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Esperança média de vida: Taxa de mortalidade menores de 5 anos (m/f): 233/238 por 1000

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AFEGANISTÃO

REPÚBLICA ISLÂMICA DO AFEGANISTÃO

Chefe de Estado:

Hamid Karzai

Pena de morte:

retencionista

População:

29,1 milhões

Esperança média de vida:

44,6 anos

Taxa de mortalidade – menores de 5 anos (m/f):

233/238 por 1000

A violência relacionada com o conflito e as consequentes violações dos direitos humanos aumentaram em todo o país, incluindo no norte e oeste do Afeganistão, áreas anteriormente consideradas como relativamente seguras. O Gabinete de Segurança de ONG no Afeganistão (ANSO), que aconselha as organizações sobre as condições de segurança no Afeganistão, registou 2428 mortes civis durante o ano 2010 como resultado do conflito, na maior parte atribuídas aos Taliban e a outras forças antigovernamentais. Registou-se um aumento significativo no número de assassinatos e execuções de civis pelos talibãs por "apoiarem" o governo ou "espiarem" para as forças internacionais. A violência causada pelos grupos rebeldes intensificou-se, dando origem a abusos generalizados dos direitos humanos. À luz do alastrar do conflito e da inexistência de um sistema judicial doméstico adequado, a Amnistia Internacional apelou ao Tribunal Penal Internacional para investigar os crimes de guerra e crimes contra a Humanidade. A comunidade internacional discutiu cada vez mais o fim da sua presença militar no país. O povo afegão continuou a perder confiança na capacidade do governo e das forças internacionais para garantir o estado de Direito e fornecer serviços sociais essenciais. Os cuidados de saúde, educação e a ajuda humanitária continuaram fora do alcance das pessoas na maior parte das áreas rurais, principalmente no sul e sudeste do país, onde o conflito era mais intenso.

Antecedentes

As eleições parlamentares realizadas a 18 de Setembro ficaram marcadas por quase 6000 alegações de irregularidades eleitorais e fraude, ataques contra candidatos e intimidação e ataques por parte dos talibãs contra eleitores, funcionários eleitorais e candidatos.

No seguimento da Conferência Internacional sobre o Afeganistão realizada a 28 de Janeiro em Londres, Reino Unido, e da Jirga Nacional Consultiva para a Paz, que decorreu entre 2 e 4 de Junho em Cabul, o presidente Karzai criou em Setembro um Conselho Superior para a Paz formado por 68 membros, destinado a negociar a paz com os grupos rebeldes. O Conselho Superior para a Paz incluía figuras acusadas de cometer abusos dos direitos humanos e crimes de guerra. Apenas 10 mulheres foram nomeadas para o Conselho Superior para a Paz, apesar das fortes pressões nacionais e internacionais para uma representação adequada das mulheres nas equipas e fóruns negociais.

Os grupos da sociedade civil afegã, principalmente os grupos de defesa dos direitos das mulheres, vítimas da guerra e dos que sofreram às mãos dos talibãs, apelaram ao governo para garantir que a protecção e promoção dos direitos humanos não seria sacrificada para facilitar as negociações com os talibãs e outros grupos rebeldes.

A Lei de Estabilidade e Reconciliação Nacional foi oficialmente promulgada, concedendo imunidade às pessoas que cometeram violações graves dos direitos humanos e crimes de

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guerra nos últimos 30 anos. A Lei foi aprovada em Março de 2007, mas só foi publicitada e promulgada no início de 2010.

Nove milhões de afegãos, mais de 30 por cento da população, viviam com menos de 25 dólares por mês e não conseguiam satisfazer as suas necessidades básicas. Segundo a UNICEF, a taxa de mortalidade materna do Afeganistão, de 1800 mulheres por 100 mil nascimentos, continuava a ser a segunda maior do mundo. Estimava-se que mais de meio milhão de mulheres afegãs morresse por ano durante ou após o parto.

Abusos cometidos por grupos armados

Os talibãs e outros grupos armados (alguns antigovernamentais e outros que apoiavam ostensivamente o governo) visaram, sequestraram, atacaram de forma indiscriminada e mataram ilegalmente civis, cometendo abusos dos direitos humanos e violações grosseiras da lei humanitária internacional. Segundo o ANSO, os Taliban e outros grupos armados antigovernamentais foram responsáveis por 2027 baixas, uma subida de mais de 25 por cento em relação a 2009. O número de civis assassinados ou executados por grupos armados aumentou mais de 95 por cento, incluindo execuções públicas de crianças. As vítimas eram acusadas de "apoiar" o governo ou "espiar" para as forças internacionais.

Ataques suicidas

 A 18 de Janeiro, bombistas suicidas e homens armados talibãs atacaram importantes edifícios governamentais, o Hotel Kabul Serena, um centro comercial e um cinema no centro de Cabul. Sete pessoas foram mortas, incluindo uma criança, e pelo menos 35 civis ficaram feridos.

 A 26 de Fevereiro, quatro bombistas suicidas atacaram uma casa de hóspedes na cidade de Cabul. Pelo menos 16 pessoas, na sua maioria pessoal médico estrangeiro, foram mortas e outras 50 ficaram feridas. Os talibãs reivindicaram a responsabilidade pelo ataque, mas o governo afegão responsabilizou o grupo armado paquistanês Lashkar-e Taiba.

 A 3 de Maio, bombistas suicidas e homens armados talibãs atacaram edifícios governamentais na província de Nimroz e mataram 13 pessoas, incluindo o deputado Gul Makai Osmani.

 A 9 de Junho, pelo menos 40 pessoas foram mortas e mais de 70 ficaram feridas quando um bombista suicida atacou um casamento na província de Kandahar, no sul do país. Entre os mortos havia 14 crianças.

Sequestros

 A 26 de Setembro, a trabalhadora humanitária escocesa Linda Norgrove e três colegas afegãos foram sequestrados pelos talibãs na província de Kunar, no leste do Afeganistão. Os três trabalhadores humanitários afegãos foram libertados a 3 de Outubro, mas Linda Norgrove foi aparentemente morta por elementos das Forças Especiais norte-americanas durante uma tentativa de resgate.

Homicídios dolosos

 A 8 de Junho, os talibãs enforcaram um rapaz de sete anos, acusado de espiar para as forças britânicas na província de Helmand, no sul do país.

 A 5 de Agosto, 10 membros da Missão de Assistência Internacional, uma organização humanitária, foram mortos na província de Badakhshan, no Sul, quando regressavam de uma missão médica. Tantos os talibãs como o grupo Hezb-e Islami reivindicaram o ataque e acusaram as vítimas de serem missionários.

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Violações cometidas pelas forças afegãs e internacionais

O ANSO informou que 401 civis foram mortos pelas forças de segurança internacionais e afegãs, uma descida de 14 por cento em relação a 2009. Os ataques aéreos continuaram a ser a táctica operacional mais mortífera, estando na origem de 31 por cento das mortes de civis atribuídas às forças de segurança internacionais e afegãs. Trinta e sete por cento das mortes ocorreram durante operações terrestres, incluindo raides nocturnos.

A Força Internacional de Assistência e Segurança (ISAF) emitiu em Março e Agosto directivas operacionais para reduzir o impacto dos combates sobre a população civil. A primeira procurou regular a forma como são conduzidos os ataques nocturnos e a segunda dizia respeito aos ataques aéreos e ao fogo indiscriminado contra complexos residenciais. Contudo, registou-se um aumento do número de ataques nocturnos, principalmente no leste e no sul do Afeganistão, os quais resultavam frequentemente em baixas civis.

 A 21 de Fevereiro, 27 civis foram mortos e outros 12 ficaram feridos junto à fronteira entre as províncias de Dai Kundi e Uruzgan, quando dois helicópteros militares norte-americanos dispararam contra vários veículos civis que se julgava erradamente transportarem rebeldes.

 A 23 de Julho, pelo menos 45 civis, incluindo crianças, foram mortos num ataque aéreo da NATO na província de Helmand.

 A 4 de Agosto, pelo menos 12 civis afegãos morreram durante um ataque nocturno de tropas norte-americanas que procuravam combatentes talibãs na província de Nangarhar.  A 11 de Agosto, três irmãos foram mortos durante um ataque nocturno de forças da NATO e dos EUA na província de Wardak. As mortes deram origem a um protesto antiamericano na região, no qual os habitantes disseram que os irmãos eram civis e não rebeldes.

Nem o poder judicial afegão nem os governos que fazem parte da ISAF demonstraram capacidade ou vontade para responsabilizar os militares envolvidos ou oferecer compensação às vítimas das violações cometidas pelas forças pró-governamentais.

Liberdade de expressão

Os jornalistas afegãos continuaram a informar de forma crítica sobre os acontecimentos, arriscando perseguições, violência e censura. As autoridades afegãs, especialmente o serviço de informações, a Directoria Nacional de Segurança (DNS), detiveram jornalistas de forma arbitrária. O Gabinete do Procurador-Geral encerrou ilegalmente estações de rádio e censurou outros órgãos de comunicação social. Uma das justificações mais comuns para aplicar este tipo de restrições era a vaga e mal definida acusação de serem anti-islâmicos. Os talibãs e outros grupos antigovernamentais continuaram a atacar jornalistas e bloquearam praticamente todas as tentativas de informar a partir das áreas sob o seu controlo.

 A 5 de Setembro, Sayed Hamed Noori, apresentador, jornalista e vice-presidente do Sindicato Nacional de Jornalistas do Afeganistão, foi assassinado em Cabul.

 A 18 de Setembro (dia das eleições), o director da Radio Kapisa FM, Hojatullah Mujadadi, foi detido pela DNS numa assembleia de voto na província de Kapisa. Alegou ter sido ameaçado pelo governador e por elementos da DNS por causa da sua cobertura independente da situação na província.

 O jornalista freelancer japonês Kosuke Tsuneoka foi sequestrado no final de Março durante uma reportagem numa região controlada pelos talibãs no norte do Afeganistão. Os

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seus captores entregaram-no à embaixada japonesa a 7 de Setembro. Após a sua libertação, Tsuneoka disse que os seus captores não eram rebeldes talibãs, mas "um grupo de facções armadas corruptas" com ligações ao governo afegão.

Liberdade religiosa

As pessoas que se converteram a outras religiões foram perseguidas pelo poder judicial afegão. Três afegãos que se converteram ao cristianismo foram detidos pela DNS. ONG de inspiração religiosa foram acusadas de proselitismo e obrigadas a suspender temporariamente as suas actividades.

 Em Outubro, Shoib Asadullah foi detido por se converter do islão ao cristianismo. Um tribunal de primeira instância da cidade de Mazar-e-Sharif, no Norte do país, ameaçou executá-lo por apostasia se recusasse renunciar à fé cristã.

Violência contra mulheres e raparigas

As mulheres e raparigas afegãs continuaram a enfrentar violência e discriminação endémicas no lar e na esfera pública. A Comissão Independente dos Direitos Humanos do Afeganistão registou 1891 casos de violência contra mulheres, mas o verdadeiro número podia ser superior.

 Em Março, Bibi Aysha, de 18 anos, sofreu a amputação do nariz e das orelhas pelo próprio marido na província de Uruzgan, no sul do Afeganistão, aparentemente por ordem de um comandante talibã que assumiu o papel de "juiz", pelo crime de fugir de casa de familiares abusadores.

 A 9 de Agosto, os Taliban mataram a tiro uma mulher na província de Badghis, depois de a terem forçado a abortar por suspeita de adultério.

 A 16 de Agosto, os talibãs apedrejaram um casal até à morte por alegado adultério e fuga no distrito de Imam Sahib, na província de Kunduz.

Mulheres e deputadas afegãs, incluindo candidatas presidenciais, foram atacadas pelos talibãs e outros grupos armados.

 Em Março, a deputada Fawzia Kofi foi ferida a tiro por atacantes não identificados quando viajava de Jalalabad para Cabul.

 Em Abril, Nadia Kayyani, conselheira provincial, ficou em estado crítico após ter sido alvejada a tiro por atacantes que seguiam num carro em Pul-e-Khumri, a capital da província de Baghlan, no norte do Afeganistão.

 Duas trabalhadoras humanitárias afegãs foram mortas em Helmand após regressarem do distrito de Garmseer, onde geriam um projecto destinado a melhorar a autonomia económica das mulheres. Ambas as mulheres foram obrigadas a sair do carro por um grupo de homens armados. Os seus corpos foram encontrados no dia seguinte junto ao centro distrital de Garmseer.

Refugiados e pessoas deslocadas internamente

O ACNUR informou que pelo menos 102 658 afegãos foram obrigados a fugir das suas casas em 2010 como resultado do conflito armado, elevando para 351 907 o número total de pessoas deslocadas internamente.

 Cerca de 26 mil pessoas foram deslocadas na província de Helmand entre Fevereiro e Maio, após o lançamento de uma grande operação militar da NATO contra grupos rebeldes no distrito de Marjah, província de Helmand.

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 Mais de 7 mil pessoas foram deslocadas dos distritos de Zhari e Arghandab, na província de Kandahar, após uma grande operação militar da NATO na região em Setembro. As partes em conflito não garantiram assistência humanitária adequada aos deslocados. Segundo o ACNUR, mais de 2,3 milhões de afegãos continuaram a viver no estrangeiro como refugiados, a maioria nos vizinhos Irão e Paquistão. Cada vez menos refugiados escolhiam regressar ao Afeganistão devido à crescente insegurança, deficientes infra-estruturas, poucas oportunidades de emprego e falta de serviços básicos, incluindo educação e saúde. A maior parte dos deslocados que viviam em acampamentos informais nas zonas urbanas também não tinham acesso a serviços básicos e corriam o risco de serem desalojados à força.

Justiça e forças de segurança

O sistema judicial formal continuava a ser inacessível para a maioria dos afegãos. A preocupação com a corrupção, ineficiência e custo elevado da Justiça levava muitas pessoas a recorrerem aos métodos tradicionais de resolução de disputas, bem como a procurarem "Justiça" nos tribunais talibãs, que funcionavam sem salvaguardas básicas de processo justo e estado de Direito, ditavam punições brutais e discriminavam as mulheres de forma rotineira.

O governo iniciou esforços para aumentar o número de polícias de 96 800 para 109 000 em 2010 e para melhorar a actuação da polícia ao nível distrital. Contudo, a polícia afegã enfrentou alegações generalizadas de envolvimento em actividades ilegais, incluindo contrabando, sequestros e extorsão nos postos de controlo.

Na ausência de um sistema judicial prático para lidar com o problema da falta de responsabilização das partes em conflito, a Amnistia Internacional exortou o governo afegão a pedir ao Tribunal Penal Internacional para investigar as alegações de crimes de guerra e crimes contra a Humanidade cometidos por todas as partes em conflito.

Pena de morte

Pelo menos 100 pessoas foram condenadas à morte, viram as suas sentenças confirmadas pelo Supremo Tribunal, e aguardavam que o presidente apreciasse os seus pedidos de clemência. A 24 de Outubro, Hamid Karzai ordenou que todos os casos de pessoas no corredor da morte fossem revistos pelo poder judicial.

Visitas/relatórios da Amnistia Internacional

 Delegados da Amnistia Internacional visitaram o Afeganistão em Fevereiro e Julho.

 Afeganistão: Os direitos humanos devem ser garantidos durante as conversações de reconciliação com os talibãs (ASA 11/003/2010)

 Carta aberta aos delegados da Conferência Internacional sobre o Afeganistão, Cabul, 20 de Julho de 2010 (ASA 11/009/2010)

 Civis afegãos em risco durante a ofensiva da NATO contra os Taliban, 17 de Fevereiro de 2010.

 Defensores dos direitos humanos das mulheres afegãs denunciam intimidação e ataques, 8 de Março de 2010  Fuga de informação sobre o Afeganistão expõe a incoerente política de baixas civis da NATO, 25 de Julho de 2010

Referências

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