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AS CONDIÇÕES GERAIS DE PRODUÇÃO PARA AS INDÚSTRIAS DE ALTA TECNOLOGIA

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS

HUMANAS

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

AS CONDIÇÕES GERAIS DE

PRODUÇÃO PARA AS INDÚSTRIAS

DE ALTA TECNOLOGIA

Leandro Braga Cardoso – Nº USP 5938332

Pedro Augusto Parente Dias – Nº USP 5938850

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E–Mail: pedro.dias@usp.br e leandro.cardoso@usp.br

Orientação: ProfªDrª Sandra Lencioni

INTRODUÇÃO

As condições de localização das indústrias no início do século XIX estavam atreladas a fatores como a proximidade das fontes de energia, uma vez que a geração e a transmisão da energia tinham dificuldades de serem efetivadas com sucesso. Os rios eram utilizados como via de escoamento das mercadorias e a presença da mão-de-obra nas proximidades da fábrica diminuía custos de transporte e estendia a jornada de trabalho dos operários. Essas condições ao mesmo tempo que viabilizam a produção, aumentam o lucro dos capitalistas.

. As mudanças históricas introduziram novas formas de organização política, econômica e social. Entre o fim da década de 80 e começo de 90, o mundo passou a adotar a ideologia neoliberal como forma de gerir a máquina estatal. O sucesso das empresas japonesas nesse período, que adotaram outro padrão de organização empresarial, o toyotismo ou modo de produção flexível. Esse modelo se opôs à especialização das tarefas, à formação de estoques e às condições precárias de trabalho nas fábricas fordiatas. O novo modelo introduziu novas práticas ao sistema produtivo entre elas podemos destacar a importância da versatilidade da mão-de-obra, a produção “just-in-time” e as subcontratações e terceirizações. E por fim, as inovações nos sistemas de comunicações e transportes tornaram alguns fatores imprescidíveis para a realização da produção.

Essas modificações da estrutura do sistema de produção passou a ser chamada de reestruturação produtiva a qual modifica algumas condições de localização das empresas e reafirma a importância de outras. As vias de escoamento continuam essenciais para a localização industrial enquanto o período atual impõe a necessidade de uma densa rede de cabos de fibra ótica, já que as atividades computadorizadas dominam o circuito produtivo. As instituições de pesquisa tornam-sem fundamentais para a realização de inovações nos processos e produtos.

O objetivo do trabalho é verficar quais são os fatores que viabilizam a produção das indústrias de alta tecnologia e o porquê da presença dos mesmos. Essas condições gerais de produção para as indústrias de alto conteúdo tecnológico nos ajudam a entender a forma de localização delas ao longo do espaço geográfico.

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1. AS CONDIÇÕES GERAIS DE PRODUÇÃO

Com a origem no pensamento de Marx, o conceito de “condições gerais de produção” é de grande importância para a Geografia, porque ele fornece subsídios para compreendermos quais são os elementos necessários para o desenvolvimento dos meios de produção. Essas condições são gerais porque elas representam as condições que tornam possível o processo produtivo e a sua reprodução.

As condições estão inseridas naquilo que Marx chama de “consumo produtivo” (ou consumo coletivo), isto é, toda infra-estrutura e todos os ingredientes essenciais para garantir a produção. O consumo produtivo pode ser entedido no campo do consumo coletivo porque ele não atende apenas a participação de um capital em particular, mas uma variedade de capitais. Essa dinâmica ocorre pelo usufruto de equipamentos considerados coletivos, por exemplo, hospitais, escolas, rodovias, rede bancária, etc. O consumo coletivo se relaciona com o processo de produção e circulação de capital graças à articulação das condições gerais de produção.

De acordo com Preteceille², os equipamentos coletivos pertencem mais ao campo econômico do que o sociológico, já que eles estão mais inseridos na produção e circulação de mercadorias e capitais, ultrapassando a esfera de consumo. Entretanto, é imprescindível ressaltar que os valores de uso dos equipamentos coletivos são voltados aos meios de produção e aos meios de consumo e muitas vezes eles se confundem, como é o caso de uma estrada – onde há fluxo de pessoas e mercadorias. Para o autor:

“Os processos políticos de elaboração da política econômica realizam hoje uma seleção concreta dos equipamentos públicos. Ela se exerce em favor de equipamentos que se pode mostrar os mais vinculados à acumulação monopolista, no seu valor de uso como meio de produção e nas condições econômicas de sua produção, caracterizada pela intervenção direta dos pincipais grupos financeiros.”²

Nesse sentido, há o casamento entre a política e a economia, a qual se estabelece relações capitalistas e políticas. Preteceille afirma:

“Na maioria dos casos, o ambiente construído dos equipamentos e serviços públicos, ou material que os equipa, é produzido por empresas capitalistas. As relações políticas que determinam as condições gerais desta produção e a circulação do produto, são dominantes, mas a relação do Estado com o capital pode deixar um lugar mais ou menos amplo para a expressão do interesse próprios do capital produtivo interessado.”³

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Em suma, as condições gerais de produção articulam o consumo produtivo ao processo de produção e circulação de capital, atravessando os campos políticos e econômicos. Elas unem o particular ao geral e são utilizadas nos equipamentos de consumo coletivo, os quais dão suportes materiais e imateriais de sua existência.

2. REGIÃO E OBJETO DE ESTUDO

Com essa definição, tem-se o ponto de partida para entender quais são as condições gerais de produção de uma unidade industrial de alta tecnologia e inovação e relaciona-las com a dinâmica econômica.

Em primeira lugar, cabe distinguir entre as indústrias de transformação quais são caracterizadas como alta tecnologia. A classificação utilizada nessa pesquisa será a mesma que Regina Tunes elaborou em seu tese de mestrado “Da desconcentração à reconcentração industrial: a análise da relação entre a dinâmica do espaço e a dinâmica dos ramos industriais no município de São Paulo no final do século XX”, a qual se baseu nos diversos ramos de indústrias de transformação definidos pelo Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) de 1995. A tabela a seguir mostra quais insdústrias abordadas nesse trabalho serão consideradas como alta tecnologia.

Com foco nessa classificação, pesquisou-se uma região brasileira onde está concentrada o maior número dessas indústrias no território nacional, a fim de encontrar um recorte espacial que

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De acordo com o gráfico abaixo, o Sudeste apresenta-se como líder dentre as demais regiões da federação, com 57,20% das indústrias de alta tecnologia do total nacional. A tabela abaixo mostra onde está concentrada essas indústrias no sudeste.

Refinando a análise, passamos a analisar dados na escala das unidades federativas. Assim percebemos que o Estado de São Paulo expressa o estado com maior número de insdústrias de alta tecnologia. A tabela a seguir detalha a distribuição desse tipo de indústria na Região Sudeste.

Tomando São Paulo como o estado que abrange 71,23% dos estabelecimentos de alta tecnologia, passamos a analisar como a indústria de alta tecnlogia está concentrada no território paulista, e para isso a

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pesquisa será feita em três níveis de análise: regiões administrativas, regiões de governo e os municípios. Quanto ao primeiro nível de análise partimos da importância de 5 regiões administrativas, quanto a localização industrial, concentração das condições gerais de produção e variedade dos serviços encontrados na região. As 5 regiões são as seguintes: São Paulo, Campinas, São José dos Campos, Sorocaba e Santos.

No segundo nível de análise, chegamos a uma unidade denominada de cidade-região pois percebemos que as regiões administrativas não eram homogêneas no seu interior. Por exemplo a região de governo de São João da Boa Vista tem atividade predominantemente agroindustrial enquanto o restante da região administrativa de Campinas possui um ambiente urbanizado. O mesmo ocorre na Região administrativa de São José dos Campos, com as regiões de São José dos Campos e Taubaté que são destaques na produção industrial de São Paulo, já as regiões de Caraguatatuba e Cruzeiro não possuem atividade industrial predominante. Assim a “cidade-região” paulista foi delimitada entre as seguintes regiões de governo: Itapetininga, Sorocaba, São José dos Campos, Taubaté, Bragança Paulista, Jundiaí, Limeira, Rio Claro, Baixada Santista e São Paulo.

3. FIXOS E FLUXOS

Para sistematizar a análise dessa cidade-região, também chamada de macrometrópole pela EMPLASA, estabeleceu-se o critério de analisar quais são os elementos fixos que viabilizam a atividade industrial da região e depois analisar a importância dos fluxos na região.

1.1 INFRA-ESTRUTURA

 Aeroportos (pesquisados no site da INFRAERO)

Campinas: Aeroporto Internacional de Viracopos

Aeroporto Estadual Artur Siqueira (Bragança Paulista) São Paulo: Aeroporto Internacional de Guarulhos

Aeroporto Campo de Marte Aeroporto de Congonhas

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São José dos Campos: Aeroporto Professor Urbano Ernesto Stumpf

Os aeroportos são imprescindíveis para a localização das indústrias de alta tecnologia pois servem para receber homens de negócio que vem de outros lugares do país e do mundo que viajam com a tarefa de contribuir para o desenvolvimento tecnológico e inovador. Além disso a realização de feiras, workshops e seminários chamam a atenção de pessoas do mundo inteiro e necessitam de aeroportos para realizar o embarque e o desembarque.

 Rodovias

A cidade-região é portadora de densa infra-estrutura de transporte. Veja o mapa a seguir elaborado pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados – SEADE, em 2004, baseado nas informações do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transporte – DNIT, Departamento de Estradas e Rodagem – DER, da Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária – Infraero.

Uma boa infra-estrutura física, com densas vias de circulação e interligadas aos principais centros, é fundamental para a circulação de pessoas e mercadorias. Podemos citar algumas rodovias que interligam

as regiões constituintes desse complexo. O eixo Anhanguera-Bandeirantes é o elo de comunicação entre as regiões de São Paulo e Campinas. A rodovia Dutra, e secundariamente a Rodovia Carvalho Pinto serve para conectar a região metropolitana de São Paulo e a Região de São José dos Campos. Santos e São Paulo têm o eixo Anchieta-Imigrantes como via de ligação. E a Raposo Tavares é que faz o contato entre as regiões de São Paulo e Sorocaba. A rodovia Dom Pedro I foi construída em 1972 com a finalidade de realizar a ligação entre a região do Vale do Paraíba e a região de Campinas. A preocupação em coligar a cidade-região como um todo é refletida na recente construção do Rodoanel Mário Covas, o qual dará acesso a essas importantes rodovias. O trecho em amarelo faz a ligação entre as regiões de Campinas e

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Sorocaba e já está em operação; o trecho azul fará a interface entre as regiões de Sorocaba e Santos e está sendo construído; e o trecho projetado em azul claro trará a região administrativa de são José dos Campos para esse circuito. O Rodoanel está representado no mapa a seguir.

 Rede de cabos de fibra ótica

Visto a importância dos fluxos imateriais e a necessidade de analisarmos essa cidade-região dentro de uma escala topológica, pois segundo Lencioni (2008) “essa escala insere a distância numa lógica virtual que modifica a noção do longe e do perto...”, observamos mapas do SEADE de 2003 que trazem informações sobre lotes de distritos industriais com relação a telefonia fixa e a rede de fibra ótica, que são responsáveis pelo trâmite de informações virtuais. Verificou-se um adensamento que centraliza na Região metropolitana de São Paulo e se estende pela área que a tangencia. Com a revolução ocorrida nos meios de comunicação nas últimas décadas é cada vez mais necessário a instalação de cabos fibra ótica para facilitar a troca de informações.

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de atividades de alto conteúdo tecnológico. A localização de instituições de pesquisa e universidades funcionam como um atrativo para a localização de indústrias de alta tecnologia. A presença da UNICAMP, da CPQD (centro de pesquisa e desenvolvimento em telecomunicações), da CODETEC (companhia de desenvolvimento tecnológico), tornou a região de Campinas um importante pólo de desenvolvimento do setor de telecomunicações e de informática. O setor aeronáutico e de outros equipamentos de transporte encontram na região de São José dos Campos um ambiente favorável ao seu desenvolvimento devido a presença do ITA (Instituto de Tecnologia e Aeronáutica) e do CTA (centro de tecnologia espacial), e também pelos notáveis investimentos que a região recebe hoje em dia. Em Sorocaba, o setor de máquinas e equipamentos recebe mais de 80% dos recursos financeiros e possui destaque no setor de outros equipamentos de transporte devido a presença do Centro Experimental Aramar.

 Outros serviços

A diversificação e sofisticação do setor de serviços também contribuiu para a opção locacional dessas indústriais de alta tecnologia, pois estas necessitam de serviços de consultoria jurídica, de assessoria imobiliária, de marketing, de agências financeiras e bancárias. São atividades que, segundo Gottman (1970), pertencem ao “setor quartenário”, devido a sua peculiaridade no que se refere a produção e manipulação de informações e pela sua importância no momento da tomada de decisões. Essas atividades são de difícil decodificação, portanto exigem a proximidade física para que as ações tornem-se efetivas. Além disso o “entendimento” e a “confiança” entre os atores exigem o contato face a face.

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A localização das indústrias de alta tecnologia encontra alguns fatores que sem os quais não se desenvolvem as atividades inovadoras. No estudo do caso da “cidade-região” de São Paulo, as primeiras regras para instalação desses estabelecimentos é a presença de de rodovias de primeira qualidade e a localização das instituições de pesquisas.

A importância da primeira está na modificação da rede urbana da região metropolitana e seu entorno vinculada à reestruturação produtiva alterou o padrão territorial da região, diluindo a fronteira entre o meio rural e urbano. O novo sistema urbano dessa região promove um redirecionamento dos fluxos de bens e pessoas, o que, neste caso, provoca o desenvolvimento econômico dessa “cidade-região”.

A presença de instiuições de pesquisa é essencial para a localização das indústrias de alta tecnologia. Esta afirmação é confirmada através da correlação entre o direcionamento da pesquisa das instituições e a presença de estabelecimentos cujos ramos possuem afinidades com os resultados da pesquisa.

As condições de produção destacadas não estão homogeneamente distribuídas ao longo do território paulista. Segundo Lencioni (2008)

“são essas um limite para a dispersão territorial da indústria e o segredo da formação de um complexo industrial com novas características (...) e por isso tudo que a dispersão territorial da indústria não é infinita e produz um complexo industrial territorialmente concentrado, ampliando-se nas franjas da região metropolitana”.

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Referência Bibliográfica

² PRETECEILLE, E. Equipamentos coletivos e consumo social. São Paulo: FUNDAP, 1977. ³ PRETECEILLE, E. Equipamentos coletivos e consumo social. São Paulo: FUNDAP, 1977.

GOTTMANN, Jean. “Aurbanização e a paisagem Americana: o conceito de megalópole” In: Geografia Humana nos Estados Unidos. Rio de Janeiro. Fórum Editora. 1970, pp. 38-48;

LENCIONI, Sandra .São Paulo: uma cidade-região. In: Rodrigo Hidalgo; Trumper, Ricardo; Borsdorf, Axel. (Org.). Transformaciones Urbanas y Procesos Territoriales. Lecturas del Nuevo Dibujo de la Cidad Latinoamericana). 2005

Bibliografia

TUNES, R. H. Da desconcentração à reconcentração industrial: a análise da relação entre a dinâmica do espaço e a dinâmica dos ramos industriais no município de São Paulo no final do século XX. (Dissertação de Mestrado). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2004.

SEADE - Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados <http://www.seade.gov.br/> RAIS - Relação Anual de Informações Sociais <http://www.rais.gov.br/>

Referências

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