«Liturgia Dominical»
Ano 8 – nº 413 – 27 de janeiro de 2019† 3º Domingo depois da Epifania
verde – 2ª classe.
«Em verdade, eu vos digo que não encontrei tamanha fé em Israel» Ev.
Intróito /
ADORÁTE DEUM — Salmo 96.
7-8, 1O Intróito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia.
Canto solene de entrada, o Introito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia. Compunha-se antigamente duma antífona e de um salmo, que se cantava por inteiro. Hoje o salmo está reduzido a um só versículo.
A
doráte Deum, omnes Angeli eius: audívit, et lætáta est Sion: et exsultavérunt fíliæ Iudæ. Ps. Dóminus regnávit, exsúltet terra: læténtur ínsulæ multæ. ℣. Glória Patri.A
dorai a Deus1, todos os seus Anjos. Sião ouve e se alegra. Exultam as filhas de Judá. Sl. OSenhor é Rei: exulte a terra e alegrem-se as muitas ilhas. ℣. Glória ao Pai.
1 A epístola aos Hebreus (1.
6) interpreta estas palavras como ordem, dada aos anjos, de adorar o Verbo Encarnado — afirmação da transcendência divina de Jesus.
Oração
(Colecta)
Pedimos ao Senhor aquilo de que precisamos nesse dia para a nossa salvação.
Numa breve oração, o celebrante resume e apresenta a Deus os votos de toda a assembleia, votos estes sugeridos pelo mistério ou solenidade do dia.
O
mnípotens sempitérne Deus, infirmitatem nostram propítius réspice: atque, adprotegéndum nos, déxteram tuæ maiestátis exténde. Per Dominum nostrum Iesum Christum.
O
nipotente e eterno Deus, olhai propício para a nossa fraqueza, e em nossa proteção estendei a Destra de vossa Majestade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.Epístola
de São Paulo Apóstolo aos Romanos 12. 16-21
Interpretação prática do mandamento do Senhor: amai-vos uns aos outros; amai os vossos inimigos, fazei bem àqueles que vos odeiam.
F
ratres: Nolíte esse prudéntes apud vosmetípsos: nulli malum pro malo reddéntes: providéntes bona non tantum coram Deo, sed étiam coram ómnibus homínibus. Si fíeri potest, quod ex vobis est, cum ómnibus homínibus pacem habéntes: Non vosmetípsos defendéntes, caríssimi, sed date locum iræ. Scriptum est enim: Mihi vindícta: ego retríbuam, dicit Dóminus. Sed si esuríerit inimícus tuus, ciba illum: si sitit, potum da illi: hoc enim fáciens, carbónes ignis cóngeres super caput eius. Noli vinci a malo, sed vince in bono malum.I
rmãos: 16Não pretendais ser sábios aos vossos próprios olhos. 17Não torneis a ninguém mal pormal. Cuidai em fazer o bem, não só diante de Deus, como também diante de todos os homens. 18Se
for possível, quanto depender de vós, vivei em paz com todos os homens. 19Caríssimos, não vos
vingueis a vós mesmos; antes, dai lugar à ira [de Deus], pois está escrito: A mim pertence a vingança: eu retribuirei2, diz o Senhor. 20Pelo contrário: se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede,
dá-lhe de beber. Porque, fazendo isto, amontoarás carvões em brasa sobre a sua cabeça3. 21Não te
deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.
2
Deuteronômio 32.35 3 Provérbios 25.
21-22.
Gradual /
Salmo 101.
16-17Cantos, por via de regra, tirados dos Salmos e que traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou sugeridos pelo Mistério do dia.
T
imébunt gentes nomen tuum, Dómine, et omnes reges terræ glóriam tuam. ℣. Quóniam ædificávit Dóminus Sion, et vidébitur in maiestáte sua.A
s nações temem o vosso Nome, Senhor, e todos os reis da terra, a vossa glória. ℣. Porque o Senhor edificou Sião, e se manifesta em sua Majestade.Aleluia /
Salmo 96.
1«Aleluia» é um grito de júbilo, que significa: «louvai ao Senhor».
A
llelúia, allelúia. ℣. Dóminus regnávit, exsúltet terra: læténtur ínsulæ multæ. Allelúia.A
leluia, aleluia. ℣. O Senhor é Rei; exulte a terra; e alegrem-se as muitas ilhas. Aleluia.Evangelho
segundo São Mateus
8
.
1-13Ninguém é excluído da salvação, que Jesus trouxe ao mundo. Os Israelitas deveriam ser os primeiros a beneficiar dela. Mas todos os povos têm acesso a ela, todos os crentes, venham eles donde vierem.
I
n illo témpore: Cum descendísset Iesus de monte, secútæ sunt eum turbæ multæ: et ecce, leprósus véniens adorábat eum, dicens: Dómine, si vis, potes me mundáre. Et exténdens Iesus manum, tétigit eum, dicens: Volo. Mundáre. Et conféstim mundáta est lepra eius. Et ait illi Iesus: Vide, némini díxeris: sed vade, osténde te sacerdóti, et offer munus, quod præcépit Móyses, intestimónium illis. Cum autem introísset Caphárnaum, accéssit ad eum centúrio, rogans eum et dicens: Dómine, puer meus iacet in domo paralýticus, et male torquetur. Et ait illi Iesus: Ego véniam, et curábo eum. Et respóndens centúrio, ait: Dómine, non sum dignus, ut intres sub tectum meum: sed tantum dic verbo, et sanábitur puer meus. Nam et ego homo sum sub potestáte constitútus, habens sub me mílites, et dico huic: Vade, et vadit; et alii: Veni, et venit; et servo meo: Fac hoc, et facit. Audiens autem Iesus, mirátus est, et sequéntibus se dixit: Amen, dico vobis, non inveni tantam fidem in Israël. Dico autem vobis, quod multi ab Oriénte et Occidénte vénient, et recúmbent cum Abraham et Isaac et Iacob in regno cœlórum: fílii autem regni eiiciéntur in ténebras exterióres: ibi erit fletus et stridor déntium. Et dixit Iesus centurióni: Vade et, sicut credidísti, fiat tibi. Et sanátus est puer in illa hora.
N
aquele tempo, 1havendo Jesus descido do monte, grande multidão de povo O seguiu. 2E eisque, vindo um leproso, adorava-O, dizendo: Senhor, se quiserdes, bem me podeis limpar. 3Jesus,
estendendo a mão, tocou-o e disse: Quero, sê limpo. E logo sarou-lhe a lepra. 4Então Jesus lhe disse:
Olha, não o digas a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote4, e faze a oferta que Moisés ordenou,
para que lhes conste. 5Tendo, depois, entrado Jesus em Cafarnaum, aproximou-se d’Ele um
centurião5 com uma súplica: 6Senhor, um servo meu jaz em casa paralítico, gravemente atormentado. 7Jesus disse-lhe: Eu irei e o curarei. 8Respondeu o centurião, dizendo: Senhor, eu não sou digno de
que entreis em minha casa, mas dizei uma só palavra e o meu servo será curado. 9Pois, também eu
sou um homem sujeito a outros; tenho soldados às minhas ordens, e digo a um: Vai, e ele vai. E a outro: Vem, e ele vem. E a meu servo: faze isto, e ele o faz. 10Ouvindo isto, Jesus admirou-se e disse
aos que O seguiam: Em verdade, eu vos digo que não encontrei tamanha fé em Israel. 11Digo-vos
outrossim: Muitos virão do Oriente e do Ocidente e se assentarão com Abraão, Isaac e Jacó, no Reino dos céus6; 12mas os filhos do reino7 serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger
de dentes. 13E Jesus disse ao centurião: Vai, e como creste, assim te seja feito. E naquela mesma hora o
servo ficou curado.
4
O leproso curado devia fazer verificar a sua cura pelo sacerdote, que o autorizava a retomar as suas relações com a sociedade, de que a doença o excluíra.
5Oficial subalterno, que comandava um grupo de 100 homens.
6Desde há muito, a felicidade dos tempos messiânicos comparava-se a um banquete. 7
«Os filhos do reino»: aqueles que reivindicam a herança do reino como um direito, que lhes é devido pela simples pertença ao povo escolhido.
CREDO...
Concluímos a Ante-Missa com essa profissão de fé.
Breve compêndio das verdades cristãs e Símbolo da fé católica. Com a Igreja, afirmemo-las publicamente e renovemos a profissão de fé que fizemos no Batismo.
Ofertório /
Salmo
117.
16-17Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito.
Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito. Três elementos o constituíam antigamente: apresentação das oferendas, canto de procissão, oração sobre as oblatas.
D
éxtera Dómini fecit virtutem, déxtera Dómini exaltávit me: non móriar, sed vivam, et narrábo ópera Dómini.A
Destra do Senhor mostra o seu poder; a Destra do Senhor me exalta; não morrerei, mas viverei e cantarei as obras do Senhor.Secreta
É a antiga «oração sobre as oblatas», ponto de ligação entre o Ofertório e o Cânon. É neste último que se faz propriamente a oblação do sacrifício.
H
æc hóstia, Dómine, quǽsumus, emúndet nostra delícta: et, ad sacrifícium celebrándum, subditórum tibi córpora mentésque sanctíficet. Per Dominum nostrum Iesum Christum.P
edimos, Senhor, que esta hóstia nos purifique de nossos delitos e santifique os corpos e as almas de vossos servos, para dignamente celebrarem este Sacrifício. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.Communio /
Lucas
4.
22Alternando com o canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode acompanhar) a comunhão dos fiéis. Nas Missas cantadas, se canta, enquanto o sacerdote toma as abluções e recita as orações seguintes em que se pedem para a alma os frutos da Comunhão.
M
irabántur omnes de his, quæ procedébant de ore Dei.T
odos se admiravam das palavras que saíam da boca de Deus.Postcommunio
Súplica a Deus para que nos conceda os frutos do Sacrifício.
Q
uos tantis, Dómine, largíris uti mystériis: quǽsumus; ut efféctibus nos eórum veráciter aptáre dignéris. Per Dominum nostrum Iesum Christum.S
enhor, já que nos concedeis participar de tão grandes Mistérios, pedimos que Vos digneis fazer-nos verdadeiramente merecedores de seus efeitos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.Meditação
Jesus Acolhe a Todos
Ó divino Salvador, também eu sou um pobre leproso; acolhei-me: «Se quiserdes, podeis curar-me»!
1 — O Evangelho de hoje (Mt. 8, 1-13), apresenta-nos dois milagres de Jesus, que são profundas lições de humildade, de fé e de caridade.
Eis a fé humilde do leproso: «Senhor, se tu queres, podes curar-me». Tão certo está de que Jesus o pode curar, que não vê outra condição para a sua cura senão a Sua vontade. A fé cristã não se perde em sutis raciocínios, é duma lógica simplicíssima: Deus pode fazer tudo o que quer; basta pois que o queira. E o leproso nem sequer insiste para que Jesus queira; quem vive de fé sabe que a vontade de Deus é sempre o melhor para nós, ainda que nos deixe no sofrimento, e portanto, em vez de insistir, prefere abandonar-se ao Divino beneplácito.
Vem depois o centurião; o soberbo e poderoso soldado romano não se envergonha de ir pessoalmente suplicar a Jesus, um galileu, pelo seu servo paralítico; Jesus, comovido por este ato de humildade e caridade, responde imediatamente: «eu irei e o curarei». Então o centurião replica: «eu não sou digno de que entres na minha casa; dize, porém, uma só palavra, e o meu servo ficará curado»; a humildade torna-se ainda mais profunda e a fé atinge o máximo; não é necessário que o Senhor Se desloque, o Seu poder é tão grande que basta uma palavra Sua pronunciada à distância para realizar qualquer milagre. O próprio Jesus «admirou-se» e disse: «Em verdade vos digo: não achei fé tão grande em Israel». Não é isto uma queixa do Salvador contra aqueles que vivem tão perto dEle, talvez em Sua casa, recebendo contínuos benefícios, e cuja fé é muitas vezes fraca e por isso ineficaz?
2 — Segundo a lei hebraica, os leprosos viviam separados da sociedade e ninguém podia aproximar-se deles; dos pagãos também se devia fugir porque não pertenciam ao povo eleito. Jesus infringe a velha lei e em nome da caridade universal acolhe e limpa o leproso, ouve o centurião estrangeiro e cura o servo pagão. Ensina assim a não fazer acepção de pessoas e a não desprezar os pecadores e infiéis, mas a acolher todos com amorosa benevolência. Jesus ensina-nos a não fechar, mas a abrir bem as portas a todos, e a todos beneficiar sem diferença de partidos ou ideias; todos são, como nós, filhos de Deus e, assim como a todos se estende a misericórdia do Pai celeste, também a todos se deve estender a nossa caridade. Esta ideia predomina na Epístola de hoje (Rom. 12, 16-21) em que São Paulo nos exorta ao exercício da caridade, particularmente para com aqueles que nos são contrários. «Não torneis a ninguém mal por mal... Tanto quanto depende de vós tende paz com todos os homens; não vos vingueis a vós mesmos... Antes, se o teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer... Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem».
Jesus venceu o mal, tanto físico como moral, com a misericórdia, com o amor, curando e fazendo bem a todos. Esta deve ser a nossa tática; qualquer que seja o mal que nos rodeia e faz sofrer, nunca o venceremos com discussões, contendas ou posições tomadas e defendidas à força; mas somente com uma delicada caridade capaz de compreender por intuição, a mentalidade, os gostos, as necessidades dos outros, de intervir no momento oportuno, de condescender, de se sacrificar sempre pelo bem de qualquer pessoa, embora nos seja hostil.
Extraído do Livro Intimidade Divina — P. Gabriel de Santa Maria Madalena O.C.D. Segunda edição (Traduzida da 12ª edição italiana) —