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Como ouvir música Como perseguir um ciclone Como visitar lugares...177

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Academic year: 2021

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Índice

Advertência . . . .9

Introdução . . . . 10

1. Como saltar mesmo muito alto . . . . 15

2. Como dar uma festa na piscina . . . .25

3. Como escavar um buraco . . . .44

4. Como tocar piano . . . .54

➔ Como ouvir música . . . .66

5. Como efetuar uma aterragem de emergência . . . .67

6. Como atravessar um rio . . . .86

7. Como mudar de casa . . . .105

8. Como impedir que a sua casa se desloque . . . . 125

➔ Como perseguir um ciclone . . . . 132

9. Como criar um fosso de lava . . . . 133

10. Como atirar coisas . . . .143

11. Como jogar futebol . . . .153

12. Como prever o estado do tempo . . . . 165

➔ Como visitar lugares . . . . 177

13. Como jogar à apanhada . . . . 178

14. Como esquiar . . . . 188

15. Como expedir um pacote . . . .203

16. Como eletrificar a sua casa (na Terra) . . . .217

17. Como eletrificar a sua casa (em Marte) . . . .233

18. Como fazer amigos . . . .242

➔ Como soprar velas de aniversário . . . .248

➔ Como passear um cão . . . .248

19. Como enviar um ficheiro . . . .249

20. Como carregar o telemóvel . . . .257

21. Como tirar uma selfie . . . .267

(3)

23. Como saber se é da geração dos anos 1990 . . . .292

24. Como ganhar uma eleição . . . .305

25. Como decorar uma árvore . . . . 315

➔ Como construir uma autoestrada . . . .328

26. Como chegar rapidamente a algum lugar . . . .329

27. Como ser pontual . . . .343

28. Como eliminar este livro . . . .355

Agradecimentos . . . .366

Referências . . . .368

(4)

Advertência

Não tente nada disto em casa. O autor deste livro é cartoo‑

nista de publicações virtuais, não especialista em saúde ou segurança. Gosta de ver as coisas incendiarem ‑se ou explodir, o que significa que não zela pelo seu bem ‑estar. O editor e o autor declinam a responsabilidade por quaisquer efeitos adversos que resultem, direta ou indiretamente, de informa‑ ção contida neste livro.

(5)

Olá!

Este é um livro cheio de más ideias.

Na sua maioria, pelo menos, são más ideias. É possível que pas‑ sassem algumas boas pelo crivo. Se assim foi, peço desculpa.

Algumas ideias que pareciam ridículas vieram a ser revolucioná‑ rias. Esfregar bolor num ferimento infetado parece uma ideia terrí‑ vel, mas a descoberta da penicilina mostrou que podia ser uma cura milagrosa. Por outro lado, o mundo está repleto de coisas repugnantes que podia esfregar num ferimento, mas a maior parte delas não fará bem a ninguém.

Nem todas as ideias ridículas são boas. Como distinguimos, então, as boas ideias das más? Experimentando para ver o que acontece. Algu‑ mas vezes, porém, podemos recorrer à matemática, à investigação e a coisas que já sabemos para conjeturar o que acontecerá se o fizermos.

Quando a NASA estava a planear o envio do seu veículo espacial

Curiosity para Marte, uma máquina do tamanho de um automóvel,

teve de engendrar uma maneira de pousá ‑lo suavemente na superfí‑ cie. Veículos anteriores tinham sido descidos por meio de paraque‑ das e bolsas de ar, pelo que os engenheiros da NASA ponderaram o recurso a esse método para o Curiosity, mas o veículo era demasiado grande e pesado para que um paraquedas pudesse abrandá ‑lo suficien‑ temente na atmosfera rarefeita de Marte. Também pensaram instalar foguetes no veículo e deixá ‑lo pairar até tocar o solo suavemente, mas a descarga gasosa criaria nuvens de poeira que destruiriam a super‑ fície e tornariam difícil uma aterragem em segurança.

Tiveram, por fim, a ideia de um «guindaste aéreo»: uma nave que pairaria bem acima da superfície por meio de foguetes, ao mesmo tempo que descia o Curiosity para o solo suspenso por uma longa corrente. Isto parecia uma ideia ridícula, mas todas as outras que lhes ocorreram eram piores. Quanto mais se debruçavam sobre

(6)

a hipótese do guindaste aéreo, mais plausível parecia. Daí que a tenham experimentado, e resultou.

Todos principiamos a nossa vida sem saber como fazer as coisas. Se tivermos sorte, quando precisamos de fazer alguma coisa encon‑ tramos alguém que nos mostra como consegui ‑lo. Por vezes, porém, temos de encontrar por nós próprios uma maneira de a fazer. Isso implica ter ideias e procurar depois decidir se são boas ou não.

Este livro explora abordagens invulgares a tarefas comuns e debruça ‑se sobre o que aconteceria se as experimentasse. Perceber porque resultariam ou não pode ser lúdico e informativo, e conduz‑ ‑nos ocasionalmente a aspetos surpreendentes. Talvez uma ideia seja má, mas compreender exatamente por que razão é uma má ideia pode ensinar ‑nos muito e ajudar ‑nos a pensar numa abordagem melhor.

E mesmo que já saiba a maneira correta de fazer todas essas coisas, pode ser útil tentar examinar o mundo pelos olhos de alguém que não saiba. Afinal, para qualquer coisa que «toda a gente sabe» quando chega à idade adulta há diariamente mais de dez mil pessoas só nos Estados Unidos que estão a aprendê ‑la pela primeira vez.

(7)

COMO...

É por isso que não gosto de troçar das pessoas por admitirem que não sabem algo ou que nunca aprenderam a fazer uma coisa. Porque, se se fizer isso, tudo o que podemos conseguir é que não nos digam quando estão a aprender alguma coisa… e perde ‑se a piada toda.

Talvez este livro não o ensine a atirar uma bola, a esquiar ou a mudar de casa. No entanto, tenho esperança de que vá aprender alguma coisa com ele. Se isso acontecer, será um dos dez mil que hoje tiveram sorte.

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Como…

Conselhos Científicos Absurdos

para Problemas Reais

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CAPÍTULO 1

Como

Saltar Mesmo

Muito Alto

As pessoas não conseguem saltar muito alto.

Os basquetebolistas dão uns saltos impressionantes para chegar aos aros bem elevados, mas a maior parte do alcance deles deve ‑se à sua estatura. Um jogador profissional médio de basquetebol pouco mais consegue saltar do que 60 centímetros na vertical. Os não atletas ficam ‑se provavelmente pela metade, mais ou menos. Se quiser saltar mais alto do que isso vai precisar de algum auxílio.

Começar por uma corrida de arranque pode ajudar. É isso que fazem os atletas de competição de salto em altura e o recorde mun‑ dial é de dois metros e quarenta e cinco. No entanto, trata ‑se de uma medição feita a partir do chão. Como os saltadores em altura tendem

(10)

COMO...

a ser altos, o centro de gravidade deles está muito acima do solo e, devido à maneira como dobram o corpo para passarem sobre a fas‑ quia, esse centro pode na verdade passar por baixo dela. Um salto com dois metros e quarenta e cinco de altura não implica lançar o centro de gravidade a um nível que chegue à totalidade dessa elevação.

Se quiser ganhar a um saltador em altura, tem duas opções:

1. Dedicar a sua vida, desde tenra idade, ao treino em atletismo até se tornar o melhor saltador em altura do mundo.

2. Fazer batota.

A primeira opção é, sem dúvida, digna de admiração, mas se for essa a sua escolha está a ler o livro errado. Falemos da segunda opção.

Há muitas maneiras de fazer batota no salto em altura. Pode usar uma escada para passar por cima da fasquia, mas dificilmente isso será considerado saltar. Podia tentar usar aquelas andas dotadas de molas1 que são populares entre os entusiastas de desportos radicais,

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SALTAR MESMO MUITO ALTO

que — se for suficientemente atlético — poderão bastar para lhe dar vantagem sobre um saltador em altura sem acessórios. Contudo, para a pura elevação vertical, os atletas já arranjaram uma técnica melhor: o salto à vara.

No salto à vara os atletas começam a correr, firmam uma vara fle‑ xível no solo à sua frente e catapultam ‑se pelo ar. Os saltadores à vara podem arremessar ‑se a uma altura várias vezes superior à alcançada pelo melhor saltador sem auxílio.

A física do salto à vara é interessante e não incide tanto sobre a vara, como se poderia pensar. A chave para o salto à vara não é a elasticidade da vara, mas a velocidade de corrida do atleta. A vara é apenas uma maneira eficaz de reorientar essa velocidade para cima. Em teoria, um saltador à vara podia usar algum outro método para mudar a direção de em frente para para cima. Em vez de firmar uma vara no solo podia saltar para um skate, subir uma rampa suavemente encurvada e alcançar aproximadamente a mesma altura do salto à vara.

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COMO...

Podemos calcular a altura máxima atingida por um saltador à vara recorrendo a uma física simples. Um velocista campeão pode correr 100 metros em 10 segundos. Se um objeto for lançado para cima a essa velocidade sob efeito da gravidade da Terra, alguma matemática pode indicar ‑nos a que altura chegará:

altura 2 x aceleração da gravidade velocidade2 = = 2 x 9,805 ms2 100 m 10 s

( )

= 5,1 m

Como o saltador à vara está em corrida antes de saltar, o seu cen‑ tro de gravidade parte de um ponto já acima do solo, a distância que acresce à altura final alcançada. O centro de gravidade de um adulto normal situa ‑se algures no seu abdómen, geralmente a uma altura de cerca de 55% da sua estatura. Renaud Lavillenie, o detentor do recorde mundial no salto à vara masculino, tem 1,77 metros de altura, pelo que o centro de gravidade dele acrescenta mais cerca de 0,97 metros, resultando numa altura final prevista de 6,08 metros.

Como se compara a nossa previsão com a realidade? Bem, a marca do presente recorde mundial são 6,16 metros. É bastante próximo para um cálculo rápido2!

2 A física oferece mais uma curiosidade a respeito dos recordes mundiais de salto à vara. A força de

atração descendente da gravidade da Terra varia de lugar para lugar, tanto porque a forma da Terra afeta a sua gravidade como porque o movimento rotativo «arremessa» as coisas para o exterior. Esses efeitos são diminutos dentro do quadro geral, mas a variação de lugar para lugar pode che‑ gar aos 0,7%. Não é um valor suficiente para ser detetado quando se anda por aí, mas chega para quando se compra uma balança poder ser necessário calibrá ‑la, visto que a gravidade na fábrica pode ser ligeiramente diferente da que ocorre em sua casa.

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SALTAR MESMO MUITO ALTO

Claro que se o leitor se apresentar num campeonato de salto em altura com uma vara ficará imediatamente desqualificado3.

No entanto, embora os juízes possam ter objeções, é provável que não o detenham, sobretudo se brandir a vara à sua volta de forma ameaçadora ao entrar no local da prova.

O seu recorde não figurará nos livros, mas não faz mal: no fundo do seu coração, saberá a que altura saltou.

Porém, se estiver disposto a fazer batota de forma mais descarada, pode ir além dos 6 metros. Muito mais alto. Só precisa de encontrar o sítio certo de onde se lançar.

A atração variável da gravidade basta para afetar os recordes de salto à vara. Em junho de 2004, Yelena Isinbayeva estabeleceu o recorde de salto à vara feminino de então, atingindo uma altura de 4,87 metros. Conseguiu este recorde em Gateshead, em Inglaterra. Uma semana depois, Svetlana Feofanova quebrou esse recorde por 1 centímetro, saltando 4,88 metros. Con‑ tudo, Feofanova estabeleceu esse recorde em Heraklion, na Grécia, onde a atração da gravidade é ligeiramente mais fraca. A diferença basta precisamente para, se o quisesse, Isinbayeva poder argumentar que Feofanova apenas quebrara o recorde devido à mais fraca gravidade e que o salto dela em Gateshead era uma proeza maior.

Ao que parece, Isinbayeva decidiu não avançar com este argumento complicado da física e, em lugar disso, optou por uma resposta mais simples: umas semanas mais tarde ultrapassou o recorde de Feofanova, voltando a saltar na gravidade britânica, mais forte. Em 2017 ela ainda detinha o recorde feminino.

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COMO...

Os corredores tiram partido da aerodinâmica. Usam vestuário lus‑ troso e justo para reduzir a resistência do ar, o que os ajuda a adquirir maiores velocidades e assim planar mais4. Então, porque não levar

essa técnica um pouco mais longe?

Claro que propulsionar ‑se com uma hélice ou um foguete não conta. Está fora de questão chamar a isso «salto» e manter a serie‑ dade5. Não se trataria de um salto, mas de um voo. No entanto, nada

há de errado com um pequeno… deslizamento.

A trajetória de cada objeto em queda é afetada pela maneira como o ar se desloca à sua volta. Os saltadores de esqui ajustam a sua forma para ganharem uma grande impulsão aerodinâmica nos saltos. Numa área com os ventos adequados, pode fazer a mesma coisa.

Quando os velocistas correm com vento a soprar de trás, conse‑ guem atingir maiores velocidades. Do mesmo modo, se saltar numa área em que há vento ascendente, conseguirá alcançar maior elevação.

É preciso um vento forte para o empurrar para cima — vento a soprar mais rápido do que a sua velocidade terminal. A sua veloci‑ dade terminal é a velocidade máxima que alcançará ao cair no ar, quando a força do ar precipitado à sua passagem equilibra a aceleração descendente da gravidade. É o mesmo que a velocidade mínima de vento ascendente necessária para o levantar do chão. Como todo o

4 No momento em que escrevo não há recorde mundial para o maior salto em altura de atleta a tra‑

jar uma saia de balão vitoriana, mas se houvesse seria provavelmente inferior ao recorde comum.

(15)

SALTAR MESMO MUITO ALTO

movimento é relativo, não importa realmente se está a cair através do ar ou se o ar está a soprar por si acima6.

As pessoas são muito mais densas do que o ar, pelo que a nossa velocidade terminal é bastante elevada. A velocidade terminal de uma pessoa em queda é cerca de 210 quilómetros/hora. A fim de obter um bom impulso do vento precisará que a velocidade do vento ascendente seja pelo menos da mesma ordem que a sua velocidade terminal. Se o vento for muito mais lento não afetará muito a altura do seu salto.

As aves usam colunas de ar quente ascendente — chamadas ter‑ mais — como elevadores. Pairam em círculos sem bater as asas, deixando que o ar que sobe as transporte para o alto. Essas correntes aéreas termais são relativamente fracas; para içar o seu corpo humano, mais maciço, terá de encontrar uma fonte mais forte de ar ascendente.

Algumas das mais poderosas correntes de ar ascendente junto ao solo ocorrem perto de cristas montanhosas. Quando um vento encon‑ tra uma montanha ou um espinhaço, o fluxo de ar pode ser infletido para cima. Nalgumas zonas, esses ventos podem ser deveras rápidos.

Infelizmente, até mesmo nos melhores lugares, os ventos verticais não costumam chegar sequer perto da velocidade terminal humana. Na melhor das hipóteses, só beneficiaria de um ligeiro ganho de altitude com o auxílio do vento7.

Em lugar de tentar aumentar a velocidade do vento pode tentar reduzir a sua velocidade terminal por meio de vestuário aerodinâmico. Um bom fato alado — uma veste com camadas de material entre os braços e as pernas — pode reduzir a velocidade de queda de uma pessoa de 210 quilómetros/hora para algo da ordem dos 50 quiló‑ metros/hora. Isso ainda não basta para cavalgar de facto os ventos ascendentes, mas acrescentaria alguma altura ao seu salto. Por outro lado, teria de fazer o seu arranque em corrida com o fato alado, o que provavelmente anularia o benefício do vento.

6 Pelo menos do ponto de vista da física. É provável que tenha para si uma grande importância

pessoal.

7 Também teria de persuadir os juízes a realizar a competição junto a uma falésia, o que poderia ser

(16)

COMO...

Para adicionar uma altura substancial ao seu salto tem de ir para lá dos fatos alados, para o mundo dos paraquedas e dos parapentes. Essas amplas engenhocas reduzem a velocidade de queda do indiví‑ duo quanto baste para que os ventos de superfície possam facilmente ter a força necessária para elevá ‑lo. Utilizadores proficientes de para‑ pente podem lançar ‑se do solo e cavalgar ventos e correntes de ar termal das cumeeiras até milhares de pés de altitude.

Contudo, se quiser um verdadeiro recorde de salto em altura pode fazer ainda melhor.

Na maioria das zonas onde o ar flui por cima das montanhas, as «ondas de montanha» ascendem apenas até à baixa atmosfera, o que limita a altitude que os parapentes podem alcançar. No entanto, nal‑ guns lugares, quando as condições são as ideais, essas perturbações podem interagir com o vórtice polar e com a corrente de jato noturno polar8, criando ondas que chegam à estratosfera.

8 O jato noturno polar é uma corrente de ar de altitude elevada que ocorre junto do Ártico e do

Antártico em determinadas épocas do ano. Não confundir com O Jato Noturno Polar, um encan‑ tador livro ilustrado para crianças que conta a história de um menino que, uma noite, visita o Pai Natal voando para o Polo Norte num bombardeiro mágico e secreto.

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SALTAR MESMO MUITO ALTO

Em 2006, os pilotos de planador Steve Fossett e Einar Enevoldson deslizaram por ondas montanhosas estratosféricas até mais de 15 mil metros acima do nível do mar. É quase o dobro da altura do monte Evereste e mais alto do que a altitude máxima a que circulam os voos comerciais. Esse voo estabeleceu um novo recorde de altitude em planador. Fossett e Enevoldson dizem que podiam ter cavalgado as ondas estratosféricas ainda mais acima, só tendo voltado para trás por‑ que a baixa pressão atmosférica levara os seus fatos pressurizados a enfunarem ‑se de tal maneira que não conseguiam operar os comandos.

Se quiser saltar bem alto precisa apenas de confecionar um ves‑ tuário com a forma de planador — pode fazê ‑lo em resina de fibra de vidro e fibra de carbono — e dirigir ‑se às montanhas da Argentina.

Se encontrar o lugar adequado e as condições forem as ideais, pode fechar ‑se no seu fato em forma de planador9, saltar para o ar,

9 Precisará de pressurizar a cabina do planador que o envolve, mas isso não deverá ser muito difícil,

(18)

COMO...

apanhar a elevação da corrente montanhosa e cavalgar o vento até à estratosfera. É possível que um piloto de planador que cavalgue essas ondas possa voar a altitudes mais elevadas do que quaisquer outras aeronaves dotadas de asas. Nada mal para um simples salto!10

Se tiver realmente sorte, talvez encontre um lugar que fique a mon‑ tante do local onde se realizam os Jogos Olímpicos. Dessa maneira, quando saltar de uma falésia, os ventos na estratosfera transportá ‑lo‑ ‑ão para esse preciso local…

… levando ‑o a estabelecer o recorde máximo do salto em altura na história da modalidade.

É provável que não lhe deem uma medalha, mas não faz mal. Você saberá que é o verdadeiro campeão.

estiver a alguns quilómetros de altitude e a pressão atmosférica começar realmente a cair, basta comprimir a mangueira para ficar selado lá dentro. Poderá permanecer algum tempo lá em cima, por isso tente construir uma cabina suficientemente ampla para não ficar sem ar.

10 Esquecemo ‑nos das portas, por isso, quando aterrar, chame um amigo para o soltar do planador

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CAPÍTULO 2

Como

Dar uma Festa

na Piscina

Decidiu realizar uma festa na piscina. Tem tudo do que precisa: comes e bebes, brinquedos insufláveis, toalhas e aqueles aros que se atiram para a piscina e que é preciso mergulhar para ir buscar. Todavia, na noite anterior à festa não consegue esquivar ‑se à sensa‑ ção de lhe faltar alguma coisa. Olhando em volta pelo pátio percebe o que é.

Não tem piscina.

Não entre em pânico, é problema que vai conseguir resolver. Precisa apenas de uma boa quantidade de água e de um recipiente onde a meter. Vamos resolver primeiro o problema do recipiente.

Há dois tipos principais de piscina: enterradas e elevadas.

(20)

COMO...

Uma piscina enterrada é, bem vistas as coisas, um buraco de luxo. Este tipo de piscina pode dar mais trabalho a instalar, mas tem menos probabilidades de se desfazer a meio da festa.

Caso queira construir uma piscina enterrada consulte primeiro o Capítulo 3, «Como Escavar um Buraco». Use essas instruções para abrir uma cova com aproximadamente 6 m x 9 m x 1,5 m. Logo que tiver o buraco com a dimensão apropriada, poderá querer cobrir as paredes com algum tipo de revestimento que impeça a água de se transformar em lama ou escoar ‑se antes de terminada a festa. Se tiver algumas folhas gigantescas de plástico ou oleados disponíveis, pode usá ‑los ou tentar revesti ‑lo com uma capa de borracha em spray — algumas são concebidas para cobrir os leitos dos lagos de carpas. Diga só aos vendedores que tem um lago de carpas mesmo muito grande.

ALTERNATIVA: PISCINA ELEVADA

Se concluir que uma piscina enterrada não é opção para si, pode tentar antes uma piscina acima do solo. A conceção deste tipo de piscina é relativamente simples:

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DAR UMA FESTA NA PISCINA

Infelizmente, a água é pesada: pergunte a quem já tenha enchido um aquário no chão e tentado depois içá ‑lo para cima de uma mesa. A gravidade puxa a água para baixo, mas o chão exerce uma força contrária com o mesmo vigor. A pressão da água é redirecionada para fora, para as paredes da piscina, que são distendidas em todas as direções. Esta tensão, chamada tensão circular, é mais forte na base da parede, onde é maior a pressão da água. Se a tensão circular exceder a resistência tênsil da parede, esta rebentará1.

Vamos escolher um material possível, por exemplo folha de alu‑ mínio. Que profundidade pode atingir uma piscina com paredes em folha de alumínio antes de os lados rebentarem? Podemos calcular a resposta a esta pergunta, e a muitas outras questões sobre conceção de piscinas, recorrendo à fórmula para a pressão circular.

1 Na prática, é provável que rebente antes desse ponto, devido às irregularidades nos materiais e

às suas «curvas de resistência» particulares, mas podemos usar a simples resistência tênsil como aproximação.

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COMO...

tensão circular = profundidade da água x densidade da água x gravidade da Terra =

espessura da parede raio da piscina

Apliquemos os números para a folha de alumínio. O alumínio tem uma resistência tênsil de cerca de 300 megapascais (MPa) e as folhas têm uma espessura de cerca de 0,02 milímetros. Suponhamos que a nossa piscina tem 9 metros de diâmetro, para que haja espaço suficiente para jogos. Podemos introduzir estes valores na equação da tensão circular e reordenar os fatores para calcular a altura que a água pode atingir na nossa piscina, brilhante e enrugada, antes de a tensão circular igualar a resistência tênsil do alumínio e as paredes cederem.

profundidade da água =

densidade da água x gravidade x raio da piscina espessura da parede x resistência tênsil da parede

= 0,02 mm x 300 MPa ≈ 12,5 cm 1kg L x 9,8 m s2 x 9 m 2

Infelizmente, é provável que 12,5 centímetros de água não che‑ guem para uma festa na piscina.

Se trocarmos a fina folha de alumínio por tábuas de madeira com 2,5 centímetros de espessura, o cálculo afigura ‑se bastante mais favorável. A madeira tem uma resistência tênsil inferior à da folha de alumínio, mas compensa ‑a sendo mais espessa e podendo comportar água com 23 metros de profundidade. Se tiver à mão um cilindro de madeira com 9 metros de diâmetro, com paredes de 2,5 centímetros de espessura, as notícias são boas.

(23)

DAR UMA FESTA NA PISCINA

Também pode reorganizar a equação para saber o calibre que as paredes da piscina devem ter para suportarem a profundidade de água desejada. Digamos que queremos que a nossa piscina tenha cerca de 90 centímetros de profundidade. Dada a resistência tênsil de um material, esta versão da fórmula dá ‑nos a espessura mínima da parede necessária para conter a água:

profundidade da água =

resistência tênsil da parede

profundidade da água x densidade da água x gravidade x raio da piscina

O que há de bom na física é que pode efetuar ‑se os cálculos para qualquer material desejado, mesmo que se trate de algo ridículo. A física não quer saber se a nossa pergunta é excêntrica. Limita ‑se a fornecer a resposta, sem fazer juízos. Segundo o abrangente manual de 456 páginas Reologia e Textura do Queijo, por exemplo, o queijo seco Gruyère tem uma resistência tênsil de 70 quilopascais. Vamos usar esse valor na fórmula.

= ≈ 60 cm 70 kPa espessura da parede 90 cm x 1 kg L x 9,8 m s2 x 9 m 2

(24)

COMO...

Boas notícias! Precisará apenas de uma parede de queijo com 60 centímetros de espessura para manter a piscina firme. A má notí‑ cia é que deverá ter dificuldade em convencer alguém a saltar lá para dentro.

Tendo em conta os problemas práticos associados ao queijo, tal‑ vez seja melhor ater ‑se aos materiais tradicionais, como plástico e fibra de vidro. A fibra de vidro tem uma resistência tênsil de cerca de 150 megapascais, o que significa que uma parede com 1 milímetro de espessura seria suficientemente robusta para conter água com resistência tênsil de reserva.

ARRANJE ALGUMA ÁGUA

Agora que tem a sua piscina — seja enterrada ou elevada —, vai precisar de alguma água. Mas quanta?

As típicas piscinas enterradas das traseiras variam de tamanho, mas uma de dimensão média com tamanho suficiente para uma prancha para saltos pode conter 75 mil litros.

Se tiver uma mangueira de jardim e abastecimento municipal de água, pode encher a sua piscina por esse meio. Se pode enchê ‑la ou não rapidamente, depende do débito da sua mangueira.

Se tiver uma boa pressão de água e uma mangueira de grande diâmetro, o fluxo pode ser entre 40 e 80 litros por minuto, o que

(25)

DAR UMA FESTA NA PISCINA

basta para encher a piscina mais ou menos num dia. Se o débito de água for demasiado baixo — ou se tiver água de poço, que pode esgotar ‑se antes de ter a piscina cheia — poderá ter de procurar uma solução diferente.

ÁGUA PELA INTERNET

Em muitas zonas, retalhistas com lojas virtuais, como a Ama‑ zon, disponibilizam a entrega no próprio dia. Uma embalagem com 24 garrafas de água Fiji custa atualmente cerca de 25 dólares. Se puder gastar 150 mil dólares — mais uns 100 mil para a entre‑ ga no próprio dia — pode simplesmente encomendar uma pisci‑ na engarrafada. Como bónus, a nova piscina terá exclusivamente água enviada das Fiji.

Isto constitui um novo desafio. Quando a água for entregue pre‑ cisará de metê ‑la toda na piscina.

Isso será mais difícil do que possa ter pensado. Claro que po‑ de desenroscar a tampa de cada garrafa e despejar a água para a piscina, uma a uma, mas isso levará alguns segundos por garrafa. Como são 150 mil garrafas, e só há 86 400 segundos num dia, tudo o que leve mais do que 1 segundo por garrafa não vai certamente ser praticável.

(26)

COMO...

ATAQUE AS GARRAFAS

Pode tentar cortar de uma só vez as tampas de cada conjunto de 24 garrafas com uma espada. Muitos vídeos gravados ao retardador e disponíveis na Internet mostram pessoas a cortar uma fila de garrafas de água com uma espada. A avaliar pelos vídeos, é algo surpreendentemente difícil de fazer: a espada tende a ser desviada para cima ou para baixo ao atravessar as garrafas. Mesmo que tenha um movimento balançado preciso, bem como a força e a resistência de braço requeridas, usar uma espada seria provavelmente dema‑ siado lento.

Armas de fogo também não deviam resultar muito bem. Com um planeamento cuidadoso e uma organização eficaz podia usar uma espécie de caçadeira para fazer buracos em embalagens inteiras de garrafas de uma só vez, mas ainda lhe seria bastante difícil perfurar todas as garrafas e fazê ‑las verter o conteúdo com rapidez suficiente para as despejar. Também acabaria por ficar com uma piscina cheia de chumbo, que — sobretudo se usar cloro na água — sofreria corrosão e podia até contaminar lençóis freáticos.

Há uma enorme variedade de armas de potência crescente que podia usar para tentar abrir rapidamente as garrafas; não as exami‑ naremos todas aqui. Porém, antes de deixarmos de lado a hipótese das armas e avançarmos para uma solução mais prática, ponderemos por um momento a opção mais colossal e impraticável de todas. Seria possível abrir as garrafas com bombas nucleares?

É uma sugestão totalmente ridícula, pelo que não é de surpreen‑ der que foi estudada pelo governo norte ‑americano durante a Guerra Fria. No começo de 1955, a Administração Federal de Defesa Civil comprou cerveja, refrigerantes e gasosa em lojas locais e depois testou nelas as armas nucleares2.

(27)

DAR UMA FESTA NA PISCINA

Ora, eles não estavam a tentar abrir as bebidas. O objetivo do teste era ver como resistiam os recipientes e se o conteúdo ficava contami‑ nado. Os planeadores da defesa civil calcularam que, depois de uma explosão nuclear numa cidade norte ‑americana, a água potável seria provavelmente necessária para os primeiros a reagir e eles queriam saber se bebidas comerciais seriam uma fonte segura de hidratação3.

A saga da guerra nuclear do governo à cerveja vem registada num relatório de 17 páginas intitulado O Efeito de Explosões Nucleares em

Bebidas Embaladas Comercialmente, de que foi desencantado provei‑

tosamente um exemplar pelo historiador nuclear Alex Wellerstein. O relatório descreve como as garrafas e as latas foram colocadas em diversas localizações em torno da área de teste no Nevada para cada explosão. Algumas estavam em frigoríficos, outras em prateleiras e outras ainda apenas pousadas no chão4. Efetuaram duas vezes a

experiência, no decurso de dois testes nucleares levados a cabo como parte da Operação Teapot.

3 Concentraram ‑se em particular na cerveja, que não parece ser o ideal num cenário de recuperação

pós ‑ataque nuclear e faz ‑nos questionar se todo o programa de ensaio não terá sido arranjado à pressa como cobertura quando alguém foi apanhado a debitar bebidas nas despesas profissionais.

4 Num exemplo de estranha e excessiva atenção ao pormenor, as garrafas que estavam no chão

foram posicionadas numa variedade de ângulos meticulosamente medidos: algumas deitadas com o topo ou o fundo a apontar para o ponto de impacto, outras deitadas em ângulos de 45° e ainda algumas em pé. Talvez quisessem ver de que maneira se deveria armazenar as garrafas relativamente ao centro da cidade para maximizar as probabilidades de sobreviverem a um ataque nuclear.

(28)

COMO...

As bebidas comportaram ‑se surpreendentemente bem. A maio‑ ria sobreviveu ao impacto da explosão. As que não resistiram foram sobretudo quebradas por estilhaços projetados ou explodiram quando caíram das prateleiras. Também revelaram níveis baixos de contami‑ nação radioativa e tinham um sabor normal.

Depois da explosão foram enviadas amostras de cerveja para «testes cuidadosamente controlados» em «cinco laboratórios qualificados»5.

O consenso foi que, na sua maioria, a cerveja estava saborosa. Con‑ cluíram que a cerveja recuperada após uma explosão nuclear podia ser considerada uma fonte de hidratação de emergência, mas que provavelmente deveria ser testada com mais cuidado antes de ser devolvida ao comércio.

As garrafas de plástico não eram comuns na década de 1950, por isso todos os testes usaram garrafas de vidro e de metal. No entanto, os testes apontam ainda assim para que as armas nucleares não sejam grandes abre ‑garrafas.

RETALHADORES INDUSTRIAIS

Felizmente para nós, há um tipo de dispositivo que pode realizar o nosso objetivo muito mais rapidamente do que uma espada, uma caçadeira ou uma arma nuclear: um retalhador industrial de plástico. Os retalhadores são usados por centros de reciclagem para desfaze‑ rem grandes quantidades de garrafas de plástico e — como bónus — podem espremer o líquido.

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DAR UMA FESTA NA PISCINA

Um retalhador como o Brentwood AZ15WL, de 15 quilowatts, pode processar 30 toneladas por hora, incluindo o plástico e o líquido, segundo os materiais publicitários da Brentwood. Isto permitir ‑lhe ‑ia encher a sua piscina em pouco mais de duas horas.

Os retalhadores industriais têm preços de cinco a seis dígitos, o que é muito para uma festa (embora nada seja em comparação com o que já gastou em garrafas de água). No entanto, se referir quan‑ tas armas nucleares possui, talvez possa convencê ‑los a fazerem ‑lhe um desconto.

DEIXE OUTRA PESSOA FAZER

O TRABALHO

Se mais alguém tiver uma piscina próxima e estiver num ponto ligeiramente mais elevado, pode roubar ‑lhe a água por meio de um sifão. Se puder ligar as duas piscinas com uma mangueira consegue fazer com que a água flua de forma constante da outra piscina para a sua.

Nota: Os sifões podem elevar água para fora de uma piscina sobre

pequenas barreiras como vedações, mas se o meio do sifão subir a mais de 9 metros acima da superfície da piscina do seu vizinho, a água não correrá. Os sifões funcionam pela pressão atmosfé‑ rica e a pressão do ar na Terra só consegue deslocar a água 9 metros em oposição à gravidade.

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Referências

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