Mulheres em situação de rua e uso
problemático de drogas:
Maternidade e (Des) Acolhimento
Institucional
NUDEM, NEIJ e NCDH
12/08/16
Direitos das Mulheres
-Anna Carolina CabralPsicóloga – Agente de Defensoria
Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (NUDEM)
Mulheres grávidas em situação de rua e fazendo uso
problemático de drogas
Quem são essas mulheres?
Imaginário x Pesquisas
Fogem do estereótipo da “boa mulher” (“Bela, recatada e do lar”)
Ofensa ao estereótipo do Ideal de Mãe (“escolhe droga ao filha/o”)
Estigma social bastante expressivo
Julgamento moral (“incapazes de cuidar”,“não faz pré natal”)
Não merecem consideração social
Caminho errado/desvirtuadas
Mulheres em sua maioria pretas ou pardas e pobres
Em exclusão social – à margem –
Em sofrimento mental
Sentimento de culpa/vergonha é constante (uso às escondidas)
Invisibilidade! (“Fui para a rua para me esconder!” “grávidas aparecem
do nada na maternidade”)
...
Mulheres grávidas em situação de rua e fazendo uso
problemático de drogas
Quem são essas mulheres?
Relato de educadora social
“Algumas querem sim fazer pré-natal, mas não
conseguem... Acompanhei uma mulher grávida em situação
de rua que faz uso muito abusivo de crack e após muita
insistência e negociação com traficantes para liberar a
mãe, ela aceita ir à UBS e sofre muita discriminação e
preconceito dos profissionais da saúde, isso quando
consegue ser atendida, mesmo com educadora ao lado. Não
fica quieta, não tomou banho... Ela não quis nunca mais
voltar... E quantas nem tem coragem de entrar, ficam só na
porta, espiando, muita vergonha e culpa, não querem que
Mulheres grávidas em situação de rua e fazendo uso
problemático de drogas
Quem são essas mulheres?
Maternidade e (Des) Acolhimento Institucional
x
Paternidade (?) invisível
E quem são esses homens?
são os agressores?
são os que somem?
são ausentes?
pouco aparecem nos estudos;
pouco procurados pelos serviços;
Mulheres grávidas em situação de rua e fazendo uso
problemático de drogas
Quem são essas mulheres?
Mulheres em situação de violênciaS
Violências nas ruas (atuais):
em vulnerabilidade e risco;
sofrendo violações s e assédios de várias ordens;
relações sexuais muitas vezes como moeda de troca para
acesso à proteção (violência x violênciaS), às drogas etc...
Violências pregressas?:
porque foram para as ruas? Fuga da violência doméstica, por
exemplo?
porque fazem uso abusivo de drogas? Alívio/fonte de prazer
numa realidade violenta e insuportável?
Mulheres grávidas em situação de rua e fazendo uso
problemático de drogas
Mulheres em situação de violênciaS
Violências institucionais:
São garantidas políticas públicas adequadas e eficazes?
•
de habitação e moradia?
•
de segurança e proteção?
•
de Saúde Mental e redução de danos?
•
de Saúde Sexual e prevenção à DSTs e gravidez?
•
de orientação sobre os Direitos das Mulheres?
...
Portanto, são mulheres que já sofreram, sofrem e sofrerão
ainda múltiplas violências...
Mulheres grávidas em situação de rua e fazendo uso
problemático de drogas
Mulheres em situação de violênciaS
Elas desejam, de fato, essas relações sexuais ou são relações
impostas/violências?
Elas desejam, de fato, essa gravidez?
Acesso real a políticas públicas de Saúde e Direitos sexuais e reprodutivos
garantidos?
Existe integração entre os serviços? Trabalho em rede? Acolhimento adequado? Trabalho fora da lógica ambulatorial?
Recebem orientação sobre o que fazer caso se envolvam em uma relação com
risco de DSTs e gravidez indesejada? E caso sejam vítimas de violência sexual?
Elas tem acesso à políticas públicas para abortamento legal?
Elas/nós temos direito sobre nosso próprio corpo? Aborto como tabu social...
Elas tem acesso à políticas públicas? (violências institucionais – ex.:
V.O.: desrespeito ao corpo e processos reprodutivos da mulher, pode
ocorrer no pré-parto, parto e no pós parto, podendo causar danos físicos,
psicológicos e sexuais)
NÃO
Abandono / Imposição da maternidade X
“Entrega protegida”: não é crime, é
amparada em leis, é estado
reconhecendo o desejo responsável e voluntário da mulher de não permanecer com a criança,
assegurando seus direitos sexuais e
reprodutivos, respeitando sua vontade
inclusive sobre a comunicação ou não à família extensa (Provimento da Corregedoria Geral de Justiça 48/2015 art. 2º). ECA e Marco Legal da 1ª Infância.
Entrega foi uma escolha de fato ou uma desistência por falta de apoio real?
SIM
Acolhimento conjunto é garantido? Rede de atendimento é integrada e
articulada?
Direitos mínimos garantidos?
...
É possível acolher sem ser acolhida?
As várias violências culminam em mais uma:Violência Institucional
-(Des)acolhimento da Maternidade
(trecho do filme Olga)
Mulheres em situação de rua e uso problemático de drogas
Maternidade como escolha
Mulheres em situação de rua e uso problemático de drogas
Maternidade como escolha
Sim
(Des) acolhimento Institucional da Maternidade
A mulher em situação de rua, que já sofreu e sofre
inúmeras violências e que deseja ficar com a/o bebê é
novamente punida com “acolhimento” da criança, sem
que tenham sido garantidos todos os seus direitos!
Violações de direitos humanos dessas mulheres e de
suas crianças recém-nascidas que são indevidamente
separadas, sem providências mínimas de saúde e
assistência social.
“Sabemos que não existem serviços e a rede não funciona,
então acolhemos RN imediatamente
” – fala de profissional da
Maternidade pública (angústia e impotência das/os profissionais
– número escasso, sem psicólogas, sem capacitação etc)
Mulheres em situação de rua e uso problemático de drogas
Maternidade como escolha
Sim
(Des) acolhimento Institucional da Maternidade
Protocolo não oficial para evitar vínculo e cenas dramáticas: não
podem ver bebê, não podem amamentar (não sentir...);
Pesadelos com bebês sem rosto;
Sem elaboração do luto: perda não assimilada, culpa;
Sem acolhimento e atendimento em seu processo psíquico.
Vazio do bebê roubado a ser preenchido por novo bebê...
Gravidezes de Repetição
X
Maternidade como oportunidade para resignifcar a vida e até
o uso abusivo de drogas (caso tenha apoio) ou reprodução
Mulheres em situação de rua e uso problemático de drogas
Redes de proteção
Rede de Proteção Especial – Alta Complexidade
Exigência de Atuação em REDE:
articulação intersetorial, entre ações de cada serviço ;
interação de seus agentes,
construção dialogada com a mulher, apoiando seu fortalecimento
e emancipação;
acompanhamento e cuidado integral do processo de cada
mulher...
X
Judicialização (resposta reducionista):
Da Maternidade direto para:
Vara de Infância e Juventude;
Acolhimento (bebês);
Mulheres em situação de rua e uso problemático de drogas
Redes de proteção
NOTA TÉCNICA CONJUNTA MS/MDS 01/2016
(maio/16)Assunto: Diretrizes, Fluxo e Fluxograma para a atenção integral às
mulheres e adolescentes em situação de rua e/ou usuárias de álcool e/ou
crack/outras drogas e seus filhos/as recém-nascidos.
A gestores(as) e profissionais de saúde e de assistência social do país; Mulheres, adolescentes e crianças como sujeitos de direitos;
Necessário lhes garantir, entre outros, os direitos à convivência familiar e ao
acesso a serviços públicos de qualidade, conforme suas demandas;
Abordagem multissetorial e interdisciplinar;
Ação integrada e articulada dos dois sistemas (SUS e do SUAS), bem como de outros atores dos Sistemas de Garantia de Direitos Humanos;
Aproximação a esse público, realizada especialmente no espaço da rua, definindo-se fluxos de referência e contra-referência, gestão integrada do cuidado;
Prática
de
comunicação imediata ao Poder Judiciário ocasionando decisõesprecipitadas quanto ao afastamento das crianças recém-nascidas de suas mães sem uma avaliação técnica de cada caso;
Mulheres em situação de rua e uso problemático de drogas
Redes de proteção
(...)
NOTA TÉCNICA CONJUNTA MS/MDS 01/2016
decisões imediatistas de afastamentos das crianças de suas mães, sem o devido
apoio e acompanhamento antes, durante e após o nascimento, bem como uma avaliação minuciosa de cada situação, violam direitos básicos, tais como a
autonomia das mulheres e a convivência familiar;
obrigação do Estado evitar qualquer violação de seus direitos;
a falta de recursos materiais, eventualmente demonstrada pela situação de rua, não
constituindo motivo em si para a separação familiar (ECA);
artigo 19 do ECA, que vinha sendo utilizado como base jurídica para o afastamento de mães que fazem uso de álcool e/ou crack/outras drogas de seus filhos sem avaliação
criteriosa de cada caso, foi modificado com a publicação do Marco Legal da Primeira Infância (Lei nº 13.257/2016);
adoção é medida excepcional, apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa;
poder público deve proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as
consequências do estado puerperal;
estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes são obrigados a manter alojamento
Mulheres em situação de rua e uso problemático de drogas
Redes de proteção
(...)
NOTA TÉCNICA CONJUNTA MS/MDS 01/2016
•
acolhimento: criteriosa avaliação, por equipe multidisciplinar, dos
riscos à criança e das condições da família para a superação das violações
e o provimento de proteção e cuidados, bem como os recursos e
potencialidades da família extensa e da rede social de apoio;
•
a decisão extremamente séria de retirar uma criança de sua família terá
repercussões profundas para a criança e família;
mesmo decidindo-se pelo afastamento, perseverar na atenção à família de
origem, superados os motivos que levaram ao acolhimento e promovida a
reintegração familiar, sempre que possível.
envio de relatório fundamentado ao Ministério Público, com descrição
pormenorizada das providências tomadas, estudo diagnóstico, caso a
caso;
necessidade de políticas preventivas que proporcionem a permanência
Mulheres em situação de rua e uso problemático de drogas
Redes de proteção
(...)
NOTA TÉCNICA CONJUNTA MS/MDS 01/2016
As mulheres e adolescentes em situação de rua encontram inúmeras
barreiras para acessar ações e serviços públicos: ausências de
informação, de documentação, de endereço convencional etc.;
No âmbito do SUS, a Estratégia Saúde da Família, os Consultórios na
Rua, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e os Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS) são estratégicos;
Brasil é signatário da Declaração e Plataforma de Ação da IV Conferência
Mundial Sobre a Mulher (Pequim, 1995), cujos objetivos estratégicos na
área da saúde englobam a promoção e proteção dos direitos das
mulheres e o acesso a serviços de atenção primária e atendimento à
saúde sexual e reprodutiva de qualidade;
Lei Federal n. 8.080/90 (SUS): saúde é um direito fundamental do ser
humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu
pleno exercício, proporcionando às mulheres serviços de atendimento
primário à saúde mais acessíveis, econômicos e de qualidade, inclusive
o atendimento à saúde sexual e reprodutiva que compreende serviços de
planificação familiar e informação a respeito, concedendo particular atenção
aos serviços de maternidade e obstetrícia de emergência;
Mulheres em situação de rua e uso problemático de drogas
Redes de proteção
(...)
NOTA TÉCNICA CONJUNTA MS/MDS 01/2016
No acompanhamento das mulheres e das adolescentes em situação
de rua e/ou com uso abusivo de uso de álcool e/ou crack/outras
drogas, é essencial garantir seus direitos sexuais e reprodutivos,
dentre os quais se destacam seu direito de decidir, de forma livre e
responsável, se quer ou não ter filhos, quantos filhos deseja ter e em
que momento de sua vida; direito de viver plenamente a sexualidade
sem medo, vergonha, culpa e falsas crenças, independentemente de
estado civil, idade ou condição física; e o direito de acesso a serviços
de saúde que garantam privacidade, sigilo e um atendimento de
qualidade, sem discriminação.
necessário que se promovam ações de planejamento sexual e
reprodutivo, por meio da disponibilização de orientações,
informações e métodos contraceptivos, respeitando sua
autonomia, e o direito de exercer a sexualidade e a reprodução
livre de discriminação, imposição e violência. Essas ações também
devem envolver o direito ao sexo seguro para prevenção da
gravidez e de infecções sexualmente transmissíveis (IST) e Aids,
assim como acesso a exames, testes rápidos, profilaxia pós-exposição
(PEP), diagnóstico e tratamento de IST/HIV/Aids em tempo oportuno.
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Redes de proteção
(...)
NOTA TÉCNICA CONJUNTA MS/MDS 01/2016
É fundamental a qualificação da proposição de políticas públicas que
contemplem as especificidades desse segmentos da população;
É necessário, ainda, que profissionais de saúde e de assistência social
prestem atendimento integral e humanizado à essa população;
Caso exista gravidez decorrente de violência sexual, orientá-las sobre o
direito à interrupção legal da gestação e a vinculação a ações e serviços de
saúde . Também deve atentar ao tempo particular que a mulher pode precisar
para relatar as vivências de violência e à importância do vínculo para a relação
terapêutica, respeitando seu tempo para tomar decisões sobre seu itinerário
terapêutico e para construir conjuntamente seu plano de cuidados, caso ela
queira;
Os profissionais precisam conhecer a rede intersetorial de seu município
para garantir o encaminhamento adequado para outros serviços das redes:
Serviços da Atenção Básica - Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF),
Ambulatórios Especializados, Policlínicas, Núcleos de Prevenção das Violências
e Promoção da Saúde, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Hospitais,
Centros de Referência Especializado para População em Situação de Rua
(Centro Pop), Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), Centros de
Referência Especializados em de Assistência Social (CREAS), Centro de
Referência de Atenção à Saúde da Mulher em Situação de Violência (CRAM),
Casa da Mulher Brasileira, entre outros.
Mulheres em situação de rua e uso problemático de drogas
Redes de proteção
(...)
NOTA TÉCNICA CONJUNTA MS/MDS 01/2016
•
continuidade da atenção à mulher no puerpério, as articulações
intersetoriais de acordo com suas demandas, por exemplo, o
acompanhamento por serviços;
é fundamental um direcionamento cauteloso de ações que
construam, conjuntamente com as mulheres, a oportunidade de
se desenvolver hábitos, modo e estilo de vida mais saudáveis;
Destaca-se que a eventual condição gestante ou nutriz não
enseja a flexibilização dos direitos, inclusive de autonomia e
liberdade. Assim, a não submissão de mulheres que exercem o
direito de escolher fazer uso de álcool e/ou crack/outras drogas, aos
cuidados em saúde, ainda que gestantes ou nutrizes, não pode
interferir no seu acesso com qualidade aos serviços de saúde e
assistência social, quando assim desejar;
Mulheres em situação de rua e uso problemático de drogas
Redes de proteção
(...)
NOTA TÉCNICA CONJUNTA MS/MDS 01/2016
garantir os direitos das mulheres de decidirem manterem ou não a
guarda da criança, não cabendo aos profissionais qualquer
julgamento, mas propiciar o apoio necessário para uma escolha
consciente, garantida a segurança e bem estar da criança, entendendo
que este é um momento crítico de suas vidas e uma situação que exige
um processo de amadurecimento da decisão.
ações em rede, de forma integrada e articulada, envolvendo vários
setores (saúde, assistência social, segurança pública, conselhos,
representações da população de rua, defensoria pública e outros),
orientados e sensibilizados para atuar sempre com base na garantia
dos direitos humanos de mulheres, adolescentes e crianças.
Caso seja identificada qualquer situação que vulnerabilize a mulher ou
a criança durante o pré-natal, o parto ou o puerpério, devem ser
acionados os órgãos responsáveis para assegurar a atenção à
gestante e sua rede de apoio, uma gravidez e um parto saudáveis,
evitando a necessidade de futuro rompimento do vínculo mãe e
filho(a) após o nascimento da criança
Mulheres em situação de rua e uso problemático de drogas
Redes de proteção
(...)
NOTA TÉCNICA CONJUNTA MS/MDS 01/2016
espaços de acolhida e escuta qualificada para as mulheres e
seus(suas) filhos(as) onde estes sejam cuidados nos momentos de
vulnerabilidade durante a gravidez e após a alta da maternidade.
Esses espaços não devem ser cerceadores de direitos ou
punitivos. Devem ser espaços que podem transitar entre a Saúde
e a Assistência Social, promovendo o cuidado compartilhado
da criança com a mulher, caso seja necessário, e assegurando
ações que garantam a proteção desses sujeitos, assim como a
possiblidade das mulheres vivenciarem outras formas de
sociabilidade, caso desejem.
Em relação aos serviços de acolhimento voltados para esse público,
destaca-se a necessidade de atuação conjunta da área de
assistência social, da área de saúde mental e de saúde da
mulher e da criança, tendo em vista a necessidade de se abordar
tanto a questão da exclusão social e defesa de direitos, como
as necessidades decorrentes do uso de álcool e/ou
crack/outras drogas, bem como a garantia da saúde tanto da
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Redes de proteção
(...)
NOTA TÉCNICA CONJUNTA MS/MDS 01/2016Fluxo de atenção à saúde das mulheres em situação de rua e/ou usuárias de álcool e/ou
crack/outras drogas e aos seus(suas) filhos(as) recém-nascidos(as):
Busca ativa e abordagem inicial: planejada e efetivada entre as áreas de Saúde e
Assistência Social uma ação de cuidado e proteção com mulheres em situação de
vulnerabilidade, avaliação multiprofissional e interinstitucional visando a integralidade
do cuidado;
Atenção às mulheres em situação de rua e/ou usuárias de álcool e/ou crack/
outras drogas: i. na saúde, a atenção deve ser realizada na unidade básica de saúde
e/ou no consultório na rua e deve garantir atenção integral às mulheres. Ressalta-se, ainda, que a ausência de documentos não deve representar uma barreira de acesso para o cuidado, sendo necessária a discussão e articulação intersetorial para favorecer que as pessoas acessem todos os seus direitos;
na assistência social, o atendimento deverá, preferencialmente, ter como
referência o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), e/ou o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP) com atenção às situações de vulnerabilidade, risco e exclusão social;
Gravidez / Pré-natal: deve-se considerar se esta gravidez é desejada ou indesejada
e respeitar o desejo de escolha e autonomia das mulheres. No caso de gravidez
indesejada, é importante identificar se esta resulta de violência sexual e garantir
amparo legal no caso de desejo de interrupção da mesma. O acompanhamento
Mulheres em situação de rua e uso problemático de drogas
Redes de proteção
(...)
NOTA TÉCNICA CONJUNTA MS/MDS 01/2016 Na impossibilidade da mãe prestar os cuidados necessários ao filho, ao passo
que esta mãe também deve receber atenção e ter acesso aos serviços e programas disponíveis, deve ser verificada a possibilidade desse cuidado ser prestado na família extensa com condições e desejo de prestar tais cuidados;
Quando se fizer necessário – nos casos em que houver avaliação técnica de que isso também representa o melhor interesse da criança - mãe e filho(a) podem ser
encaminhadas a um serviço de acolhimento do SUS ou do SUAS que acompanhe ou compartilhe temporariamente com a mãe o cuidado à criança;
Nos casos em que as necessidades de saúde decorrentes do uso de álcool e/ou
crack/outras drogas se mostrarem expressivas, a mulher deve ter garantido o direito
ao acesso ao CAPS ou aos dispositivos da Rede de Atenção Psicossocial
disponíveis no município. Após o desligamento da unidade de acolhimento do SUS,
deve-se avaliar as condições da mulher para cuidar da criança de forma autônoma ou com apoio da família extensa. Quando isso não for possível, mãe e bebê podem ser encaminhados a um serviço de acolhimento do SUAS para adultos e famílias, com
metodologia específica para o fortalecimento de vínculos e orientação quanto à prestação de cuidado e proteção à criança. É importante que tal serviço conte com
apoio da Rede de Atenção Psicossocial do SUS no acompanhamento à mãe; Nos casos em que as necessidades de saúde decorrentes do uso de álcool e/ou
crack/outras drogas se mostrarem secundárias, a mulher e seu filho podem ser
encaminhados diretamente ao serviço de acolhimento do SUAS, com acompanhamento da Rede de Atenção Psicossocial do SUS.
Mulheres em situação de rua e uso problemático de drogas
Redes de proteção
(...)
NOTA TÉCNICA CONJUNTA MS/MDS 01/2016
Em todos os casos, a UBS e/ou o consultório na rua devem
acompanhar o crescimento/desenvolvimento da criança por
meio de visitas institucionais ou domiciliares intensivas ou
consultas periódicas , mantendo contato permanente com os
serviços do SUAS que estiverem acompanhando a família.
Cabe ressaltar a necessidade de avaliação técnica multisetorial
prévia a qualquer decisão que implique medida de acolhimento,
suspensão ou destituição do poder familiar. Tal avaliação deve
ter por base um acompanhamento da família e a verificação da
possibilidade ou não da mãe e/ou do pai de prover os cuidados,
proteção e afeto que um recém-nascido necessita.
Mulheres em situação de rua e uso problemático de drogas
Redes de proteção
(...) NOTA TÉCNICA CONJUNTA MS/MDS 01/2016
Recomenda-se a leitura das seguintes publicações do Ministério da Saúde: Saúde da população em situação de rua: um direito humano (2014)
Manual sobre o cuidado à saúde junto a população em situação de rua (2012)
Linha de cuidado para a atenção integral à saúde de crianças, adolescentes e suas famílias em
situação de violências: orientação para gestores e profissionais de saúde (2010)
Aspectos Jurídicos do atendimento às vítimas de violência sexual: perguntas e respostas para
profissionais de saúde (2011)
Anticoncepção de emergência: perguntas e respostas para profissionais de saúde (2005)
Prevenção e tratamento dos agravos resultantes da violência sexual contra mulheres e adolescentes:
norma técnica (2012)
Caderno de Atenção Básica nº26 – Saúde Sexual e Reprodutiva (2010) Guia técnico – teste rápido de gravidez na atenção básica (2013)
Caderno de Atenção Básica nº32 – Atenção ao pré-natal de baixo risco (2012) Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher (2001)
Caderno HumanizaSUS v. 4 - Humanização do parto e do nascimento (2014)
Caderno de Atenção Básica nº33 - Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento (2012)
Guia Estratégico para o Cuidado de Pessoas com Necessidades Relacionadas ao Consumo de Álcool
e Outras Drogas: Guia AD” (2015)
Mulheres em situação de rua e uso problemático de drogas
Redes de proteção
(...)
NOTA TÉCNICA CONJUNTA MS/MDS 01/2016 Recomenda-se a leitura das seguintes publicações do Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome:
Inclusão das Pessoas em Situação de rua no cadastro único para Programas Sociais do Governo
Federal
Cartilha: SUAS um Direito de Todos
Perguntas e Respostas do Serviço de Abordagem Social
Perguntas e Respostas: Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS Perguntas e Respostas: Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua
(Centro POP)
Perguntas e Respostas: serviços de acolhimento para adultos e famílias
Orientações Técnicas: Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua
(Centro POP)
Orientações Técnicas: Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS Orientações Técnicas sobre o PAIF – Volume 1
Orientações Técnicas sobre o PAIF – Volume 2
Orientações Técnicas: Centro de Referência de Assistência Social – CRAS
Rua: Aprendendo a contar: Pesquisa Nacional sobre a População em Situação de Rua Tipificação Nacional de Serviços socioassistenciais (Resolução CNAS nº 109/2009)
Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes (Resolução Conjunta
CNAS/CONANDA nº 01/2009) http://mds.gov.br/Plone/central-de-conteudo/assistencia-social/publicacoes-assistencia-social/
Mulheres em situação de rua e uso problemático de drogas
Procedimentos Administrativos do NUDEM
PA 14_208 (3 volumes): Proposta 85 da IV Conferência
Estadual da DPE: “Garantir o acolhimento de mães em
situação de rua com seu filho recém nascido em
instituição adequada tendo em vista que a situação
socioeconômica, por si só, não exclui o exercício do poder
familiar e da guarda”. Algumas providências:
Ofício à SMADS solicitando informações sobre os equipamentos para
acolhimento de mulheres gestantes ou com recém-nascidos na cidade
de SP: Portaria SMADS 26/2010 –– Rede de Proteção Especial – Alta
Complexidade – Centro de Acolhida para Gestantes, Mães e Bebês –
Amparo Maternal - Abrangência Regional – 100 Vagas – Porta de entrada:
Mulheres em situação de rua e uso problemático de drogas
Procedimentos Administrativos do NUDEM
(...)
PA 14_208:
Atuação conjunta: NUDEM, NDH e NEIJ visando garantir a
existência de centros de acolhidas adequados e com vagas
fixas em número suficientes, buscando garantir manutenção de
vínculo entre mulher e filha/o, caso seja sua vontade.
Reuniões internúcleos; com SMS (projeto “De braços abertos”) ,
visitas
institucionais,
relatórios,
pareceres,
ofícios,
acompanhamento etc
Julho/16: proposta de criação de um fluxo adequado entre
Consultório de Rua, Equipamentos da Saúde, Centros de
Acolhida
e
Hospitais/Maternidades,
para
acolhimento
humanizado da mulher gestante ou com filhas/filhos recém-nascidos
em situação de rua/drogadição (integração do fluxo entre SMADS
Mulheres em situação de rua e uso problemático de drogas
Procedimentos Administrativos do NUDEM
PA 16/244: Proposta 84 da V Conferência Estadual da DPE:
“Pautar o tema do planejamento familiar, com atenção
especial
na
mulher
em
situação
de
risco
e
vulnerabilidade social, como mulheres em situação de rua,
intensificando as ações para garantia de seus direitos,
especialmente com relação a guarda de seus filhos e na
garantia de acolhimento conjunto e permanente de
ambos”: Defensora Claudia Aoun Tannuri – elaborando
parecer.
Mulheres em situação de rua e/ou uso problemático de drogas
-Maternidade e Acolhimento Institucional
EXPERIÊNCIAS DPESP
Reunir e divulgar experiências práticas (externas e
internas):
CAM Campinas;
CAM Jundiaí:
espaço compartilhado de acolhimento;
Rede intersetorial – 10 serviços que compõe a rede;
Comissão: 2 anos;
Discussão de 45 casos;
Convite à família;
Pratica para não judicializar e promover o cuidado.
CONTATOS
Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da
Mulher (NUDEM)
Defensoria Pública do Estado de São Paulo
End.: R. Boa Vista, 103 – Centro - São Paulo/SP
Tel.: (11) 3101-0155 Ramais 233 /238
Email:
nucleo.mulher@defensoria.sp.gov.br
Anna Carolina Cabral
Psicóloga - Agente de Defensoria
Referências
BRASIL. Presidência da República. Rede de Enfrentamento à Violência contra as
Mulheres. Brasília: Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2011. Disponível em
www.spm.gov.br - acessado em 20.04.2015
Mães abandonadas
INOJOSA, Rose Marie. Redes de Compromisso Social. Artigo publicado na RAP – Revista
de Administração Pública, Rio de Janeiro: FGV, set./outubro 1999.
MARTINHO, C. (2005). Redes e desenvolvimento local. Rede Brasil de Comunicação
Cidadã. Disponível em: www.apoema.com.br/textos1.doc- acessado em 03.05.2016
PEDUZZI M. Equipe multiprofissional de saúde: conceito e tipologia. Rev Saúde Pública,
São Paulo, v. 35, n. 1, p. 103-109, 2001.
SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS PARA MULHERES
https://sistema3.planalto.gov.br//spmu/atendimento/atendimento_mulher.php?uf=SP
Rede de Enfrentamento à Violência contra a Mulher
Conceitos
Política Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as
Mulheres/ 2011
Prevê
4 eixos (objetivos)
a serem efetivados pelas Redes de
Enfrentamento à Violência contra as Mulheres:
combate,
prevenção,
assistência e
garantia de direitos,
dando conta da complexidade do fenômeno da violência
contra as mulheres.
Mulheres em situação de rua e uso problemático de drogas
Redes de proteção -
Violência contra a Mulher
1.
Rede de enfrentamento:
atuação articulada entre as
instituições/serviços governamentais, não governamentais
e a comunidade, visando o desenvolvimento de
estratégias efetivas de prevenção e de políticas que
garantam o empoderamento das mulheres e seus direitos
humanos, a responsabilização dos agressores e a
assistência qualificada as mulheres em situação de
violência; (ex.: Rede Centro)
2.
Rede de atendimento:
conjunto de ações e serviços de
diferentes setores (da assistência social, da justiça, da
segurança pública, da saúde etc) que visam à ampliação e
à melhoria da qualidade do atendimento; à identificação
e ao encaminhamento adequado das mulheres em
situação de violência e à integralidade e humanização do
atendimento.
Rede de Enfrentamento
É a atuação articulada entre:
1) Instituições/serviços governamentais;
2) Instituições não governamentais (ONG’s, OS...);
3) Comunidade
Movimento da Sociedade Civil
Ex: Fórum de Mulheres
Rede de Atendimento Serviços Especializados
Ex: Centros de Referência, NPV, JVD etc.
Serviços Não-Especializados
Rede de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher
–
Experiências
–
Articulação das Redes em São Paulo – capital
1. REDE LESTE: a mais antiga da cidade, surgiu a partir do Seminário: “Construindo
Redes de Serviços para o Enfrentamento da Violência Contra a Mulher”, realizado em 2004 na OAB de Itaquera. Em agosto de 2005 houve o lançamento oficial da Rede, com o objetivo de combater a violência contra a mulher e promover campanhas de enfrentamento da violência de gênero.
2. REDE SUL: criada em 2010 com o objetivo de fazer com que os serviços da região se
conhecessem, criando um fluxo sem isolamentos. Aponta como desafios as mudanças de chefias dos serviços e o fato de alguns profissionais não estarem disponíveis.
3. REDE CENTRO: criada em maio de 2014, começou com a participação de cerca de 20
serviços, incluindo áreas da Saúde e da Assistência, e após um período de esvaziamento, voltou a se fortalecer trazendo para a pauta desafios comuns.
4. REDE OESTE: criada em 2015 após o V Grande Encontro das Redes de
Enfrentamento à Violência contra a Mulher de São Paulo, organiza-se de forma descentralizada, com reuniões periódicas sediadas a cada mês em um serviço/instituição.
5. REDE NORTE: criada em 2015 por iniciativa do poder judiciário, ainda está se
estruturando enquanto Rede descentralizada, não hierarquizada e sem porta de entrada definida.
Rede de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher
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Experiências
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Exemplos de atuações em Rede:
Elaboração de materiais informativos (impressos e/ou virtuais) como:
cartilhas, folders, guias de serviços para mulheres em situação de
violência (versão para mulheres e para profissionais);
Organização de eventos, como encontros intersetoriais, fóruns,
seminários, congressos, manifestações etc;
Estabelecimento de fluxos intersetoriais de encaminhamentos, de
acordo com demandas específicas (ex.: Violência Sexual, pedido de
Medida Protetiva sem necessidade de B.O.);
Produção de campanhas temáticas e elaboração de pesquisas,
manifestos, moções de repúdio, abaixo-assinados etc;