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OS DESAFIOS À REPRESSÃO DO TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES NO BRASIL

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Academic year: 2021

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http://dx.doi.org/10.35265/2236-6717-209-9277

FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 209. V.9. ANO 2021.

OS DESAFIOS À REPRESSÃO DO TRÁFICO DE ANIMAIS

SILVESTRES NO BRASIL

[ver artigo online]

Gabriel Augusto Pini de Souza1

Danilo Rafael de Oliveira Barbosa2

RESUMO

O presente artigo pretende analisar o ordenamento jurídico brasileiro frente à questão do tráfico de animais, especialmente no que diz respeito à dificuldade de inibir os crimes contra a fauna, tendo em vista a elevada frequência do cometimento de práticas delituosas dessa natureza. Também será discutido os mecanismos de fiscalização e controle dessa prática. Faz-se a seguinte reflexão: uma legislação mais rígida com relação a penalidades na prática desse delito contribuiria de modo positivo para a redução dos índices desse tipo de crime? Sabe-se que o Brasil é uma das principais fontes de contrabando de fauna, compreendendo a vastidão da biodiversidade existente na fauna e flora brasileira. No entanto, ainda que seja dever de todos defender e preservar o meio ambiente e o tráfico de animais silvestre seja rechaçado no ordenamento pátrio, a atividade ocorre de forma reiterada e promete, notadamente, altos lucros às partes envolvidas.

Palavras-chave: Tráfico de animais silvestres; fauna brasileira; contrabando.

THE CHALLENGES TO THE REPRESSION OF TRAFFICKING OF

WILD ANIMAIS IN BRAZIL

ABSTRACT

This article intends to analyze the Brazilian legal system regarding the issue of animal trafficking, especially with regard to the difficulty of inhibiting crimes against fauna, in view of the high frequency of committing criminal practices of this nature. The mechanisms for inspection and control of this practice will also be discussed, as well. The following reflection is made: would stricter legislation in relation to penalties in the practice of this crime contribute positively to the reduction of the rates of this type of crime? It is known that Brazil is one of the main sources of fauna smuggling, comprising the vastness of the biodiversity existing in the Brazilian fauna and flora. However, although it is everyone's duty to defend and preserve the environment and wild animal trafficking is rejected in the national order, the activity occurs repeatedly and promises, notably, high profits to the parties involved.

Keywords: Wildlife traffic; wildlife crime; Brazil; Brazilian wildlife. INTRODUÇÃO

1 Acadêmico do 10° período de Direito da Universidade São Lucas, Porto Velho - Rondônia, gpini@hotmail.com. 2 Acadêmico do 10° período de Direito da Universidade São Lucas, Porto Velho - Rondônia, rafaeldanilo973@gmail.com.

Orientação: Isadora Margarete Guimarães da Silva, graduada em direito pela Faculdade Baiana de Ciências, mestre em administração de empresas com linha de pesquisa em gestão ambiental pela Universidade de Fortaleza. Professora do curso de direito da Universidade São Lucas, Porto Velho - Rondônia, isadora.silva@saolucas.edu.br

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REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 209. V.9. ANO 2021. 2 Historicamente, o tráfico de animais silvestres é considerado uma das atividades ilegais mais lucrativas por todo o mundo, sendo evidente as diversas consequências socioambientais advindas desta prática, tais como a alteração dos processos ecológicos e a introdução de espécies exóticas no ecossistema.

Nesse contexto, o Brasil, conforme dados disponibilizados pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, é o responsável pela gestão de um dos maiores patrimônios de biodiversidade do mundo. Estima-se que são mais de 120 mil espécies de invertebrados e aproximadamente 8.930 espécies de vertebrados, das quais 1.173 estão listadas como ameaçadas de extinção, sendo uma obrigação de todos protegê-las (ICMBIO, 2018).

Em razão da imensa biodiversidade brasileira, o país enquadra-se como sendo um dos principais alvos do tráfico de animais. Segundo a pesquisa realizada pela Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres, cerca de 10% dos bilhões de dólares são arrecadados com a atividade no país, envolvendo uma grande variedade de espécies, tais como peixes, aves, insetos, mamíferos, répteis, anfíbios, entre outros (RENCTAS, 2007).

Além do aspecto financeiro e lucrativo, outro fator que contribui para essa prática no país é a falta de fiscalização e de punições severas e efetivas. Não raras vezes, traficantes são presos em flagrante com a posse de diversos animais, no entanto, realizam o pagamento de fiança e aguardam o julgamento do processo em liberdade. Tal cenário apenas reforça e demonstra a urgente necessidade de atuação eficiente do poder público e da sociedade.

Outrossim, nota-se que há regiões vulneráveis à invasão e ao tráfico de espécies. O número de apreensão de animais silvestres, apesar de não traduzir o volume real do tráfico, constitui-se como sendo uma das grandes preocupações ambientais. É, em verdade, uma das principais ameaças primárias para a biodiversidade nacional, gerando um grande impacto, visto que tudo na natureza está interligado e necessita que todos os recursos naturais funcionem de modo equilibrado e harmonioso, para a preservação das espécies.

Não há dúvidas acerca da importância e da necessidade de preservação dos recursos naturais, sendo pregado pelo ordenamento jurídico, além de estudos internacionais em diversas conferências, que tanto a flora quanto a fauna representam bem a diversidade de recursos e que precisam ser preservados. Por essa razão, tem-se como relevante o tema e a necessidade do aprofundamento da pesquisa.

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REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 209. V.9. ANO 2021. 3 Para tanto, analisar-se-á o quadro legal e regulatório da proteção ambiental no Brasil, a fim de coletar, consolidar e analisar informações sobre as dificuldades de combate ao tráfico de animais silvestres. Além disso, serão abordados os mecanismos legais que o Estado brasileiro utiliza para realizar uma fiscalização no que se refere ao tráfico de animais silvestres, os meios de punição para este tipo de prática, bem como as eventuais falhas no ordenamento jurídico com relação à tratativa do cenário atual à prática de tráfico. Outrossim, a pesquisa visa contribuir para a difusão do conhecimento acerca do tráfico de animais silvestres, abordando as principais dificuldades quanto à manutenção do rigor do combate à prática e fomentando a conscientização sobre o tema.

Dada a relevância do tema, este trabalho funda-se na análise da proteção jurídica ao meio ambiente e delimita-se, especificamente, ao comércio ilícito de animais silvestres. mediante análise dos aspectos jurídicos, sociais e econômicos adjacentes à prática do tráfico. Pretende-se demonstrar a relação existente não só entre a prática do tráfico e o processo de extinção das espécies, como também a sua relação com as consequências epidemiológicas e econômicas. Salienta-se, contudo, que este artigo não visa esgotar as informações e as discussões sobre a temática, tendo em vista a dimensão e a complexidade do tema.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Breve Análise da Tratativa do Tráfico de Animais Silvestres no Ordenamento Jurídico Brasileiro

No contexto brasileiro, as normas correlacionadas à questão ambiental remontam ao período colonial, no qual as ordenações de Portugal já proibiam, por exemplo, o corte de árvores frutíferas. É importante destacar, todavia, que tais proteções não podiam ser consideradas como Direito Ambiental, vez que possuíam caráter unicamente utilitarista, desconsiderando a preservação ambiental da forma como se entende atualmente.

No que se refere ao tráfico de animais silvestres, pode-se notar que suas raízes também retroagem ao descobrimento do Brasil. Não consiste, portanto, em uma prática recente. Em verdade, os primeiros registros de animais silvestres brasileiros enviados para outras regiões

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REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 209. V.9. ANO 2021. 4 remontam à chegada dos portugueses, o que pode ser verificado no trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha a El Rei D. Manuel, de 1500, veja-se:

Resgataram lá por cascavéis e outras coisinhas de pouco valor, que levavam, papagaios vermelhos, muito grandes e formosos, e dois verdes pequeninos, e carapuças de penas verdes [...] Vossa Alteza todas estas coisas verá, porque o Capitão vo-las há de mandar, segundo ele disse [...] (PEREIRA, 2002, p. 250)

Era prática comum entre os exploradores o envio de animais às autoridades de seu país, como forma de mostrar as novas áreas recém-descobertas. Os animais não tinham apenas a finalidade de alimentação, mas também eram utilizados para fabricação de instrumentos e ferramentas e serviam como adornos em festas e rituais. Com a chegada dos europeus, houve uma modificação significativa desses hábitos e os recursos passaram a ser explorados com maior seletividade e mais intensamente. Segundo Bueno:

Em 27 de abril de 1500, pelo menos duas araras e alguns papagaios, frutos de escambo com os índios, foram enviados ao rei de Portugal, juntamente com muitas outras amostras de animais, plantas e minerais. A impressão que tais aves causaram foi tanta, que por cerca de três anos o Brasil ficou foi conhecido como Terra dos Papagaios (BUENO, 1998, p. 140).

Foi a partir do final do século XIX, precisamente após as grandes descobertas científicas e tecnológicas, que se intensificou a exploração da natureza, criando um abismo entre a velocidade da degradação dos recursos naturais e a capacidade destes se regenerarem.

Quando o comércio de animais silvestres se tornou uma atividade lucrativa, havia então um novo ramo de negócios, com pessoas (geralmente viajantes) que eram especializados em obter animais para vender [...]. Para atender ao mercado europeu começou então, o extermínio de várias espécies de animais. A diversidade brasileira dava a impressão de ser abundante e inesgotável, começando aí a história de exploração comercial da fauna silvestre brasileira (MAGALHÃES, 2002, p. 11).

O comércio de animais era comumente realizado em feiras públicas, de sorte que aqueles que possuíssem animais raros eram considerados ricos e nobres (SILVA; FRUCTUOZO, 2018, p. 3):

A partir do momento em que esse comércio se firmou como uma atividade bastante lucrativa acabou se tornando um novo ramo de negócios, se sistematizando no final do século XIX, iniciando a partir daí o extermínio de várias espécies de animais brasileiros para atender ao mercado estrangeiro. (RENCTAS, 2001)

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REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 209. V.9. ANO 2021. 5 Além da exportação, o comércio interno também cresceu bastante com o advento dos meios de transporte, comunicação e urbanização. O avanço foi tamanho que na década de 60 já estava estabelecido no Brasil o comércio de animais silvestres, sobretudo de aves (RENCTAS, 2001). Desde então, a utilização da fauna brasileira seja para caça e pesca excessiva, seja em virtude do tráfico de animais, passou a ocorrer de forma completamente desenfreada, especialmente pela elevada lucratividade desse tipo de negócio.

A partir do ano de 1967, com a Lei Federal nº. 5.197 (Lei de proteção à fauna), ficou estabelecido que a fauna silvestre era de propriedade do Estado, não podendo mais os animais serem caçados, capturados, tão pouco comercializados. Não obstante os avanços trazidos pela Lei de proteção à fauna, ela acabou trazendo à tona o comércio clandestino desses animais. Nesse contexto, faz-se oportuno mencionar o tratamento dado pela Carta Magna à questão da proteção dos animais, no seu art. 225, §1º, inciso VII:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: (...)

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (BRASIL, 1988)

Tendo em vista que toda a preocupação com a preservação ambiental na legislação tem como objetivo melhorar ou manter a qualidade de vida humana, o tráfico de animais silvestres passou a ser tipificado como uma atividade ilícita no ordenamento brasileiro. Não à toa, a Constituição Federal de 1988 classifica o meio ambiente como um bem de uso do povo e essencial à sadia qualidade de vida e determina ações que o Poder Público deve tomar em busca de efetivar a preservação e a defesa do meio ambiente.

A primeira dessas atividades é justamente preservar e restaurar os processos ecológicos. Isto é, trabalhar para a manutenção dos ecossistemas e reconstruir os ecossistemas degradados. Além disso, como uma forma de prevenir que as atividades humanas impactem significativamente o ambiente, estabeleceu-se o dever do Poder Público no sentido de promover o manejo ecológico, ou seja, uma utilização dos recursos naturais de uma forma sustentável, intervindo de maneira não predatória nos ecossistemas e na biodiversidade.

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REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 209. V.9. ANO 2021. 6 Para além da proteção conferida pelos instrumentos civis e processuais ao meio ambiente, a proibição do tráfico de animais também passou a ser tutelada na esfera penal. Sabe-se que a tutela penal é uma figura importante na responsabilidade dos causadores de danos ambientais, exercendo uma função inclusive de prevenção. É por intermédio de sanções desta natureza que se evidencia, em tese, a máxima reprovação e a máxima repressão social, uma vez que, enquanto ultima ratio, as normas penais representam a reprovação e a preocupação máximas com certas condutas. Nesse particular, a Lei 9.605/98 preceitua o seguinte:

Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. (BRASIL, 1998)

Pela importância do bem ambiental, por sua essencialidade e natureza, conforme ensina Herman Benjamin, os crimes contra o meio ambiente, dentre eles o tráfico de animais, são talvez os mais repugnantes de todos os delitos, tendo em vista a elevada gravidade da prática e a irreparabilidade das ofensas ambientais:

[...] agredir ou pôr em risco essa base de sustentação planetária é, socialmente, conduta de máxima gravidade, fazendo companhia ao genocídio, à tortura, ao homicídio e ao tráfico de entorpecentes, ilícitos também associados à manutenção, de uma forma ou de outra, da vida em sua plenitude. Os crimes contra o meio ambiente são talvez os mais repugnantes de todos os delitos do colarinho-branco, sentimento que já vem apoiado em sucessivas pesquisas de opinião pública naqueles países que já acordaram para a gravidade e irreparabilidade de muitas ofensas ambientais. (BENJAMIN, 2006, p. 27)

Cumpre mencionar que a Lei nº 9.605/98 inaugurou um novo modelo de proteção penal ao meio ambiente com uma série de características próprias. A Lei de crimes ambientais promoveu, dentre outras coisas, a sistematização dos crimes contra o meio ambiente, contendo praticamente todos os crimes ambientais em uma mesma legislação, inclusive o relativo ao tráfico de animais silvestres, como apontado acima. Algo que era ausente no período anterior, em que existiam diversas leis esparsas que previam tipo penais relacionados com o meio ambiente, como o Código da Fauna, o Código Florestal e o próprio Código Penal.

A breve análise do ordenamento jurídico brasileiro permite verificar os preceitos constitucionais sobre os quais se sustenta a ordem ambiental, especialmente no que diz respeito

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REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 209. V.9. ANO 2021. 7 à proibição do tráfico de animais silvestres. A história da formação da nação revela também o progresso em relação ao reconhecimento dos impactos econômicos, sociais e ambientais do tráfico ilícito de vida selvagem, ao passo que o legislador passou a enfatizar a necessidade de repressão da conduta, seja na esfera administrativa, penal ou cível.

2.2 Meio Ambiente como Direito Fundamental

Sabe-se que o Direito Ambiental é classificado como sendo um direito difuso, pois está elencado no rol de direitos de terceira dimensão – aqueles representativos dos direitos de solidariedade e fraternidade (BARROSO, 2003, p. 326), que prestigiam a conservação da qualidade de vida, do progresso sem prejuízo da paz e da determinação dos povos. A respeito disso:

A Constituição de 1988 alicerça não só a ordem social, mas também a ordem econômica, a saúde, a educação, o desenvolvimento, a política urbana e agrícola, enfim, obriga a sociedade e o Estado, como um todo, a um compromisso de respeito e consideração ao meio ambiente, conforme os vários dispositivos ambientais espalhados por todo o texto constitucional. (PADILHA, 2010, p. 156)

Cumpre esclarecer que o direito difuso é aquele que está associado à concretização de interesse público difuso, o direito coletivo tem relação com interesse público coletivo. Nesse particular, tem-se que a categoria dos direitos difusos:

[...] compreende interesses que não encontram apoio em uma relação base bem defi-nida, reduzindo-se o vínculo entre as pessoas a fatores conjunturais ou extremamente genéricos, a dados de fato freqüentemente acidentais ou mutáveis: habitar a mesma região, consumir o mesmo produto, viver sob determinadas condições sócio-econô-micas, sujeitar-se a determinados empreendimentos, etc. (GRINOVER, 1984, p. 30-1)

Até a Constituição Federal de 1988, os normativos apenas tangenciavam a questão ambiental, tratando-a de maneira dispersa. A chamada constituição cidadã inaugurou na ordem jurídica brasileira um novo tratamento para a questão ambiental, pois passou a sistematizar a matéria que versa sobre o meio ambiente, dando a ela um capítulo específico ao integrar ao título “Da ordem social”, além de fazer referências em outros 22 artigos. Trouxe expressamente

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REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 209. V.9. ANO 2021. 8 uma definição sobre o meio ambiente no contexto da ordem jurídica, ficando a critério da Política Nacional do Meio Ambiente - Lei nº 6.938 – a referida definição.

Ao regular a ordem econômica, a Carta Magna estabelece princípios sob o qual esta deve se estruturar, de modo a garantir a dignidade da pessoa humana e a justiça social (SARLET, 2002, p. 68), assim como fundamentos da ordem econômica, dentre outros, a função social da propriedade e a defesa do meio ambiente, possibilitando tratamento diferenciado com relação ao impacto e a degradação ambiental possivelmente causada pelas atividades, produtos e empreendimento realizados.

Desse modo, determinadas atividades econômicas devem possuir maiores limitações em razão do maior impacto causado ao meio ambiente. O Estado, por sua vez, deve exercer a regulação da atividade econômica favorecendo a organização da atividade garimpeira levando em conta a proteção ambiental.

Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.

§ 3º O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas,

levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos

garimpeiros.

Inaugura-se, portanto, uma nova percepção da questão ambiental na ordem jurídica nacional, uma vez que não é possível admitir o pleno exercício da dignidade da pessoa humana sem um ambiente saudável, ar limpo, saneamento, recolhimento de lixo, áreas verdes, e todos os demais componentes de um meio ambiente equilibrado.

O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequada em um meio cuja qualidade lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar e tem o a solene obrigação de proteger e melhorar esse meio para as gerações presentes e futuras. (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1972)

Nesse sentido, o art. 225 é um dos mais importante de toda a Constituição para o direito ambiental, tendo em vista que se caracteriza como o núcleo central sobre o qual se estrutura a proteção ao meio ambiente.

Todos são sujeitos do direito ao meio ambiente e essa definição transcende a ideia de cidadania, incluindo o brasileiro, estrangeiros residentes no país e todos aqueles que de qualquer

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REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 209. V.9. ANO 2021. 9 modo estão no território regulado pela Constituição. Ou seja, todas as pessoas possuem direito ao meio ambiente, configurando-se esse, um direito difuso. Esse direito difuso é caracterizado pelo acesso ao meio ambiente ecologicamente equilibrado onde todos os fatores, bióticos e abióticos, do ecossistema encontram-se em completa harmonia. Isso não implica na inalterabilidade dos ecossistemas, mas sim na convivência em níveis saudáveis de todos os fatores ambientais (SOUTO, 2008, p. 71).

Acerca do tema, defende-se que a CF/88 ultrapassa a noção de bem privado ou público, pois é um bem de uso comum do povo. Sob essa ótica, o Estado não configura proprietário dos bens ambientais, mas tão somente mero gestor, que administra bens que pertencem à sociedade e não a ele enquanto entidade, devendo, assim, informar, prestar contas e garantir a participação pública efetiva nessa gestão. Logo, sendo um bem que não é passível de apropriação, o meio ambiente limita o exercício da propriedade privada, como pode-se notar com a função socioambiental trazida no texto constitucional (MACHADO, 2010, p. 212).

Como titular do bem ambiental, a coletividade tem igualmente o dever de preservar e defender o meio ambiente. O objetivo de preservar para as presentes e futuras gerações materializa, mais uma vez, a noção de desenvolvimento sustentável, a partir do momento que faz parte desse princípio a equidade intergeracional, que pode ser definida como uma solidariedade e a responsabilidade que a atual geração possui de permitir a continuidade da qualidade de vida e dos recursos ambientais para o futuro.

2.3 Princípios Relevantes Norteadores do Direito Ambiental

Sabe-se que os princípios no Direito Ambiental, assim como em todos os outros ramos do direito, são fundamentais para a defesa dos interesses e a proteção do bem jurídico (BARROSO, 2003, p. 22), exercendo a função de orientar a tomada de decisão, a criação e a interpretação das normas. No Direito Ambiental não existe uma uniformidade acerca dos princípios, em que pese a maioria possuir a mesma base constitucional. Em verdade, é possível identificar três diferentes categorias de normas de direito ambiental, a seguir elencadas:

O primeiro acha-se no caput onde se inscreve a norma-princípio, a norma-matriz, substancialmente reveladora do direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

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O segundo encontra-se no par. 1º, com seus incisos, que estatui os instrumentos de garantia da efetividade do direito enunciado no “caput” do artigo. Mas não se tratam de normas meramente processuais [...] São normas-instrumentos de eficácia do princípio, mas também são normas que outorgam direitos e impõem deveres relativamente ao setor ou ao recurso ambiental que lhes é objeto. Nelas se conferem ao Poder Público os princípios e instrumentos fundamentais de atuação para garantir o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

O terceiro, finalmente, caracteriza um conjunto de determinações particulares, em relação a objetos e setores, referidos nos pars. 2º a 6º, notadamente o par. 4º do art. 225, nos quais a incidência do princípio contido no caput se revela de primordial exigência e urgência, dado que são elementos sensíveis que requerem imediata proteção e direta regulamentação constitucional, a fim de que sua utilização, necessária talvez ao progresso, se faça sem prejuízo ao meio ambiente. (CORRÊA, 2002, p. 29)

Acerca do tema ora tratado, convém destacar uma série de princípios que corroboram com a proteção dos animais silvestres e combate do tráfico. Convém, contudo, destacar o conceito de princípio que prevalece na doutrina:

Princípios são, pois verdades ou juízos fundamentais, que servem de alicerce ou de garantia de certeza a um conjunto de juízos, ordenados em um sistema de conceitos relativos à dada porção da realidade. Às vezes também se denominam princípios certas proposições, que apesar de não serem evidentes ou resultantes de evidências, são assumidas como fundantes da validez de um sistema particular de conhecimentos, como seus pressupostos necessários. (REALE, 1986, p. 60)

O princípio da responsabilidade, por exemplo, determina que o causador de degradação ambiental deve ser responsabilizado de maneira objetiva. Ou seja, independente de culpa, o auto do dano deve ser responsabilizado pelo dano no âmbito civil, penal e administrativo. Fato é que o tráfico de animais silvestres sujeita o infrator à penalização no âmbito civil, penal e administrativo.

Portanto, todo dano ambiental, de qualquer natureza, deve ser indenizado. Trata-se de responsabilidade objetiva e integral em razão do dano ecológico, sendo suficiente a prova do dano e do nexo de causalidade (OLIVEIRA, 2002, p. 59-60). Tendo em vista a natureza do dano ambiental, o responsável tem o dever de reparar integralmente (princípio da reparação) o ambiente lesado, através da recuperação da área degradada igualando-a ao status quo ante e, não sendo possível, através da compensação.

Nesta senda, cumpre mencionar que é defeso ao legislador ou julgador alterar e aplicar normativos no sentido de retroceder as políticas de proteção ambiental. Consiste no princípio da vedação ao retrocesso. Sabe-se que o meio ambiente é um direito difuso e pertencente a toda

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REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 209. V.9. ANO 2021. 11 a coletividade, sendo a vedação ao retrocesso um princípio fundamental para o Direito Ambiental, com bases éticas, constitucionais, legais e jurisprudenciais que apontam nesse sentido. Sobre o tema, segue decisão recente proferida pelo STJ acerca da impossibilidade de aplicação das disposições novas a fatos pretéritos, sob pena de retrocesso ambiental:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO EM AGRAVO EM RECURSO ES-PECIAL. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 3/STJ. NOVO CÓDIGO FLORES-TAL. FATO PRETÉRITO. PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM. VEDAÇÃO DE RETROCESSO AMBIENTAL. 1. O presente recurso atrai a incidência do Enunciado Administrativo 3/STJ: "Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC". 2. Em matéria ambiental, deve prevalecer o princípio tempus regit actum, de forma a não se admitir a aplicação das disposições do novo Código Florestal a fatos pretéritos, sob pena de retrocesso ambiental. 3. "O novo Código Florestal não pode retroagir para atingir o ato jurídico perfeito, os direitos ambientais adquiridos e a coisa jul-gada, tampouco para reduzir de tal modo e sem as necessárias compensações ambi-entais o patamar de proteção de ecossistemas frágeis ou espécies ameaçadas de ex-tinção, a ponto de transgredir o limite constitucional intocável e intransponível da 'incumbência' do Estado de garantir a preservação e a restauração dos processos ecológicos essenciais (art. 225, § 1º, I)" (AgRg no REsp 1.434.797/PR, Rel. Minis-tro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 17/05/2016, DJe 07/06/2016) 4. No presente caso, conforme consta do acórdão do Tribunal de origem, o Termo de Ajustamento de Conduta - TAC foi plenamente celebrado sob a vigência da le-gislação anterior, devendo este ser regido pelo Código Florestal vigente há época da celebração do acordo. 5. Agravo interno não provido. (SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, 2019).

O princípio supracitado também está em harmonia com o que dispõe o princípio do Desenvolvimento Sustentável. Essa expressão possui vasta utilização nessa seara do direito, tendo sido utilizada pela primeira vez em 1987 no Relatório Brutland, para definir que a ideia de preservação ambiental não deve ser observada como uma visão contraposta ao desenvolvi-mento nos mais diversos âmbitos (SOUTO, 2008, p. 48).

Nada mais é que a defesa do desenvolvimento econômico, social, político e cultural para garantir e preservar os recursos para as presentes e futuras gerações (Equidade intergeracional). Esse princípio está intimamente ligado à proteção dos animais silvestres, uma vez que o tráfico auxilia a colocação de diversas espécies em extinção, colaborando com o desequilíbrio ecoló-gico e consequente impacto na preservação dos recursos para as futuras gerações.

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2.4 O Crime de Tráfico de Animais Silvestres no Ordenamento Jurídico Brasileiro

Conforme já antecipado, a Constituição Federal estabelece que o responsável por atividades lesivas ao meio ambiente responderá, de forma independente, no âmbito civil, já explorado, penal e administrativo:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. [...] § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. (BRASIL, 1988)

Diante disso, para além da proteção conferida pelos instrumentos civis e processuais ao meio ambiente, a tutela penal é uma figura importante na responsabilidade dos causadores de danos ambientais, exercendo uma função inclusive de prevenção. No entanto, antes da aprova-ção da Lei nº 9.605, a Lei de Crimes Ambientais, a proteaprova-ção penal oferecida aos bens ambientais era extremamente ineficaz.

Cumpre salientar que a ineficácia do modelo anterior de tutela penal ambiental era bastante desproporcional em relação às penas previstas para os crimes ambientais. Nota-se também que não havia sanções como multas e penas alternativas. Em face disso, um grande volume decisões judiciais aplicavam o princípio da insignificância, para fins de desconsideração da lesão ao dano ambiental.

Ademais, os crimes ambientais tinham uma visão utilitarista, eram bem dispersos ao longo das legislações, o que afastava a sistematização, e era repleta de atecnias legislativas e obscuridade (SOUTO, 2008, p. 64). Nesse particular, convém dizer que em grande salto qualitativo do judiciário, pois já há julgados que afastam o princípio da insignificância ao tratar da fauna brasileira e adotam, assim, a perspectiva biocêntrica ao tratar desse tema, conforme depreende-se a seguir:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. CRIME AMBIENTAL. ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO, II, DA LEI N. 9.605/1998. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. ATIPICIDADE DE CONDUTA. NÃO OCORRÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 2. Na espécie, embora não haja sido apreendido nenhum pescado, é significativo o desvalor da conduta do agravante, haja vista não apenas o local da atividade pesqueira - área de reserva biológica -, mas também a forma como foi praticado o delito

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(utilização de redes) se mostrarem potencialmente capazes de colocar em risco a reprodução das espécies da fauna local. 3. Ademais, a captura é mero exaurimento da figura típica em questão, que se consuma com a simples utilização do petrecho não permitido. O dano causado pela pesca predatória não se resume, portanto, às espécimes apreendidas. 4. Agravo regimental não provido (Superior Tribunal de Justiça. AgRg no AREsp 1172493/SC, da 6ª Turma, relator: Ministro Rogerio Schietti Cruz. Brasília, 21/06/2018) (BRASIL, 2018).

A Lei nº 9.605 inaugurou, assim, um modelo diferenciado de proteção penal ao meio ambiente, apresentando uma série de características próprias. Trouxe uma maior flexibilidade nas punições, além de estabelecer penas mais brandas e determinar uma porção de penas alternativas, multas e sanções administrativas. O que pode parecer que diminui a proteção penal ao meio ambiente, no entanto, aumenta a efetividade da legislação, diminuindo consideravelmente os casos de utilização do princípio da insignificância ou bagatela, que deve obedecer aos requisitos de ausência de periculosidade, ofensividade mínima, inexpressividade da lesão e falta de reprovabilidade social da conduta.

Ademais, o normativo permite a responsabilização da pessoa jurídica, motivo pelo qual é bastante criticada pela doutrina clássica do Direito Penal. A responsabilidade da pessoa jurídica na lei de crimes pode se dar de três formas: multa, prestação de serviços à comunidade ou restritivas de direito, existindo até a hipótese de extinção da empresa, caso tenha sido criada com o fim de cometer crimes ambientais. Conforme prevê a legislação:

Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurí-dicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são: I - multa; II - restritivas de direitos; III - prestação de serviços à comunidade.

Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são: I - suspensão parcial ou total de atividades;

II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;

III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, sub-venções ou doações.

§ 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente. § 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar.

§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de dez anos.

Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em: I - custeio de programas e de projetos ambientais;

II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas; III - manutenção de espa-ços públicos;

IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.

Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua

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liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.

Cumpre destacar que o artigo 29 da lei n° 9.605/98, trata dos crimes contra a fauna, mas tipifica apenas algumas condutas, tornando, em certa medida, um ineficaz instrumento para evitar o delito, conforme descrito abaixo:

Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.

§1º Incorre nas mesmas penas:

I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida;

II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;

III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.

§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. § 3º São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.

Portanto, comete crime a pessoa que adquire um animal silvestre por qualquer meio. Tal prática é uma apropriação indevida de um patrimônio que pertence ao Poder Público e à sociedade pois conforme apontado em tópicos anteriores, a fauna silvestre é um bem de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida. Reprisa-se que, além da esfera criminal, os envolvidos com a prática podem sofrer punições também na esfera administrativa, cujas multas aplicadas variam conforme o grau de ameaça da espécie e se o comércio foi feito com o animal ainda vivo ou não.

O texto ainda recebe muitas críticas, em virtude da ausência de técnica legislativa que culmina em sua ineficácia e quanto à ampla utilização de conceitos indeterminados e imprecisos. Neste ponto específico, os tipos penais previstos na lei criminal ambiental, eivados de impropriedades técnicas, linguísticas e lógicas, permeados de cláusulas valorativas, passam a depender excessivamente da acessoriedade administrativa, que é a dependência do Direito Penal em relação ao Direito Administrativo (ELIEZER, 2016).

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2.5 Mecanismos Legais e Estatais Utilizados para o Combate ao Tráfico De Animais Silvestres e Dificuldades Enfrentadas

Conforme já relatado, o ordenamento brasileiro possui inúmeros normativos nos que diz respeito ao combate do tráfico de animais silvestres. Nesse sentido, cumpre mencionar que há diversos institutos criados com a finalidade de garantir a proteção à fauna e flora, em que pese não serem suficientes para completa erradicação da conduta ora questionada.

Nesse cenário, dá-se destaque ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Trata-se de uma autarquia federal dotada de personalidade jurídica de direito público, autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), conforme Art. 2º da Lei nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989. De acordo com o Art. 5º da Lei nº 11.516, de 28 de agosto de 2007, o IBAMA tem como principais atribuições:

I. exercer o poder de polícia ambiental;

II. executar ações das políticas nacionais de meio ambiente, referentes às atribuições federais, relativas ao licenciamento ambiental, ao controle da qualidade ambiental, à autorização de uso dos recursos naturais e à fiscalização, monitoramento e controle ambiental, observadas as diretrizes emanadas do Ministério do Meio Ambiente; e III. executar as ações supletivas de competência da União, de conformidade com a legislação ambiental vigente. (BRASIL, 2007)

Além da atuação dos agentes do IBAMA, há também o Órgão Executor do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), com atuação em nível federal, e os integrantes da Polícia Federal, cujo enfoque é voltado ao combate do tráfico internacional ou mesmo interestadual. Constituem o chamado “policiamento ambiental”. O SISNAMA, criado com a promulgação da Lei nº 6.938/81, é um sistema robusto composto por diversos órgãos, cujo objetivo precípuo é a defesa do meio ambiente ecologicamente equilibrado (BRASIL, 1981).

Menciona-se, ainda, os Centros de Triagem de Animais Silvestres (CETAS). Trata-se de órgãos responsáveis por receber, identificar, marcar, triar, avaliar, recuperar, reabilitar e destinar animais silvestres, cujo funcionamento é regulada pela Instrução Normativa do IBAMA nº 169, de 20 de fevereiro de 2008 (BRASIL, 2008).

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REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 209. V.9. ANO 2021. 16 Acerca do trabalho desempenhado pelos referidos centros, elenca-se como exemplo a operação ocorrida em dezembro de 2019, contra pesca ilegal no período de piracema na Bacia Amazônica. Na ocasião, o IBAMA, com o apoio da Polícia Federal, apreendeu cerca de 35,8 toneladas de pescado na região do Alto Solimões (AM), sendo aplicadas autuações, cujas penas somam o montante de R$ 722 mil (IBAMA, 2019).

No mesmo período, instaurou-se também uma operação na região de Cruzeiro do Sul (AC), com o intuito de coibir a atividade ilegal de caça, sendo apreendidas 10 tartarugas, 7 pacas, 4 inhambu-galinhas, 3 periquitos, 2 veados, 2 tatus, 2 caititus, 1 jacuguaçu, 1 curió e uma anta, sendo parte dos animais encaminhados ao CETAS (IBAMA, 2019).

Dentro de uma Política Nacional de Meio Ambiente, os referidos centros são considerados aliados importantes no combate de ações de repressão ao tráfico, tendo em vista o relevante papel no fornecimento de informações relativas aos animais silvestres apreendidos ou entregues voluntariamente nos centros. Contudo, dado os números elevados de tráficos de animais silvestres, entende-se que as políticas de combate ainda não se mostraram plenamente efetivas.

Nesse particular, o relatório da RENCTAS, realizado ainda em 2007, apontou as principais dificuldades e os problemas mais evidentes em relação ao combate ao tráfico de animais silvestres. Dentre eles, destaca-se a falta de postos de alfândegas, em relação ao tráfico nas fronteiras, bem como a falta de contingente e capacitação dos agentes, de equipamentos e materiais adequados e de intercâmbio com os países fronteiriços. Elencou-se, ainda, a falta de locais apropriados para encaminhar os animais recolhidos nas operações e escassez de conhecimento científico para realizar a soltura desses animais (RENCTAS, 2007).

Deu-se destaque, ainda, para a atual legislação brasileira. Parte significativa da população brasileira desconhece as leis que trata do tema. Além disso, o relatório aponta a evidente falta de rigidez na aplicação das leis, carecendo de aplicação mais severa ao tráfico de animais silvestres, mediante atualização da legislação.

3 METODOLOGIA

Trata-se de pesquisa que utilizou o método qualitativo com conotação dedutiva. Para a realização desse estudo, foi feito um levantamento bibliográfico sobre o tema pertinente à

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REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 209. V.9. ANO 2021. 17 pesquisa, com a finalidade de buscar um maior conhecimento do assunto. Acerca da pesquisa qualitativa, cabe destacar que o seu objetivo não é numérico:

A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc. Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa opõem-se ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências, já que as ciências sociais têm sua especificidade, o que pressupõe uma metodologia própria. Assim, os pesquisadores qualitativos recusam o modelo positivista aplicado ao estudo da vida social, uma vez que o pesquisador não pode fazer julgamentos nem permitir que seus preconceitos e crenças contaminem a pesquisa. (GOLDENBERG, 1997, p. 34)

Buscou-se, portanto, exprimir as noções gerais sobre o tráfico de animais silvestres, mas sem quantificar valores ou prova de fatos, uma vez que os dados ora analisados são não-métricos, cujo objetivo é tão somente produzir informações aprofundadas e ilustrativas s (MINAYO, 2003, p. 44). Através disso, traçaram-se diretrizes a fim de delimitar o que será abordado no trabalho fazendo a devida análise crítica.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da análise feita, percebe-se que o Brasil possui um vasto patrimônio de biodiversidade, configurando-se como o maior do mundo. Não obstante tamanha variedade, constata-se que são grandes os desafios, sobretudo no que se refere à problemática do tráfico de animais silvestres. Apesar da existência de normativos legais que têm se desenvolvido ao longo dos anos no sentido de prover a garantia do direito ambiental, resta claro que o combate ao tráfico de animais silvestres continua representando grande barreira a ser superada.

Uma análise um pouco mais atenta revela que o efeito das normas legais não tem sido muito satisfatório. As causas disso estão ligadas tanto à falta de uma penalização mais severa, a fim de mitigar tais práticas, quanto à carência leis que possam efetivamente fazer frente a esse problema e ao desconhecimento das leis que tratam do tema por parte significativa da população brasileira. Logo, entende-se que uma legislação mais rígida com relação a penalidades na prática desse delito pode contribuir de modo mais efetivo para a redução dos índices desse tipo de crime.

Faz-se importante destacar a pungente necessidade de um maior e mais consistente aprimoramento das medidas de controle do comércio nacional e internacional da biodiversidade.

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REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA. FORTALEZA-CE. EDIÇÃO 209. V.9. ANO 2021. 18 Tais medidas de fiscalização e punição são fundamentais para que se possa promover maior efetividade no cumprimento das leis ambientais, a fim de que seja alcançada uma eficaz proteção jurídica do meio ambiente.

Evidente, ainda, a necessidade de atuação conjunta da União, dos Estados e dos Municípios no que tange o combate do tráfico, sendo relevante a concepção de programas que envolvam a educação ambiental, a fim de promover a conscientização da população e, consequentemente, minimizar o tráfico de animais silvestres.

Por fim, resta claro que o Brasil, apesar das expressas previsões constitucionais e legais, não tem logrado êxito na tutela dos direitos da fauna silvestre. É necessário, portanto, que haja maior mobilização do poder público, bem como da população, no intuito de inibir as práticas que atentam contra a vida silvestre.

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