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DESTINAÇÃO FINAL DE PRODUTOS ELETROELETRÔNICOS ADOTADAS POR EMPRESAS E CONSUMIDORES FINAIS NO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE (MG)

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¹ Estudante do 6° período do curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix – Campus Praça da Liberdade. E-mail: guimarães.danielaf@gmaill.com

² Professor do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix – Campus Praça da Liberdade. Mestre em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). E-mail: ricardo.latini@izabelahendrix.edu.br

DESTINAÇÃO FINAL DE PRODUTOS ELETROELETRÔNICOS ADOTADAS POR EMPRESAS E CONSUMIDORES FINAIS NO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE

(MG)

Daniela Ferreira Guimarães¹ Ricardo Oliveira Latini²

Resumo

A geração de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (REEE) está em processo de plena expansão no país e, com isso, a demanda de seu manejo e controle. Com a publicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos em 2010, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes serão obrigados a estruturar e implementar sistemas de logísticas reversa dos REEE, que responsabiliza toda a sociedade pela gestão dos resíduos gerados. O conhecimento das formas de destinação adotadas para esses tipos de resíduos, portanto, é importante para implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos. O objetivo desse trabalho é verificar a forma de destinação final de produtos eletroeletrônicos adotados por empresas e consumidores finais de duas grandes regiões do município de Belo Horizonte (MG). Os dados foram coletados em três grupos distintos da sociedade (empresas consumidoras, empresas de assistência técnica e consumidores finais) das regiões Norte e Centro Sul do município que têm acesso a produtos eletroeletrônicos. Os resultados apontaram que a maioria das empresas consumidoras, assistências técnicas e os consumidores particulares localizadas na região Centro sul afirmaram ser o lixo comum ou a doação os únicos destinos desses REEE que não os satisfazem mais, transferindo a responsabilidade do descarte para outras pessoas. As assistências técnicas da região Norte vendem em maior quantidade as peças se comparada à região Centro sul. A ausência de destinação dos REEE para as empresas especializadas foi observada na região Norte e nas assistências técnicas em ambas as regiões. Com a PNRS já regulamentada, o município, no entanto, antes de ser iniciada a execução de ações de gestão é necessária a geração de informações consideradas importantes para subsidiar suas elaborações.

Palavras-chave: eletroeletrônicos, destinação, resíduos sólidos, Belo Horizonte.

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Introdução

Segundo a Norma Técnica NBR 10.004 da ABNT, publicada em 1987, os resíduos sólidos são aqueles que se encontram no estado sólido e semissólido, resultantes de atividades industriais, domésticas, hospitalares, comerciais, de serviços, varrições ou agrícolas. Com a revisão dessa Norma, em 2004, os resíduos passam a ser classificados quanto ao risco à saúde pública e ao meio ambiente, sendo considerados como perigosos (Classe I) aqueles com características de inflamabilidade, corrosividade, e atividade, toxicidade ou patogenicidade (ABNT, 2004).

Essa mesma Norma especifica ainda que os equipamentos eletroeletrônicos, cujo funcionamento depende do uso de corrente elétrica ou de campos eletromagnéticos, são classificados na Classe I após o uso. Eles têm recebido atenção por apresentarem substâncias potencialmente perigosas e pelo aumento em sua geração, resultante do aumento do consumo (FEAM, 2009).

A geração de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (REEE) está em processo de plena expansão visto, a redução dos seus preços de venda, a crescente inovação tecnológica e a diminuição do seu tempo de vida útil (RODRIGUES, 2007). Diante isso, esses equipamentos tornam-se resíduos em curto espaço de tempo e, portanto, demanda o manejo e controle para minimizar os problemas ambientais associados ao seu descarte (SILVA et al., 2007).

Rodrigues (2007) apresentou estudos sobre o potencial de geração de REEE no Brasil no período entre 2002 a 2016, que apontam média anual correspondente a 493.400 toneladas, o que representa uma média per capita de 2,6 kg/ano. Estudos realizados em Belo Horizonte (MG) estimaram uma geração de 152.772 toneladas de resíduos de aparelhos de refrigeração, televisores, computadores pessoais e telefones celulares entre os anos de 2010 e 2023 (RODRIGUES, 2007; FRANCO 2008), sugerindo que as estimativas possam ser ainda maiores se forem analisados todos os tipos de resíduos sólidos. Segundo esse mesmo autor, essas subestimativas ainda sofrem influência da limitação de informações sobre a produção, venda e tempos de vida útil desses tipos de equipamentos.

Atualmente, há uma grande preocupação quanto às consequências negativas que esses resíduos podem gerar nos ambientes naturais e antrópicos quando descartados de maneira indevida. Alguns países, sobretudo em desenvolvimento,

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importam REEE a baixos valores econômicos com o propósito de reutilizar os componentes em funcionamento e/ou reparar outros para reutilização. Enquanto alguns dos equipamentos são úteis para executar sua função de origem, outros são manuseados de maneira indevida e tornam-se fontes de problemas ambientais (LIU

et al., 2006).

No Brasil, alguns estudos apontam que o manuseio indevido dos REEE em muitas associações de catadores de materiais recicláveis, além de gerar problemas ambientais, pode oferecer risco à saúde das pessoas (FRANCO, 2008) por causa da composição tóxica de alguns dos componentes dos dispositivos eletrônicos (ROMAN, 2007). Quando depositados diretamente na natureza ou associados a rejeitos orgânicos, como nos aterros sanitários, os metais pesados contidos nos REEE em contato com a água, são carregados junto ao chorume, podendo contaminar o solo e, consequentemente, os lençóis freáticos (CELERE et al., 2007).

A composição dessa categoria de resíduos pode ser utilizada como uma das justificativas para a elaboração e execução de programas específicos de gerenciamento (SILVA et al., 2007). Ultimamente, várias ações relacionadas com essa temática têm sido realizadas, como a elaboração de regulamentações que incluem a responsabilidade do produtor sobre o gerenciamento dos seus produtos pós-consumo e a publicação de legislações sobre a restrição de uso de substâncias tóxicas na fabricação dos equipamentos eletrônicos (RODRIGUES, 2007).

Em 2010, o Brasil passou por um grande avanço sob a ótica legal com a publicação da Lei 12.305, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Segundo essa lei, independentemente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes serão obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa dos REEE, mediante retorno dos produtos.

A logística reversa é um instrumento de desenvolvimento socioeconômico e de gerenciamento ambiental importante para concretizar a responsabilização de toda a sociedade pela gestão dos resíduos gerados, visando a sua minimização (BRASIL, 2010). Ela é caracterizada por um conjunto de ações, procedimentos e meios, destinados a facilitar a coleta e restituição dos resíduos sólidos aos seus produtores, para que, assim, sejam tratados ou reaproveitados em novos produtos, na forma de novos insumos, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos (LEITE, 2003).

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As ações adotadas pelas empresas de assistência técnica, empresas consumidoras, assim como pelos consumidores finais de produtos eletroeletrônicos torna-se, portanto, de extrema importância para a implementação desse instrumento. A devida destinação dos REEE por esses representantes da sociedade, além de favorecer a implementação da logística reversa, representa uma importante contribuição para o gerenciamento de resíduos sólidos de um município.

A coleta de informações referentes à destinação dada para esses tipos de resíduos é de grande valia para a indicação de locais prioritários para a realização de atividades de educação quanto à temática e, consequentemente, um importante passo para implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Diante isso, o objetivo desse trabalho é verificar a forma de destinação final de produtos eletroeletrônicos adotados por empresas e consumidores finais de duas grandes regiões do município de Belo Horizonte (MG).

Metodologia

Área de estudo

O trabalho foi desenvolvido no município de Belo Horizonte, situado na região centro sul do Estado de Minas Gerais. O município tem uma extensão territorial de cerca 331,40 km2, uma população de aproximadamente 2.375.151 habitantes e é considerado o terceiro principal centro urbano do país, em termos econômicos (IBGE, 2010).

Conforme a Lei Municipal no 4.158, sancionada em 16 de julho de 1985, seu território é dividido em nove regiões administrativas (Figura 1) com perfil sócio econômico diversificado (BELO HORIZONTE, 1985) que, possivelmente, reflete num potencial de geração de resíduos diferentes.

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Figura 1: Subdivisões gerenciais (regiões administrativas) do município de Belo Horizonte, MG. Fonte: IBGE, 2007; PRODABEL, 2011; SMAPL, 2011.

Coleta de dados

Primeiramente, foram formados três grupos distintos da sociedade que têm acesso a produtos eletroeletrônicos nas diferentes regiões administrativas do município de Belo Horizonte: empresas consumidoras, empresas de assistência técnica e consumidores finais. Esses grupos foram formados, visto as suas demandas por informações referentes à destinação final dos REEE’s cedidas por uma empresa de assistência técnica de Belo Horizonte.

Para cada um desses grupos foi elaborado um formulário estruturado enfatizando, sobretudo, a destinação final dos resíduos gerados dos produtos eletroeletrônicos.

A seleção das empresas consumidoras e dos consumidores finais considerados nesse estudo foi baseada na pasta de clientes de uma empresa de assistência técnica do município de Belo Horizonte. Já das empresas de assistência

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técnica, foi baseada em informações contidas nos sites de alguns fabricantes do setor de informática (Intel, LG, Samsung, Intelbrás e HP) e na lista telefônica do ano 2011 do mesmo município.

As perguntas foram realizadas presencialmente aos responsáveis pelas empresas consumidoras e de empresas de assistência técnica, via mensagem eletrônica aos consumidores finais durante o mês de outubro de 2012. Dos 180 contatos realizados, 68 não foram respondidos e cinco não foram considerados suficientes para representar a realidade da região de origem. O restante (n=107) foi utilizado para cumprir com o objetivo proposto nesse estudo, sendo 35 provenientes das empresas consumidoras (24 na região Centro Sul e 11 na Norte), 35 das empresas de assistência técnica (15 na região Centro Sul e 20 na Norte) e 37 dos consumidores finais (9 na região Centro Sul e 28 na Norte).

Devido à grande diferença dos números de questionários respondidos por subdivisões gerenciais de Belo Horizonte, nesse estudo as regiões Nordeste, Noroeste, Venda Nova e Pampulha foram agrupadas na região Norte. As regiões Leste (n=2), Oeste (n=3) e Barreiro (n=0) foram descartados devido ao número insuficiente de amostras que represente as formas de destinação final de produtos eletroeletrônicos na região. Assim, esse procedimento possibilitou ainda a realização de comparações das diferentes formas de destinação desses produtos entre as duas regiões (“Norte” e Centro Sul) aqui consideradas.

Todos os dados oriundos dos questionários foram tabulados em planilhas do programa Excel para a realização das interpretações e comparações dos resultados.

Resultados e Discussão

Conforme as informações coletadas, 71% (n= 17) das empresas consumidoras de produtos eletroeletrônicos da região Centro Sul (n=24) de Belo Horizonte fazem doação dos equipamentos e peças em desuso, 21% (n=5) descartam no lixo comum e apenas 8% (n=2) destinam esses produtos para as empresas especializadas na destinação. Já nas empresas consumidoras da região Norte, o cenário não é tão diferente, merecendo destaque apenas a ausência de destinação dos REEE para as empresas especializadas (Figura 2).

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Alguns estudos estimam que somente 11% dos resíduos eletrônicos produzidos mundialmente são destinados a algum tipo de reciclagem (ESTRADA, 2009), os resultados obtidos nesse estudo sugerem uma realidade semelhante à mundial.

Figura 2 - Formas de destinação final dos equipamentos e peças em desuso das empresas consumidoras de produtos eletroeletrônicos das regiões Centro sul e Norte de Belo Horizonte, MG.

Fonte: Próprio autor

A não destinação dos REEE em empresas especializadas pode estar associada ao desconhecimento desses locais pelo proprietário, gerente e demais funcionários das empresas consumidoras. Ao serem questionados sobre o conhecimento de Organizações Não Governamentais (ONG’s) e empresas especializadas no devido descarte desses tipos de resíduos, cerca de 75% dos entrevistados em ambas as regiões confessaram não ter conhecimento (Figura 3). Resultados semelhantes foram apresentados em um estudo realizado na região nordeste do país, no qual foi registrado que 83% da população entrevistada não conhecem nenhum ponto de coleta de REEE (ANDRADE et al., 2010).

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Figura 3 - Porcentagem das empresas entrevistadas nas regiões Centro Sul e Norte de Belo Horizonte (MG) que já se informou (“sim”) sobre ONG’s ou empresas especializadas no descarte

correto de REEE no município. Fonte: Próprio autor

Quanto às empresas de assistência técnica entrevistadas, nenhuma delas, em ambas as regiões, destinam seus REEE’s para empresas especializadas (Figura 4), o que gera certa preocupação ambiental, visto que a maioria delas produz entre 50 e 100 kg de REEE por mês e cerca de 30% delas não possuem uma estimativa da quantidade de REEE produzido mensalmente (Figura 5).

No Brasil, são descartados em média 96, 8 mil toneladas de computadores (PNUMA, 2010), sendo que apenas 1% dos resíduos eletroeletrônicos produzidos tem destino ambientalmente adequado (DIMANTAS, 2009), o que parece representar a realidade de Belo Horizonte.

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Figura 4 - Formas de destinação final dada aos equipamentos eletroeletrônicos abandonados pelos clientes nas empresas de assistência técnica localizadas nas regiões Centro Sul e Norte de Belo

Horizonte, MG. Fonte: Próprio autor

Figura 5 - Estimativas da quantidade (kg) de REEE que as empresas de assistência técnica entrevistadas nas regiões Centro Sul e Norte de Belo Horizonte (MG) produzem mesalmente.

Fonte: Próprio autor

Isso também pode estar relacionado à falta de informação das pessoas responsáveis por essas empresas quanto aos locais especializados nos descartes dos REEE, visto que em Belo Horizonte existem empresas que realizam a destinação ambientalmente adequada de resíduos, incluindo os de classe I. Além disso, no município de Betim (MG), a empresa E-mile recebe doações de equipamentos eletrônicos em desuso, faz a triagem dos mesmos e encaminha à empresa de reaproveitamento em Belo Horizonte.

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Segundo os dados coletados na região Centro Sul, 80% (n=12) das empresas de assistência técnica entrevistadas descartam os REEE no lixo ou doam e 20% (n=3) vendem as peças. Já na região Norte, 55% (n=11) descartam no lixo ou doam, enquanto, 45% (n=9) vendem (Figura 4).

As informações provenientes dos consumidores finais indicam que, sobretudo na região norte, há várias pessoas que ainda descartam os produtos eletroeletrônicos nos lixo comum e quase nenhuma encaminha os REEE para as empresas especializadas na devida destinação final desses resíduos (Figura 6).

Figura 6 - Formas de destinação final dada aos equipamentos e peças em desuso nas residências dos consumidores finais residentes nas regiões Centro Sul e Norte de Belo Horizonte, MG.

Fonte: Próprio autor

É importante ressaltar ainda, que 44% das pessoas entrevistadas na região Centro sul doam seus equipamentos para ONG´s e para seus empregados, possivelmente, por deficiência de informação ou pela comodidade de passar o problema para os outros. Estudos realizados em Belo Horizonte mostrou que os consumidores particulares doam seus equipamentos para terceiros, mesmo sem o seu devido funcionamento, implicando em seu reuso ou simplesmente na transferência da responsabilidade da destinação dos seus resíduos (FRANCO, 2008).

Por outro lado, todos os entrevistados em ambas as regiões (n=37) afirmam verificar se compensa consertar os equipamentos estragados ao invés de trocar por um equipamento novo, o que pode estar relacionado às questões financeiras

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particulares. No entanto, segundo Fagundez (2004), a tendência de substituição dos equipamentos antes de seu desgaste completo cresce devido à contínua inovação tecnológica dos equipamentos eletroeletrônicos e ao fato de que a aquisição de um aparelho novo pode ser mais vantajosa que o conserto. Isso, certamente, gera uma preocupação crescente com a geração de REEE’s por consumidores finais e destaca a necessidade da adoção de ações que contribuam com o gerenciamento desses tipos de resíduos.

Os consumidores finais, assim como as empresas consumidoras, são os maiores produtores de lixo eletroeletrônico no Brasil. Dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) estimaram aumentos crescentes das vendas de computadores no período entre os anos 2006 e 2012, devido, em parte, à redução da carga tributária para o financiamento de computadores e notebooks (MEIRELLES, 2008).

Uma das informações mais marcantes levantadas nesse estudo diz respeito à destinação dos REEE’s. De acordo com os dados coletados, é possível observar que, tanto as empresas do ramo de produtos eletroeletrônicos (consumidoras e de assistência técnica), quanto os consumidores finais, sejam da região Centro sul ou da região Norte, não destinam seus REEE’s nas empresas especializadas.

Essas atitudes adotadas pela sociedade, juntamente com o aumento no consumo dos produtos eletroeletrônicos, causa uma grande preocupação com a manutenção da qualidade ambiental e reforçam a necessidade de coleta e divulgação de informações que contribuam com o gerenciamento dos REEE’s e com a minimização dos problemas ambientais. A geração de conhecimento das formas de destinação desses tipos de resíduos pela sociedade, como iniciado nesse estudo, assim como a divulgação de informações referentes à destinação adequada dos mesmos, certamente representa uma contribuição inicial para a elaboração de programas de gerenciamento de REEE’s municipal.

Essas atividades que visam a geração e divulgação de conhecimentos referentes às formas e aos locais de destinação dos REEE’s, juntamente com a coleta de informações referentes à quantificação e qualificação dos REEE gerados pela população, podem também contribuir diretamente com a implantação de sistemas de logística reversa nas regiões administrativas de Belo Horizonte. Pinheiro

et al. (2009) apontam ainda a importância de se obter dados relacionados com a

caracterização da população, índice de emprego e renda e atividades econômicas para a efetivação desses sistemas. Além disso, segundo esses autores, os

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programas de educação devem ser implementados em parceria com associações de bairros, comerciantes locais, escolas para promover informações e conscientizar as pessoas sobre os impactos causados pela disposição inadequada dos REEE.

Com a Política Nacional de Resíduos Sólidos foi iniciado um processo de desenvolvimento do gerenciamento dos REEE’s, no setor público, privado e na sociedade como um todo, no entanto, antes de ser iniciada a execução de ações de gestão é necessária a geração de informações consideradas importantes para subsidiar suas elaborações.

Considerações Finais

No âmbito legal, o país apresentou avanço com a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), entretanto falta a definição da responsabilidade de cada um dos envolvidos na geração do lixo eletrônico, entre eles os consumidores finais em descartar adequadamente os resíduos de eletroeletrônicos gerados em suas residências.

Em Belo Horizonte cerca de 75% dos entrevistados das regiões Centro sul e Norte confessaram não ter conhecimento de organizações não governamentais (ONG) e empresas especializadas no descarte ambientalmente adequado desses resíduos.

As empresas de assistência técnica entrevistadas, nenhuma delas em ambas as regiões, destinam seus REEE para empresas especializadas. O trabalho mostrou que os principais destinos dados aos resíduos de equipamentos eletroeletrônicos no município pelos três grupos distintos da sociedade (empresas consumidoras, empresas de assistência técnica e consumidores finais) é o lixo comum ou a doação sendo os únicos destinos desses REEE que não os satisfazem mais, transferindo a responsabilidade do descarte para terceiros.

É de grande importância a conscientização das empresas do segmento e dos cidadãos quanto ao seu papel para a concretização da PNRS, já que a mesma prevê a participação dos consumidores particulares e dessas empresas nos sistemas de logística reversa e, consequentemente, nos processos de gerenciamento de resíduos sólidos. A geração de informações relacionadas aos modos de destinação dada aos REEE, assim como a elaboração de programas de educação que incluam orientações referentes aos locais ambientalmente adequados

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para a destinação desses resíduos, certamente, representa uma importante contribuição inicial para a implementação da PNRS.

Referências Bibliográficas

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DIMANTAS, H. Indústria quer varrer lixo eletrônico pra debaixo do tapete. 2009. Disponível em:<http://www.ecoblogs.com.br/industria-quer-varrer-lixo-eletronico-pra-debaixo-do-tapete/>. Acesso em: 27 Fev. 2013.

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FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, Escola de Administração de empresas de São Paulo (FGV/EAESP). 18ª. Pesquisa Anual, 2007 realizada por FGV-EAESP-CIA - Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, coordenada por Prof. Fernando S. Meirelles. Disponível em:

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SILVA, Bruna Daniela; OLIVEIRA, Flávia Cremonesi; MARTINS, Dalton Lopes.

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ANEXOS

Ao responder este questionário a identidade da sua empresa será mantida em sigilo. Estas informações não serão divulgadas em nenhum meio de comunicação ou de mídia. Elas correspondem apenas a uma amostra qualitativa e quantitativa de dados para o meu trabalho de conclusão de curso (Licenciatura em Ciências Biológicas).

Empresas Consumidoras

1. Qual bairro sua empresa esta localizada?

2. Caso o equipamento esteja fora do período de garantia à empresa verifica se compensa consertar ao invés de trocar por um equipamento novo?

( ) sim ( ) não

3. Qual a destinação final sua empresa deu aos equipamentos e peças em desuso?

( ) doação ( ) empresa especializada ( ) lixo comum

4. Durante o descarte de lixo eletrônico os funcionários da empresa realizam a separação dos componentes que compõe o computador?

( ) sim ( ) não

5. Sua empresa se informou sobre ONG ou empresa especializada no descarte correto de resíduos de eletroeletrônicos?

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Empresas de Assistência Técnica

Ao responder este questionário a identidade da sua empresa será mantida em sigilo. Estas informações não serão divulgadas em nenhum meio de comunicação ou de mídia. Elas correspondem apenas a uma amostra qualitativa e quantitativa de dados para o meu trabalho de conclusão de curso (Licenciatura em Ciências Biológicas).

1. Qual bairro sua empresa esta localizada?

2. Em média, quantos computadores são consertados pela empresa por mês?

( ) até 50 un ( ) 50-100 un ( ) mais de 100 un ( ) escreva a quantidade estimada

3. A empresa possui uma estimativa da quantidade de lixo eletrônico produzido mensalmente?

( ) não ( ) menos 50 kg ( ) menos de 100 kg ( ) mais de 100 kg

4. Qual a destinação dada aos equipamentos abandonados pelos clientes?

( ) doa, lixo ( ) venda de peças

5. Os funcionários recebem algum tipo de treinamento para a separação e reciclagem de lixo eletrônico?

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Consumidores Finais

Ao responder este questionário sua identidade será mantida em sigilo. Estas informações não serão divulgadas em nenhum meio de comunicação ou de mídia. Elas correspondem apenas a uma amostra qualitativa e quantitativa de dados para o meu trabalho de conclusão de curso (Licenciatura em Ciências Biológicas).

1. Qual bairro sua residência esta localizada?

2. Quantas pessoas moram em sua residência?

( ) até 1 ( ) até 2 ( ) até 3 ( ) até 4 ( ) mais de 4

3. Quantos eletroeletrônicos (notebook, tablet, desktop) têm em sua residência?

( ) até 1 ( ) até 2 ( ) até 3 ( ) mais de 3

4. Caso o equipamento esteja fora do período de garantia você verifica se compensa consertar ao invés de trocar por um equipamento novo?

( ) sim ( ) não

5. Qual a destinação final sua residência dá aos equipamentos e peças em desuso?

( ) doação ( ) empresa especializada ( ) lixo comum ( ) lixo comum e venda ( ) venda

Imagem

Figura 1: Subdivisões gerenciais (regiões administrativas) do município de Belo Horizonte, MG
Figura 2 - Formas de destinação final dos equipamentos e peças em desuso das empresas  consumidoras de produtos eletroeletrônicos das regiões Centro sul e Norte de Belo Horizonte, MG
Figura 3 - Porcentagem das empresas entrevistadas nas regiões Centro Sul e Norte de Belo  Horizonte (MG) que já se informou (“sim”) sobre ONG’s ou empresas especializadas no descarte
Figura 4 - Formas de destinação final dada aos equipamentos eletroeletrônicos abandonados pelos  clientes nas empresas de assistência técnica localizadas nas regiões Centro Sul e Norte de Belo
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