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PROPOSTA DE MELHORIAS PARA O ARRANJO FÍSICO DO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DO CAMPUS DE LONDRINA DA UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ (UTFPR)

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UNIVERSITÁRIO DO CAMPUS DE

LONDRINA DA UNIVERSIDADE

TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

(UTFPR)

Ingrid Rodrigues Nunes (UTFPR)

nunes.ingrid@outlook.com.br

Adilson Carlos Vieira Filho (UTFPR)

adilsoncvf@gmail.com

Ricardo Franco de Almeida Filho (UTFPR)

ricfil@alunos.utfpr.edu.br

Ivan Takeshi Oshita (UTFPR)

ivantakeshioshita@hotmail.com

Rafael Henrique Palma Lima (UTFPR)

rafaelhlima@utfpr.edu.br

A melhoria dos arranjos físicos é um tema essencial para empresas de manufatura e serviços, tendo forte impacto tanto em seus indicadores de desempenho operacionais como na satisfação dos clientes. Nos últimos anos, diversos trabalhos têm relatado a aplicação de técnicas de melhoria do arranjo físico em restaurantes universitários (RUs), devido ao aumento do número de cursos e alunos, o que causou o crescimento da demanda por refeições. Esse tem sido o caso do RU do Campus de Londrina da UTFPR, que para os próximos anos terá um

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2 significativo crescimento no número de alunos. Isso levou à realização de trabalhos que busquem melhorias no RU para adequá-lo à demanda futura e melhorar o conforto de seus usuários. Assim, o objetivo deste trabalho é relatar a aplicação de ferramentas de melhoria do arranjo físico ao RU e propor alterações com foco na otimização do fluxo dos usuários. Foram empregadas ferramentas gráficas como o mapofluxograma, assim como ferramentas quantitativas como a cronoanálise e a contagem de usuários em intervalos aleatórios. Como resultado, foi possível construir um fluxo contínuo e sem conflitos para o RU, por meio da relocação de algumas áreas internas e da determinação da quantidade ideal de lugares no restaurante.

Palavras-chave: Arranjo físico, restaurante universitário, melhoria do

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3 1. Introdução

A análise e melhoria do arranjo físico busca reposicionar instalações, máquinas e pessoas com a finalidade de melhorar o fluxo das operações, o que, por sua vez, afeta os custos e a eficiência global da empresa (SLACK; BRANDON-JONES; JOHSNTON, 2013). De acordo com Tompkins (2010), a realização de melhorias contínuas no arranjo físico de sistemas produtivos tem a capacidade de melhorar os indicadores de desempenho da organização. Isso tem estimulado empresas de diversos setores a investir na melhoria de seus layouts, em especial no setor de serviços, onde a reorganização do arranjo físico pode influenciar positivamente a satisfação dos clientes (KRAJEWSKI; RITZMAN; MALHORTA, 2010) A melhoria dos layouts tem sido um tema muito relevante em restaurantes universitários (RUs) devido à recente ampliação da oferta de cursos e à abertura de diversas novas universidades. O crescente número de cursos e alunos têm exercido pressão sobre a capacidade e qualidade do serviço prestado por tais restaurantes. Vários trabalhos, tais como Alves (2012), Medeiros et al. (2013), Azevedo et al. (2015), Soglia et al. (2015), têm aplicado ferramentas tradicionais associados ao projeto e melhoria de arranjos físicos e obtido resultados positivos.

O Campus de Londrina da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) teve suas atividades iniciadas em 2007 e atualmente encontra-se com três cursos em fase de implantação. Isso tem aumentado a quantidade de alunos na universidade e, por conseguinte, a demanda pelos serviços do RU. Por isso, a Direção do Campus buscou o Departamento de Engenharia de Produção da universidade para realizar trabalhos que propusessem melhorias para absorver o aumento de demanda esperado para os próximos anos.

Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é realizar um estudo aprofundado do arranjo físico atual do RU da UTFPR Londrina e propor mudanças com a finalidade de otimizar o fluxo de pessoas dentro do restaurante e aumentar o conforto para os usuários. Para isso, foram utilizadas ferramentas tradicionalmente empregadas na literatura sobre arranjo físico e

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4 coletados dados quantitativos relativos aos tempos e quantidade de usuários em cada etapa do RU.

O restante deste trabalho está organizado da seguinte maneira. A Seção 2 apresenta o referencial teórico, abordando os temas de arranjo físico e aplicações de ferramentas de melhoria de layout em restaurantes universitários. A Seção 3 descreve a metodologia do trabalho e a Seção 4 relata o estudo de caso realizado no RU da UTFPR Londrina. Finalmente, a Seção 5 apresenta as conclusões do trabalho.

2. Referencial teórico

2.1. Projeto e melhoria de arranjos físicos

Os termos “arranjo físico” ou “layout da fábrica” referem-se à disposição de todos os elementos presentes no ambiente onde ocorre o processo produtivo, assim como os relacionamentos dos elementos entre si e com o ambiente em geral. O estudo dos layouts não se restringe ao ambiente industrial, sendo relevante também no projeto de lojas de serviços, escritórios e residências. A melhoria de tais arranjos físicos pode ter vários objetivos, tais como aprimorar o processo de produção, melhorar a aparência do ambiente, agilizar o fluxo de materiais e informações ou facilitar a acessibilidade e maximizar a utilização do espaço disponível (AMBROSE, 2012).

Para compreender como os arranjos físicos podem ser aprimorados, é importante conhecer como funcionam os principais tipos de layout de sistema produtivos. Black (1998) apresenta uma classificação comumente usada na literatura, dividindo os layouts em cinco classes:

Layout funcional: os equipamentos são agrupados por função e têm funções genéricas, pelos quais passarão uma ampla variedade de produtos em pequenos lotes;  Layout em linha: neste arranjo, os lotes de produção tendem a ser maiores e os

equipamentos têm fins mais específicos, com baixa variedade de produtos. Este layout é caracterizado por elevado grau de mecanização e disponibilização dos equipamentos na ordem em que eles são necessários no processo produtivo;

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5  Layout de posição fixa: este caso é empregado quando o item a ser fabricado não pode ser movimentado, sendo os trabalhadores e máquinas dispostos no próprio local onde o trabalho será realizado;

Layout de células interligadas: este layout é caracterizado por uma série de células de produção interligadas. Tais células utilizam o sistema kanban para controle de estoque, troca de informações e coordenação da produção;

Processo contínuo: os equipamentos são voltados para a produção de um produto específico e arranjados exatamente na sequência do processo produtivo, com alto grau de mecanização e automatização. Exemplos comuns são as indústrias químicas e petroquímicas.

Uma das abordagens mais utilizadas para o projeto de arranjos físicos é o Planejamento Sistemático de Layout (PSL), desenvolvida por Muther e Wheeler (2008). O PSL utiliza uma série de ferramentas e procedimentos para mostrar a melhor forma de arranjar instalações, equipamentos e pessoal ao longo da fábrica. Durante a aplicação do PSL, os analistas precisam avaliar o fluxo de materiais, a inter-relação entre as atividades produtivas, as demandas e restrições de espaço, requisitos de proximidade e outras limitações práticas. Após a aplicação dessas ferramentas é possível propor alternativas de layout e avaliar seu desempenho com relação aos requisitos do projeto.

De acordo com Nunes et al. (2012), durante o processo de melhoria de arranjos físicos é comum empregar ferramentas gráficas, tais como fluxogramas e mapofluxogramas. O fluxograma enfatiza a ordem em que as atividades produtivas precisam ser realizadas, servindo como ponto de partida para decidir a localização de equipamentos e pessoas. Por outro lado, o mapofluxograma é construído em cima de uma representação gráfica de um layout existente ou proposto, ressaltando o fluxo físico de pessoas e materiais entre os departamentos, áreas ou equipamentos do chão de fábrica. Tal ferramenta é valiosa na identificação de áreas onde o fluxo se concentra ou se torna conflitante (BARNES, 1977).

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2.2. Melhorias do arranjo físico em R.U.

Conforme mencionado anteriormente, diversos RUs de universidades brasileiras estão passando por estudos de melhoria em seus arranjos físicos, portanto esta seção busca relatar alguns exemplos de trabalhos recentemente publicados na literatura científica sobre esse assunto. Por exemplo, Alves (2012) realizou um estudo de caso utilizando simulação discreta para avaliar a dinâmica operacional do restaurante universitário da UTFPR de Medianeira. O modelo de simulação desenvolvido permitiu avaliar o desempenho do restaurante em cenários distintos e permitiu a identificação de gargalos e áreas de melhoria.

Em outro trabalho, Azevedo et al. (2015) estudaram a dinâmica das filas do restaurante universitário da escola superior de tecnologia da Universidade Estadual do Amazonas (UEA). O trabalho se iniciou com a coleta de dados quantitativos e prosseguiu com a análise dos fatores que ocasionam congestionamento no fluxo de pessoas e a formação de filas no recinto. Como resultado, o trabalho propôs um novo arranjo físico visando a melhoria do serviço do restaurante, otimizando o fluxo de pessoas em seu interior.

O estudo de caso de Soglia et al. (2015) para otimização do arranjo físico do restaurante universitário da UESC foi motivado pela crescente demanda de usuários no RU e culminou na proposta de um novo arranjo físico para o restaurante da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). As principais ferramentas utilizadas pelos autores foram a observação do fluxo de pessoas e o registro em mapofluxogramas, auxiliado por cronometragens dos tempos gastos na fila e no buffet. Em outro trabalho Medeiros et al. (2013) utilizou-se da aplicação de técnicas de mapeamento de processos no restaurante universitário da UFRN para verificar seus pontos críticos e sugerir melhorias através da gestão de processos, visando uma maior satisfação dos usuários.

Ottoni (2015) aplicou a lógica fuzzy em seu estudo de caso no restaurante universitário do Centro de Tecnologia da UFRJ buscando lidar com a subjetividade e incerteza gerada pelos dados do layout. O autor propôs um novo algoritmo para melhoria de layout e fez uma aplicação no RU do Centro de Tecnologia da UFRJ, obtendo alternativas que puderam ser avaliadas por uma abordagem multicritério.

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7 Fernandes et al. (2015) realizou um estudo sobre as necessidades de melhoria de um RU não especificado e concluiu ser necessário classificar as sugestões de melhoria em melhorias imediatas, melhorias que exigem pouco ou nulo investimento por parte do restaurante universitário, como um melhor layout feito a partir dos objetos e espaço já existentes, e melhorias de grande impacto, melhorias que exigem maior investimento, porém também causam melhores resultados, como a ampliação do restaurante universitário.

3. Método de pesquisa

Este trabalho visa compreender e analisar profundamente o funcionamento de um restaurante universitário e propor melhorias para seu layout. Dessa maneira, esta pesquisa pode ser classificada como um estudo de caso, pois tem como o aprofundamento do conhecimento sobre um objeto de pesquisa bem definido (MARTINS, 2000). Para atingir os objetivos propostos, este trabalho foi dividido nas seguintes etapas:

Etapa 1 – Avaliação da situação atual: nesta etapa os pesquisadores observaram o funcionamento atual do restaurante e construíram um mapofluxograma com os principais fluxos dos usuários. Também foram entrevistados membros da Diretoria do Campus, assim como funcionários e usuários para identificar as principais reclamações resultantes do arranjo físico do RU;

Etapa 2 – Coleta de dados: para aprofundar o conhecimento do RU, uma série de dados quantitativos foram coletados, tais como os tempos gastos na fila, no buffet e nas mesas. Também foi realizado um estudo de cronoanálise das etapas do buffet e contagens da quantidade de usuários sentados às mesas ao longo do tempo;

Etapa 3 – Proposta de melhorias: os dados coletados na etapa anterior foram analisados e serviram como base para a proposição de melhorias. Ao final desta etapa, um mapofluxograma com a situação futura do RU foi formulado;

Etapa 4 – Apresentação das propostas: ao final do trabalho, as propostas foram documentadas em um relatório final e apresentadas à Diretoria do Campus.

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8 4. Pesquisa de campo

4.1 Análise da situação atual

A primeira etapa do trabalho consistiu em observar a situação atual do layout do restaurante universitário. Para isso, foi construído um mapofluxograma mostrando os principais fluxos de usuários no RU, que pode ser visto na Figura 1.

Figura 1 – Mapofluxograma da situação atual do RU

Fonte: Elaborado pelos autores

Como podemos ver na Figura 1, há três fluxos principais de pessoas dentro do RU. O primeiro (linha laranja) é o fluxo de pessoas que entram no restaurante, compram seus tickets, e em seguida saem do restaurante para entrar na fila do buffet, que fica do lado de fora. O segundo (linha verde) corresponde ao fluxo de pessoas que vão à lanchonete comprar salgados, lanches e bebidas e que, portanto, não vão passar pelo buffet mas ocuparão algum

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9 lugar nas mesas. Por fim, os alunos que vão se servir no buffet (linha azul) passam pelo buffet, ocupam uma mesa e posteriormente devolvem sua bandeja e deixam o restaurante.

O buffet é subdividido em 10 etapas, conforme mostra a Figura 2. Os usuários aguardam na fila até chegar à sua vez de ingressarem no buffet. A primeira etapa é a entrega do ticket e apresentação do cartão de identificação ao funcionário do RU. Após isso, o fluxo se divide por ambos os lados do buffet, onde todas as demais etapas são feitas no sistema de autosserviço. A única exceção é o serviço das “carnes”, que é realizado por um único funcionário do RU, que atende ambos os lados do buffet.

Figura 2 – Etapas do buffet

Fonte: Elaborado pelos autores

Ainda com relação à situação atual, foram levantadas as principais reclamações dos usuários feitas à Direção do Campus, que são:

Fluxos conflitantes dentro do RU das pessoas que estão na fila do buffet e dos usuários que desejam comprar tickets e lanches;

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 O espaço nas mesas é muito apertado, com muitas cadeiras vazias atrapalhando o fluxo de pessoas;

 Muitas pessoas usam o RU como área de estudo, mesmo durante os horários das refeições.

4.2 Coleta de dados

Em primeiro lugar foram coletados dados sobre a disponibilidade de mesas e cadeiras. Atualmente há 280 cadeiras e 56 mesas para que os clientes possam se sentar no RU, comportando tanto os consumidores da lanchonete como do buffet.

Foram coletados dados sobre o tempo médio que cada usuário permanece na fila de espera, o tempo para servir-se no buffet e o tempo de permanência na mesa. Para isso, foram utilizados cartões entregues aos usuários ao chegarem à fila, no qual era registrado o momento da chegada. Quando o usuário chegava ao buffet, o momento de chegada era anotado no cartão e o mesmo era feito quando o usuário saía do RU. Isso foi feito ao longo de três dias no horário do almoço, totalizando 203 observações. A Tabela 1 sintetiza os resultados.

Tabela 1 – Tempos gastos nas etapas do RU Indicador Tempo na Fila

(minutos) Tempo no Buffet (minutos) Tempo na mesa (minutos) Média 4,701 4,349 23,088 Mediana 3,630 4,228 21,885 Quartil 1 1,250 3,535 17,274 Quartil 3 7,670 4,973 27,285 Desvio Padrão 4,032 1,299 8,703 Máximo 17,76 9,4 54,162 Mínimo 0 1,18 4,2 IC Inf (95%) 4,146 4,166 21,870 IC Sup (95%) 5,256 4,531 24,307

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11 Os dados da Tabela 1 mostram que os alunos ficam em média 4,7 minutos na fila de espera, demoram 4,35 minutos para servir-se no buffet e permanecem 23,088 minutos sentados à mesa.

Para detalhar os tempos gastos no buffet, foi empregada a técnica de cronoanálise para medir quanto tempo é gasto por cada usuário em cada uma de suas etapas. A Tabela 2 mostra os tempos médios gastos em cada etapa, considerando apenas o tempo de ação, excluindo os tempos de movimentação ou espera pela liberação da etapa seguinte.

Tabela 2 – Tempos gastos em cada etapa do buffet

Etapa Tempo Médio Estações Capacidade por minuto Ticket e Cartão 3,41 1 17,57 Bandeja e Talheres 17,18 4 13,96 Pegar prato 3,74 2 32,04 Salada 1 8,83 2 13,58 Salada 2 7,14 2 16,80 Arroz 10,61 2 11,32 Feijão 8,15 2 14,72 Guarnição 8,68 2 13,82 Carnes 8,07 1 7,43 Salada 16,10 3 11,18

Fonte: Elaborado pelos autores

Conforme mostra a Tabela 2, se somarmos a coluna “Tempo Médio” concluiremos que o tempo de ação total é de 92 segundos. Se considerarmos um tempo de movimentação de 3 segundos entre cada etapa, o tempo total sem considerar as esperas seria de 92 + 27 = 119 segundos. Ao compararmos esse tempo com o tempo médio no buffet registrado na Tabela 1, vemos que há uma ociosidade média de 54,4%. Isso significa que os usuários gastam 45,6% do tempo servindo-se e movimentando-se e 54,4% do tempo esperando pela liberação das etapas seguintes.

Na Tabela 2 as etapas “Ticket e Carão” e “Carnes” possuem apenas 1 servidor para atender ambos os lados do buffet. As demais etapas ocorrem no regime de autosserviço e, por isso, podem atender ao mesmo tempo 2 usuários. As exceções são a “Salada”, que é feita em uma

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12 mesa separada após o final do buffet onde cabem 3 usuários ao mesmo tempo, e as “Bandejas e Talheres”, onde há espaço suficiente para 4 usuários. Os tempos médio de ação foram usados para determinar a capacidade máxima de cada etapa, o que mostra que o gargalo do

buffet é o tempo gasto para servir “Carnes”. Por isso, é possível concluir que a taxa de saída

de usuários do buffet gira em torno de 7 por minuto, sendo essa a taxa de ocupação de lugares nas mesas.

Para avaliar a situação do excesso de cadeiras espalhadas pelo RU, foram coletados dados relativos à quantidade de cadeiras efetivamente ocupadas ao longo do tempo. Isso foi feito por meio da contagem do número de usuários sentados em intervalos aleatórios em três dias diferentes. A Figura 3 mostra a ocupação de cadeiras ao longo do tempo nos três dias.

Figura 3 – Quantidade de cadeiras ocupadas ao longo do tempo

Fonte: Elaborado pelos autores

Com base nos dados da Figura 3, é possível notar que a quantidade máxima observada de usuários sentados no RU foi 122, confirmando a suposição de que há um excesso de cadeiras.

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13 As melhorias propostas para o RU tiveram como foco principal reorganização do fluxo de usuários para eliminar conflitos, liberando espaço para circulação e acomodação dos clientes. Nesse sentido, a principal proposta de melhoria é a retirada da lanchonete e da venda de

tickets de dentro do RU, o que eliminaria o fluxo de usuários que não estão no RU para sua

finalidade principal, que são as refeições servidas no buffet. Com isso, uma nova lanchonete seria construída do lado de fora do restaurante, onde também ocorreria a venda de tickets. Contudo, essa modificação não seria suficiente para resolver o problema dos fluxos conflitantes, pois observando a “linha azul” da Figura 1, vemos que a devolução de bandejas ainda cruza com os clientes que estão deixando o buffet. Portanto, uma outra melhoria necessária seria a relocação das áreas do RU, conforme mostra a Figura 4.

Figura 4 – Novo layout proposto para o RU

Fonte: Elaborado pelos autores

A solução proposta na Figura 4 requer outras modificações no RU. Em primeiro lugar, a uma nova saída deveria ser aberta do lado oposto à entrada atual, para que o fluxo siga um sentido

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14 único. Além disso, o buffet poderia ser colocado onde atualmente se encontra a lanchonete e as mesas redistribuídas pelo restaurante com maior espaço entre elas. Além disso, recomenda-se o uso de catracas eletrônicas no RU, o que eliminaria a etapa dos tickets no início do buffet e garantiria que apenas usuários que irão consumir refeições entrem no restaurante.

Outra modificação importante diz respeito à quantidade de mesas disponíveis. Conforme mostrado na Figura 3, no máximo foram observados 122 clientes dentro do RU. Logo, as 280 cadeiras disponíveis atualmente são uma quantidade demasiada, sendo possível reduzi-las para algo em torno de 160 cadeiras, deixando certa folga de lugares para os usuários. Futuramente, o restaurante poderia modificar o tipo de mesa utilizado em suas instalações. As mesas e cadeiras usadas atualmente são soltas, permitindo que os alunos as arrastem pelo RU prejudicando o fluxo de pessoas. Recomenda-se o uso de mesas e cadeiras fixas ao chão, conforme mostra a Figura 5.

Figura 5 – Comparação entre as mesas atuais e o modelo proposto com mesas fixas Situação Atual (mesas soltas) Recomendação (mesas fixas)

Fonte: Elaborado pelos autores

Outras modificações podem ser ressaltadas na Figura 4. Em primeiro lugar, recomenda-se que a fila do buffet seja organizada usando separadores de fila, como o mostrado na Figura 6. Além disso, a devolução de bandejas e o descarte de resíduos foram reposicionados para um local próximo à nova porta de saída do RU, o que evitaria o cruzamento dos percursos ao final da refeição. A Figura 6 também mostra um dispositivo que poderia ser empregado para

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15 facilitar o descarte de resíduos, no qual o aluno pode apoiar sua bandeja, separar os resíduos e posteriormente devolver a bandeja no local apropriado.

Figura 6 – Separadores de fila e dispositivo para descarte de resíduos

Separador de Filas Descarte de Resíduos

Fonte: Elaborado pelos autores

Vale ressaltar que as mudanças propostas focaram apenas a otimização do fluxo e o conforto dos usuários no restaurante. Caso a Diretoria do Campus deseje reduzir o tamanho das filas, será necessário melhorar a taxa de atendimento dos buffets. Isso pode ser feito acrescentando um novo funcionário para servir carnes, dobrando a capacidade dessa etapa do buffet e eliminando esse gargalo. No entanto, isso não dobraria a capacidade do buffet, pois como há uma alta variabilidade no tempo de serviço dos usuários em cada etapa, ocorreria uma espécie de “efeito chicote” o que deixaria esse funcionário adicional ocioso por algum tempo. Por exemplo, se um usuário demorar muito na etapa da “guarnição”, o funcionário precisará esperar que ele termine seu autosserviço, ficando, portanto, ocioso. Para eliminar esse efeito chicote, a solução definitiva seria a adição de um novo buffet, o que dobraria a taxa de entrada de usuários. Esse novo buffet precisaria estar em operação apenas durante o horário de pico, que ocorre entre as 11h30 e 12h30. Contudo, se a taxa de entrada de usuários dobrar, a quantidade de lugares disponíveis no RU deverá ser redimensionada para um valor em torno de 260 a 320.

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16 Este trabalho estudou o arranjo físico atual do RU da UTFPR, campus Londrina, e propôs uma série de melhorias com o objetivo de melhorar o fluxo e o conforto de seus usuários. Tais melhorias se basearam principalmente na avaliação do mapofluxograma atual do RU, na coleta de dados quantitativos in loco e nas observações feitas pelos pesquisadores ao longo do trabalho.

Pode-se concluir que uma das principais razões dos fluxos conflitantes no restaurante é a existência da lanchonete e da venda de tickets do lado de dentro do RU, o que gera três tipos de fluxos distintos. Por essa razão, a principal recomendação é a relocação da cantina para uma nova área fora do RU, onde também poderia ser feita a venda de tickets. Após essa mudança, seria possível abrir a nova saída do lado oposto e reposicionar as demais áreas do RU conforme a Figura 3, tornando o fluxo mais contínuo. Dessa forma, o RU teria como foco apenas os usuários que desejam consumir as refeições servidas no buffet.

Os dados quantitativos coletados foram de grande valia na formulação das recomendações de melhoria. Por exemplo, o uso de cronoanálise para medir os tempos de ação nas etapas do buffet permitiram identificar que a “carne” era o gargalo e ditava a taxa de atendimento do buffet. Adicionalmente, a contagem de usuários sentados em intervalos aleatórios permitiu estimar com maior precisão a quantidade de lugares efetivamente necessários no RU. Esses dados demonstraram que é possível retirar mais de 100 cadeiras e descongestionar o fluxo de pessoas dentro do restaurante.

As propostas de melhoria foram apresentadas à Diretoria do Campus, que se comprometeu a executá-las gradativamente, na medida em que houverem recursos disponíveis. Algumas ações são mais simples, tais como a retirada de cadeiras e mesas e o reposicionamento de mesas e buffet. Por outro lado, a retirada da cantina, a abertura da nova porta de saída e a relocação da área de entrega de bandejas requerem a execução de obras civis, o que por sua vez demanda investimentos financeiros de maior porte.

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17 ALVES, R. Simulação da dinâmica operacional de um restaurante universitário de pequeno porte: um

estudo de caso. Dissertação de Mestrado: Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2012.

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18 SLACK, N.; BRANDON-JONES, A.; JOHNSTON, R. Operations management. London: Pearson, 2013.

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Referências

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