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Análise e Crítica da Metodologia Presente nos Artigos Brasileiros sobre Redes de Negócios e uma Proposta de Desenvolvimento

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Academic year: 2021

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Análise e Crítica da Metodologia Presente nos Artigos Brasileiros sobre Redes de Negócios e uma Proposta de Desenvolvimento

Autoria: Ernesto Michelangelo Giglio Resumo

O objetivo do trabalho consiste em analisar e criticar as metodologias empregadas pelos autores brasileiros nas pesquisas sobre redes de negócios. Trabalhos anteriores do autor mostram que a literatura mundial converge nas afirmativas sobre as características das redes, entre elas a incerteza, a complexidade, a interdependência entre as partes e o todo sendo mais que a soma das partes. Por outro lado, a literatura mostra um leque de teorias e métodos de pesquisa, evidenciando que a área ainda busca seus fundamentos. Sobre guias para pesquisas, os textos convergem na afirmativa de que o objeto de estudo são os fluxos; que há um contexto que não pode ser desprezado e que há uma dinâmica constante que dificulta estabelecerem-se relações causais estritas. A metodologia, portanto, deveria partir dessas premissas. Nossa afirmativa orientadora é que os pesquisadores utilizam metodologias positivistas, com objetos de estudo que são os atores e não os fluxos e que este é um dos motivos de existirem poucos avanços teóricos nesse campo no Brasil. Esta postura metodológica estaria enraizada nos paradigmas teóricos da Administração que valorizam a competição e a comparação de recursos e de organizações entre si. Realizou-se uma análise bibliográfica prévia de uma amostra de textos clássicos sobre redes para se determinar as variáveis que guiariam a análise dos artigos, resultando num quarteto que incluía a Teoria de Base, a Metodologia, a Estratégia de Pesquisa e os Métodos de coleta e análise; com o princípio de coerência lógica entre as partes. Para cada um desses fatores foi utilizada uma divisão já existente em Administração. A estratégia de pesquisa seguiu os princípios de pesquisa qualitativa, com a análise de conteúdo. Como fonte de dados escolheu-se o Congresso EnAnpad, nas suas últimas 10 edições. Após a aplicação de filtros foram selecionados 156 artigos, com análise temática. Os dados sustentaram a afirmativa orientadora, pois na maioria dos trabalhos as metodologias ou são positivistas, ou não são explicitadas; há dominância de métodos clássicos de coleta e análises, com questionários e entrevistas e este quadro se mostra insuficiente para captar o fenômeno de redes, conforme suas características. Como proposta alternativa que se sustenta logicamente a partir das características do fenômeno de redes e da convergência de conceitos sugere-se a metodologia da fenomenologia e da complexidade como os caminhos com autoridade para o tema; propõe-se o fluxo entre atores como objeto de estudo e a técnica de acompanhamento como estratégia principal de campo. Esta configuração representa uma vantagem quando comparada à dominância do caminho atual dos pesquisadores brasileiros, conforme alguns sinais de pesquisa em andamento.

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1. Introdução

A palavra rede gera um fluxo crescente de artigos na literatura acadêmica nacional e internacional, com várias teorias e metodologias. Trabalhos e reflexões prévias do autor parecem indicar que o estudo e crítica dos raciocínios metodológicos nesse campo estão relegados a um segundo plano, pelo menos nos artigos brasileiros. A importância da metodologia no estudo de redes já havia sido colocada por Tichy, Tushman e Fombrun (1979) há algumas décadas, afirmando que as teorias de redes partem de princípios sistêmicos e as pesquisas continuavam estáticas nos modelos positivistas. Conforme Serva, Dias e Alperstedt (2009), este é um exemplo de obstáculo epistemológico, isto é, a resistência dos pensadores em modificar o paradigma de conhecimento utilizado. Burt e Minor (1983) insistiram no fluxo como objeto de estudo das redes.

Em função dessa rara presença de discussões sobre a metodologia dos trabalhos sobre redes e considerando a importância do tema, já que vieses metodológicos podem desvalorizar as conclusões de pesquisas, decidiu-se descrever, analisar e criticar os usos de metodologias e métodos dominantes nos artigos brasileiros que tratam de redes. Procura-se, dessa forma, auxiliar os pesquisadores no raciocínio metodológico do fenômeno de redes.

O trabalho inicia com uma apresentação da convergência de teorias de redes em torno de dois princípios dominantes, o econômico e o social e a eleição do fluxo entre os atores como o objeto de estudo característico dessa área, conforme já afirmavam Nohria e Ecles (1992); Grandori e Soda (1995). Estas convergências podem orientar o raciocínio, planejamento, execução e conclusões de pesquisas na área de redes.

Na seqüência são apresentadas as convergências sobre as características das redes, o que nos permitiu construir um quadro referencial dos parâmetros que nortearam a análise dos artigos brasileiros. Utilizando esses parâmetros e seguindo os princípios de análises de conteúdo são apresentados os resultados da análise da metodologia de 156 artigos.

Na parte final, discute-se a dominância metodológica dos artigos brasileiros, sua adequação, ou não, ao estudo do fenômeno, as críticas que surgem dessas evidências e os comentários sobre um caminho alternativo.

2. As convergências e diversidade nos conceitos de redes

Conforme Nohria e Ecles (1992) o fenômeno de rede pode ser explicado a partir das várias teorias organizacionais. Há a corrente racional econômica, com temas tais como vantagens de custos obtidos por estar na rede; a corrente social, com temas tais como confiança, comprometimento e governança nas relações; a corrente institucional, com temas tais como legitimação das parcerias e processos de aprendizagem na rede; a corrente da teoria dos jogos, com temas tais como reciprocidade nos laços. Apesar do leque de princípios teóricos, é possível organizar a produção sobre o tema em algumas grandes linhas. Conforme Latour (2005) os artigos sobre redes podem ser classificados nas temáticas de comunicação, dos fluxos de poder e governança, ou das formas de organização, como análises estruturais. Autores brasileiros (Giglio, Kawsnicka, 2006) que revisaram os conceitos de redes classificaram os artigos em dois grandes paradigmas: Por um lado, o paradigma de rede social, encontrado em autores mais freqüentemente referenciados, como Castells (1999) e Capra (1996). A idéia central é que a sociedade atual está organizada em redes, numa nova forma de construção de significados e de cultura. Nesta perspectiva todos estão conectados com outros atores, numa rede infinita e o que a limita é a visão (ou horizonte) do analista sobre ela. Pode-se, por exemplo, considerar somente as 10 pequenas empresas de uma cidade, como sendo uma pequena rede fechada, ou pode-se considerar as empresas da região, elevando o número para 100, ou a cadeia mais ampla incluindo os fornecedores, clientes e empresas de apoio, que seriam 1000, e assim por diante. Um dos problemas de pesquisa a partir do paradigma da rede social é a necessidade do pesquisador delimitar seu campo em

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função de limites operacionais, sem perder a consonância com os objetivos perseguidos. Pode ocorrer que na redução se eliminem atores importantes.

Por outro lado, relativo ao segundo paradigma, há um expressivo número de textos abordando a rede econômica. A idéia central é que as redes são respostas competitivas das empresas, buscando melhores posições no mercado. Os artigos dessa linha, como os de Ebbers e Jarillo (1997-98) não negam o paradigma da rede social, mas estão mais voltados aos indicadores de competitividade no mercado para construírem suas conclusões. Um dos problemas de pesquisa da categoria racional econômica de rede está nas limitações do paradigma da competição solitária, porque um dos seus princípios é a vantagem obtida por uma única empresa e não sobre o conjunto. As relações, neste caso, são colocadas como meios e não como fins, criando questionamentos sobre a compreensão da rede, por exemplo, nos seus processos de criação de recursos competitivos.

Apesar da existência de diferentes correntes, quando se trata das características das redes há convergência na idéia de que elas são formações complexas, que não seguem padrões definidos por hierarquia, ou mercado, que são as duas construções dominantes em Administração. Por complexidade, seguindo de perto as idéias de Morin (1991), aceita-se que os fenômenos de redes não seguem relações causais estritas, pois existe interdependência entre as partes; não segue princípios de redução analítica, já que o todo não é soma das partes e apresenta incertezas na dinâmica e estrutura, já que coexistem forças centrípetas e centrífugas. São os guias que poderiam nortear as pesquisas.

Há também convergência no objeto de estudo. Pesquisar redes é investigar as ligações entre os atores. Esta ligação, que recebe muitos nomes (nó nas teorias sociais de redes, laço na abordagem econômica da teoria dos grafos, díade nas abordagens sociais de mercado) está constituída dos fluxos e das atividades. Os fluxos referem-se ao que é transacionado entre os atores, tal como dinheiro, informações técnicas, sinais afetivos, sinais de poder. As atividades referem-se às decisões sobre a transformação que cada ator executa sobre o fluxo que recebeu e encaminhou. Latour (2005) realizou uma discussão mais elaborada sobre o nó afirmando que as relações entre os actantes (termo utilizado por Latour, para acentuar o caráter de processos) são construções de significados e que este é o objeto de estudo das redes.

É claro que existem discussões sobre o conteúdo e importância do nó, por exemplo, com uma corrente entendendo que a estrutura determina os conteúdos do nó, enquanto outra corrente advoga o sentido contrário, isto é, do relacional para o estrutural. Por um lado, um grupo que aceita a uniformidade e confiança da rede como suas características definidoras e por outro um grupo que afirma o contrário, ou seja, o nó é basicamente uma manifestação de jogos de interesses e assimetrias e é isso que caracteriza a rede. As discussões, no entanto, giram ao redor do mesmo ponto, que é convergência do nó (ou translação, ou fluxo, ou laço, ou díade; que são os diversos nomes das ligações entre os participantes, conforme a orientação teórica como objeto de estudo). 1

Estabelecidas as convergências teóricas e de características das redes, é necessário comentar a relação entre teoria e metodologia.

3. Os pressupostos das relações entre metodologia, teoria e pesquisa.

Neste item discutem-se os argumentos que sustentam a afirmativa sobre a necessidade de uma lógica e coerência entre os conceitos teóricos, o objeto de investigação, a metodologia empregada, as estratégias de pesquisa, a validade das técnicas e o alcance das conclusões do trabalho.

A palavra Metodologia, na sua origem, é o caminho seguido para se atingir um objetivo de investigação e esse caminho é necessário, uma vez que os fenômenos sociais não são evidentes por si (Demo, 1995). Metodologia é diferente de Métodos e Técnicas, embora os pesquisadores possam, ocasionalmente, usar uma expressão no sentido da outra. Métodos e

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técnicas estão relacionados à coleta e formas de análises dos dados no trato com a realidade empírica, ao passo que Metodologia refere-se aos pontos de partida para dirigir-se à realidade. Esta direção e apropriação ocorrem com diferentes lentes do pesquisador, justamente porque seus princípios filosóficos e teóricos procuram moldar o fenômeno aos seus critérios. A metodologia de um trabalho, portanto, reflete a ideologia de seu autor sobre como entender o fenômeno de seu interesse. O ponto é que conforme a ideologia e a metodologia decorrente, a realidade será captada de uma forma e não de outra, o que leva à questão da adequação de determinada metodologia para um fenômeno em estudo. Esta é a discussão do argumento da autoridade, ou seja, se aquele caminho tem competência, para analisar o fenômeno.

Existem algumas metodologias clássicas nas Ciências. O positivismo aceita e utiliza o princípio de que o fenômeno social pode ser quantificado, controlado e entendido nas suas relações entre partes. Esta metodologia inclui os procedimentos indutivos, dedutivos e hipotéticos dedutivos, conforme a direção do pesquisador, no sentido do todo para a parte, ou ao contrário. No caso do fenômeno de rede seria dirigir a atenção para as métricas tais como quantidade de atores, número de nós ativos, relações diretas entre níveis de fluxos de informação e quantidade de processos inovadores, entre outros temas.

A dialética aceita o princípio de que o fenômeno social é suficientemente contraditório para ser historicamente superável, ou, dito de outra forma, cada fenômeno contém em si sua negação e contradição. A dialética é um caminho essencialmente histórico. No caso do fenômeno da rede seria dirigir a atenção para os conflitos de interesses na formação e desenvolvimento das redes, nos jogos e alternâncias de poder no decorrer do tempo.

O estruturalismo aceita o princípio de uma supra-organização que transcende as organizações visíveis. Existiria uma estrutura básica, sob a qual as estruturas concretas se manifestam. No caso do fenômeno de rede seria voltar a atenção para as classificações gerais de redes em torno de preditores básicos, como simetria, ou grau de formalização e entender cada rede como parte de uma estrutura maior, seja social, econômica, ou política, que se manifesta de uma forma particular.

O sistemismo aceita o princípio de que o fenômeno social pode ser entendido como um sistema aberto, composto de vários elementos interligados, os quais podem criar subsistemas, e as partes se organizam em função de uma resposta a ser alcançada. É um modelo de comunicação e cibernética, afirmando que as relações podem ser bidirecionais, opondo-se ao conceito de causalidade restrita. No caso do fenômeno de rede seria voltar a atenção para a coerência das relações entre as partes, sua estabilidade e crescimento e as conjunções destas com o objetivo a ser alcançado.

Demo (1995) também cita metodologias alternativas, como a hermenêutica e a fenomenologia. A divisão de metodologia realizada por este autor será utilizada na análise dos artigos.2

Estes parágrafos mostram a diversidade de lentes que podem ser colocadas para se investigar um fenômeno. Cada ponto de partida metodológico determina os métodos e técnicas a serem empregados, bem como a classe de argumentos da discussão nas conclusões. Assim, se uma rede de negócios é analisada a partir de uma lente positivista, com o intuito de explicar as vantagens competitivas das empresas participantes, os métodos deverão realizar o caminho das comparações métricas de resultados das empresas dentro e fora da rede, a partir das variáveis escolhidas. Por outro lado, se a mesma rede é analisada a partir de um preceito dialético, com o intuito de explicar a liderança de uma organização sobre as outras, os métodos deverão realizar o caminho da história das relações de poder entre os atores e as possibilidades de desdobramentos desses conflitos, sem preocupação com as variáveis de vantagens competitivas, que era o foco na outra análise.

Existe, portanto, um vínculo estreito entre princípios teóricos, a lente metodológica, as estratégias e os resultados de pesquisas. No entanto, a decisão sobre teoria e a metodologia

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não é aleatória, já que ambas devem ser capazes de lidar com as características do fenômeno. Dito de outra forma, há um imperativo da realidade do fenômeno, a qual é captada nas suas evidências, que limita o leque de teorias e metodologias válidas para serem aplicadas. Como o fenômeno de rede apresenta algumas características evidentes e recorrentes, já explicitadas, tais como a complexidade e imprevisibilidade, metodologias que lidam com o controlável e previsível teriam sua autoridade questionada. Esta linha de discussão será retomada após a apresentação dos resultados da pesquisa.

4. Planejamento e execução da pesquisa

O item anterior deixa claro que não existe metodologia certa, ou errada, mas sim a metodologia mais apropriada conforme as características do fenômeno e os objetivos a serem alcançados. Como a Administração recebe influência de vários campos científicos, como a Economia, a Psicologia e a Sociologia, acaba apresentando um leque extenso de metodologias, com as decorrentes estratégias e métodos de pesquisa. Apesar da importância da análise da metodologia utilizada em Administração, segundo Cabral (1998) são poucos os textos que tratam do assunto. Entre os autores, Clegg e Hardy (1998) afirmam existir um pluralismo de teorias e conseqüentes discussões sobre metodologias, porém mais voltados para a questão da dominância e não para a compreensão e crítica. Burrel e Morgan (1979) classificavam as metodologias aplicadas em Administração em quatro grandes grupos: funcionalista, interpretativa, humanista radical e estruturalista, com um leque de subdivisões. Para os nossos propósitos considera-se adequado utilizar a divisão colocada por Demo (1995), que divide claramente as escolas.

Sobre os métodos, alguns trabalhos (Tichy, Tushman e Fombrun, 1979; Burt, 2004) buscaram descrever a dominância de técnicas de pesquisas, mas poucos enveredaram pela análise crítica. Para classificar os métodos presentes nos artigos utilizou-se a lista exposta nos Anais da 2010 European Conference of the Association for Consumer Research3, que é uma divisão exaustiva, a qual traduzimos nos termos técnicos utilizados no Brasil: Inferência bayesiana, correlação canônica, estudo de caso, cluster análise, técnica zmet, conjoint análise, análise de conteúdo, análise demográfica, entrevista em profundidade, análise discriminante, modelagem econômica, etnografia, análise de evento histórico, análise experimental, análise exploratória de dados, análise fatorial, grupo focal, métodos históricos, análise crítica, medidas de associação, meta-análise, pesquisa multimétodo, múltiplos indicadores, análise multivariada, análise de redes, análise nominal, métodos de observação, psicometria, simulação de compra, métodos qualitativos, testes de validade, testes de escalas, análise de dados secundários, simulação estatística, equação estrutural, questionários, análises de séries temporais, videografias. Consideramos a lista suficiente e válida, a partir de um teste inicial de classificação de 5 por cento dos artigos selecionados.

Como fonte de dados de artigos brasileiros escolheu-se o Encontro da Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Administração - EnAnpad, aceitando-se que este evento reúne o pensamento de vanguarda dos pesquisadores brasileiros nos programas de Pós-graduação em Administração e que boa parte dos textos ali apresentados desdobram-se em artigos publicados em revistas. O tempo de 10 anos é considerado adequado para estudos de tendências conforme atestam estudos anteriores com o mesmo objetivo de análise do acervo (Lunardi, Rios, Maçada, 2005; Pegino, 2005; Demuner, 2006). Num primeiro filtro foram lidos todos os títulos dos artigos no período considerado, avaliando-se a proximidade da temática com nossos propósitos e valorizando a presença de algumas palavras chave, tais como rede, cadeia, alianças, arranjos produtivos locais (apls), clusters, consórcios, cooperação, cooperativas, networks. Esta leitura um a um permite incluir textos que não apresentam as palavras chave, mas referem-se ao assunto e excluir textos que contém alguma das palavras chave, mas se referem a outros sentidos, tais como estratégias de uma rede

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supermercadista, ou o uso de redes neurais para medir satisfação do consumidor. O resultado deste primeiro filtro foi a seleção de 327 artigos. Em seguida realizou-se a leitura dos resumos para eliminar os artigos que explicitam outro tema não evidente no título, tais como redes de informática e alianças entre patrões e empregados. Nesta segunda ação restaram 210 artigos. Finalmente, realizou-se a análise propriamente dita, conforme matriz de análise explicada em seguida, o que determinou a aceitação final de 156 artigos.

4.1. A matriz de análise

Utilizando o recurso de análise temática, conforme os preceitos de análise de conteúdo (Bardin, 1977), em cada texto leu-se o resumo, em seguida realizou-se uma leitura flutuante dos itens e frases iniciais dos parágrafos, principalmente a parte de explicação da pesquisa e, finalmente, procurou-se no texto as palavras chave “metodologia” e “método”. Encontrada a palavra, lia-se e analisava-se o conteúdo do parágrafo em que ela estava inserida. Utilizando como referência outros artigos que analisaram a literatura de redes (Miles, Snow, 1992; Tichy, Tushman, Fombrun, 1979; Vizeu, 2003; Giglio, Kwasnicka, 2005) e levando em consideração os pontos de partida discutidos nos itens anteriores, foram criadas as seguintes categorias de análise:

A. Teoria de base utilizada. Na parte de base teórica dos textos, procurou-se identificar qual a teoria clássica da Administração utilizada, tal como a teoria institucional, teoria da agência, teoria dos stakeholders, teoria da dependência de recursos, resource based value, entre outras. A explicitação da teoria, conforme já exposto, sinaliza as metodologias que lhe são confluentes.

B. A metodologia utilizada. Utilizou-se a classificação de metodologias de Demo (1995), com as mais recorrentes tais como a metodologia positivista, a funcionalista, a dialética, a etnográfica, a hermenêutica, a fenomenológica. Com esta informação é possível discutir a confluência entre a teoria e a metodologia utilizada e, conforme já discutido, verificar a determinação do princípio metodológico sobre as estratégias e os métodos de pesquisa.

C. A estratégia de pesquisa. Qual a estratégia dominante a partir das divisões clássicas de tipos de pesquisa, tais como pesquisa experimental, bibliográfica, ou de campo; ou a divisão entre exploratória, descritiva, teste de hipótese, interpretativa; ou ainda a divisão entre qualitativa e quantitativa, conforme características das variáveis utilizadas. Ao encontrar esta informação já é possível analisar a coerência entre a teoria, a metodologia e a estratégia de pesquisa do artigo. Esta coerência deve continuar nos métodos utilizados.

D. Os métodos utilizados. Utilizando a classificação da 2010 European Conference of the Association for Consumer Research, busca-se identificar quais os métodos dominantes. Com este dado é possível comentar a coerência entre a metodologia, a estratégia e os métodos do artigo.

E. Existência, ou não, de discussão sobre a validade da metodologia. Partindo da premissa que os paradigmas das teorias e metodologias de rede ainda não estão consolidados, quer se verificar a tendência dos autores em discutir a validade e limites da metodologia e dos métodos empregados. Como existe a tradição de se comentar sobre os limites dos trabalhos na parte das conclusões, busca-se a indicação da realização desta tarefa quanto à metodologia, estratégia e métodos.

5. Apresentação e análise dos resultados

A Tabela 1 mostra o número de artigos que foram selecionados nas fases de filtro e os que restaram na análise final. De um filtro inicial que selecionou 327 artigos no período de 2000 a 2009 do EnAnpad, chegou-se ao número de 156 peças analisadas. A eliminação dos artigos ocorreu principalmente por não tratarem do fenômeno de redes, ou eram ensaios teóricos sem metodologia e método de pesquisa explícito.

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Alguns dados merecem destaque. O artigo de Candido e Abreu (2000) apresentou uma discussão sobre os conceitos de redes, mas não analisou a metodologia. Os anos de 2001 e 2002 apresentaram poucos trabalhos de pesquisas de campo, mas apareceram vários ensaios sobre redes (que não foram selecionados), mostrando um interesse em discutir o tema. Em 2003, o artigo de Vizeu (2003) realizou a mesma tarefa deste trabalho, porém utilizando categorias exclusivas da Sociologia, como poder e controle. Em 2004 o número de pesquisas sobre redes cresceu bastante comparado aos anos anteriores, em parte porque algumas regiões do Brasil, como o sul e o nordeste, receberam incentivos dos governos locais. Em 2006, o artigo de Oliva, Sobral e Teixeira (2006) sugeriu um modelo de pesquisa em redes baseado na teoria dos sistemas e outro artigo, de Regis, Dias e Bastos (2006) propôs um desenho de pesquisa para uso de múltiplas técnicas. Vê-se que o tema de rede despertava interesse tanto teórico, conforme a dominância de ensaios em 2001 e 2002, como já apresentava esforços para analisar e definir uma metodologia e métodos de pesquisa na área. Em 2007 o artigo de Bauer e Bucco (2007) critica as teorias de redes que deixam o movimento (as mudanças) de fora, perdendo-se a unidade de estudos que são os fluxos.

Tabela 1. Resultados da aplicação dos filtros para selecionar os artigos do Congresso EnAnpad no período de 2000 a 2009. Fonte: compilação do autor, 2010

Nos últimos três anos a quantidade de trabalhos com metodologia e técnicas sobre redes estabilizou-se na casa de 20 artigos. A Tabela 2 mostra os resultados somados de todos os anos em relação às variáveis. Os dados mostram que: A. Boa parte dos trabalhos não define uma teoria de base; B. Seguem uma metodologia positivista não explícita, o que obrigou a se realizar a leitura completa de vários artigos, para inferir o predomínio metodológico; ou não a definem, com afirmativas mutuamente excludentes sobre as várias correntes; C. Seguem uma estratégia de pesquisa qualitativa e descritiva, com dominância da técnica de entrevista. Sobre a presença, ou ausência de críticas sobre a metodologia empregada, em 133 casos não havia nenhuma discussão.

Este quadro inicial mostra que, considerando as características das redes e as convergências de princípios, o raciocínio metodológico é incipiente. O predomínio de metodologias

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positivistas e técnicas de questionários e entrevistas que buscam correlações e opiniões talvez não tenham autoridade suficientes para captar o fenômeno dos fluxos das redes. Antes de discutir com mais detalhes esta afirmativa, apresentam-se os dados e comentários de cada variável.

Tabela 2. Os resultados da análise da metodologia de 156 artigos do Congresso EnAnpad, a partir de quatro categorias. Fonte: Compilação do autor, 2010.

5.1. Sobre Teoria de base

As duas grandes dominâncias são as divisões rede social e indefinida. A categoria indefinida agrupa os trabalhos que apresentaram frases de várias teorias, mas não optaram por uma delas. São essencialmente resumos das várias abordagens, que ilustram as leituras do autor. Este dado indica que um número expressivo de pesquisadores não compreende que a escolha da teoria é um ponto de partida necessário e determinante do caminho da pesquisa. Quando ocorreu a escolha, a maioria decidiu pela teoria social, com várias interpretações sobre os princípios desta abordagem.

Na seqüência aparece a teoria conhecida como rbv-resource based value, a teoria institucional, a teoria econômica, a teoria da aprendizagem e a teoria da dependência de recursos. É um leque que mostra a presença de abordagens que privilegiam uma empresa unitária como objeto de estudo (como o rbv), ao lado de abordagens que privilegiam as inter relações (como o institucionalismo). A questão a ser refletida é: Será que abordagens que privilegiam análises de unidades têm capacidade explicativa ao lidar com o fenômeno da rede, com sua característica de conectividade, onde o recurso competitivo talvez esteja no conjunto e não possa ser captado na decomposição? A comparação com uma orquestra aqui pode auxiliar. Ouvindo-se apenas um instrumento de percussão de uma orquestra, é possível captar a essência da música?

Chama atenção a divisão inexistente, que mostra ausência de qualquer informação sobre o item. Neste caso, apareceram cinco artigos que ignoraram qualquer esforço para apresentar a teoria de apoio. Foi necessário criar esta divisão também no variável Metodologia.

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5.2. Sobre Metodologia

Foi muito difícil classificar os artigos nesta variável, pois em muitos casos não existe preocupação e hábito em definir a metodologia, o que levou o autor a um trabalho de inferência, a partir das hipóteses, técnicas, instrumentos e linha discursiva dos artigos. Mesmo com esse esforço adicional de leitura, em 54 situações não foi possível, ou não era coerente criar uma inferência, colocando o artigo na classificação indefinida. Havia casos, por exemplo, em que o autor prometia realizar interpretações, indicando uma metodologia hermenêutica e uma estratégia qualitativa, mas apresentava descrições métricas, numa metodologia positivista.

5.3. Sobre estratégia de pesquisa

Aqui há uma dominância de pesquisas descritivas, qualitativas, com análise de casos. Em termos de desenvolvimento da ciência, esta é uma posição primária, quando um assunto ainda está no seu início de investigação, o que não parece ser mais o caso do tema de redes.

As análises dos parágrafos sobre os conceitos de pesquisas qualitativas e estudos de casos mostram uma labilidade no uso dos termos, principalmente deste segundo. Qualquer exemplo sem nenhuma especificidade é colocado como um caso e exemplos díspares e assimétricos são agrupados como casos múltiplos de uma mesma manifestação, quando configuram apenas um painel. Não é essa a idéia primordial de um estudo de caso, conforme Yin (2005). Para Yin o que se procura resgatar no estudo de caso é a sua especificidade, unicidade, contrária à teoria, ou por ser a primeira ocorrência de uma nova categoria; revitalizando as discussões das generalizações existentes até então. Um conjunto de entrevistas com gerentes, buscando captar suas opiniões, não pode ser classificado como um estudo de caso. Sobre pesquisas qualitativas, estas utilizam teorias já estabelecidas para descrever, analisar e interpretar. Este último nível, o da interpretação, é necessário e obrigatório para se construir hipóteses que guiarão novas pesquisas. No entanto, o cruzamento dos 71 artigos classificados como qualitativos mostra que a maioria é descritiva (83 no total, pois se somam com outras divisões), 7 são explicativos e apenas 3 classificados como interpretativos. Quer dizer, menos de 5% chegaram ao nível necessário num trabalho qualitativo, que é a interpretação e construção de hipóteses. Apesar de crítico, o resultado é coerente com a ausência de definição de teoria de base e de metodologia, conforme a Tabela 2. Se não há uma teoria de base e um caminho claramente definido, não se têm condições de interpretar os dados.

Considerando o predomínio de metodologias positivistas e estratégias qualitativas descritivas, temos, na verdade, uma profunda incongruência dos pesquisadores, já que partem de premissas de busca de relações causais, mas trilham um caminho de coleta e reflexão que é interpretativo e construtivista em essência. O resultado desta conjunção é que o fenômeno não é captado e nem explicado nas formas indutivas, dedutivas e confirmatórias do positivismo e nem nas formas interpretativas construtivistas exploratórias das abordagens qualitativas complexas. Estas duas dimensões simplesmente não conversam entre si.

5.4. Métodos

A grande convergência de métodos de coleta é a entrevista, seguida de dados secundários (basicamente bibliográficos e documentos das empresas) e questionários. Como são raros os artigos que detalham o conteúdo dos roteiros de entrevistas, podemos apenas comentar sobre o método em si. A entrevista é usualmente utilizada para coletar impressões, atitudes, crenças, análises técnicas. A questão crítica da entrevista, que deve ser pelo menos apontada pelo pesquisador, mas não está presente nos artigos, é sobre a equivalência entre o discurso do sujeito e as evidências, ou realidades do fenômeno. O problema é relevante, uma vez que a origem da coleta da entrevista está intrinsecamente atrelada aos objetivos de pesquisar as percepções mais profundas das pessoas (por isso existe a expressão entrevista em

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profundidade). Será que esta forma de coleta tem capacidade de captar o fenômeno das relações nas redes? Marsden (1990) cunhou a expressão rede cognitiva para indicar que os dados de entrevistas mostram a visão que o sujeito tem da rede, o que é diferente da dinâmica da rede de fato.

A forma de coleta por observação e acompanhamento apareceu 29 vezes. Tal como nas divisões anteriores, não há detalhes do que exatamente estava sendo observado, ou acompanhado. Quando o pesquisador informa que participou de uma reunião da rede, não é suficiente para definir o objeto da observação. Conforme Latour (2005) o acompanhamento é um caminho válido para se coletar as relações na rede, mas o autor define claramente o objeto, que são os fluxos.

Sobre os métodos de análise dos dados, temos duas formas dominantes: a análise de conteúdo e a estatística descritiva. Aqui se encontra uma coerência com os tipos de pesquisa dominantes (descritiva e qualitativa). Para a análise de conteúdo, no entanto, vale o comentário anterior sobre a necessidade de se chegar até a interpretação e desenvolvimento de hipóteses, para guiar novas pesquisas. Bardin (1977) foi bastante claro nos seus escritos sobre o que fazer com os dados.

As outras divisões menos votadas são semelhantes às análises métricas, como é o caso de sociometria, ou com as análises de conteúdo, como é o caso de análise qualitativa.

5.5. Discussão sobre a Metodologia

Em 133 casos de um total de 156, o que equivale a 84 por cento, os autores não realizam nenhuma discussão sobre a validade de sua metodologia, seja nos princípios norteadores da pesquisa, nas estratégias, nos métodos, nas categorias que guiaram os discursos das conclusões. Isto significa que não há o hábito e a valorização de se pensar na validade do caminho percorrido na pesquisa, ou se a estratégia era adequada ao fenômeno, conforme as categorias de análise eleitas, ou se os instrumentos eram capazes de coletar dados relevantes para responder às questões do estudo. No caso dos fenômenos de redes, cujos paradigmas ainda não estão estabelecidos, essa reflexão seria fundamental.

Nos 23 casos em que houve alguma reflexão, a tendência dos autores é afirmar que os resultados são limitados e que é necessário analisar mais casos. Nenhum discutiu os limites da metodologia utilizada.

6. Conclusões.

O objetivo deste trabalho foi descrever, analisar e criticar as metodologias empregadas pelos autores brasileiros nos artigos do Encontro EnAnpad quando pesquisam redes de negócios, uma vez que dados e reflexões anteriores indicavam existir uma lacuna epistemológica no trato do tema. A importância deste tipo de análise já havia sido afirmada há tempos por Tichy, Tushman e Fombrun (1979). Num trabalho com objetivo semelhante, Mariz, Goulart e Dourado (2004), concluíram que nos artigos brasileiros apresentados nos Congressos EnAnpad entre 1999 e 2003 predominavam os métodos qualitativos e uma certa banalização do estudo de caso, na mesma linha da nossa discussão.

Em artigos que buscaram os fundamentos de redes, tais como em Nohria e Ecles (1992), Tichy, Tushman e Fombrun (1979), surgem convergências sobre o objeto de estudo, que são os fluxos entre os atores; sobre a existência de um contexto envolvendo esses fluxos e uma dinâmica constante que dificulta, ou impossibilita estabelecerem-se relações causais estritas e prognósticos. A pesquisa de artigos brasileiros mostrou outro quadro, já que a maioria dos pesquisadores utiliza raciocínios positivistas indutivos e dedutivos, realiza descrições e cria métricas e correlações. Nossa afirmativa é que essa prática cria obstáculos ao avanço da compreensão e teorização do fenômeno de redes, já que o positivismo tem por princípio isolar partes do fenômeno e analisar relações causais estritas.

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A análise também revelou uma grande confusão e incompreensão sobre metodologia, estratégias de pesquisa, métodos, instrumentos de coleta e análise e a relação de tudo isso com a capacidade das conclusões desenvolverem e incrementarem teorias, métodos e práticas gerenciais. Na definição da teoria de base confundem-se termos técnicos, como capital social e governança, com teoria da administração; misturam-se abordagens com princípios não paralelos (como rbv e institucionalismo) e utilizam-se tipologias de redes como suporte teórico. Sobre metodologia, 34% dos artigos não a mencionam. Em estratégias e métodos encontra-se de tudo, desde o uso da palavra metodologia (como escrever “método dialético” sem maiores explicações, como se a expressão já demonstrasse qual será o desenho da pesquisa), de abordagens de coleta cuja união de dados necessita de um esforço adicional não explicado (como focus groups e questionários com escalas) e paradigmas de análises que não são confluentes, como análise de conteúdo (que deve culminar com interpretações) e estatística descritiva (que deve culminar com correlações e testes de hipóteses).

É um quadro de confusões e incongruências que indica a necessidade de mudança. O que se propõe como solução alternativa? Nossa primeira sugestão segue o raciocínio de Baldi (2002). Segundo o autor, devemos ser capazes de romper com o pensamento causal nos estudos das novas formas organizacionais, já que o contexto social cria um campo fenomenal que as análises causais não alcançam. Outros autores (Granovetter, 1985; Bauer, Bucco, 2007) também afirmam a característica de movimento das redes, o que limita o alcance das análises racionais e estruturais. O paradigma de um mundo racional e organizado não se sustenta num mundo de negócios caracterizado pela contingência, complexidade, interdependência e globalidade.

Há, portanto, uma corrente de pensadores que advoga a necessidade de adaptação das teorias e metodologias da Administração, mais conformadas com as características dos negócios modernos. A busca dessa conformação já era defendida por Guerreiro Ramos (1989), que propunha um modelo multidimensional para se entender os fenômenos da Administração, considerando a sociedade como um conjunto de sistemas, onde o mercado é um deles e relativizando o pensamento racional econômico. Para o estudo das redes, conforme Latour (2005) deve-se buscar os traços deixados para trás pelos movimentos da rede, sem preocupações (e mesmo possibilidades) de mensuração. Esta idéia faz parte dos princípios da complexidade.

Segundo nosso entendimento, utilizando os comentários feitos ao início sobre as convergências no estudo de redes, o objetivo de cristalizar, ou buscar padrões e generalizações no caso de redes é uma redução que limita a capacidade de compreensão e desenvolvimento da teoria. Dessa forma, o princípio teórico das redes sociais como fluxos de interações nos parece o ponto de partida mais próximo da realidade do fenômeno e capaz de entendê-lo, quando se compara com o outro paradigma dominante, o de redes econômicas. A partir deste princípio é possível comentar sobre a metodologia adequada.

Sobre a metodologia, encontraram-se várias confusões sobre seu conceito básico e também sobre estratégias e métodos. O trabalho de Oliveira e Cândido (2007), da área de Operações e Logística é um exemplo dessa confusão. O objetivo é analisar as vantagens que uma empresa obtém ao entrar numa rede que já tem uma marca (no ramo supermercadista), apresenta conceitos sociais de redes, sem nenhuma ligação com vantagens de uso de marca; apresenta afirmativas sobre logística que não tem ligação com o tema; ao final da parte teórica indica outro objetivo, que é analisar a atuação de um broker na rede (o detentor inicial da marca); afirma que irá utilizar o método fenomenológico porque este considera o contexto, numa compreensão equivocada de fenomenologia, a qual, por sua vez, não tem nenhuma adequação para investigar vantagens econômicas comparativas; explicita sua estratégia como sendo estudo de caso, mas nada esclarece sobre a especificidade de algum caso (analisa a posição de 18 empresas na rede); indica ser um trabalho exploratório, mas não apresenta uma hipótese

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orientadora; na coleta utiliza instrumentos de observação e questionários com escalas, sem explicar como esses diferentes dados podem ser organizados em conjunto e na análise realiza estatística descritiva; buscando as relações entre variáveis.4

Mesmo em literatura específica sobre metodologia (Burrel, Morgan, 1979) encontramos labilidade no uso da palavra. Conforme se deixou claro desde o início deste trabalho, entendemos metodologia como o paradigma de raciocínio que orienta toda a pesquisa. Uma metodologia positivista, associada a uma teoria também positivista, como a RBV, entende o fenômeno como constituído de partes correlacionadas. A expressão Metodologia de Pesquisa, utilizada para designar tipos e desenhos de pesquisa, como estudo de caso, ou pesquisa exploratória, poderia receber outro nome (no artigo utilizamos a expressão Estratégia de Pesquisa, que nos parece adequada e não se confunde com a metodologia). Na estratégia de pesquisa planeja-se o caminho específico da pesquisa (que não se confunde com o raciocínio aplicado ao fenômeno), que seja capaz de encontrar, por exemplo, as correlações que a metodologia positivista exige. Finalmente os métodos (de coleta e análise) organizam os dados na forma exigida pela metodologia e pela estratégia. É esta coerência metodológica que está ausente nos artigos analisados, mesmo com a dominância de metodologias positivistas, conforme se vê na Tabela 2.

Diante de um fenômeno complexo e dinâmico, o uso de metodologia positivista, com a dominância das estratégias descritivas e análises que organizam e repetem os dados, como a estatística descritiva, reduzem as possibilidades de desenvolvimento de teorias, já que são raras as interpretações e construções de novas hipóteses. Foram 71 trabalhos qualitativos sem nenhuma nova proposta. Agregue-se a isto a dominância de estudos de casos e temos uma pulverização de descrições de casos isolados. O problema não é ser um caso isolado, já que uma das características das redes é a unicidade. O problema é a ausência do salto que deveria ser realizado do nível da descrição para o nível dos preditores, ou fundamentos, ou essência, ou sistema que os traços dessas descrições podem revelar sobre o fenômeno de redes. Sem essa determinação de construção dos fundamentos das redes, elas acabam sendo explicadas pelos paradigmas de análises de empresas isoladas. Quer dizer, os pesquisadores brasileiros não estão construindo hipóteses, afirmativas e teorias sobre redes, mas primordialmente descrevendo a participação e vantagens das empresas nas redes e a percepção de atores dentro delas. Esse paradigma de análise é típico das teorias competitivas da década de 1970, com foco em unidades, mas parece inadequado numa realidade de interações e interdependência. Temos também a dominância de entrevistas, o que, segundo Marsden (1990) indica que as pesquisas analisaram as redes cognitivas, isto é, a percepção das redes, o que é diferente da rede de fato.

O quadro indica a necessidade de mudança da lente metodológica. Conforme Bartunek, Bobko e Venkatraman (1993) a defesa de uma metodologia deve mostrar seu valor agregado quando comparada às outras existentes e deve ser coerente com a teoria com a qual se vincula. Nossa proposta de metodologia no estudo das redes, coerente com os princípios de redes sociais, é a adoção do pensamento fenomenológico da busca das essências, conforme Husserl (1975) e do pensamento da complexidade, conforme Morin (1991), principalmente os conceitos de imprevisibilidade e desordem. Apesar de separadas no tempo, as duas metodologias afirmam que o positivismo é limitado no estudo dos fenômenos humanos.

A busca da essência, conforme Husserl (1975) implica num esforço do pesquisador em colocar sob suspensão as teorias, tentando encontrar-se com o fenômeno sem as lentes. Em Sociologia e Psicologia existem muitos exemplos de teses que buscaram a essência de um fenômeno, com títulos tais como “o que é a paixão, o que é o amor, o que é o ódio.” Significa que a pergunta “o que é a rede” pode ser vivenciada antes de ser explicada. O melhor método de se vivenciar um fenômeno é, evidentemente, estar nele, acompanhando-o no tempo. Husserl advogava que a vivência cotidiana de um fenômeno aproxima o sujeito cada vez mais

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de sua essência, se ele se esforçar por subtrair os valores, as memórias, as construções que se interpõem; embora a ligação pura não seja apreensível pela consciência, já que sempre existe uma interpretação (o termo técnico utilizado por Husserl é intencionalidade). Mesmo com essa limitação metodológica (busca-se a essência, mas por princípio ela não será apreensível), a coerência lógica é que o acompanhamento é um método mais coerente do que as entrevistas, que dominam as pesquisas brasileiras.

O raciocínio da complexidade, conforme Morin (1991) parte de três princípios. O primeiro refere-se à incerteza e imprevisibilidade, afirmando que os fenômenos humanos não seguem leis estritas de ação. O segundo princípio é que há um diálogo infinito entre ordem-desordem nas relações humanas, o que implica que um momento de certa ordem e equilíbrio numa rede logo é substituído por uma desordem. O terceiro princípio, bastante próximo da idéia de retroalimentação do sistemismo, é a recursão organizacional, em que cada momento é simultaneamente produzido e produtor, o que permite certa independência dos esquemas causais. A conseqüência para o planejamento e execução de pesquisas é que os fenômenos são entendidos como mutáveis, não redutíveis à lógica causal clássica, o que é coerente com a visão de dinâmica de rede. Conforme discutiram Wollin e Perry (2004) e Rebelo et al. (2005), no entanto, são raras as pesquisas sobre redes que utilizam a complexidade devido à dificuldade operacional.

Nossa proposta para diminuir essa dificuldade, na interface entre a metodologia e a estratégia, consiste no uso dos princípios do sistemismo, o que permite construir um desenho de pesquisa. O conceito de um sistema aberto, com subsistemas constituintes que se interligam buscando um objetivo comum, nos parece o mais próximo de contemplar os princípios da fenomenologia e da complexidade, quando comparado ao padrão tradicional do triângulo das variáveis antecedentes, conseqüentes e intervenientes. Afirmamos que é possível, a partir de ensaios anteriores ainda não publicados, unir os dois paradigmas dominantes em teorias de redes em um só desenho, como dois subsistemas. Um primeiro e mais fundamental seria o subsistema das relações sociais, ou seja, os fluxos de sinais sociais, tais como mensagens de confiança, controle, comprometimento, entre outros e o segundo seria o subsistema das relações de produção, ou seja, os fluxos de sinais técnicos, tais como especificações de produtos, relatórios de vistorias, acertos de qualidade, entre outros. Os dois subsistemas definiriam a rede, que é o conjunto de fluxos e se organizariam em função das respostas de saída, tanto das relações sociais, como reforço do comprometimento, quanto dos resultados de negócios, como desenvolvimento de marca e vendas. Nessa configuração é possível escolher como objeto de investigação, por exemplo, os resultados de negócios de uma rede, desde que se parta dos fluxos dos dois subsistemas e se utilize os princípios metodológicos propostos. Assim, o desenho de um sistema pode cumprir um papel de interface entre a metodologia proposta e a estratégia da pesquisa, sendo um caminho de solução para as dificuldades operacionais atuais. Um esboço espacial desta proposta pode ser visto na Figura 1.

A estratégia de pesquisa logicamente decorrente dos princípios anteriores é a abordagem qualitativa, necessariamente interpretativa, já que as categorias em análise (os fluxos e as decisões dos atores, as variáveis sociais e o contexto) são essencialmente qualitativas. É claro que algumas métricas, tais como número de empresas, posição dos atores, evolução de vendas podem auxiliar, mas não constituem o centro da investigação. O método de coleta mais adequado seria o acompanhamento, já que permite sucessivas aproximações, buscando as essências sobre o fenômeno e descrições mais detalhadas. O método de análise seria a análise de conteúdo, que suporta a busca da essência (nas análises temáticas) e também as análises de ordens e desordens, estruturas e flutuações, conforme advoga a complexidade.

Sobre o método de coleta, a pergunta que surge é: Acompanhar o que? A resposta é acompanhar o que tem se colocado como as características essenciais das redes, ou seja, os fluxos de duas ordens entre os atores: fluxos técnicos e fluxos sociais. As poucas

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oportunidades que o autor teve em participar de reuniões de redes, ou acompanhar um ator nas suas relações durante um período mostraram que o método é possível, é eficaz, pois coleta informações sobre a rede de fato e também sobre a rede percebida e possibilita construções teóricas, por exemplo, sobre a essência e as diferentes manifestações de confiança, conforme variações nos traços culturais dos atores; mesmo que o objetivo de pesquisa esteja voltado para as respostas de produção.

Figura 1. A proposta de uma rede como um sistema, com dois subsistemas interligados e duas respostas de saída. Fonte: Construção do autor, 2010.

Este arcabouço de metodologia para a análise de redes pode, segundo nossa visão, oferecer um caminho de desenvolvimento teórico, o que é praticamente impossível no quadro dominante, como já se discutiu. Na verdade, uma boa parte dos artigos aqui analisados são descrições de sujeitos unitários (empresas e pessoas), as quais não podem contribuir para uma teoria de redes.

Concluindo, resumindo e defendendo nossa proposta, que vem sendo testada em um projeto na Universidade, destacamos os seguintes pontos:

Considerando as características das redes – complexidade, incerteza, imprevisibilidade, interdependência, unicidade; e a convergência de conceitos – as relações sociais como pano de fundo das relações de produção e os fluxos como unidade de estudo; propõe-se que os pesquisadores da área:

1. Utilizem os princípios de redes sociais, aceitando-se que as relações sociais constituem um pano de fundo das relações de produção;

2. Sigam os preceitos das metodologias da fenomenologia, na sua vertente estruturalista de busca das essências e da complexidade, principalmente seu conceito de ordem-desordem;

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ambas capazes de lidar com as características do fenômeno e coerentes com os pressupostos das redes sociais;

3. Adotem como ponto de partida das pesquisas um desenho na forma de um sistema conforme mostrado na Figura 1, que mantém coerência com os dois itens anteriores;

4. Como estratégia de pesquisa adotem as orientações de pesquisas qualitativas, chegando necessariamente no ponto de interpretação dos dados;

5. Definam o fluxo como unidade de estudo, nos seus conteúdos e nas decisões dos atores sobre eles; mesmo que o objetivo final sejam as respostas de saída;

6. Como métodos de pesquisa, que adotem o acompanhamento como forma de coleta principal e a análise de conteúdo como forma de análise principal dos dados;

7. Que busquem esclarecer as especificidades das redes analisadas, em conformidade com as características do fenômeno, mas também se esforcem em construir hipóteses sobre os preditores, ou eixos básicos sobre os quais convergem as várias redes analisadas, utilizando parte do raciocínio estruturalista.

Esta redução de metodologias e métodos se justifica a partir da análise dos artigos, na qual ficou evidente que a ausência de um referencial metodológico, aliado a uma dominância de pensamento positivista e a presença de uma profusão de métodos não contribuiu para o desenvolvimento teórico e gerencial da área. Por que, então, não tentar trilhar um caminho mais definido?

Finalmente, sobre a teoria de base, para se manter uma coerência com o quadro metodológico, entende-se que as teorias sociais de rede, especialmente os argumentos de Latour (2005) sobre a busca dos traços da rede nos fluxos e as afirmativas de Maturana e Varela (1987) sobre conhecimento e redes nos parecem as mais aptas a gerarem discussões e orientar pesquisas. Não é intenção sermos normativos, mas indicarmos um caminho que parece ser mais promissor para dar voz à rede; para olhar o fenômeno de redes com uma lente que permita que suas características essenciais, como complexidade, dinamismo, desordem e interdependência; captadas pela literatura, possam se evidenciar. A metodologia e métodos empregados na academia brasileira não parecem adequados para essa função.

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1 É claro que existem nuances conceituais nas várias expressões, mas entendemos não ser o caso de abrir esta discussão aqui, pois o que importa é indicar a convergência na unidade de análise.

2 O objetivo destes parágrafos é mostrar a diversidade de pontos de partida do raciocínio metodológico e a divisão que será utilizada, entendendo-se não ser o caso de entrar em detalhes explicativos de cada uma e nem de apresentar todas as correntes.

3 As informações foram obtidas no endereço www.rhul.ac.uk/Management/EACR2010, no qual se encontra um documento de apresentação com a lista de temas e métodos do evento.

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