• Nenhum resultado encontrado

O ensino da segurança química no Ceará: um foco em cursos superiores da área da saúde

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "O ensino da segurança química no Ceará: um foco em cursos superiores da área da saúde"

Copied!
19
0
0

Texto

(1)

10.26843/rencima.v11i6.1854 eISSN 2179-426X Recebido em 22/08/2018 / Aceito em 19/07/2020 / Publicado em 01/10/2020

O ensino da segurança química no Ceará: um foco em cursos superiores

da área da saúde

The teaching of chemical safety in Ceará: a focus on higher health courses

Marco Antonio Ferreira da Costa

Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio / EPSJV / FIOCRUZ, marco.costa@fiocruz.br

https://orcid.org/0000-0002-7544-752

Carlos Couto Castelo Branco

Dept. de Farmácia da Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem (FFOE) da Universidade Federal do Ceará (UFC), cccb49@hotmail.com

https://orcid.org/0000-0002-4857-433

Cíntia de Moraes Borba

Laboratório de Taxonomia, Bioquímica e Bioprospecção de Fungos / Instituto Oswaldo Cruz / FIOCRUZ, cintiaborba@terra.com.br

https://orcid.org/0000-0003-3210-0623

Maria Eveline de Castro Pereira

Laboratório de Patologia/ Instituto Oswaldo Cruz / IOC / FIOCRUZ, maria@ioc.fiocruz.br

https://orcid.org/0000-0002-3404-363

Liana Perdigão Mello

Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará / LACEN, lianaperdigao@gmail.com

https://orcid.org/0000-0003-2785-4105

Maria de Fátima Barrozo da Costa

Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca / ENSP / FIOCRUZ, mafa@ensp.fiocruz.br

(2)

Resumo

O artigo é derivado de resultados de projetos financiados pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico), envolvendo profissionais da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) / Instituto Oswaldo Cruz (IOC), Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP), todos localizados na Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) / RJ, em parceria com a Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem (FFOE), da Universidade Federal do Ceará (UFC), e do Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (LACEN/CE). Teve como objetivo pesquisar a situação atual do ensino da segurança química em cursos superiores da área da saúde no Estado do Ceará. Foi uma pesquisa realizada em dois momentos; o primeiro foi uma pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa e que teve como sujeitos profissionais, professores e alunos de cursos da área da saúde. Como instrumentos de coleta de dados foram utilizados questionários; o segundo constou de uma pesquisa webgráfica em sites de cursos da área da saúde de instituições do Ceará. Os resultados obtidos apontam para uma ausência preocupante da segurança química nas grades curriculares dos cursos estudados, o que torna esta pesquisa um instrumento importante, para se alavancar essa área, não apenas na região Nordeste, mas também, nas demais regiões do Brasil.

Palavras-chave: Ensino de Ciências, Educação Profissional, Biossegurança Abstract

The article is derived from the results of projects funded by CNPq (National Council for Scientific and Technological Development), involving professionals from the Joaquim Venâncio Polytechnic School of Health (EPSJV) / Oswaldo Cruz Institut (IOC), Sérgio Arouca National School of Public Health (ENSP), all located at Oswaldo Cruz Foundation / FIOCRUZ) / RJ, in partnership with the Faculty of Pharmacy, Dentistry and Nursing (FFOE), of the Federal University of Ceará (UFC), and Central Laboratory of Public Health of the Ceará (LACEN/CE). The objective of this study was to investigate the current situation of chemical safety teaching in higher education courses in the state of Ceará. It was a research carried out in two moments; the first one was a descriptive study, with qualitative approach and that had as subjects, professionals, teachers and students of courses in the health area. As instruments of data collection, questionnaires were used; the second consisted of a webgraphic research in sites of courses of the health area of institutions of Ceará. The results obtained point to a worrying absence of chemical safety in the curricula of the courses studied, which makes this research an important tool to leverage this area, not only in the Northeast region, but also in the other regions of Brazil.

(3)

Introdução

As mudanças ocorridas no mundo do trabalho, principalmente em relação aos processos desenvolvidos na área da saúde – com a inclusão de novas tecnologias de diagnóstico e tratamento, o uso de novos produtos químicos, o acúmulo de resíduos perigosos, a exigência cada vez maior sobre os indivíduos que atuam nessas áreas, entre outros fatores, que têm acarretado agravos ocupacionais sérios, está trazendo a tona a necessidade de estudos sobre o ensino e a formação em Biossegurança, em todas as suas dimensões, dos profissionais que atuam nesses ambientes (COSTA; COSTA, 2020; COSTA; COSTA, 2018a; COSTA et al., 2018; SANTOS et al., 2016; COSTA; COSTA, 2013; 2012; 2010; 2004; PEREIRA, 2010; PEREIRA et al., 2012; 2010; 2009; TEIXEIRA; VALLE, 2010; CARVALHO, 2008).

A Segurança Química, uma dessas dimensões e nosso foco no estudo, é um conceito global que visa assegurar a proteção da saúde, da vida e das condições normais do ambiente, em busca de um equilíbrio entre os aspectos sociais, econômicos e ambientais gerados pelo uso dessas substâncias. Ela está contextualizada no campo da Biossegurança, que no Brasil possui duas vertentes, a Legal, que trata das questões envolvendo a manipulação de DNA e pesquisas com células-tronco embrionárias, e que tem uma lei, a de nº 11.105, de 24 de março de 2005, chamada Lei de Biossegurança, e a Praticada, aquela desenvolvida, principalmente nas instituições de saúde, e que envolve os riscos por agentes químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e psicossociais, presentes nesses ambientes, e que se encontra no contexto da Segurança Ocupacional (COSTA; COSTA, 2012; CARVALHO; COSTA, 2010).

No Brasil, em termos educacionais, ainda não temos, tanto nos cursos técnicos como superiores da área da saúde, currículos que contemplem adequadamente às questões que perpassam a Segurança Química, como os riscos pertinentes a utilização e descarte dos gases anestésicos, citostáticos e outros produtos farmacêuticos complexos, além daqueles normalmente encontrados em ambientes da saúde. Nas instituições de ensino onde a Segurança Química é incluída, como parte da Biossegurança, ela aparece como tema transversal, ficando a cargo dos docentes a sua discussão em sala de aula. Nessa linha a formação de professores que atuam no campo da Química assume um papel importante, no sentido de propiciar aos docentes uma visão integrada da ciência química (LEITE; RODRIGUES, 2018).

A Comissão Nacional de Segurança Química (Conasq), instalada em 2001 e vinculada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), é um mecanismo de articulação intersetorial de integração para a promoção da gestão adequada das substâncias químicas, que visa criar oportunidades para o fortalecimento, a divulgação e o desenvolvimento de ações intersetoriais relacionadas à Segurança Química. Em 2014, foi criado no âmbito da Conasq, o Grupo Técnico de Educação em Segurança Química para fomentar ações educativas, promover debates, colher subsídios e apresentar propostas para levar o tema aos currículos das

(4)

instituições de ensino (BRASIL, 2018a). Em documento gerado na Semana de Segurança Química, realizada em São Paulo de 16 a 20 de outubro de 2017, patrocinado pela Fundacentro, consta que:

A Educação em Segurança Química deve abranger todos os processos permanentes de aprendizagem e formação individual e coletiva para reflexão e construção de valores, saberes, conhecimentos, habilidades, atitudes competências, visando à melhoria da qualidade de vida e uma relação sustentável da sociedade humana com os produtos químicos, indispensáveis ao atual modelo da civilização (FUNDACENTRO, 2017, s.p.).

Em termos mundiais, embora várias iniciativas de capacitação docente na área e sugestões para a inclusão da disciplina “Segurança Química” nos currículos de cursos técnicos e superiores, tenham sido propostos, ainda não observamos resultados satisfatórios (SIGMANN, 2018).

Maciel (2012, p.156) salienta que “[…] a escola deve prever o desenvolvimento de hábitos que propiciem uma formação permanente do cidadão”. A inclusão da disciplina Segurança Química em cursos da área da saúde, poderia, a nosso ver, contribuir para a aquisição desses hábitos, haja vista a sua importância no exercício profissional dessa área.

Costa e Costa (2011) apontam que, em entrevistas realizadas junto a profissionais da saúde, estudantes e professores dessa área, todos citaram a Segurança Química como uma lacuna nos livros didáticos usados nos processos de ensino em saúde. Os mesmos autores, em estudos anteriores (COSTA, 2005; COSTA et al., 2008), já tinham observado, em livros didáticos de Biologia, Química e Física, produzidos entre 1996 (1 ano após a primeira lei de Biossegurança no Brasil - Lei nº 8.974, de 5 de março de 1995), e 2006 (1 ano após a segunda lei, e atual - Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005), uma ausência preocupante de conteúdos relativos a essa área no Ensino Médio e Superior.

Clemente et al. (2017, p.31) citam que “no trabalho em saúde [...] o fator de prevenção mais importante é a atitude que cada indivíduo adota, graças a um processo educativo que deverá ser iniciado dentro das universidades. Hungaro et al. (2014, p. 48) em um levantamento sobre a Segurança Química em enfermagem, enfatizam que:

Diante da escassez de pesquisas sobre esta temática é preciso desenvolvimento de estudos sobre riscos químicos no ambiente hospitalar, com vistas a agregar maior valor ao contexto da Saúde Ocupacional e buscar alternativas que minimizem agravos à saúde do trabalhador da saúde, especialmente a equipe de enfermagem.

Também descrevendo essa temática, Costa e Felli (2005, p. 502) salientam que “na maioria das vezes, os trabalhadores desconhecem os possíveis efeitos das substâncias químicas e sofrem processos de desgaste em função da sua diversidade no ambiente hospitalar.”

(5)

Na Odontologia, outro setor no qual as substâncias químicas estão presentes, em praticamente todos os seus procedimentos, na forma, por exemplo, de desinfetantes e analgésicos, que são capazes de causar reações alérgicas, irritações oculares e nasais, além de cefaleia (ARPONE et al., 2012) já se verifica uma considerável produção acadêmica, como artigos, dissertações e teses, no campo da Biossegurança.

Na área veterinária, inclusive a Odontologia Veterinária, nota-se um aumento crescente de ações, principalmente educativas, no campo da Biossegurança, porém com reflexos ainda reduzidos na Segurança Química (ROZA et al., 2010).

Neto et al. (2018) em pesquisa com 343 alunos dos cursos de Medicina, Odontologia e Enfermagem, da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG) no sentido de verificar a adesão e o domínio de medidas preventivas, bem como a percepção desses estudantes a respeito dos agentes de riscos aos quais estão sujeitos, identificou que os discentes de medicina foi o grupo com o menor percentual de adesão e percepção, seguido dos alunos de Enfermagem e Odontologia, o que na nossa prática docente também é observado.

Dos Santos et al. (2018), analisando percepções de formandos de cursos da área da saúde, apontaram que os alunos de Biomedicina foram os que evidenciaram o melhor conhecimento sobre a Biossegurança. Esses autores acreditam que o desempenho desses alunos esteja ligado ao fato de que o curso de Biomedicina é o único curso da área da saúde da instituição de ensino pesquisada que possui na sua grade curricular uma disciplina específica e obrigatória sobre Biossegurança, que inclui os diferentes tipos de riscos encontrados em ambintes laboratoriais.

Em um estudo com graduandos de Farmácia, Salha (2014) sugere a inclusão da Biossegurança em um contexto amplo, na matriz curricular do curso, de preferência no seu início acadêmico, e que seus conteúdos sejam discutidos em todas as disciplinas do curso, para que seus egressos possam atender de forma consciente as demandas da sociedade.

No Brasil, estudos isolados realizados em cursos de Enfermagem, Medicina e Odontologia (SILVA; MASTROENI, 2009; PELOGGIA; SANTOS, 2002; TOLEDO JÚNIOR et al, 1999) mostram a dificuldade em discutir a Biossegurança do ponto de vista da formação e, principalmente, quanto as normas de segurança, em cursos de graduação.

Esses cenários, mostram que em diferentes áreas da saúde, a inserção da Biossegurança nos seus respectivos currículos, especificamente a Segurança Química, ainda necessita de uma maior atenção.

Portanto, à luz do exposto, o estudo buscou investigar a situação atual do ensino da Segurança Química praticado em cursos superiores da área da saúde localizados no Estado do Ceará. O fato da pesquisa, financiada com recursos do CNPq, ter ocorrido no nordeste se deveu ao incentivo dessa agência de fomento para realização de estudos sobre Biossegurança naquela região, e também da parceria acadêmica estabelecida entre professores de Unidades

(6)

da Fundação Oswaldo Cruz, da Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem da Universidade Federal do Ceará, e do Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará.

Metodologia

A pesquisa foi dividida em dois momentos:

1) Estudo empírico, com abordagem qualitativa, e apoiada em observações e dados quantitativos que emergiram ao longo do trabalho, obtidos com os sujeitos envolvidos na pesquisa, e, também na vivência dos autores em processos educacionais de Biossegurança, em várias instituições de saúde e universidades do Brasil.

Foram aplicados questionários, com perguntas abertas e fechadas aos participantes, originários de diversas instituições públicas e privadas do Ceará, presentes no Seminário sobre Educação em Biossegurança: atualidades e desafíos, realizado na Universidade Federal do Ceará (Fortaleza), em novembro de 2014. O evento teve 130 participantes inscritos, com participação efetiva de 107, entre docentes (D), alunos (A) e demais profissionais (P). Foram respondidos 63 questionários, sendo 25 por professores e 34 por alunos, e 4 por outros profissionais.

Os dados oriundos desses questionários foram analisados à luz da multirreferencialidade (ARDUÍNO, 1998). Nessa abordagem a compreensão dos fenômenos se dá a partir de vários olhares teóricos. No nosso caso específico, essa abordagem foi ancorada na educação em Segurança Química/Biossegurança.

Antes da distribuição do instrumento, todos os sujeitos envolvidos com a pesquisa foram devidamente informados sobre os objetivos do estudo, sua importância, possíveis desdobramentos, e tiveram a garantia de que nenhum dado pessoal seria disponibilizado. 2) Pesquisa webgráfica, realizada no primeiro trimestre de 2018, em sites de cursos de instituições públicas e privadas de nível superior da área da saúde do estado do Ceará, selecionados a partir do Anuário do Ceará 2018/2019, visando a identificação da presença ou não das disciplinas de Segurança Química e/ou Biossegurança nas respectivas grades curriculares. Essa fase do estudo foi pensada como um complemento da investigação.

Nessa pesquisa, foram analisadas as grades curriculares dos cursos presenciais de Medicina, Medicina Veterinária, Odontologia, Biomedicina, Enfermagem e Farmácia. Essas são áreas em que a Segurança Química e/ou Biossegurança, teoricamente, está/ão inserida/s de forma intensa nos seus processos de trabalho, e, também nas atividades dos laboratórios didáticos ou de ensino dos referidos cursos.

A vivência dos autores em processos educacionais de Biossegurança, como docentes e coordenadores de cursos, também teve um importante papel no desenvolvimento do processo metodológico. Bunge (1980) denomina esta vivência pessoal de “conhecimento

(7)

ordinário”, não especializado, adquirido mediante a experiência e que se enriquece ou refuta por meio da investigação. É um conhecimento importante em função de haver sido estruturado no cotidiano do indivíduo, como fruto de observações e reflexões.

Obs.: Não tivemos a intenção de discutir a Segurança Química no seu aspecto técnico, mas sim, e apenas, no contexto do ensino. Também não objetivamos na pesquisa webgráfica, comparar instituições, apenas identificar a presença ou não das disciplinas Biossegurança e/ou Segurança Química nas suas grades curriculares.

Resultados e Discussão

No levantamento webgráfico (momento 2) foram identificados, em diversas cidades do Ceará, 100 cursos das áreas selecionadas para o estudo, sendo 10 de Medicina, 11 de Medicina Veterinária, 12 de Odontologia, 14 de Biomedicina, 35 de Enfermagem e, 18 de Farmácia. A distribuição desses cursos entre públicos e privados no Ceará e no Brasil, estão na Tabela 1.

Tabela 1 – Distribuição dos cursos pesquisados entre públicos e privados no Ceará e no Brasil

Cursos Públicos Privados Total

Ceará Brasil Ceará Brasil Ceará Brasil

Medicina 03 75 07 102 10 177 Medicina Veterinária 01 63 10 129 11 192 Odontologia 02 55 10 150 12 205 Biomedicina 0 26 14 209 14 235 Enfermagem 06 142 29 580 35 722 Farmácia 01 71 17 529 18 600 TOTAL 13 432 87 1699 100 2131

Fonte: Elaborada pelos autores a partir do Anuário do Ceará (2018/2019), INEP (2016), CFMV (2018), e do CFF (2018).

Essa Tabela mostra que 2,5% dos cursos das áreas estudadas são públicos, ao passo que 5% são de instituições privadas. Em termos nacionais, o Ceará possui 4,7% dos cursos (públicos e privados) dessas áreas.

O Ceará, com uma população estimada de 9.020.460 pessoas (IBGE, 2017) possui, segundo o último censo do IBGE de 2010, 184 municípios, e em apenas treze deles (7%), encontramos 100 cursos superiores das áreas selecionadas para o estudo. Observamos uma grande concentração desses cursos em Fortaleza (54 cursos – 55%), tanto em instituições públicas (oito cursos – 15%), como em privadas (46 cursos – 85%). Além de Fortaleza, Sobral com 17 cursos (três públicos – 18%, e 14 privados – 82%), Crato, com um público e nenhum

(8)

privado, Juazeiro do Norte com 13 cursos privados, Quixadá, com três cursos privados, Aracati e Quixeramobim, com dois cursos privados, e os municípios de Caucaia, Acarapé, Maracanaú, São Gonçalo do Amarante, Icó, Iguatu, esses com um curso privado cada, formam a rede de instituições que oferecem os cursos pesquisados neste estudo.

Esses dados apontam para uma necessidade sentida de cursos da área da saúde em outros municípios cearenses, o que vem ao encontro da decisão do Ministério da Educação, de instalar quatro novos cursos de Medicina no Ceará, nos municípios de Quixadá, Canindé, Itapipoca e Iguatu (BRASIL, 2018b).

Na Tabela 2, apresentamos os quantitativos dos cursos estudados em relação a presença da disciplina Biossegurança e/ou Segurança Quimica nas respectivas grades curriculares disponibilizadas pelas instituições em seus sites.

Tabela 2 – Presença da/s disciplina/s de Biossegurança e/ou Segurança Quimica nas grades curriculares dos cursos pesquisados

Cursos

Presença da disciplina Biossegurança nos cursos

pesquisados (n)

Presença da disciplina Segurança Química nos cursos pesquisados (n) N n % N n % Medicina 10 0 0 10 0 0 Med. Veterinária 11 0 0 11 0 0 Odontologia 12 03 25 12 0 0 Biomedicina 14 09 64 14 0 0 Enfermagem 35 11 31 35 0 0 Farmácia 18 04 22 18 0 0 TOTAL 100 27 27 100 0 0

Fonte: Elaborada pelos autores a partir do Anuário do Ceará (2018/2019).

Analisando a Tabela 2, à luz dos seus dados e das grades curriculares pesquisadas, observamos que:

1. Nos cursos de Medicina, embora as disciplinas biossegurança e segurança química não constem explicitamente na grade curricular, outras disciplinas abordam seus conteúdos, principalmente àqueles associados à agentes biológicos, foco principal dessa área do conhecimento. Vários relatos de professores e alunos na fase 1 da pesquisa, também apontam para isso.

2. Já nos cursos de Medicina Veterinária, campo em que a inserção da biossegurança vem ocupando espaço, haja vista a produção acadêmica de dissertações, teses, artigos e livros, a ausência dessa disciplina mostra a necessidade da continuidade de ações de conscientização. Relatos de professores e alunos, na fase 1, explicitam que nas clínicas veterinárias a Biossegurança/Segurança Química, já vem sendo adotada, porém, nos cursos de graduação ainda existe uma lacuna.

(9)

3. Em três faculdades de Odontologia (todas privadas) encontramos a disciplina de biossegurança associada a ergonomia. Isso aponta para o fato de que a Odontologia é a área da saúde onde a Biossegurança está em fase de inserção nos seus processos de ensino, fato já observado por Costa e Costa (2013). A disciplina Segurança Química, embora não explicitada, tem seus conteúdos presentes na grade da disciplina Biossegurança existente, segundo alguns entrevistados da fase 1.

4. Nos 14 cursos de Biomedicina (todos privados), a disciplina de biossegurança não está presente em cinco. Foi a área com a maior inserção da disciplina Biossegurança – 60%, fato compatível com os processos de trabalho praticados em seus campos de atuação.

5. Entre as 35 instituições que oferecem o curso de Enfermagem, apenas em 11 (31%), todas privadas, apresenta a biossegurança nas grades curriculares. Consideramos um baixo percentual de inclusão da Biossegurança, haja vista a diversidade de fatores de riscos, presentes no dia a dia dos profissionais da área (ANDRADE et al., 2018).

6. A Farmácia é um campo do conhecimento no qual a Química está fortemente inserida, portanto, é de se esperar, que em todos esses cursos, a Segurança Química, pela sua necessidade, seja discutida ao longo do desenvolvimento das demais disciplinas. Estranhamos apenas que somente quatro dos 18 cursos tenham a Biossegurança nas suas grades curriculares.

A pesquisa webgráfica também identificou diferentes nomenclaturas, para a disciplina Biossegurança, nos cursos estudados, que se encontram na Tabela 3.

Tabela 3 – Diferentes nomenclaturas para a disciplina Biossegurança, encontradas nos cursos estudados

Nomenclaturas encontradas Carga Horária (h) Cursos n

Biossegurança 30 a 60 Biomedicina Enfermagem Farmácia 08 02 03 Saúde do Trabalhador e Biossegurança 60 Enfermagem 01

Saúde do Trabalhador 60 Enfermagem 03

Biossegurança contra Infecções 30 Enfermagem 01

Biossegurança e Ergonomia 60 Enfermagem

Odontologia

01 03 Biossegurança em Serviços de Saúde 40 Enfermagem 01 Biossegurança, Prevenção e Controle

da Infecção Hospitalar

40 Enfermagem 01

Biossegurança e Controle de Qualidade em Laboratório Clínico

(10)

Biossegurança, Gestão e Vigilância em Saúde

60 Biomedicina 01

Bases Técnicas, Biossegurança e Ergonomia

60 Enfermagem 01

Fonte: Elaborada pelos autores a partir do Anuário do Ceará (2018/2019).

Essas nomenclaturas para a disciplina Biossegurança mostram bem a sua abrangência e diversidade de conteúdos. A presença da Ergonomia na Odontologia é pertinente, já que é um campo do conhecimento que tem nos seus processos de trabalho uma grande carga de procedimentos em que fatores ergométricos estão presentes (LACERDA et al., 2002; GARDIN et al., 2008).

A disciplina Ergonomia também está na grade do curso de Enfermagem de duas instituições. Isso é importante para os profissionais dessa área, já que vários procedimentos hospitalares exigem cuidados ergométricos, como atendimento, manuseio e transporte de pacientes, além de turnos alternantes que causam fadiga mental e inadaptação das condições de trabalho (MARZIALE: ROBAZZI, 2000).

Verificamos, pela Tabela 3, que em três instituições que oferecem o curso de Enfermagem, existe a disciplina Saúde do Trabalhador, que pelo ângulo prevencionista pode ser equiparado a Biossegurança, e em uma a Saúde do Trabalhador associada a Biossegurança.

Um detalhe importante, nos cursos de Biomedicina, é que a Biossegurança, na UniCatólica, em Quixadá, está na grade curricular na sua forma considerada ideal, ou seja, envolvendo a gestão e a vigilância em saúde – única instituição em que isso foi observado. Na UniLeão, de Juazeiro do Norte, a disciplina de Biossegurança é a primeira da grade curricular, fato único entre as instituições estudadas, o que não significa agregar mais valor a essa disciplina, mas não deixa de ser interessante.

De forma geral, observamos que a Biossegurança ainda não está adequadamente distribuída nas matrizes curriculares dos cursos analisados, mas, não podemos negar de que houve avanços, principalmente nos cursos de Odontologia, Biomedicina e Farmácia. Nos cursos de Medicina, Medicina Veterinária e Enfermagem, esperávamos uma maior presença da biossegurança. Especificamente, em relação a disciplina Segurança Química, nos parece que ainda não foi conscientemente absorvida pelas instituições da área da saúde, que a entendem, apenas, como conteúdo da Biossegurança, e não como uma disciplina. Talvez, em função disso, não tenhamos encontrado nenhuma citação a essa área nos cursos pesquisados. Ressalta-se que em apenas uma instituição pública, foi observada a disciplina Biossegurança nas suas grades curriculares – o curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará.

Um detalhe importante é que em todas as instituições em que estão os cursos selecionados para o estudo, existem laboratórios didáticos ou de ensino (COSTA; COSTA,

(11)

2018b), e é intensa a presença de produtos químicos, portanto, a ausência da disciplina Segurança Química nesses cursos é algo que consideramos incompatível.

Nas Diretrizes Curriculares dos Cursos de Graduação (BRASIL, 2018c), das áreas investigadas neste artigo, em nenhum momento aparece a palavra “biossegurança”, o que não deixa de ser preocupante, haja vista a mídia que esse campo do conhecimento adquiriu ao longo de vários anos, desde a década de 1980, e também pela sua intensa produção acadêmic O ensino da Segurança Quimica/Biossegurança no Estado do Ceará na visão de professores, alunos e profissionais

Responderam os questionários, 25 professores (40%), 34 alunos (54%) e 4 profissionais (6%), sendo 29 (46%) do sexo masculino e 34 (54%) do feminino. A faixa etária predominante foi entre 18 e 40 anos (84%).

Para 23 participantes (36%) a disciplina de Biossegurança está presente nas grades curriculares dos seus cursos, e para apenas 6 (17%) os conteúdos da Segurança Quimica são discutidos na disciplina de Biossegurança. Todos também apontaram que jamais realizaram qualquer aula prática relacionada a Segurança Química.

Para 60 participantes (95%), ao longo do Ensino Fundamental e/ou Médio (ou Técnico), o professor pouco citou algo relativo a Segurança Química. A ausência da expressão “Segurança Quimica” nos livros didáticos de ciências nesses níveis de ensino, foi observada pelos 63 respondentes (100%). Disseram que realizaram algum curso de Biossegurança, 46 participantes (73%).

Nesse contexto, 41 (65%) opinaram que o ensino da Segurança Química e/ou Biossegurança deveria ser iniciado no Ensino Médio/Técnico. Em pesquisa com 82 alunos de cursos técnicos da área da saúde, Costa (2005) também evidenciou que o ensino da Biossegurança deveria fazer parte do currículo escolar desde os primeiros anos de estudo. Essas percepções desses estudantes em 2005, coincidem com os resultados obtidos neste estudo.

Dentre os 63 questionários respondidos, em 48 deles (20 por professores e 28 por alunos), a Segurança Química é vista como conteúdo específico da Biossegurança, e não há necessidade de uma disciplina para ela. Isso é encontrado na análise webgráfica anterior. Um docente (D61) escreveu que:

Sou da área de Odontologia e nas minhas aulas sempre que posso falo de Biossegurança, principalmente quando abordo procedimentos que envolvem produtos químicos.

Em todos os questionários aparece a menção sobre a necessidade de maior atenção a Segurança Química. Mas, três alunos de Medicina (A19, A9 e A1) responderam “que a

(12)

Biossegurança deve trabalhar mais a parte biológica e que a Segurança Química deve ficar para a disciplina de Toxicologia”. Apontaram também que a Segurança Biológica ensinada em sala de aula é muito fragmentada, ou seja, é trabalhada em várias disciplinas e não há uma integração. A visão reducionista de que a Biossegurança tem mais a ver com Segurança Biológica é tradicional na área da saúde, principalmente em cursos de Medicina e Enfermagem, como observamos nas nossas experiências docentes, o que para Bunge (1980), é fruto de vivências e reflexões.

Essa questão da fragmentação do ensino da Biossegurança já foi observada por Costa (2005) e Costa e Costa (2007). Uma possível razão para isso é que ainda não existe uma matriz de conteúdos específica para o ensino dessa área do conhecimento, ou seja, cada instituição adota aqueles que mais estejam de acordo com os interesses do curso (COSTA; COSTA, 2010).

Interessante é que para outro docente (D33) do curso de Veterinária a “grade curricular não é discutida com os professores, já vem pronta”. Esse é outro fator ainda comum nas instituições de ensino brasileiras, a falta de uma discussão mais abrangente sobre os conteúdos a serem ensinados e como devem ser ensinados (CACHAPUZ et al., 2004).

Cinco professores, três de Odontologia (D12, D38 e D54), um de Medicina (D14) e outro de Enfermagem (D42) afirmaram que a “Biossegurança ainda não é tratada como deveria”. Esse é um fato ainda encontrado em cursos da área da saúde. Apenas quatro docentes e cinco alunos mencionaram que a Segurança Química não existe nas grades curriculares dos cursos aos quais pertencem. Um profissional da área da saúde (P31) apontou que:

No hospital em que trabalho, muitos colegas já fizeram cursos de Biossegurança, mas é só olhar um pouquinho para as enfermarias, e a gente vê que a Biossegurança passa longe.

Essa é outra questão que merece destaque, e a nossa vivência em processos de ensino da Biossegurança também mostra exatamente isso, ou seja, ainda falta, por parte de muitos profissionais uma atuação responsável em relação às ações de Biossegurança. A ausência da profissionalização desse campo do conhecimento pode ser uma das causas para isso, porque o que temos no Brasil são profissionais das mais diversas áreas de atuação, exercendo atividades de Biossegurança, ou seja, não há uma dedicação exclusiva (COSTA; COSTA, 2012; 2009).

Um docente (D57) do curso de Odontologia, salienta que:

As grades de conteúdos dos cursos, em grande parte, priorizam as relações técnicas, não abordando as demais imbricações importantes da Biossegurança, o que pode levar os alunos a uma compreensão parcial da realidade.

Para dois alunos, um de Odontologia e outro de Biomedicina, aparece a menção de que

(13)

Normalmente as aulas são apenas receitas de como trabalhar direito (A39). A Biossegurança é muito rica em conteúdos, mas os professores seguem apenas os manuais (A4).

A Biossegurança, como já apresentado, além de conteúdos relativos a Segurança Química, Biologia, Física, Mecânica e Ergonomia, também perpassa fortemente pela Ética, pela Religião, por Ideologias Políticas, pela Economia, entre outras. Cabe ao professor, no processo de ensino, aplicar estratégias didáticas que tenham como objetivo contemplar todas as relações desse campo do conhecimento, que é um tema polêmico, e, portanto, susceptível a vários entendimentos, e nessa linha, a capacitação docente em Biossegurança assume um papel relevante (COSTA et al., 2018).

Um professor do curso de Farmácia (D2) apontou para uma questão bastante presente no ensino da Biossegurança, e que também vale para a Segurança Química. Se refere a dissonância cognitiva entre o que é ensinado de Biossegurança e aquilo que realmente se pratica no mundo do trabalho. Esse docente citou que:

Muitos alunos chegam pra mim e questionam: professor, quando digo, lá no meu laboratório, que alguém está fazendo alguma coisa errada, em função do que aprendi no curso, eles dizem que sempre foi feito daquela maneira.

Dissonância cognitiva (FESTINGER, 1957) é uma teoria sobre a motivação humana, que afirma ser psicologicamente desconfortável manter cognições contraditórias. Entendemos que essa dissonância, na realidade é um “conflito cognitivo” entendido como o impacto entre o ensino praticado em sala de aula e as suas relações com os processos de trabalho, ou seja, com a realidade profissional. Mestrinho (1997, p.36) ao discutir às relações entre a escola e o mundo do trabalho, diz:

Se criam duas subculturas com características distintas (a da escola e a das organizações) que podem originar nos estudantes sentimentos de desamparo, impotência, frustração e insatisfação, podendo levar a um processo de socialização profissional inadequado.

Esse conflito cognitivo, no nosso caso, são os possíveis impactos entre o ensino da Segurança Quimica/Biossegurança em cursos de nível superior da área de saúde, e o mundo do trabalho em ambientes da saúde.

Em conversas informais, durante o evento em Fortaleza, e a título de ilustração, todos, afirmaram que a Biossegurança, hoje, na área da saúde, deveria ser disciplina obrigatória em todos os cursos técnicos e superiores, e que a Segurança Química deve ser levada em consideração nessa discussão.

(14)

Considerações finais

Em termos gerais, a questão da Segurança Química tem para o Brasil inequívoca relevância, tendo em vista o país estar entre os dez maiores produtores mundiais do setor e de ser o maior produtor e importador, no gênero, da América Latina. (ANDRADE, 2020; COSTA; COSTA, 2011; CARVALHO; COSTA, 2010; CONASQ, 2003).

O fato de que o estudo não identificou, nos cursos pesquisados, a presença adequada da Segurança Química nos seus currículos, aponta para a necessidade de maior atenção dos gestores pedagógicos sobre essa questão.

Considerando-se o universo de agentes envolvidos nas questões relativas a produtos químicos em universidades, de maneira geral, torna-se imprescindível a articulação, a coordenação e a cooperação entre instituições, para a otimização de esforços e recursos disponíveis para a implementação de processos educativos e de gestão da Segurança Química, e nessa linha os processos de ensino praticados nessa área devem ser pedagogicamente estruturados, assim como a realização de pesquisas sobre essa temática.

Não podemos nos esquecer das substâncias químicas na matriz nanotecnológica, que atualmente vem se revestindo de muita atenção, e nesse contexto a Segurança Química assume um papel importante, na sua vertente de Segurança Nanoquimica. Da Silva et al. (2014, p. 28)) observaram “que os dados existentes sobre toxicidade de nanomateriais são ainda limitados e conflitantes e muitos esforços ainda devem ser direcionados a este campo.” Acreditamos que este estudo, pela sua originalidade, caráter inovador e pela possibilidade de intercâmbio entre as unidades da Fiocruz e instituições externas, pode se tornar um ponto de apoio e nortear ações educativas e políticas no campo da educação em Biossegurança, especificamente a Segurança Química. E dessa forma, influenciar positivamente no desenvolvimento dessa temática no âmbito dos sistemas de saúde e dos sistemas formais e não formais de ensino na região Nordeste e demais regiões do Brasil, e, também, servir como ferramenta para reflexão sobre o ensino em outras áreas.

Agradecimentos

Ao CNPq pela confiança depositada no nosso trabalho, a Fiocruz (IOC, ENSP e EPSJV) pelo incentivo e apoio constante, a Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem da Universidade Federal do Ceará, e ao Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará, pelo suporte técnico e operacional.

(15)

ANDRADE, J.E.P. Visão de Futuro da Indústria Química no Brasil - Desafios e Oportunidades. Rio de Janeiro: Clube de Engenharia, 2020.

ANDRADE, G.B.; WEYKAMP, J.M.; CECAGNO, D.; PEDROSO, V.S.M.; MEDEIROS, A.C.; SIQUEIRA, H.C.H. Biossegurança: fatores de risco vivenciados pelo enfermeiro no contexto de seu trabalho. Revista Online de Pesquisa – Cuidado é Fundamental/UFRJ, v.10, n.2, p.565-571, 2018.

ANUÁRIO DO CEARÁ 2018/2019. Instituições de Ensino Superior. Disponível em: http://www.anuariodoceara.com.br/instituicoes-de-ensino-superior/ > Acesso em julho de 2018.

ARBONE, R.M.; TEIXEIRA, A.C.D.; SITOLINO, C.T.; RARIZI, J. L.S.; NAI, G.A. Riscos ocupacionais químicos no conhecimento de cirurgiões dentistas. Colloquium vitae, v. 4, n. 1, p. 38-52, 2012.

ARDOINO, J. Nota a propósito das relações entre a abordagem multirreferencial e a análise institucional. In: BARBOSA, J.G. (Org.). Multirreferencialidade nas ciências e na educação. São Carlos: UFSCar, p. 24-41, 1998.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Segurança Química. Disponível em: http://www.mma.gov.br/informma/itemlist/category/20-seguranca-quimica?start=28. Acesso em junho de 2018a.

BRASIL. Ministério da Educação. Edital N.1 de 28 de março de 2018. Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior. Brasília, 2018b.

BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares – Cursos de Graduação. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/33297-cursos-de-graduacao. Acesso em junho de 2018c.

BUNGE, M. La investigación científica: su estrategia y su filosofia. Barcelona: Ariel, 1980. CACHAPUZ, A.; PRAIA, J.; JORGE, M. Da educação em ciências às orientações para o ensino das ciências: um repensar epistemológico. Ciência & Educação, Bauru, v. 10, n. 3, 363-381, 2004.

CARVALHO, P.R. O olhar docente sobre a Biossegurança no ensino de ciências: um estudo em escolas da rede pública do Rio de Janeiro. 2008. Tese de Doutorado - Programa em Ensino em Biociências e Saúde, Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2008.

CARVALHO, P.R.; COSTA, M.A.F. Segurança Química: entre a experiência e a vivência sem limites. In: TEIXEIRA, P.; VALLE, S. Biossegurança: uma abordagem multidisciplinar. 2. Edição. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2010.

CFF (Conselho Federal de Farmácia). Faculdades de Farmácia no Brasil até 2017. Informação por email da Assessoria da Presidência do CFF, em 12 de julho de 2018.

(16)

CFMV (Conselho Federal de Medicina Veterinária). Faculdades de Medicina Veterinária no Brasil. Disponível em: www.cfmv.org.br/portal/ensino.php > Acesso em junho de 2018.

CLEMENTE, D.C.S.; OLIVEIRA, A.A.; LEITE, J.J.G. Elaboração e implantação dos mapas de riscos ambientais dos laboratórios dos cursos de saúde da Faculdade Metropolitana da grande Fortaleza. Revista Diálogos Acadêmicos, Fortaleza, v. 6, n. 1, p. 29-38, 2017.

COSTA, M.A.F. Construção do Conhecimento em Saúde: o ensino de biossegurança em cursos de nível médio na Fundação Oswaldo Cruz. 2005. Tese de Douitorado - Programa em Ensino em Biociências e Saúde, Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2005.

COSTA, M.A.F.; COSTA, M.F.B. Biossegurança e o símbolo do perigo biológico. USA: Amazon, 2020.

______;______. Biossegurança, perigos e riscos: reflexões conceituais. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 08, v.10, p. 53-71, 2018a.

______;______. Laboratórios didáticos de Química: de Liebig (1803-1873) aos processos de Qualidade e Biossegurança no século XX. Revista Ciências & Ideias, v.9, n.2, p.39-59, 2018b.

______;______. Biossegurança em saúde no ensino de ciências. Revista Práxis, v.5, n.9, p. 11-15, 2013.

______;______. Entendendo a biossegurança: epistemologia e competências para área de saúde. 3. Edição. Rio de Janeiro: Publit, 2012.

______;______. Segurança Química – para áreas da saúde, ensino e indústrias. Rio de Janeiro: Publit, 2011.

______;______. Educação em biossegurança: contribuições pedagógicas para a formação profissional em saúde. Ciência e Saúde Coletiva, v.15, supl.1, Rio de Janeiro, p. 1741-1750, 2010.

______;______. Profissionalização da biossegurança: contribuições para a educação profissional em saúde. In: PRONKO, M.A.; CORBO, A.A. A silhueta do invisível: a formação de trabalhadores técnicos em saúde no MERCOSUL. Caderno de Debates 2: Rio de Janeiro: EPSJV, 2009.

______;______. A Biossegurança na Formação Profissional em Saúde: ampliando o debate. In: PEREIRA, I.B.; RIBEIRO, C.G. (Coord.). Estudos de Politecnia e Saúde, v.2. Rio de Janeiro: EPSJV, p. 253-272, 2007.

______;______. Educação e Competências em Biossegurança. Revista Brasileira de Educação Médica, v.28, n.1, p. 46-50, 2004.

COSTA, M.A.F.; VENEU, F.; COSTA, M.F.B. Discussão de controvérsias sociocientíficas em sala de aula: o ensino da biossegurança em foco. Revista Práxis, v. 10, n. 19, p. 9-20, 2018.

(17)

COSTA, M.A.F.; COSTA, M.F.B.; MURITO, M.M.C.; CARVALHO, P.R.; PEREIRA, M.E.C. Biossegurança, livros didáticos de ciências e práticas docentes: uma ausência intrigante no ensino médio. In: PEREIRA, I.B.; DANTAS, A.V. (Orgs). Estudos de Politecnia e Saúde. Rio de Janeiro: EPSJV, 2008.

COSTA, T.F.; FELLI, V.E.A. Exposição dos trabalhadores de enfermagem às cargas químicas em um hospital público universitário da cidade de São Paulo. Revista Latino Americana de Enfermagem, v.13, n.4, p. 501-508, 2005.

DOS SANTOS, P.B.; HERMES, D.M.; SUSIN, L.; MOREIRA, T.R. Análise do conhecimento em biossegurança de acadêmicos formandos da área da saúde. Revista UNINGá, v. 53, n. 1, p. 45-50, 2018.

FESTINGER, L. A Theory of Cognitive Dissonance. Stanford, CA: Stanford University Press; 1957.

FUNDACENTRO (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho). Conhecimento sobre segurança química precisa ser disseminado. Semana de Segurança Química, São Paulo, 2017. Disponível em: http://www.fundacentro.gov.br/noticias/detalhe-da-noticia/2017/10/conhecimento-sobre-seguranca-quimica-precisa-ser-disseminado. Acesso em julho de 2020.

GARDIN, A.J.I; GARDIN, C.A.S.; FERREIRA, N.F.; SALIBE, M.T.A. Ergonomia e o cirurgião-dentista: uma avaliação do atendimento clínico usando análise de filmagem. Revista Odonto Ciência, v.23, n. 2, p. 130-133, 2008.

HUNGARO, A.A.; MARTINS, B.F.; SANTANA, C.J.; SENA, H.A.A.D.; ROSA, N.M.; OLIVEIRA, M.L.F.; SILVA, D.M.P.P. Riscos ocupacionais químicos e enfermagem: análise de produção científica sobre o tema. Revista UNINGá Review, v.19, n.1, p. 44-48, 2014.

IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Brasil/Ceará. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ce/panorama. Acesso em junho de 2018.

INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). Relatórios 2016. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/relatorios. Acesso em julho de 2018.

LACERDA, A.; MELO, S.C.S.; MEZZADRI, S.D.; ZONTA, W.G. Nível de pressão sonora de consultório odontológico: uma análise ergonômica. Tulita: Ciência e Cultura, n.26, p. 17-24, 2002.

LEITE, R.F., RODRIGUES, M.A. Aspectos sociocientíficos e a questão ambiental: uma dimensão da alfabetização científica na formação de professores de química. Revista de Ensino de Ciências e Matemática – RenCiMa, v. 9, n.3, p. 38-53, 2018.

MACIEL, M.D. Alfabetização científica e tecnológica sob o enfoque da Ciência, Tecnologia, Sociedade (CTS): implicações para o currículo, o ensino e a formação de professors. Revista de Ensino de Ciências e Matemática – RenCiMa, v.3, n.3, p. 152-156, 2012.

(18)

MARZIALE, M.H.P.; ROBAZZI, M.L.C.C. O Trabalho de enfermagem e a ergonomia. Revista Latino Americana de Enfermagem, v. 8, n.6, p. 124-127, 2000.

MESTRINHO, M.G. Teoria e Prática: uma relação possível. Sinais Vitais, n.11, p. 35-38, 1997. NETO, J.A.C.; LIMA, M.G.; SANTOS, J.L.C.T.; COSTA, L.A.; ESTEVANIN, G.M.; FREIRE, M.R.; FERREIRA, R.E. Conhecimento e adesão às práticas de biossegurança entre estudantes da área da saúde. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research, v.21, n.2, p. 82-87, 2018.

PELOGGIA, M.C.; SANTOS, L.F.T. Conhecimentos, atitudes e comportamento frente aos riscos operacionais dos cirurgiões-dentistas do Vale do Paraíba. Revista Biociências, v.8, n.1, p. 85-93, 2002.

PEREIRA. M.E.C. Um olhar sobre a capacitação profissional em biossegurança no Instituto Oswaldo Cruz: o processo de transformação. 2010. Dissertação de Mestrado - Programa de Ensino de Biociências e Saúde, Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2010. PEREIRA, M.E.C.; TEIXEIRA, P.; COSTA, M.A.F.; JURBERG, C.; BORBA, C.M. A importância da abordagem contextual no ensino de biossegurança. Ciência e Saúde Coletiva, v.17, n. 6, p. 1643-1648, 2012.

PEREIRA, M.E.C.; COSTA, M.A.F.; BORBA, C.M.; JURBERG, C. Construção do Conhecimento em Biossegurança: uma revisão da produção acadêmica nacional na área de saúde (1989-2009). Revista Saúde e Sociedade, v.19, n.2, p.395-404, 2010.

PEREIRA, M.E.C.; COSTA, M.A.F.; COSTA, M.F.B.; JURBERG, C. Reflexões sobre conceitos estruturantes em biossegurança: contribuições para o ensino de ciências. Ciências & Cognição, v. 14, n. 1, p. 296-303, 2009.

ROZA, M.R.; COSTA, M.A.F.; COSTA, M.F.B.; GAMA FILHO, J.B.; OLIVEIRA, A.L.A. Biossegurança aplicada aos serviços de odontologia veterinária. MEDVEP – Revista Científica de Medicina Veterinária de Pequenos Animais e Animais de Estimação, v.8, p.293-296, 2010.

SALHA, L.A. Conhecimento de graduandos de Farmácia. 2014. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal de Goiás – Faculdade de Farmácia, Goiânia, 2014.

SANTOS, M.J.; PEREIRA, M.E.C.; JUNQUEIRA, A.C.V.; BORBA, C.M.; JURBERG, C. Reflexões sobre o ensino online de Biossegurança à luz da Teoria da Aprendizagem Significativa. Ciências & Cognição, v.21, n.1, p. 100-111, 2016.

SIGMANN, S. Chemical safety education for the 21st century — Fostering safety information competency in chemists. Journal of Chemistry Health and Safety, v. 25, n.3, p. 17-29, 2018. SILVA, A. D.R.I.; MASTROENI, M.F. Biossegurança: o conhecimento dos formandos da área da saúde. Revista Baiana de Saúde Pública, v.33, n.4, p. 654-665, 2009.

(19)

TEIXEIRA, P.; VALLE, S. Biossegurança: uma visão multidisciplinar. 2. Edição. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2010.

TOLEDO JÚNIOR, A.C.C.; RIBEIRO, F.A.: FERREIRA, F.G.F.: FERRAZ, R.M.; GRECO, D.B. Conhecimento, atitudes e comportamentos frente ao risco ocupacional de exposição ao HIV entre estudantes de medicina da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.32, n.5, p. 509-515, 1999.

Imagem

Tabela 1 – Distribuição dos cursos pesquisados entre públicos e privados no Ceará e no  Brasil
Tabela 2 – Presença da/s disciplina/s de Biossegurança e/ou Segurança Quimica nas grades  curriculares dos cursos pesquisados
Tabela 3 – Diferentes nomenclaturas para a disciplina Biossegurança, encontradas nos  cursos estudados

Referências

Documentos relacionados

It leverages recently released municipality-level information from Brazil’s 2017 Agricultural Census to describe the evolution of three agricultural practices typically connected

Promptly, at ( τ − 2 ) , there is a reduction of 4.65 thousand hectares in soybean harvested area (statistically significant at the 1% level), an increase of 6.82 thousand hectares

Reduzir desmatamento, implementar o novo Código Florestal, criar uma economia da restauração, dar escala às práticas de baixo carbono na agricultura, fomentar energias renováveis

Reducing illegal deforestation, implementing the Forest Code, creating a restoration economy and enhancing renewable energies, such as biofuels and biomass, as well as creating

▪ Um estudo da UNESCO, publicado em 2005, mostra que Austrália, Inglaterra e Japão, onde as armas são proibidas, estão entre os países do mundo onde MENOS se mata com arma de

adotado pela autoridade tributária que arbitra a base de cálculo do imposto das pessoas jurídicas, sempre que estas deixam de cumprir suas obrigações acessórias (escrituração,

RESUMO: Busca-se neste trabalho analisar a fotografia como objeto de estudo nas áre- as da Arquivologia e Ciência da Informação a partir do levantamento, da leitura e da análise

A pesquisa faz uma análise de como o país passa a ser inserido dentro do contexto mais amplo de moda propagado pela França a partir do momento em que as revistas femininas