno’ e ‘exógeno’, ‘periferia’ e ‘centro’, ‘hegemonia’ e ‘sujeição’. Santos (2006, p. 191) reúne na literatura três acepções de ‘verticalidade’ e ‘horizontalidade’ citando o geógrafo holandês G. de Jong, o sociólogo russo P. A. Sorokin e o filósofo francês H. Lefebvre,

Para de Jong há dois tipos de diferenciação corológicas: 1) “a integração das coisas e dos respectivos fenômenos, em um ponto qualquer da superfície da Terra”, à qual ele chama de inter-relação vertical; e 2) “as relações entre coisas e seus fenômenos, em pontos ou lugares diversos no mundo, fundadas em sua localização rela-tiva”, às quais chama de integração horizontal (1962, p. 27, apud SANTOS, 2006, p.190) [ ] Sorokin (1964) se refere a formas ho-rizontais e verticais de comunicação entre os homens, ao estudar a circulação dos objetos, fenômenos e valores culturais,,,pela transferência de elementos culturais de uma camada da sociedade a uma outra (apud SANTOS, p. 190, 191) [ ] Lefebvre (1953) propõe que, na análise do mundo rural, sejam consideradas duas formas de complexidade, formas superpostas e interativas. A complexidade horizontal é dada pela vida atual do grupo humano em suas relações com o lugar, por intermédio das técnicas e da estrutura social. A complexidade vertical também pode ser chamada de complexidade histórica, isto é, a influência dos fatos passados na existência atual.

Neste artigo, tomam-se emprestados esses conceitos contextualizan-do-os na esfera dos meios de comunicação de massa. A ‘verticalização’ no processo comunicacional de massa resume-se à centralização de decisões sobre o conteúdo por uma minoria forasteira e à falta de participação e de interatividade do sujeito-receptor autóctone. Aqui as palavras ambi-valentes ‘forasteira’ e ‘autóctone’ determinam o status vertical. Já, em sentido inverso, o conceito de ‘horizontalidade dialógica’ é apresentado para se explicar o compartilhamento de informação, os arquivos digitais, os diálogos e as narrativas estabelecidos pelos usuários das redes sociais, uma relação in loco2, mas virtual, interativa, instantânea, aberta, com instrumentos de interferência e gerência de quase todo esse processo. Existe, portanto, nas redes sociais, uma equivalência de status e de po-der entre os usuários independente de onde estejam ou de quem sejam.

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Essa equivalência chancela o conceito de horizontalidade dialógica na comunicação.

A posição de Pinto (2002, p. 4) de que “alguns profissionais resistem no ideal quixotesco de produzirem uma efetiva comunicação social por acreditarem na horizontalidade dialógica” corrobora a abordagem feita aqui, pois, com a internet, a forma de se fazer jornalismo mudou. O webjornalis-mo coloca o profissional da comunicação diante um cenário interativo de equivalência com o sujeito-receptor e de tempo-real com os acontecimentos (novamente uma horizontalidade das relações).

Os autores compartilham com Renato Cruz (2008) a opinião de que não haverá o fim dos meios tradicionais de comunicação de massa, e sim uma coexistência destes com os meios digitais; no entanto, a cada dia presencia-se uma escalada de simpatizantes que preferem usar o computador para ler o jornal a esperar as rotativas pararem para comprá-lo na pani-ficadora da esquina. Mais magra vai ficar a seção ‘cartas dos leitores’ nos meios impressos, pois um traço do webjornalismo é o feedback imediato do internauta nas seções ‘deixe seu comentário’, ‘opine’. Esperar a edição seguinte para ler a opinião do leitor será algo da imprensa do passado.

Os telejornais, por exemplo, usam seus websites como uma extensão multimídia para os assuntos e pautas do dia ou da semana, dialogando, interagindo e oferecendo material extra para os “telespec-tores” on line, bem como usando as redes sociais e o internauta para obter informação adicional que venha enriquecer ou ilustrar o noticiário. Com as inovações tecnológicas, a pessoa comum tem a oportunidade de ganhar notoriedade na TV por ser testemunha ocular dos fatos e ter como registrá-los. Surge assim a figura do repórter cidadão contribuin-do com relatos online, por meio de correio eletrônico, e com fotos e filmagens feitas pelo celular de tragédias e eventos inusitados. Perde-se na qualidade do material, mas a cobertura flagrante dos acontecimentos fica assegurada. Logicamente as participações externas já existiam no rádio e na TV por meio do telefone, nas coberturas ao vivo in situ, e, nos últimos anos, pela cobertura aérea com equipes de reportagem em sobrevôos de helicópteros pela cidade.

Enfim, a relação entre as mídias convencionais e as virtuais tem sido simbiótica; uma espécie de consortismo em que um meio completa o outro no seu trabalho de informar, atingindo significantemente a rigidez vertical das empresas de comunicação, tornando-as forçosamente mais democráticas (KACZMARCZYK, 2010; CRUZ, 2008). Sem a internet, as redações ficam mancas.

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A COMUNICAÇÃO, AS REDES SOCIAIS E O MODELO HABERMASIANO DE ESFERA PÚBLICA

Este debate não está dissociado do conceito habermasiano de esfera pública considerada o lócus da comunicação e da discussão, espaços nos quais as pessoas se congregam para discutir questões comuns, formar opiniões ou planejar ações. Na definição contemporânea de Habermas, a esfera pública está relacionada tanto às interações simples no campo conversacional da vida cotidiana quanto aos fóruns organizados da sociedade civil (HABERMAS, 1992). Ao esboçar o modelo de esfera pública, Habermas busca demonstrar que a opinião pública, mesmo constituída de modo informal, mas racionalizada e em um contexto pluralista, faz-se necessária servindo de estrado para a instituciona-lização da opinião pública nos processos democráticos deliberativos, e, consequentemente, um componente legitimador das tomadas de decisões de interesse coletivo (HABERMAS, 2006). Na definição de Habermas (1997, p. 92),

A esfera pública constitui principalmente como uma estrutura comuni-cacional do agir orientado pelo entendimento, a qual tem a ver com o espaço social gerando no agir comunicativo, não com as funções, nem com os conteúdos da comunicação cotidiana.

Habermas classifica a esfera pública em três arquétipos: esfera pública episódica (os encontros casuais citadinos); a esfera pública de presença organizada (eventos sociais e cívicos); e a esfera pública abstrata, relativa à mídia e ao sujeito-receptor (HABERMAS 1992; 1997). Habermas não cita diretamente a esfera pública existente no ciberespaço, mas, pode-se inferir que ela pertence à esfera abstrata.

As redes sociais são por natureza um espaço abstrato para o agir comunicativo, estruturas imateriais que concentram as diversas expressões humanas convertidas em formato digital, entre elas, qual-quer criação textual opinativa ou não (as narrativas, os discursos, as retóricas, as composições, etc.), o áudio, a imagem pictográfica, e o vídeo. Ao criar um perfil em uma rede social ou ao se tornar membro de comunidades, o indivíduo se insere em um universo densamente povoado de interações, trânsito de informações e de agrupamentos (rótulos). Por metáfora, uma quimera, a união de elementos diversos num todo heterogêneo.

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FRAGMENTANDO AS REDES SOCIAIS: UMA ANÁLISE

Para efeitos de análise, os autores explicam as redes sociais em categorias considerando a forma (layout, design, templates/molde, o arranjo da página), os recursos (gerenciadores, ferramentas virtuais e aplicativos), o conteúdo (as expressões humanas no perfil, nas comunida-des, no bate-papo e na internet no geral), e a segmentação. O ‘conteúdo’ pode ser acomodado em quatro domínios dialógicos e informacionais: o concreto (os dados reais; o conteúdo informativo, o factual objetivo, literato, acadêmico, etc.); o simbólico (o cultural, as metáforas, a prosa literária, etc.); o abstrato (a linguagem fática, prosaica, trivial; o factual subjetivo); e a falácia (a desinformação; o conteúdo ardiloso, enganoso, etc.). O ‘concreto’ e o ‘ simbólico’ possuem conteúdo de valor constitu-ído e, por isso, promovem alguma forma de ciência útil em termos de informação e eruditismo; já o ‘abstrato’ e a ‘falácia’ refutam o propósito de promover um conhecimento profícuo aos participantes das redes.

O objetivo do artigo não é tabular quantitativamente todos os aspectos das principais redes sociais visto que a extensão predeterminada para o artigo não o permite. Assim, o Orkut - por ser a rede mais popular no Brasil - foi escolhido para oferecer algumas estatísticas e ser fonte de coleta de dados, servindo para demonstrar o método de análise por cate-gorização (forma, recursos, conteúdo, segmentação). Criado em janeiro de 2004 pelo engenheiro turco, Orkut Büyükkokten, para ajudar seus membros a conhecer pessoas e manter relacionamentos, o Orkut é uma rede que tem hoje uma interface de uso em 45 idiomas. Os brasileiros somam 50,80% da rede (fonte: Orkut.com) de um total de mais de 23 milhões de usuários (fonte: Wikipédia), seguido da Índia e dos Estados Unidos (ver tabela 1.0). O Japão aparece com 0,34% possivelmente por causa da grande quantidade de brasileiros decasséguis vivendo naquele país e são participantes da rede.

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Tabela 1: O Orkut em números – a estatística da rede de relacionamentos

Fonte: Orkut.com. Acessado em 12.04.2010. Online em ‘Sobre o Okurt’

O Orkut agrupa uma comunidade jovem com 53,48% dos membros tendo entre 18 e 25 anos; a faixa etária de ‘26 a 30 anos’ fica em segundo lugar com 14,99%. O status civil é omitido por 59,31% dos membros, sendo que 24,76% se dizem solteiros(as), e 8,70% casados(as). Apenas 5,36% afirmam estar namorando. Não há opção para ‘separados’, ‘di-vorciados’ ou ‘viúvos(as)’. Curiosamente, 1,66% diz ter ‘relacionamento aberto’; e 0,19% optou por ‘casamento aberto’. No Orkut, 44,04% têm como interesse ‘amigos’ a razão de estarem na rede; 14,41% buscam namoro; e, 13,02% e 13,53% dos membros estão ali para atividades profissionais e similares.

Em termos de recursos no perfil, os membros do Orkut têm subpá-ginas eletrônicas para recados, álbuns, vídeos, depoimentos, anunciar eventos, para se promover, a mini-fazenda (um tipo de jogo interativo de envolvimento coletivo), as mensagens, atualizações, configurações; controle de abusos, de spams (mensagens e emails enviados em massa). Por ser filiado ao Google, o Orkut oferece dezenas de links para conte-údos externos à própria rede o que multiplica sobremaneira o potencial interativo e de obtenção de informações e conteúdo digital. Por exemplo, os links são para pesquisa de trabalhos acadêmicos, mapas, blogosfera; o Sketup para se construir modelos 3D; o Talk um voip para ligações via computador; o Youtube para acesso e postagem de vídeos; o Picasa,

País Idade Relacionamento Interesse Brasil 50,80% 18-25 53,48% Não há resposta 59,31% Amigos 44,04%

Índia 20,44% 26-30 14,99% Solteiro(a) 24,76% Companheiros para atividades 13,53% Estados Unidos 17,78% 31-35 6,68% Casado(a) 8,70% Contatos profissionais 13,02%

Paquistão 0,86% 36-40 4,15% Namorando 5,36% Namoro 14,41%

Paraguai 0,44% 41-50 4,14% Relacionamento aberto

1,66%

Reino Unido 0,40% 50+ 3,47% Casamento liberal 0,19% Portugal 0,36% Afeganistão 0,35% Japão 0,34% Canadá 0,34%

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especializado em fotos online; iGoogle, um aplicativo de notícias e de jogos; o programa Google Earth; o Gmail para se gerenciar conta(s) de emails; ferramentas avançadas de buscas, etc. O dispositivo ‘Amigos On-line’ reproduz as funções do MSN (para bate-papo e mensagens instantâneas) no Orkut oferecendo maior conectividade. Atualmente, as únicas formas de ‘controle’ nas redes são os dispositivos de privacidade, estatuto(s) próprios e os moderadores (de comunidades) que existem para resguardar o funcionamento do sistema e os membros de ataques e abordagens indesejáveis.

As comunidades nas redes sociais são a parte mais visível da es-pecificação virtual, ou seja, da segmentação. É por meio das comunidades que os indivíduos – integrantes de grupos sociais na vida cotidiana – se manifestam como ‘grupo virtual’, reproduzindo no ciberespaço suas agremiações, classes, histórico, carreira, formação, hobbies, e preferências. A afiliação em determinadas ‘comunidades’ revela sobremodo a visão de mundo, personalidade, orientação sexual e religiosa dos membros.

Enquanto que na comunicação interpessoal - através do bate-papo, recados e mensagens - observa-se um excesso de conteúdos abstratos e factuais subjetivos; no sentido inverso, são as comunidades destinadas à carreira, ao concurso público, aos debates acadêmicos, de relatos de expe-riências, de uso de idiomas, etc. que acumulam o conteúdo mais robusto e egrégio. Entre elas, pode-se citar “Coisas da Diplomacia”, um espaço em que ocorrem, muitas vezes, debates de alto nível, politizado, e há o trânsito de informações preciosas para quem planeja seguir a carreira de diplomata. Uma reportagem da FolhaOnline, de 20083, relata a existência de pessoas interessadas em manter comunidades no Orkut com assuntos sérios sobre questões sociais e/ou políticas. Por exemplo, as comunidades: “Movimento Fora Renan Calheiros”, “Não ao Voto Obrigatório” e “Pela Legalização do Aborto”. Algumas abordam assuntos polêmicos, mas, na reportagem, uma orkutiana defende que “...os debates no mundo virtual ficam mais interessantes quando surgem opiniões divergentes. Isso nos faz refletir sobre as nossas, buscar fundamentar o que pensamos, gerando um aprendizado”.

Outro caso citado na reportagem é o de um orkutiano, estudante de jornalismo da Unesp que durante a greve da universidade criou uma comunidade, a “Greve não é Férias” para informar o movimento estudantil. Na opinião dele, “iniciativas como essa livram as pessoas das informações oficiais, provenientes da TV, dos jornais ou do rádio”, alegando a neces-sidade de uma comunicação alternativa para se discutir pontos de vista.

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As redes sociais reproduzem, em escala virtual, a desordem e os conflitos sociais da vida real, e, os membros encontram nas redes os expedientes para romper com estruturas tradicionais de poder ou com os meios tradicionais de informação. Mas deve-se lidar com o conteúdo das comunidades com cautela. Há muitas inverdades e pontos de vista distorcidos sendo ventilados publicamente nelas. Por exemplo, um orku-tiano estudante de diplomacia relatou à FolhaOnline que usou o Orkut para esclarecer pontos (contando versões próprias) sobre os conflitos do Oriente Médio; pois, de acordo com ele, havia muita desinformação nas comunidades sobre o histórico embate entre judeus e palestinos.

Por outro lado, as comunidades mais populares no Orkut, com milhões de membros, tratam de temas banais (Quadro 1).

Quadro 1: Temas tratados no orkut.

Fonte: On line, acessado em 12.04.2010 . CONCLUSÃO

As redes sociais se tornaram mais um canal na internet onde o indivíduo tem a possibilidade de se expressar livremente. Um meio para mostrar idéias e colocar em prática, no quotidiano, aquilo de proveitoso partilhado no ambiente virtual, buscando uma instrumentalização das informações trocadas em benefício pessoal e coletivo. Unidade, identi-dade, interferência, gerência, e segmentação são alguns dos ingredientes necessários para se ter uma ‘horizontalidade dialógica na comunicação’ nas redes sociais (e na internet), rompendo com a histórica verticalidade estrutural (o conservadorismo editorial) da mídia.

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Em termos práticos, a ‘horizontalidade dialógica’ concretiza-se com a ‘equivalência de status e de poder’ entre os usuários das redes sociais e o ‘produtor de conteúdo virtual’. Há o arbítrio da escolha e da seleção de conteúdos de interesse próprio. Outro aspecto fundamental das redes sociais (e da internet) é o fortalecimento do ‘capital social’. Ressalta-se, porém, que as redes sociais são ainda um território anárquico, funcionan-do a serviço da desinformação e de práticas condenáveis. Na análise, os autores observaram que ainda prevalece o trânsito de conteúdo abstrato, recheado de linguagem fática e de pouca serventia social, cultural e educacional. Ainda predomina a existência de comunidades destituídas de substrato e de valores.

No entanto, a mídia convencional e as redes sociais não são rivais, e pontos de intersecção têm surgido trazendo benefícios diversos, tanto para o o usuário da internet, quanto para as empresas de comunicação. As redes sociais precisam ser usadas de forma inteligente e com cautelas para que possam ter esse valor utilitário efetivo na consolidação de uma cyber-democracia; um meio alternativo complementar para a comunicação no mundo moderno, constituindo-se um elemento indispensável à cidadania. SEGMENTATION, VIRTUAL PUBLIC SPHERE AND HORIZON-TAL DIALOGIC COMMUNICATION IN SOCIAL NETWORKS Abstract: this paper is focused on the critical analysis about the structural

verticalization in the Mass Media Communication and about the cultural industry hierarchization as well as it seeks to contextualize the social networks by pointing out their segmentation and tools for interactivity as part of a cyberdemocracy. The authors start from the hypothesis that the current phe-nomenon is of a ‘dialogical horizontality’ in the virtual communication that, by its turn, it nurtures the expansion of the ‘social capital’ and, consequently, democratize the access to the information, and it allows the emergence of a ‘public opinion’, to some extent, free of bias. In order to sustain their argu-ments about ‘verticality’ and ‘ horizontality’, the authors mention Milton Santos and the Habermasian model of public sphere; moreover, the authors make a reflection about ‘modernity’ paving the discussion with a sociological setting. Though, the paper is provocative as it assumes that the exchanged content in the social networks is for the most part superficial (abstract), then, limited to be in service of the media.

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Keywords: Cyberspace. Social Networks. Segmentation. Structural

Verti-cality. Dialogical Horizontality.

Notas

1 Artigo online não publicado, acessado em 12.04.2010, no link: <http://files. ciberdemocracia.webnode.com>.

2 O uso do termo in loco não que dizer ‘mesma localidade’, no ‘próprio local’; aqui ele refere-se ao ciberespaço, ou seja, um espaço não-físico, sem delimita-ções geográficas, e sem estabelecimento de hierarquias de qualquer natureza. 3 Reportagem feita pela Folha On line, em 25.02.2008, intitulada ‘Engajados

usam Orkut para falar de assuntos sérios’, disponível no link: http://www1. folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u375656.shtml, acessado em 12.04.2010.

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* Recebido em: 18.04.2010. Aprovado em: 04.05.2010.

** Doutor em Geografia Humana e Turismo pela University of Waikato, Nova Zelândia. Pesquisador-Associado do IESA, Universidade Federal de Goiás. E-mail: ismarlima@yahoo.com.br

*** Professora no curso de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. E-mail: noemiafelixterra.com.br

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Tabela 1: O Orkut em números – a estatística da rede de relacionamentos

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