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Para Aprender da Pedra Mineração, Trabalho e Revolta na Literatura Bíblica

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Academic year: 2021

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NANCY CARDOSO PEREIRA

Resumo: análise de Daniel 2 a partir da pesquisa sobre a economia dos metais na antiguidade médio-oriental, os locais de extração de minérios, as con-dições de trabalho e extração, as quantidades possíveis de extração e as necessidades crescentes dos impérios por estes recursos. As formas de abas-tecimentos e controle dos trabalhos nas minas, os fluxos e tráfegos destas mercadorias e outras informações são vitais para que se entenda a centralidade deste imaginário no livro de Daniel.

Palavras-chave: apocalíptica, Bíblia, economia, império, mineração

PARA APRENDER

DA PEDRA MINERAÇÃO, TRABALHO E REVOLTA NA LITERATURA BÍBLICA

N

os dias 12 a 15 de abril aconteceu o I Encontro Internacional de Populações, Comunidades, Trabalhadores e Trabalhadoras atingi-dos pela Vale do Rio Doce (JUSTIÇA GLOBAL, 2010). A Vale, dona que quase todo o minério de ferro do solo brasileiro, é hoje uma empresa transnacional, que opera nos cinco continentes; é a 14a companhia do mundo em valor de mercado, explorando os bens na-turais, as águas e solo, precarizando a força de trabalho dos povos em todo o mundo.

A exploração de minério e outras atividades da cadeia de siderurgia têm causado sérios impactos sobre o meio ambiente e a vida das pessoas. A poluição das águas com produtos químicos, a destruição de aqüíferos, a produção de enormes volumes de lixo/ (657 milhões de toneladas

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, Goiânia, v. 7, n. 1, p. 121-141, jan./jun. 2009 122122122122122 por ano), a emissão de dióxido de carbono na atmosfera, o desvio de rios que antes atendiam comunidades inteiras para uso da compa-nhia, o desmatamento de florestas e matas, o impacto sobre as popu-lações indígenas e tradicionais, a poeira de minério levantada em suas atividades, a desapropriação forçada de comunidades, tudo isso, ain-da que não sejam mencionaain-das nas propaganain-das, são as marcas mais fortes da Vale nos territórios em que ela atua. A extração nociva de bens naturais, destruição dos patrimônios culturais, e os danos cau-sados ao meio ambiente são, em alguns casos, irreparáveis, e produ-zem danos permanentes à vida.

O Encontro tem como objetivo Além expor o comportamento agressivo da Vale, e articular instrumentos e estratégias comuns para contestar seu poder absoluto e fortalecer os trabalhadores e comunidades atingidas. Sobre estas estratégias e instrumentos da luta do povo a teologia se ocupa, rastreando textos antigos e novos, criando um vocabulário de espiritualidade no enfrentamento dos impérios e suas pretensões. Soletrar a pedra e sua antiguidade como exercício de hermenêutica e boa pontaria. APOCALÍPTICA: O COTIDIANO INSÓLITO

As discussões sobre apocalípticas mais ou menos radicais, palacianas ou populares, de orientação histórica ou de viagens celestiais (COLLINS, 2005) precisam não só de um repertório de análise na literatura com-parada dentro e fora da Bíblia e textos do mesmo período, mas preci-sam explicitar as materialidades utilizadas. Manter a análise somente nos níveis literários e ideológicos acaba criando um mecanicismo que esvazia as opções políticas e estéticas da literatura apocalíptica.

A escatologia profética se transforma em apocalíptica no momento em que se renuncia à tarefa de traduzir a visão cósmica para as realidades do mundo (HANSON, 1983, p. 35).

O autor Paul Hanson inicia seu artigo de 1971 avaliando a popularidade da apocalíptica naquele período como resultado de uma profunda mu-dança:

o otimismo proveniente de uma longa história de progresso... culminando na prosperidade da Era Eisenhower (reservada, está certo, aos favorecidos

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pelo sistema) começou a cambalear e até a desmoronar. Não estamos falando de um colapso da bolsa de valores, mas de uma queda de natureza mais profunda: uma quebra de confiança na máquina do progresso...

Para Hanson o interesse pela apocalíptica na década de 70 expressava a dissidência de um setor social desencantado com os rumos da socie-dade científica, uma retirada, a busca de um refúgio a partir da valo-rização de elementos da natureza – terra, ar, água e fogo – e imagens do consciente subjetivo dos indivíduos (via experiência psicodélica e uso de alucinógenos).

Hanson aponta para a diferença entre apocalítpicas contemporâneas e anti-gas que expressariam imagens de uma cosmovisão pertencente a “res-peitáveis” sistemas religiosos. Para este autor os elementos de natureza “bizzara, fantástica, desconjuntada e eclética” da apocalíptica judai-ca se explijudai-cariam através de uma investigação histórijudai-ca.

A narrativa fantástica se alimenta de materiais, relações e significados con-cretos... esta materialidade é a que cria as condições objetivas e sub-jetivas de releituras posteriores e suas interpretações respeitando a autonomia e coesão do texto mesmo.

Se os conteúdos destas visões são, em muitos momentos, relacionados aos poderes que dominam as pessoas e os povos, pareceu-nos que os intermediários deste saber e as formas como são dadas aos visionários apocalípticos têm certa autonomia na sua linguagem (NOGUEIRA, 1996).

Na busca de uma definição – precária e provisória – sobre apocalíptica fico com a objetividade de Johns (2006) quando apresenta a literatura fantástica latino-americana:

E por fantástico quer-se aqui designar o estado de espírito que apanha no cotidiano o insólito, sem perder nem o cotidiano nem o insólito.

Assim me ocuparei do fantástico e do concreto, do insólito e do cotidiano, do extraordinário e do ordinário. Situar a apocalíptica no âmbito do fantástico e do imaginário não nos autoriza a dissolver os materiais e as concretudes que sustentam sonhos, visões e oráculos. A literatura entre a história e o mito é palavra retomada e situada, plena de mate-rialismo.

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Expulsos do tempo e do espaço, os sobreviventes das culturas pré-colombianas se refugiam no único território possível: o mito. Porque um povo expulso da história não pode retornar para a história através da história mesmo... mas sim através do mito. O mito é a armadura que protegerá os seres vulneráveis, a casca que defenderá na lagarta o que ela poderá ser no futuro... Em certos casos a história de um povo não está no ontem mas no amanhã: uma necessidade de existência dos seres, o esqueleto que sustentará a carne da palavra retomada (GONZALEZ, 1980, p. 41).

O realismo fantástico é, simultaneamente, técnica narrativa e instrumental de experimentação que coloca os/a leitores/as na fronteira entre o real e o insólito podendo revelar os mecanismos de estruturação dos dis-cursos sobre a realidade e seus conflitos. A literatura revela a fabulação do real, suas fissuras, seus encaixes imperfeitíssimos gerando uma dú-vida epistemológica vital: falso ou verdadeiro? possível ou impossível?

Assim, instaura uma ambiguidade que passa a ser um terceiro elemento e cujo o sentido é, ela mesma a própria ambiguidade. Nessa linha, a interpretação mais comum desta ambiguidade se dá pelo seu entendimento como alegoria, e nesse sentido, o deciframento desta revelaria, por trás da ‘realidade ficcionalmente construída’, a realidade (mesma)... (PELLEGRINI, 2005).

Descrever e explicar não é suficiente. Existe um sentido de urgência... de

apo kalypto, isto é de afastar, de retirar aquilo que cobre, esconde

oculta, vela. Tirar o véu. Revelar. Plenos de “realismo fantástico” os textos apocalítpicos da Bíblia estão e não estão presos a seus cenários originais. Como boa literatura o texto:

...no cristaliza de una vez para siempre ni vegeta con el sueño de las plantas. Un texto, si es vivo, vive y se modifica. Lo varía y reinventa el lector en cada lectura

(BASTOS, 1965). Quero ler o texto de Daniel como texto vivo que se modifica: sobre os materiais/metais e suas cotidianas relações documentadas na arqueo-logia e na literatura bíblica este artigo quer se dedicar como se fosse possível aprender das pedras. A pedra em sua materialidade, sua carnadura concreta.

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A Educação pela Pedra

Uma educação pela pedra: por lições; para aprender da pedra, freqüentá-la; captar sua voz inenfática, impessoal (pela de dicção ela começa as aulas). A lição de moral, sua resistência fria ao que flui e a fluir, a ser maleada; a de poética, sua carnadura concreta; a de economia, seu adensar-se compacta: lições de pedra (de fora para dentro, cartilha muda), para quem soletrá-la. Outra educação pela pedra: no Sertão (de dentro para fora, e pré-didática). No Sertão a pedra não sabe lecionar, e se lecionasse não ensinaria nada; lá não se aprende a pedra: lá a pedra, uma pedra de nascença, entranha a alma

(JOÃO CABRAL, 1996, p. 21).

DO MATERIALISMO FANTÁSTICO DE DANIEL 2 Daniel: é o nome do meu filho. Deus julga!

É no momento de grandes crises nacionais e internacionais que a apocalíptica bíblica floresce. É literatura de resistência. Parece não haver saída! Um império sucede outro império. Um exército outro exército. Uma guerra e outra. Impostos e escravidão. Moeda e extorsão. É o fim do mundo. Mas a história ainda é possível!

Entendo o livro de Daniel como uma das obras mais antigas da apocalíptica judaica, Literatura de resistência provavelmente escrita na época da luta dos Macabeus contra a “globalização” do helenismo no século II aec (GALAZZI, 1996; MOMIGLIANO, 1991; CROATTO, 1990, STORNIOLO, 1997; SILVA, 2008). De acordo com a Enciclopé-dia Católica o livro de Daniel é um apocalipse do período Macabaico, descrevendo a história do passado e do presente sob a aparência de visões do futuro (CATHOLIC ENCYCLOPEDIA, 2008).

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, Goiânia, v. 7, n. 1, p. 121-141, jan./jun. 2009 126126126126126 A profecia de Daniel pode ser entendida como expressão do consenso cul-tural e religioso construído por setores das classes camponesas e arte-sãs em Judá com os setores do zelo religioso contra as investidas econômicas, políticas e culturais de Antíoco IV (GRANT, 1995, p. 18). Outros autores vão evitar criar uma relação direta entre o Livro de Daniel e a revolta dos Macabeus mantendo uma alternativa de compreensão militante mas não-alinhada com os Macabeus do livro de Daniel (COLLINS, 2001, p.7).

Pode ser que Daniel não exista como autor, pode ser que seja um daqueles 3 homens justos citados por Ezequiel 14, 14 a 20: Noé, Jó e Daniel. A história da interpretação do livro de Daniel é complexa e se inten-sifica em variáveis quando se amplia para a relação com outras litera-turas ou com fragmentos de Qumram (DOBRORUKA, 2007). O personagem transita no tempo, visita impérios passados, trafega pela

his-tória procurando evidências, chaves, pistas... sonhos. Daniel está sempre no âmbito do império, próximo do rei: o poder está em todo lugar e almeja esta totalidade.

O rei Nabucodonosor sonha e seu espírito fica perturbado, o rei não pode dormir e diz: o assunto me tem escapado (Daniel 2, 4). O grande rei fica sem sistema de interpretação. Os sábios e analistas de plantão insistem no: O rei vive eternamente!

Mas no capítulo 2, 11 a 13 o texto declara a impotência dos sábios do império:

Porque o assunto que o rei requer é difícil; e ninguém há que o possa declarar diante do rei, senão os deuses, cuja morada não é com a carne. Por isso o rei muito se irou e enfureceu; e ordenou que matassem a todos os sábios de babilônia. E saiu o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os sábios; e buscaram a Daniel e aos seus companheiros, para que fossem mortos.

Não conseguem perceber a totalidade, não juntam as evidências. Os versículos 29 a 45 narram a construção do significado, a procura de uma mediação interpretativa apresentada por Daniel que diz de si mesmo no v. 30:

E a mim me foi revelado esse mistério, não porque haja em mim mais sabedoria que em todos os viventes, mas para que a interpretação se fizesse saber ao rei, e para que entendesses os pensamentos do teu coração.

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, Goiânia, v. 7, n. 1, p. 121-141, jan./jun. 2009 127 127 127 127 127

Trata-se de uma imagem de esplendor excelente e aparência terrível. Daniel toma a imagem da enorme estátua composta de 4 metais: a cabeça. Ouro; o peito e os braços, de Prata; o ventre e as coxas, de Bronze; as pernas de Ferro. E os pés: parte de Ferro, parte de Argila.

Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; esta estátua, que era imensa, cujo esplendor era excelente, e estava em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível (v. 31).

Num texto cheio de aramaísmos (GINSBERG, 1954; COLLINS, 1993) o termo apresentado aqui é estátua ou imagem e tem levado os comen-taristas a identificarem os reinos representados por cada metal se-guindo uma ordem cronológica. Quatro metais. Cinco materiais. Mas são os metais e materiais, suas substâncias e seus significados de valor

que criam um continuum... são reis diferentes, mas um mesmo pro-cesso de designação de valor a partir dos metais. Puro materialismo histórico! Daniel entende que deve ser nas formas de resolução tecnológica que se encontra o continuum! Muda-se o nome do im-pério mas o processo de dominação mantém sua organicidade na forma do valor do metal. Imperialismo.

O uso dos metais/minerais nos textos pode sugerir uma simples referência a valores, como uma exterioridade de representação. Mas a linguagem apocalíptica lida com materialidades e assim é preciso tomar os me-tais/minerais não como referência externa ao poder e à força, mas perguntar pelas condições objetivas e subjetivas destes materiais/me-tais no metabolismo dos impérios.

Pouco, porém, se conhece da economia dos metais na antiguidade, os locais de extração de minérios, as condições de trabalho e extração, as quan-tidades possíveis de extração e as necessidades crescentes dos impéri-os por estes recursimpéri-os. As formas de abastecimentimpéri-os e controle dimpéri-os trabalhos nas minas, os fluxos e tráfegos destas mercadorias e outras informações vitais para que se entenda a centralidade deste imaginá-rio no livro de Daniel.

A estátua como visão final e acabada implica no desvelamento do processo de fazeção e susentação da imagem como representação do poder do império. Numa perspectiva materialista estas perguntas precisam ser feitas e poderão ser respondidas somente de forma parcial e limitada nos limites deste trabalho.

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, Goiânia, v. 7, n. 1, p. 121-141, jan./jun. 2009 128128128128128 DA MATERIALIDADE FANTÁSTICA DOS METAIS

Os arqueólogos dividiram a história antiga em três momentos diferentes, nos quais o ser humano foi desenvolvendo várias técnicas de sobrevi-vência e de resolução da vida material. Esta divisão funcionaria até o surgimento da escrita que marcaria o âmbito específico da história documental e o desenvolvimento das formas de controle. Esta racionalidade burocrática e arquivista inviabilizam a percepção do continuum histórico e seus mecanismos de totalidade.

Estes três momentos são datados de modos diversos e com subdivisões mais ou menos significativas. Aqui apresento uma possibilidade de visão cronológica (ESCOLA DE FORMAÇÃO BÁSICA POPULAR SO-LIDÁRIA, 2005):

• Período Paleolítico, ou Idade da Pedra Lascada ou Idade da Pedra Antiga (1 milhão de anos atrás até 10.000anos a.C.);

• Período Neolítico, ou a Nova Idade da Pedra, ou Idade da Pedra Polida (de 10.000 a 3.000 anos a.C.);

• Idade do Metal: cobre (2550 a 1800 aec); bronze (2000 a 1000 aec) e ferro (entre 1200 e 1000 em diante).

O desenvolvimento da produção agrícola, que aconteceu no final do perío-do Neolítico representou significativas mudanças nas formas de or-ganização da vida social e na relação coma natureza. Sem possibilidade alguma de generalização, diferentes processos históricos articularam agricultura, tecnologia e vida social em diferentes períodos com dis-tintas resoluções de técnica. O uso de ferramentas de pedra e pau perdurara por toda a história humana, mas sem dúvida foi o desen-volvimento da metalurgia que garantiu o desendesen-volvimento de ferra-mentas vitais para os processos de estabilização e poderio dos impérios da antiguidade.

Os metais mais conhecidas pelos antigos eram cobre, ouro, ferro, chumbo, prata e estanho. Destes o cobre, ouro e prata foram provavelmente utilizados primeiro pois, ocorrendo em um estado metálico, eles po-deriam ser separados facilmente da terra por processos mecânicos mais simples. Devido às dificuldades em se separado de seus com-postos, o ferro foi o último a ser empregado apesar de oferecer maior e melhor durabilidade e versatilidade de usos (RESHAFIM, [2000]; MEYER, [2000]).

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região do crescente fértil ao mesmo tempo em que passou a dominar a mineração de cobre em Meghara, na península do Sinai. Durante cerca de dois séculos e meio, os fenícios, durante quase dois séculos desenvolveram em segredo os recursos descobertos de minas de esta-nho em seu território o que garantiu relativa hegemonia tecnológica e militar.

A exploração dessas minas, seguida de seu monopólio comercial, consti-tuiu fator decisivo para manter a supremacia de Cartago e lhe propiciou, em parte, o controle do comércio no reduzido mundo de então. Final-mente, o Império Romano só dominou o mundo depois de conquistar os amplos recursos minerais da Espanha (PETROSOL, [2000])

A arqueologia comprova a existência de manufaturas de metal em Creta por volta de 2500 aec., nas Cíclades e na parte meridional do conti-nente.

A procura dos minérios, pelos testemunhos que os egípcios, por exemplo, nos puderam deixar, foi a causa de muitas expedições guerreiras e de inúmeras rotas comerciais que favoreceram as mais diversas trocas. Por volta de 1500 a.C., havia exploração regular de minério no oriente

próxi-mo e os hititas são citados, na tradição grega, copróxi-mo o povo dominador das terras e da técnica de obtenção e fabrico de instrumentos de ferro.Esse novo metal já era conhecido no segundo milênio antes da era comum, mas por longo tempo permaneceu raro e dispendioso.

Assim, de modo generalizado se poderia apontar para um processo sistemáti-co e um desenvolvimento sistemáti-constante das atividades de metalurgia na antiguidade oriental. Estas atividades eram expressamente controladas pelos impérios, com deslocamento trabalhadores forçados nas minas e de tropas militares, um dispendioso sistema de abastecimento e um exigente processo de armazenagem e transporte dos recursos extraídos até os centros de fundição e tratamento dos metais e suas ligas. A palavra “metal” vem do grego e significa “procurar, sondar”. Com o

do-mínio e controle do fogo é que foram criadas as condições de experi-mentação de manipulação e experiexperi-mentação de minérios surgindo as possibilidades crescentes da metalurgia.

No início a raridade dos metais era tão grande que só eram forjadas armas. A utensilagem corrente continuava a ser de pedra ou de madeira.

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, Goiânia, v. 7, n. 1, p. 121-141, jan./jun. 2009 130130130130130

Por isso, o cobre, o bronze e o ferro não vieram suplantar brutalmente a pedra. Todo o ferro primitivo seria hoje em dia classificado como ferro forjado. O método de obtê-lo consistia em abrir um buraco em uma encosta, forrá-lo com pedras, enchê-lo com minério de ferro e madeira ou carvão vegetal e atear fogo ao combustível. Uma vez queimado todo o combustível, era encontrada uma massa porosa, pedregosa e brilhante entre as cinzas. Essa massa era colhida e batida a martelo, o que tornava o ferro compacto e expulsava as impurezas em uma chuva de fagulhas..

(BRAGA, [2000]).

As evidências arqueológicas e históricas apontam para um processo difícil e custoso de obtenção destes materiais. O processo de localização, in-vestigação, controle e exploração de minas era extremamente dispendisoso e exigia um contingente de trabalhadores e de soldados e de transporte que mobilizava todo um setor das sociedades para um usufruto restrito e elitizado.

As condições sofridas de vida e trabalho dos muitos escravos nas minas dos grandes impérios da antiguidade podem hoje ser conhecidas a partir de pesquisas de análise de resíduos minerais em esqueletos humanos excavados em antigas minas como por exemplo na região da atual Jordânia já por volta de 1500 aec1 (GRATTAN; KARAKI, 2005) e

textos como o de Diodorus Siculus sobre mineração no Egito escrito no século 1 aec (DIODORUS SICULUS, 1939):

Os meninos mais novos entravam através dos túneis e galerias formados pela remoção de pedras, e com muita dificuldade removiam as pedras pedaço a pedaço e carregavam até a entrada. Então os que tinham por volta de 30 anos tomavam as pedras e com um “pilão” de ferro sobre uma argamassa de pedra reduziam os materiais ao tamanho de uma ervilha.

Os metais eram de uso exclusivo das elites urbanas e do exército, com uso definido para a guerra e para o luxo sendo somente parcialmente socializado. As amostras arqueológicas atestam a resistência dos utensílios de pedra pau e cerâmica mesmo durante os períodos de acesso e de expansão da metalurgia.

As grandes estátuas dos grandes impérios não eram representações externas do poder... no controle social, econômico e estético dos metais em particular e dos materiais em geral (pedra, madeira, cerâmica)

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ex-, Goiâniaex-, v. 7ex-, n. 1ex-, p. 121-141ex-, jan./jun. 2009 131 131 131 131 131

pressavam a continuidade de um modelo de dominação que, mesmo alterando a nomenclatura e a geografia do império, se impunha pelo continuum de controle tecnológico-burocrático da vida material e imaterial (TSETSKHLADZE, 2007).

O controle sobre os territórios dominados passava também pela adapta-ção da metalurgia às características regionais tanto na forma da for-mação de trabalhadores metalúrgicos e no controle da moeda/metal como forma de controle do valor, de modo especial a partir do padrão imperial de moedas dos Aquemênidas (BIVAR, 1985) e da expansão econômica dos gregos (ENGEN, 2004) e romanos (HESSER, 1998).

O OURO DESSA TERRA É BOM: MINÉRIOS NA LITERATURA BÍBLICA

Há poucas referências bíblicas sobre as fontes e extração destes metais (ORR, 1915). O Gênesis 4, 22 identifica Tubal Cain (personificação dos quenitas?), filho de Lamech e Zilah, como o “inventor” da metalur-gia. Esta identificação aparece no âmbito da primeira cidade e fora do espaço geográfico de Canaan.

O texto de Deuteronômio 8:9, “uma terra cujas pedras são de ferro”, difi-cilmente pode se referir à existência de minas na Palestina; a região pode ser desconsiderada como área de acesso e extração de metais. Encontra-se vestígios de extração minério de ferro no norte do Líba-no, mas em quantidade inexpressiva. Há também um pouco de mi-nério de cobre (Calcopirita, malaquita, azurite) nesta região. No Norte do Líbano e Síria existem abundantes jazidas de cobre referidos

no Tell el-Amarna como também na península do Sinai com jazidas de cobre, chumbo, ouro e prata controladas pelos egípcios. Os acha-dos arqueológicos viabilizam informações a partir as paredes das mi-nas com inscrições sobre seus métodos de mineração e as condições de vida dos trabalhadores.

Tarshish é mencionado (Ezequiel 27:12) como uma fonte de prata, ferro, estanho e chumbo. Este nome pode pertencer ao Sul de Espanha. Os metais utilizados na região e produção controladas pelos fenícios. Havilah (Gênesis 2:11), Ophir (1 Reis 10:11), Sabá (Salmo 72:15) são citados como fontes de ouro. Estes nomes provavelmente se refe-rem a regiões da Arábia (ROTHENBERG, 2003).

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, Goiânia, v. 7, n. 1, p. 121-141, jan./jun. 2009 132132132132132 A possibilidade do controle dos reis Davi e Salomão das minas de minério no sul de Israel e na Transjordânia é motivo de discussão (ISRAEL FAXX, 2008).

Como já se sabe, a Palestina era região de produção agrícola e sempre esteve na periferia das grandes inovações tecnológicas.

Os edomitas contavam com ricos recursos minerais e se tornaram mestres das artes da metalurgia. O Wadi Arabá ao sul do Mar Morto é cober-ta com resto de cobre antigos que revelam a extensão das atividades de mineração MAQSOOD, 1994) Também os filisteus na costa do Mediterrâneo tinha o monopólio do ferro. Os israelitas não tinham conhecimentos metalúrgicos nem acesso fácil aos minérios o que os deixavam em uma séria desvantagem:

Ora em toda a terra de Israel nem um ferreiro se achava, porque os filisteus tinham dito: para que os hebreus não façam espada nem lança. Pelo que todo o Israel tinha que descer aos filisteus para amolar a relha do seu arado... (1 Samuel 13:19-20).

As rotas comerciais que atravessavam a região é que criavam condições de acesso da população local a ferramentas, armamentos e objetos de metal garantindo que o imaginário dos metais esteja presente na lite-ratura Bíblica de um modo geral.

O texto de Jó 28, 1 a 6 apresenta uma bela descrição sobre as qualidades e processos de trabalho com mineração:

Na verdade, há veios de onde se extrai a prata, e lugar onde se refina o ouro. O ferro tira-se da terra, e da pedra se funde o cobre. Ele põe fim às trevas, e toda a extremidade ele esquadrinha, a pedra da escuridão e a da sombra da morte. Abre um poço de mina longe dos homens, em luga-res esquecidos do pé; ficando pendentes longe dos homens, oscilam de um lado para outro. Da terra procede o pão, mas por baixo é revolvida como por fogo. As suas pedras são o lugar da safira, e tem pó de ouro.

O texto de Jó 28 aproxima o trabalho da mineração com o processo de busca da sabedoria não somente como uma imagem desprovida de relação com a materialidade do processo de trabalho mas como apro-ximação cuidadosa de processos que compartilham a estrutura do poder e a capacidade de controlar o conhecimento.

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, Goiânia, v. 7, n. 1, p. 121-141, jan./jun. 2009 133 133 133 133 133

No poema, é a mão do homem que estendida contra o rochedo abre canais nas pedras e “os seus olhos vêem tudo o que há de mais precioso... traz à luz o que estava escondido” (vv. 9 e 10). Uma abordagem superficial trabalharia com uma simples comparação externa entre a atividade de buscar minério e o processo de sabedoria, mas uma pers-pectiva que garanta a pertença das materialidades como vitais para a interpretação apontam para possibilidades econômicas e ecológicas na interpretação do texto (WOLDE, 2003).

A continuação do poema vai fazer o contraponto entre a sabedoria e o po-der do minério contrapondo lógicas a partir da noção de “valor”:

Mas onde se achará sabedoria? O homem não conhece o valor dela... não se dá por ela ouro fino, nem se pesa prata em câmbio dela. O seu valor não se pode avaliar pelo ouro de Ofir, nem pelo precioso ônix, nem pela safira... (Jó 28, 12ss).

O texto de Jó também faz o enfrentamento da lógica de poder que controla a tecnologia dos minérios mas, a partir da teologia sapiencial. O que está em discussão é a atribuição do valor, as materialidades de valor que criam um continuum na forma do poder. O controle eco-geo-gráfico, o controle das formas de trabalho e tecnologia criam as con-dições objetivas para os impérios e suas políticas de dominação. A denúncia teológica destas formas políticas e econômicas pode se estruturar a partir da poema como no texto de Jó ou da apocalíptica de Daniel.

O que não pode faltar são pedras e atiradores de pedras (homens e mulhe-res). È aqui que voltamos para o texto de Daniel 2: com uma pedra na mão e uma boa pontaria.

Nisso uma mulher lançou a pedra superior de um moinho sobre a cabeça de Abimeleque,

e quebrou-lhe o crânio (Juízes. 9, 53).

... UMA PEDRA NO MEIO DO CAMINHO

No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra

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, Goiânia, v. 7, n. 1, p. 121-141, jan./jun. 2009 134134134134134

no meio do caminho tinha uma pedra (Carlos Drummond de Andrade)

Até que uma pedra atinge a estátua que é pulverizada e levada pelo vento. Uma pedra não lançada por mão humana.

Uma pedra em movimento: uma pedrada!

Os limites deste texto não permitem o desenvolvimento da segunda parte da perícope de Daniel 2. Aponto aqui algumas possibilidades que serão trabalhadas posteriormente. Os versículos 34 e 35 concluem a descrição do sonho:

Contemplavas (essa estátua) quando uma pedra foi cortada, sem inter-venção de mão alguma, veio bater nos pés, que eram de ferro e barro, e os triturou.

Então o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro foram com a mesma pancada reduzidos a migalhas, e, como a palha que voa da eira durante o verão, foram levados pelo vento sem deixar traço algum, enquanto que a pedra que havia batido na estátua tornou-se uma alta montanha, ocu-pando toda a região.

A pedra imediata, a pedra não cortada por mão humana pode ser entendida como reação da periferia excluída e dominada pelo continuum do poder dos metais, independente da nomeação e localização. A pedra atinge o conjunto, a totalidade do modelo político, econômico e es-tético.

Existem diversas possibilidades de interpretação “da pedra”: a pedra seria uma metáfora para um Messias pessoal (DUNN, 2001) ou represen-taria de lei de Deus, a Tora (EVANS, 2008).

Evans (2008) prefere entender como “uma pedra divinamente preparada” que seria uma parte lapidada da “grande montanha” (v. 45) entendi-da como o Reino de Deus numa identificação com o monte Sião. Entretanto, a escolha por uma investigação sobre a materialidade dos

me-tais e da pedra exige que se mantenha também aqui a materialidade da mediação de enfrentamento e de projeção da destruição do “im-pério dos metais”.

Provavelmente a mais antiga obra da apocalíptica judaica, o livro de Daniel é uma peça literária de resistência escrita na época da luta dos

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Macabeus contra a helenização no século II a.C. (SCHÖKEL; SICRE

DIAZ, 1991).

A imediatez e a severidade nua da pedra não trabalhada poderia ser enten-dida como a pergunta pela concretude das minas e das condições de trabalho. O arquiteto Sérgio Ferro afirma numa entrevista que:

Quando se estuda a história da arquitetura geralmente falta toda e qualquer documentação sobre o canteiro. Sobre a obra que como produto conta a sua produção. Mas é preciso lê-la. (p. 143)... há forçosamente exploração do trabalho, sua mutilação e submissão... Segue uma série de conseqüên-cias: irracionalidade do projeto... desaparecimento de qualquer vestígio de arte... e no pólo operário miséria, salários baixíssimos, doenças, aci-dentes, desqualificação, etc... (p. 144) o trace é um índice, é vestígio, marca de um contato efetivo, o fóssil de uma ação sobre um material

(BENOIT, 2002, p. 143).

Se situarmos esta memória no contexto da luta dos Macabeus contra Antíoco Epifanes e o partido global-helenizante no II século aec... a questão do método e sua relação com as práticas e as simbólicas da história ficam evidentes.

Em 167 aec. Antíoco IV Epífanes construiu uma estátua de Júpiter Olympus na parte mais importante do Templo em Jerusalém o que pode ser indicado como um dos fatores que deu início à guerra dos Macabeus. A pedra é a resistência popular, a capacidade de luta e de enfrentamento do poder. È a denúncia da irracionalidade do projeto/estátua/imperia-lismo. A pedra é um vestígio... um fóssil mineral bruto agindo sobre o material excavado, fundido e moldado aos interesses dos impérios na forma de deuses ou de moeda.

No capítulo 7, Daniel vai fazer outro exercício de interpretação: dividindo a história em períodos e apresentando ao mesmo tempo a força e as contradições internas dos animais/impérios. São cabeças de chifres, com chifres que se dividem em chifres. O movimento violento den-tro do próprio sistema. Sua expansão e sua destrutividade.

Não há nenhum sinal de pessimismo ou de fatalismo. A narrativa oferece um imaginário profundamente realista quanto à dor e o sofrimento causado pelo poder das bestas... mas também reconhece as fissuras, as lacunas, as ambigüidades no centro mesmo do poder e o caráter

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, Goiânia, v. 7, n. 1, p. 121-141, jan./jun. 2009 136136136136136 destrutivo do metabolismo que engendra as feras. No capítulo 2 é uma pedrada não lançada por mão humana.

No capítulo 7 a partir do verso 9 Daniel apresenta o Filho do Homem e seu processo de julgamento. O termo em aramaico é bar nasha melhor entendido como ser humano. Não se trata de um indivíduo, mas um coletivo... não é uma figura humana isolada... é a humanidade. Talvez assim se entenda melhor a pedrada do capítulo 2: não foi por mão

humana.

En el capítulo 2 lo que pone fin a los imperios (representados por la estatua gigante) es una piedra que se desprende de la montaña sin intervención de mano alguna (v.34). Y más adelante: el Dios del cielo...pulverizará y aniquilará a todos estos reinos...tal como has visto desprenderse del monte, sin intervención de mano humana, la piedra que redujo a polvo el hierro, el bronce, la arcilla, la plata y el oro (vv. 44-45). Es claramente Dios el que pone fin a los imperios. Lo que puede discutirse es el significado de la piedra que se desprende de la montaña sin intervención de mano humana. Lo más posible es que se refiera al pueblo de Dios que lucha contra Antíoco IV Epifanes, pueblo campesino en armas, conducido por los Macabeos (RICHARD, 1990).

A palavra macabeu parece ser um derivado do aramaico maqqaba e do hebraico maqqebet com o significado de martelo (TABET, 2004). O nome da liderança do movimento contra Antíoco IV – Macabeus - também participa deste campo semântico do trabalho com pedras e metais. O uso de ‘mq como “força” pode ser percebido em Jeremias 47, 5 (“a força deles”) e Jó 39, 21 (“com força”) (GREENFIELD, 1967).

O martelo é uma das ferramentas mais antigas o que pode ser comprovado em achados arqueológicos de diversos tipos de pedra e minérios ta-lhados ou fabricados para transformar a força do trabalho mecânico em energia e pressão. O martelo esta presente em muitas culturas recebendo também significados mitológicos importantes ligados à metalurgia, e explicitando o valor do domínio sobre o metal.

O que conta aqui é a pontaria da humanidade. O texto anuncia a humanidade reconciliada com o poder, com a honra, com o governo de si mesma. Assim, o sofrimento de sua época é ao mesmo tempo absurdo e

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com significado. Não é um sofrimento ontológico, necessário, dotado de racionalidade. É um sofrimento que se explica no enfrentamento dos poderes e, que por isso mesmo, é histórico, datado e pode ser superado.

Até aqui eu vi o que via Daniel. Eu precisava de suas visões e das suas palavras sobre as visões para mover dentro da minha tradição religi-osa qualquer ranço de comodismo, fatalismo ou aceitação dos pode-res de morte.

O livro de Daniel antecipa a mística do movimento de Jesus não por adivi-nhação ou premonição. Mas abre um atalho de reflexão, um cami-nho de não desistir da história. Abandonando todo triunfalismo a apocalíptica cultiva um modo de vida, uma teoria do conhecimento e uma experiência de deus que alimenta (teoria e prática) o enfrentamento dos poderes imperiais e o exercício de uma excelente pontaria. Haja pedras! Deus conosco.

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Abstract: Analysis of Daniel combined with the research on the economics of metals

in ancient Middle Eastern, places of extraction of minerals, working conditions and extraction, the possible amounts of extraction and the growing needs of the empires of these resources, forms of supply and control of work in the mines, and traffic flows of these goods and other information are vital in order to understand the centrality of imagination in the book of Daniel.

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Keywords: apocalyptic, Bible, economics, empire, mining

Recebido em 08 de março de 2010. Aceito em 25 de maio de 2010.

NANCY CARDOSO PEREIRA

Pós-Doutora em Historia Antiga na Universidade Estadual de Campinas. Professo-ra e coordenadoProfesso-ra no Curso de Teologia da Universidade Severino SombProfesso-ra e pro-fessora do Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Severino Sombra (RJ).

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