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VOSSA MERCÊ > VOCÊ E VUESTRA MERCED > USTED: O PERCURSO EVOLUTIVO IBÉRICO. Célia Regina dos Santos Lopes (Universidade Federal do Rio de Janeiro)

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VOSSA MERCÊ > VOCÊ E VUESTRA MERCED > USTED: O PERCURSO EVOLUTIVO IBÉRICO

Célia Regina dos Santos Lopes (Universidade Federal do Rio de Janeiro) ABSTRACT

The aim of this paper is to compare the grammaticalization process of “você” (you) in Portuguese and “usted” (courtesy you) in Spanish, based on drama written between 16

th/19th centuries. These two pronominal address forms have the same origin but they

present, nowadays, a distinctive linguistic behavior in both languages. Key-words: pronouns, linguistic change, address forms.

RESUMO

O objetivo do trabalho é comparar o processo de gramaticalização de você em português e usted em espanhol, com base em peças teatrais escritas entre os séculos XVI e XIX. Embora as duas formas de tratamento tenham uma origem comum, apresentam atualmente um comportamento lingüístico diferente em ambas as línguas.

Palavras-chave: pronomes, mudança lingüística, formas de tratamento. Apresentação

O objetivo principal do estudo é comparar o processo evolutivo de Vossa mercê > você em português e Vuestra merced > usted em espanhol, tendo em vista que, embora as duas formas tenham provavelmente evoluído de uma mesma origem comum (Cintra 1972:19), apresentam hoje um comportamento distinto nas duas línguas. Em espanhol, a forma usted(es) mantém ainda um valor de tratamento de cortesia, estando aparentemente em desuso, pelo menos, no espanhol peninsular. Em português, entretanto, perdeu completamente o valor semântico original, assumindo no português europeu um emprego mais raro, enquanto no português do Brasil já pode ser

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considerado uma forma pronominal. No plural, praticamente substitui a forma pronominal vós em grande parte do país e no singular está em plena concorrência com tu, principalmente, com valor indeterminado. As diferenças entre o uso europeu e o transplantado não se restringem ao português, pois o espanhol hispano-americano apresenta características específicas e bem localizadas com relação ao uso de usted(es) que são distintas do emprego peninsular.

Breves considerações histórico-bibliográficas

Ao traçar a evolução histórica da forma nominal vuestra merced > usted, em conseqüência, principalmente, da decadência do uso de vós como tratamento de cortesia, Lapesa 2000 comenta que, desde o século XIII, encontram-se testemunhos em castelhano da utilização de substantivos abstratos como merced e análogos, antecedidos principalmente do possessivo vuestra e em menor escala por tu (vuestra manificencia, vuestra prudencia, vuestra nobleza). Algumas formas foram se consolidando com o tempo e o emprego se fixando também segundo “dignidades e estados”. Em 1438, um cortesão podia tratar a rainha por vuestra merced, ou por outras formas como vos, vuestra señoria, vuestra excelencia etc., entretanto, mais tarde, para o tratamento reservado aos reis, usava-se apenas alteza e majestade.

Em 1619 Juan de Luna apud Lapesa 2000 expõe a distribuição dos tratamentos em espanhol como algo rígido e fixo. Em síntese: tu para as crianças e para as pessoas que queremos mostrar grande familiaridade ou amor; vos a vassalos e criados vuesasté, vuesa merced, vuestra merced, que significam a mesma coisa, se dá a todos, grandes e pequenos. Vuestra señoria, aos condes, marqueses e bispos e assim por diante.

A determinação legal para o uso de expressões de tratamento estabelecida por Felipe II em 1586 na Espanha e em 1597 em Portugal pode nos sugerir, em princípio, duas

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hipóteses: 1) havia uma grande flutuação no emprego dessas formas de tratamento entre as pessoas da época e; 2) a sociedade tinha uma grande preocupação em determinar os papéis sociais desempenhados pelos membros que a constituíam. De todas estas formas, vuestra merced, segundo Lapesa – a mais utilizada e recorrente nas obras literárias no século XVI – estendeu-se ao tratamento respeitoso geral.

Para a língua portuguesa, Cintra 1972 mostra que o atual sistema de tratamento difere daquele encontrado nos primórdios de nossa língua em que não havia tratamentos do tipo nominal – pelo menos não localizáveis nos textos. A oposição se estabelecia basicamente entre tu/vós (plano da intimidade) versus vós (plano de cortesia ou distanciamento), como até hoje em francês. ´O francês cobre com um simples vous, o espanhol com um usted, o italiano com um lei quase todo o campo dentro do qual empregamos os tratamentos nominais, e ainda a maior parte daquele em que nos servimos dos pronominais você e V.Ex.a (eles próprios antigos tratamentos nominais,

hoje decaídos semânticamente e total ou quase totalmente gramaticalizados.’ (Cintra 1972:14)

Esporadicamente, no século XV, são identificadas algumas formas nominais, entre elas, Vossa Mercê. Essa última, recolhida nas atas das cortes de 1331, só aparece nas crônicas de Fernão Lopes na boca de estrangeiros, principalmente, castelhanos. Outras formas como Vossa Alteza (1455) e Vossa Senhoria (1442) são empregadas ainda com o valor de uma expressão substantiva e por castelhanos que se dirigem ao seu rei ou ao rei de Portugal.

As formas nominais de tratamento sofrem um processo de especialização já nos fins do século XIV. O autor descreve esse processo de mudança correlacionando-o a um processo de hierarquização cada vez maior da sociedade. Vossa mercê, que aparece

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como tratamento para o rei por volta de 1460, deixa de sê-lo em 1490. A degradação hierárquica - ou a ascendência da nobreza? - é progressiva e a expressão passa a referir-se a duques, depois a infantes, a fidalgos e, no século XVI, é usada por Gil Vicente para patrões burgueses. Vossa Senhoria também sofre, em menor escala, o mesmo processo de perda gradativa de reverência. Começa como tratamento ao rei, passa a ser empregado para fidalgos da nobreza e se estabelece num nível superior a Vossa Mercê. Vossa Alteza se especializa como tratamento ao rei no século XV.

A marcação cronológica desse processo de gramaticalização das formas nominais de tratamento é o que mais interessa no estabelecimento de correlações.

Em primeiro lugar, a forma vós ‘como tratamento cortês universal e único, apto para ser utilizado em qualquer circunstância, mesmo em alocuções dirigidas ao rei, só esteve em Portugal em vigor até aos princípios do século XV’ (Cintra 1972:46). A partir dessa época, surgiram, ao lado de vós - para se referirem ao rei, depois aos fidalgos e, por fim, a qualquer pessoa - diversas formas nominais que sofreram uma acelerada degradação semântica, mas acabaram por ocupar o plano das formas de cortesia.

No século XVIII, vós, empregado para um único interlocutor, tido como traço arcaizante praticamente cai em desuso. ‘Para o lugar que o vós deixou vago no sistema, apresentou-se o você (...) semelhante pelas origens às referidas fórmulas, mas muito mais evoluído dos pontos de vista semântico e fonético, estava o caminho aberto para a progressiva invasão e expansão das outras formas substantivas que levam o verbo para a 3a pessoa.’ (Cintra 1972:35-38)

As causas da degradação do vós como forma de cortesia precisam ser identificadas em termos das modificações operadas no sistema. Depreende-se na implementação dessa mudança tanto um encaixamento social quanto lingüístico. A ampliação e

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especialização do emprego de formas nominais como tratamento de cortesia está intimamente ligada, num primeiro momento, à consolidação de uma sociedade dividida em grupos sociais. Tal propagação, em um estágio inicial, foi impulsionada pela corte e a nobreza a ela ligada (ambas saídas da revolução de 1383-1385) que adotaram e degradaram o emprego inicial das formas nominais de tratamento cortês. Em termos lingüísticos ‘a perda do tratamento por vós e a sua substituição por um tratamento que conduzia o verbo para 3a pessoa foi certamente favorecida por uma tendência para

simplificar, num sector em que a gramática portuguesa se apresenta particularmente complexa: a flexão verbal, extremamente rica em formas bem diferenciadas.’(Cintra 1972:36).

Faraco 1996 também discute tal evolução mostrando que a progressiva alteração do valor social da forma Vossa Mercê (e variantes) é resultante da rápida multiplicação dessas formas em Portugal. As formas Vossa Mercê e Vossa Senhoria eram habituais no tratamento não íntimo entre iguais na aristocracia e foram sendo utilizadas por pessoas de status social inferior (criados, subordinados, etc.) ao se dirigirem a membros da aristocracia. Portanto, algumas destas formas foram perdendo sua força honorífica original gerando a necessidade de implantação de novas formas para manter um tratamento diferenciado, principalmente, para com o rei. Em termos de formalidade, Vossa Mercê e Vossa Senhoria pertenciam a diferentes variantes sociais estando em oposição a tu, que ainda é utilizado no tratamento íntimo.

No Brasil, o pronome tu é restrito a algumas variantes regionais e você é o pronome de uso comum quando há maior grau de intimidade. Faraco 1986 afirma que, a partir do século XVI, período em que o processo de ocupação do país teve início, a

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degradação semântica sofrida por vós, a simplificação fonética de Vossa Mercê e o seu uso generalizado como você estavam em etapa bastante avançada.

Os pressupostos teórico-metodológicos e o corpus utilizado

Nos estudos funcionalistas sobre gramaticalização, revigorados nas décadas de 80 e 90, autores como Lichtenberk 1991 retomam a discussão sobre o problema da transição (Weinreich et alii 1968) e defendem ser o gradualismo inerente aos fenômenos de gramaticalização estudados. Postula-se inclusive que, por ser um fenômeno contínuo, a gramaticalização não é um processo que se possa extinguir. A gramaticalização, ou mais especificamente a pronominalização de V.M. > você, assim como ocorreu com a gente (cf. Lopes 1999), acarretou em perdas e ganhos de suas propriedades formais e semânticas por conta da mudança categorial de nome para pronome. Nem todas as propriedades formais nominais foram, contudo, perdidas, assim como não foram assumidas todas as propriedades intrínsecas aos pronomes pessoais. A forma você, por exemplo, mantém a sua especificação original de 3a pessoa, ou [φeu] nos termos de

Lopes 1999, embora acione uma interpretação semântico-discursivo de 2a pessoa [-EU].

Em uma frase como Vocêi disse que eu lhei/tei encontraria aqui para pegar o seui/teui/

livro a interpretação semântica é de 2a pessoa [-EU], esteja você, no domínio não-local,

correlacionado a formas de 2a [-eu] (te/teu) ou a formas de 3a [φeu] (lhe(s)/seu(s))

pessoas.

Partindo desses princípios norteadores sobre gramaticalização, pretende-se, com base nos pressupostos teóricos da Sociolingüística Quantitativa de base laboviana discutidos em Weinreich et alii 1968 e Labov 1994, 1) identificar os fatores lingüísticos e extralingüísticos que interferiram na pronominalização de Vuestra Merced/Vossa Mercê para usted/você; 2) mapear historicamente, com base em peças teatrais, tal

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pronominalização no quadro ibérico a partir do século XVI e 3) aprofundar a questão teórica do fenômeno da gramaticalização de nominais nas línguas românicas.

Para delinear o percurso evolutivo de você (em português) e usted (em castelhano), realizou-se uma análise quantitativa preliminar com 335 dados, 174 deles de uma amostra constituída por textos em castelhano e 161 dados levantados em textos portugueses. Na tentativa de unificar o corpus utilizado, selecionou-se o mesmo tipo de texto e testaram-se os mesmos fatores nas duas amostras. O corpus é constituído, pois, de peças teatrais, particularmente, entremezes1 de diversos autores recolhidos entre os

séculos XVI e XIX. Tal composição teatral de caráter burlesco ou jocoso era representada entre os atos de uma comédia ou tragédia para entreter e recrear os que a assistiam, enquanto se esperava o reinício da peça principal. Em função de sua brevidade, os entremezes apresentavam temas simplórios e personagens populares do cotidiano da época. Escolheu-se este tipo de texto porque apresentam características que

1 Corpora: Amostra do português europeu (entremezes utilizadas): NOVA E PEQUENA PESSA

INTITULADA ANATOMIA COMICA, ano 1789 (Século XVIII);- NOVO ENTREMEZ INTITULADO A ALDEIA DOS LOUCOS, ano1784 ; PIQUENA PEÇA INTITULADA O ALFAIATE E ADELLA OU O CARECA E CARCUNDA NA PRAÇA, ano 1792;- ENTREMEZ INTITULADO OS AMANTES AMARRADOS OU A NAMORADA DA MODA – 1784;- ENTREMEZ NOVO DA CASTANHEIRA OU A BRITES PAPAGAIA, ano 1826 (século XIX);- NOVO ENTREMEZ O GALLEGO LORPA E OS TOLINEIROS, ano 1808;- NOVO E GRACIOSO ENTREMEZ O OUTEIRO NOCTURNO, ano 1802. Amostra do espanhol peninsular (entremezes utilizadas):EL DELEITOSO (LOPE DE RUEDA), ano 1557 (século XVI);- ENTREMES DE LA BURLA DE PANTOJA Y EL DOCTOR GUIXARRO, ano 1675 (século XVII); ENTREMES FAMOSO DEL HAMBRIENTO DE MORETO, ano 1675 ; ENTREMES UN GRACIOSO VALLE DEL MISERABLE Y EL DOTOR DE VENAVENTE, ano 1675;- ENTREMES DE LOS GITANOS DE CANCER, ano 1675;- ENTREMES DEL ABANTAL DE VENAVENTE, ano 1675;- ENTREMES DEL AYO DE MORETO, ano 1675;- MOGIGANGA DE LOS SACRISTANES DEL DOCTOR MIRADEMEQUE, ano 1675;- MOGIGANGA DEL PORTUGUES. ( DON GENORIMO CANCER) , ano 1675;- ENTREMES DE LAS GALERAS DE LA HONRA (DE MORETO BORJA) , ano 1675;- ENTREMES DE LAS BURLAS DEL DOCTOR A IVAN RANA EN LAS FIESTAS DEL RETIRO, ano1655;- ENTREMES DE DON PEDRO ROSETE, ano 1659 (JUAN RANA) ;- ENTREMES DE LOS GALEOTES (D. GERONINO CANCER), ano1659 ;- ENTREMES DEL HAMBRIENTO Y LOS CIEGOS, ano 1659;- ENTREMES DE LA RONDA (D. GERONINO CANCER), ano 1659;- ENTREMES DE LA ZARZUELA , ano 1659;- ENTREMS DO TAMBORILERO, ano 1659;- ENTREMES DEL HAMBRIENTO, ano 1659;- ENTREMES DE LA MARIANA, ano 1659;- ENTREMEZ DEL SORDO, ano 1659; EL PRADO POR LA NOCHE - RAMÓN DE LA CRUZ, ano 1765 (século XVIII)

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favorecem a presença -- mesmo que às vezes caricatural -- de traços típicos da fala do período.

Controlou-se a presença das formas de tratamento você/Vossa mercê e variantes em português e usted/Vuestra merced e variantes em castelhano, além das formas pronominais tu e vós. Não foram computados os dados de sujeito não-explícito.

Análise dos resultados

1) Formas sincopadas você/usted x formas desenvolvidas Vossa Mercê/Vuestra Merced de tratamento: a cronologia da gramaticalização

Na comparação do uso de você/usted já sincopados e variantes, opondo-se apenas ao emprego da forma original (Vossa Mercê/Vuestra Merced), respectivamente, observam-se aspectos distintos nos dois corpora: entremezes portugueobservam-ses x espanhóis. Em português, verificou-se maior freqüência para forma desenvolvida (76% - 66/87) se comparada com a forma gramaticalizada você (24% - 21/87). Ressalte-se que as abreviaturas (V.M.) foram computadas com a forma original. Em espanhol, o comportamento lingüístico é outro. Observou-se maior índice de freqüência para a forma sincopada usted 79% (91/115) enquanto a forma não-sincopada apresentou 21% (24/115) das ocorrências levantadas.

Em termos da distribuição desses usos pelos períodos históricos, observou-se -- comparando apenas os dados das formas você/usted sincopadas versus sua contraparte desenvolvida -- que em português o uso de você e variantes suplanta o emprego da forma desenvolvida somente no século XIX. Nos dados do espanhol, evidenciou-se, contudo, que no século XVII a freqüência de usted atinge um percentual bastante significativo de 91% chegando a 100% no século XVIII. Aparentemente a

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gramaticalização -- ou pelo menos a redução fonética da forma de tratamento – ocorreu mais tardiamente em Portugal.

Era de se esperar que vuestra merced e a variante sincopada usted ocorressem com altos índices de freqüência na boca dos personagens populares representados nos entremezes, pois utilizar a forma vós como forma de tratamento era considerado um insulto ou íntima familiaridade no século XVI segundo Pla Cárceles (1923:245). O autor afirma que o tratamento Vuestra merced estava em circulação na primeira metade do século XV, eqüivalendo, nessa época, à Vuestra Alteza. As ocorrências extraídas de cartas mostram V.M. variando com Vossa Alteza (primeira metade do XV) e com vós (na segunda metade do XV). O autor afirma, contudo, só ter localizado a forma sincopada em 1574.

Apesar de a forma sincopada usted ainda não ocorrer sistematicamente no século XVI, o possessivo vuestra já sofrera um processo de redução fonética, sendo pronunciado como vuessa quando associado a merced, o que não ocorria com outras formas de cortesia como, por exemplo, vuestra señoria, de acordo com Valdés 1985 no Diálogo de la lengua (segunda metade do século XVI).

Com base na amostra analisada, pode-se configurar uma distribuição cronológica diferenciada do uso de usted em oposição ao uso de vuestra merced não-sincopado, o que evidencia o início da gramaticalização da forma de tratamento no século XVI e o seu crescente uso nos séculos posteriores.

O que ainda referenda o acelerado processo de gramaticalização de usted/você, tanto em espanhol, quanto em português, é o grande número de variantes, seja da forma sincopada, seja da desenvolvida, identificadas nos textos. O quadro abaixo ilustra tal diversidade:

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Usted No/T. (Espanhol) % Você No/T. (Português) % usté(es) 23/117 19,6 % vossé(s) 10/105 9,5 % usted(es) 42/117 35,8 % você(s) 08/105 7,6 busté(es) 13/117 11,1 % boixê(s) 02/105 1,9 % ucé(s) 05/117 4,2 % usced(es) 02/117 1,7 % Vuestra

merced Vossa mercê

Vuessa(s)

merced(es) 04/117 3,4 % Vossa(s) mercê(s) 17/105 16,1 % Vuesasted(es) 04/117 3,4 % Vuessarced(es) 02/117 1,7 % V.M. 01/117 0,8 % V.M. 48/105 45,7 % Vuesa(s) merced(es) 16/117 13,6 % Boxa mercê 02/105 1,9 %

Su merced 01/117 0,8 % Xua merxêa 18/105 17 %

Uesaced(es) 01/117 0,8 % Uuesasted(es) 04/117 3,4 %

Com relação às outras formas pronominais levantadas, foram identificadas para o espanhol 91 ocorrências (52% do total) de usted(es) e variantes, 24 de Vuestra(s) merced(es) (14%); 37 de vos (21%), 19 (11%) de tú, os 3 dados restantes são de vosotros (1) e Sua Mercê (2) apresentados a seguir.

(1)Quiteria – “Yo he de esconderme en su casa, y vosotros en viniendo”... (Entremes del casado sin saberlo, 1659)

(2) Esteban – “ Yo se lo dije luego que Su Merced vino...” (El Prado por La Noche, 1765)

Como apontado em outros trabalhos, a razão dos altos índices de realização explícita para usted deve-se ao fato de que o verbo, diferentemente do que ocorre com os outros pronomes tônicos, não identifica sozinho o sujeito neste caso. A presença do usted, como afirma Fernández 1999, não é distintiva como a presença dos outros pronomes que só aparecem plenos quando se quer marcar ênfase, distintividade, etc.

No gráfico a seguir relativo aos dados do espanhol, verifica-se, no século XVI, a concorrência entre a forma desenvolvida V.M. e o pronome tú com percentuais em torno

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dos 45%. Embora não se tenham identificados dados de forma sincopada usted nesta fase, na passagem do século XVI para o XVII usted apresenta altos índices de freqüência no corpus analisado (61%), atingindo o patamar de 88% no século XVIII. Nota-se uma ascendência abrupta da curva relativa à forma usted em espanhol do século XVII para o XVIII e curvas descendentes para os outros casos de formas explícitas (Vuestra Merced, tú, vos) a partir do século XVII.

Na amostra relativa ao português, percorrendo os séculos XVIII e XIX – período de divulgação dos entremezes em Portugal -- a distribuição dos dados não se apresenta tão elucidativa, mas pode projetar alguns indícios relevantes. Dos 161 dados levantados de sujeitos plenos, identificaram-se 21 ocorrências de você e variantes (13%), 66 de vossa mercê e variantes (41%), 26 de vós (16%), 30 de tu (19%) e 18 de sua mercê (11%). Observa-se, no gráfico a seguir, uma ligeira ascendência da curva de você na passagem do século XVIII para o XIX, acompanhada também por um uso crescente de tu. A forma não-sincopada vossa mercê, que apresentava os maiores índices no século XVIII (49%) seguida por vós com 25%, sofre um declínio de uso no século XIX. A forma vós sofre uma queda brusca entre um século e o outro, justamente, quando você torna-se mais freqüente.

Formas nominais e pronominais em entremezes espanhóis - século XVI-XVIII

0 61 88 52 6 0 42 5 0 6 27 6 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

XVI XVII XVIII

Séculos F re q ü ê n c ia USTED V.M. tú vos

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Tal distribuição cronológica pode evidenciar que, em processos de gramaticalização,

como discutido por Hopper 1991, uma forma não substitui a outra imediatamente, mas formas diversas coexistem em um mesmo domínio funcional (princípio da Estratificação ou Layering). Os baixos índices de vós do século XVIII para o XIX, a dessemantização sofrida por V. M. favoreceram o incremento no uso de você, principalmente no plural, e o de tu no singular como discutido a seguir.

2) Presença do traço de número associado às formas em estudo

No cruzamento dos resultados da presença do traço de número com a fase histórica, verificou-se que o singular é mais freqüente em português com a forma desenvolvida V.M. nos dois períodos analisados. Com relação ao plural, constatou-se que 83% da marca aparece associada à forma desenvolvida no século XVIII, mas, no período seguinte, há apenas 40% da presença de plural associada à V.M. Os índices mais altos, nessa fase, aparecem com você(s) – 60% das ocorrências. Como ilustrado nos gráficos anteriormente apresentados, é também no século XIX que vós apresenta baixos índices de ocorrência (de 25% para 2%) e tu, ao contrário, torna-se mais usual (de 15% no XVIII para 24% no XIX). Em um estudo feito com base em peças teatrais brasileiras nos séculos XVIII e XIX, Lopes & Duarte 2002 identificaram um maior favorecimento do traço de número plural (.93) com você, ao passo que o singular favoreceria V.M (.41), confirmando assim a hipótese de que a gramaticalização deu-se

Formas nominais e pronominais em entremezes portugueses - séculos XVIII e XIX

10 18 49 28 15 24 25 2 0 10 20 30 40 50 60

XVIII Séculos XIX

F req ü ê n c ia Você V.M. tu vós

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primeiramente com a forma no plural em substituição à forma vós que apresentou, também nas peças brasileiras, índices próximos de zero no fim do século XIX.

Os fenômenos parecem estar inter-relacionados e poderiam ser analisados como uma mudança lingüística e socialmente encaixada. Evidencia-se, pois, com os resultados obtidos a partir de dados levantados nesses entremezes que, na passagem do século XVIII para o XIX, a forma gramaticalizada vocês invade o sistema pronominal do português substituindo a forma vós tida como traço arcaizante e de desprestígio, fala de pessoas velhas e provincianas como apontava Cintra (1972).

Nos dados do espanhol, há pouca variação entre a presença do singular e do plural. Comparando as fases históricas, observou-se no século XVI o uso categórico de Vuestra Merced no singular (100%). No século XVII, quando o uso da forma sincopada torna-se mais freqüente, há aparentemente um estágio de transição, pois usted ocorre 90% das vezes no singular, enquanto a forma de tratamento não-sincopada aparece em 57% dos contextos no plural. No século XVIII, não foram identificados dados da forma original (vuestra merced). É o uso de usted que se torna categórico, na maioria das vezes combinando-se com formas no plural (72%). Doppagne (1968:286) afirma que “dirigir-se ao interlocutor para honrá-lo no plural, aumenta a sua importância”.

3) Posição do sujeito em relação ao verbo

Outro fator lingüístico analisado foi a posição das formas de tratamento na função de sujeito em relação ao verbo:

a) posição pré-verbal:

(3) “Senhor Impressario, como V.M. não quer abandonar estes compositores

infernaes, que contaminam o theatro, eu me ponho a fresco...”(Anatomia Comica, 1789) (4) “Vossés querem-se calar” (idem)

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(5) “Oh homem, você he tollo? Ora isto!” (Aldeia dos Loucos, 1784) b) posição pós-verbal:

(6) “Quer V.M. que eu desterre a maior parte destes authores estropiados (Anatomia Comica, 1789)

(7) “Tem-se cuidado nisso: os Médicos vão trabalhando; he V.M. Doutor? (Aldeia dos Loucos, 1784)

c) sujeito entre o verbo auxiliar e o principal:

(8) “que veio V.M. fazer a minha casa” (O gallego Lorpa e os Tolineiros, 1808)

Em termos de distribuição temporal, observou-se que a forma reduzida você, mesmo apresentando baixos índices de freqüência nos entremezes portugueses em relação à forma desenvolvida vossa mercê, apresenta do século XVIII para o XIX um crescimento em termos percentuais (de 23% para 47%). Em posição pós-verbal, há raríssimos dados de você: 01 no século XVIII e 2 no XIX e por fim, entre o verbo auxiliar e o principal não foram identificados dados de você, havendo apenas 2 dados de Vossa Mercê no XVIII e 2 no XIX. Embora se tenha um número de exemplos incipiente, pode-se anunciar que a forma plural vocês, em vias de se gramaticalizar, apresenta um comportamento diferente se comparado com sua contraparte desenvolvida, pois começa a ter uma mobilidade estrutural mais restrita em termos de sua posição com relação ao verbo. Croft 1993 rotula esse tipo de comportamento de rigidificação da ordem da palavra e Lehmann 1992 o cunhou de fixação. Lehmann 1992a, ao comentar a variabilidade sintagmática, argumenta que há gramaticalização ‘forte’ quando um item que se podia mover livremente nas estruturas passa a ocupar lugares gramaticais fixos. Em síntese, tem-se a fixação da posição sintática de um elemento que era formalmente livre (Croft 1993).

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1) As relações entre os papéis sociais e o emprego de formas de tratamento Além da freqüência de uso pelas fases históricas e a presença de traços formais, consideraram-se alguns aspectos não-lingüísticos, como, por exemplo, as relações sociais entre os personagens nas peças: a clássica dicotomia “poder e solidariedade” proposta inicialmente por Brown & Gilman 1960. A oposição conceptual entre poder e solidariedade leva em conta que o parâmetro do poder refere-se ao controle que umas pessoas exercem sobre outras em uma determinada situação interativa. Esse controle do comportamento de um sobre o outro desemboca numa assimetria no tratamento. A relação de poder entre duas pessoas não é recíproca, pois ambos não têm poder na mesma área de comportamento e a conseqüência disso é a eleição de certas formas de tratamento diferentes em função da hierarquia que se estabelece entre os interlocutores numa situação interativa. Estabeleceram-se, então, alguns tipos de relação da seguinte forma:

a) De superior para inferior (patrão-empregado, pai-filho, etc) b) De inferior para superior (criada-patroa, filho-pai, etc) c) Membros de um mesmo grupo social (classes populares) d) Membros de um mesmo grupo social (classes não-populares)

Os resultados dos dois corpora apresentados no quadro a seguir evidenciam, em síntese:

a) um uso mais freqüente de tu em entremezes portugueses (54%) e espanhóis (50%) quando há uma relação hierárquica entre os personagens de superior a inferior; b) a conservação de um caráter de cortesia, respeito e certa formalidade com as formas

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c) a antiga forma nominal de tratamento Vossa mercê (54%) prevalece em português entre os membros de um mesmo grupo social (classes não-populares) e, em espanhol, a variante sincopada usted é a mais recorrente 55%;

d) o predomínio das variantes vulgares, em vias de gramaticalização, entre os membros de um mesmo grupo social (classes populares). Em português, a forma você aparece com 45%, seguida pelo pronome tu com 34% e, em espanhol, usted apresenta 65% de freqüência na amostra analisada. Esses resultados, para o espanhol, confirmam a posição de Lapesa (2000:320). O autor afirma que as inúmeras variantes vulgares (voarced, voacé, vucé, vuested, vosted, vusted, etc) no século XVII eram comuns na boca de valentões, criadas e lacaios. A variante usted também surgiu nesses meios e sua difusão foi surpreendente, incrementando-se com a onda plebéia que invadiu, segundo ele, a sociedade espanhola nos últimos decênios daquele século e nos primeiros do XVIII.

Português Espanhol Tipo de relação entre

personagens Você V. M. Vós Tu Usted V.M. Vos De superior para inferior 31% 12% 4% 54% 8% 25% 17% 50% De inferior para superior 0% 47% 9% 6% 18% 77% 0% 0% Membros de um mesmo grupo social ( popular)

45% 21% 0% 34% 65% 0% 18% 14%

Membros de um mesmo grupo social (não-popular)

0% 54% 40% 6% 55% 5% 36% 2%

Quadro 1: Uso das formas pronominais e de tratamento e as relações hierárquicas.

Ao correlacionar as relações hierárquicas estabelecidas com a distribuição temporal dos dados, delineia-se, em português, com maior nitidez a degradação semântica sofrida pelo tratamento nominal Vossa Mercê, no momento em que se pode marcar

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cronologicamente o emprego generalizado da forma evoluída você. A tabela a seguir mostra as formas que apresentaram os maiores índices de freqüência por fase histórica:

Tipo de relação entre informantes Século XVIII Século XIX

De superior para inferior VOCÊ – 41% TU – 89%

De inferior para superior VOSSA MERCÊ – 59% SUA MERCÊ – 60%

Membros de um mesmo grupo social (popular)

TU – 42% VOCÊ – 59%

Membros de um mesmo grupo social (não-popular)

VOSSA MERCÊ – 54% VOSSA MERCÊ - 50%

Quadro2 – Formas de tratamento mais freqüentes em português

Domingos (1996:96) afirma que nas peças vicentinas no século XVI, o uso do pronome tu marca a relação de igualdade social entre os personagens, como as regateiras, os criados, etc. Os dados levantados a partir das peças populares do século XVIII confirmam o uso de tu entre membros das classes populares. Entretanto, no século XIX você também começa a se prestar a tal emprego (forma de intimidade). Em análises feitas com base nas peças teatrais brasileiras, Silva & Barcia 2002 e Lopes & Duarte 2002 constataram que a forma pronominal você apresenta maiores índices de freqüência de uso entre membros das classes populares. Tal coincidência em diferentes corpora e variedades pode referendar o princípio da especialização inerente aos processos de gramaticalização. Em um estágio inicial há uma variedade de formas com nuanças semânticas diferentes como apresentado na ampla flutuação e mistura de tratamentos em função das relações hierárquicas estabelecidas. Durante o processo de gramaticalização, há um estreitamento de escolhas e a forma emergente é especializada, tornando-se quase obrigatória em determinados contextos.

O emprego de Vossa mercê entre membros de classes abastadas se manteve praticamente estável de um século para outro. Talvez pelo fato de Vossa mercê estar sofrendo uma acelerada degradação semântica, uma outra estrutura nominal de

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tratamento (Sua Mercê) começa a concorrer com a pouco prestigiosa estrutura original nas relações de inferior a superior. No espanhol, tal processo parece antecipado. No século XVI, identificou-se 100% de Vuestra Merced, no XVII 80% da forma reduzida usted e no XVIII 100% de Su Merced. Lapesa 2000 faz referência ao fenômeno e comenta que, no século XVI e XVII, su também ocorre em su merced, su señoria, etc, primeiramente designando a pessoa de quem se falava e, mais tarde, nota-se seu emprego para se dirigir ao interlocutor, talvez um uso aldeão. Quando, entretanto, o usted se generalizou como tratamento respeitoso entre iguais, su merced passou a ser utilizado de inferior para superior e se conservou em Espanha, principalmente, em Andaluzia durante o século XIX, embora haja testemunhos literários desse uso em outras áreas, principalmente, quando o criado fala com o senhor. Esse uso também é encontrado hoje na América.

Considerações finais

A referida “origem estrangeira” da forma de tratamento Vossa Mercê, da qual se origina você, que passa a ser empregada em Portugal como fórmula de cortesia, através de uma adaptação do castelhano, incitou-nos a estabelecer este paralelismo com o usted/ustedes do espanhol. A correlação histórica dos fenômenos tornou premente por três razões fundamentais à sua história: a primeira seria a sua origem comum, a segunda, o emprego de você no português europeu e usted no espanhol ainda como “formas de tratamento diferenciado ou até como cortesia”, ao lado de um uso do pronome você como “forma de intimidade” no português do Brasil e a terceira razão seria a perda, nas áreas de espanhol transplantado, do valor de cortesia e de formalidade do pronome ustedes com um conseqüente uso indiscriminado nas diversas situações (semelhante ao que ocorre atualmente no Brasil com vocês).

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A partir da análise realizada com base em peças teatrais, pôde-se observar, em suma, que:

a) em termos cronológicos, a gramaticalização – ou pelo menos o desgaste fonético – das formas de tratamento em questão operou-se de forma mais acelerada em espanhol (séculos XVII-XVIII) que em português (séculos XVIII-XIX);

b) a gramaticalização da forma de tratamento você(s) em português ocorreu primeiramente no plural (entre os séculos XVIII-XIX) e deve ter sido impulsionada pela degradação semântica sofrida pelo vós como forma de cortesia ocorrida no século XVIII;

c) a partir do século XIX, você, por estar se gramaticalizando, começa a ocupar posições mais fixas na sentença, ocorrendo, preferencialmente, como sujeito pré-verbal, ao passo que Vossa Mercê, ainda em uso, apresenta maior variabilidade sintagmática;

d) as formas originais desenvolvidas conservam ainda um caráter de cortesia e respeito sendo utilizadas nas relações de inferior para superior e entre os membros de classes não-populares, principalmente, em português. As variantes vulgares, por sua vez, ocorrem mais freqüentemente entre os membros de classes populares.

Por fim, considera-se que o mapeamento diacrônico, inicialmente delineado neste estudo, evidenciou que a gramaticalização de Vossa Mercê > você não foi um processo isolado, mas uma conseqüência de uma mudança encaixada lingüística e socialmente. Há uma emergência gradativa de formas nominais de tratamento que passam a substituir o tratamento cortês universal vós, a partir do século XV em português, num primeiro momento pela ascensão da nobreza e mais tarde da burguesia que exigia um tratamento diferenciado. Essa propagação, que começa de cima para

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baixo, se dissemina pela comunidade como um todo e as formas perdem sua concepção semântica inicial, gramaticalizando-se – algumas de forma mais acelerada que outras, como é o caso de Vossa Mercê > vosmecê > você.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Weinreich, U., Willian Labov, & Herzog, M. 1968. Empirical foundations for a theory of languge change, Em Lehmann, W & Malkiel, Y., (eds): Directions for historical linguistics, Austin: University of Texas Press.

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página 10 Usted No/T. (Espanhol) % Você No/T. (Português) % usté(es) 23/117 19,6 % vossé(s) 10/105 9,5 % usted(es) 42/117 35,8 % você(s) 08/105 7,6 busté(es) 13/117 11,1 % boixê(s) 02/105 1,9 % ucé(s) 05/117 4,2 % usced(es) 02/117 1,7 %

Vuestra merced Vossa mercê

Vuessa(s) merced(es) 04/117 3,4 % Vossa(s) mercê(s) 17/105 16,1 % Vuesasted(es) 04/117 3,4 % Vuessarced(es) 02/117 1,7 % V.M. 01/117 0,8 % V.M. 48/105 45,7 % Vuesa(s) merced(es) 16/117 13,6 % Boxa mercê 02/105 1,9 % Su merced 01/117 0,8 % Xua merxêa 18/105 17 % Uesaced(es) 01/117 0,8 %

Uuesasted(es) 04/117 3,4 %

página 11

Formas nominais e pronominais em entremezes espanhóis - século XVI-XVIII

0 61 88 52 6 0 42 5 0 6 27 6 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

XVI XVII XVIII

Séculos F re q ü ê n c ia USTED V.M. tú vos

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página 12:

PÁGINA 16:

Português Espanhol Tipo de relação entre

personagens Você V. M. Vós Tu Usted V.M. Vos De superior para inferior 31% 12% 4% 54% 8% 25% 17% 50% De inferior para superior 0% 47% 9% 6% 18% 77% 0% 0% Membros de um mesmo grupo social ( popular)

45% 21% 0% 34% 65% 0% 18% 14%

Membros de um mesmo grupo social (não-popular)

0% 54% 40% 6% 55% 5% 36% 2%

Quadro 1: Uso das formas pronominais e de tratamento e as relações hierárquicas.

PÁGINA17:

Tipo de relação entre informantes Século XVIII Século XIX

De superior para inferior VOCÊ – 41% TU – 89%

De inferior para superior VOSSA MERCÊ – 59% SUA MERCÊ – 60%

Membros de um mesmo grupo social (popular)

TU – 42% VOCÊ – 59%

Membros de um mesmo grupo social (não-popular)

VOSSA MERCÊ – 54% VOSSA MERCÊ - 50%

Quadro2 – Formas de tratamento mais freqüentes em português

Formas nominais e pronominais em entremezes portugueses - séculos XVIII e XIX

10 18 49 28 15 24 25 2 0 10 20 30 40 50 60

XVIII Séculos XIX

F req ü ê n c ia Você V.M. tu vós

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