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Academic year: 2021

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XI Salão de Iniciação Científica

PUCRS

Relações de Trabalho estabelecidas dentro do Grupo Gerdau no período de 1942-1945.

Tatiane Bartmann, Luciano Aronne de Abreu (orientador)

Faculdade de História, PUCRS.

Resumo

A presente pesquisa tenciona estudar as relações de trabalho estabelecidas no interior do grupo Gerdau, considerando o modo de organização da empresa e suas possíveis relações com os valores trazidos por um imigrante alemão cujo objetivo é aventurar-se no mundo dos negócios. Possivelmente as políticas autoritárias do período do Estado Novo juntamente com os valores germânicos ligados a disciplina, influenciaram no andamento da Gerdau. Norbert Elias refere-se ao “ethos Guilhermino”, este conceito demonstra as origens do espírito guerreiro e aburguesado que, segundo ele, estão presentes na sociedade germânica e as quais possuem expressão nas relações entre patrão e trabalhador. É importante para este trabalho analisar em que medida o fator étnico influenciou o desenvolvimento industrial do Rio Grande do Sul para se compreender melhor como se deu a industrialização do estado sul-riograndense.

Introdução

O papel do setor exportador nas economias periféricas em comparação com os paises desenvolvidos difere pelo caráter de dependência existente na função de produção. Segundo Maria da Conceição Tavares (dentre outros importantes pesquisadores sobre a economia dos países periféricos) a intenção produtiva dos países subdesenvolvidos como o Brasil era a monocultura em larga escala para a exportação, não havia a preocupação com a criação de um mercado interno que trouxesse maior estabilidade para a economia brasileira. Assim, o desenvolvimento econômico do

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Obedecendo aos percalços externos como, por exemplo, a Primeira Guerra Mundial, a Crise de 29 e a Segunda Grande Guerra, o Brasil vai sofrendo interferências significativas em sua produtividade de maneira não linear. Se por um lado, guerras externas atuam como barreira protecionista para o mercado nacional fazendo com que a produtividade, que anteriormente era ociosa, volte suas atenções ao mercado interno, por outro lado, prejudica a capacidade de importar bens de capital para a expansão industrial.

O setor da economia brasileira de maior relevância produtiva voltada “para fora”, no final do século XIX e início do XX, é o setor cafeeiro cuja capacidade de acumulação de capital supera outros setores da economia. Uma maneira de entender a industrialização do Brasil é considerá-la resultante da acumulação de capital da cafeicultura que permitiu a inversão em capital industrial. É assim que Wilson Cano explica a formação do centro dinâmico industrial no estado de São Paulo. É em São Paulo que a imigração atua a fim de suprimir a necessidade de mão-de-obra negra, ajudando, assim, a superar a estrutura arcaica do escravismo que impede estruturas de desenvolvimento mais dinâmicas. Para mudar a visão preconceituosa que se tinha do trabalho, principalmente do esforço físico, a imigração foi adotada.

Os imigrantes destinados aos núcleos cafeicultores diferem daqueles colonos chegados ao Rio Grande do Sul com objetivos de ocupação territorial e valorização da terra, visto que, muitos lotes cedidos aos colonos necessitavam desmatamento para que depois, pudessem servir ao cultivo da terra. Os primeiros alemães aqui chegados estavam envolvidos com o processo produtivo colonial e contribuíram para a denominação do Rio Grande do Sul como “Celeiro do Brasil”. Analisando essa forma de referir-se ao estado, nota-se a principal característica da economia sul-riograndense: economia que visa abastecer o mercado interno da cafeicultura a fim de baixar o custo de produção do café. É como fornecedor de gêneros alimentícios indispensáveis que o Rio Grande do Sul impõe-se no mercado nacional e internacional.

A pecuária foi, durante longo período, o setor mais próspero da economia sul-riograndense, mas, conforme explica Pesavento, a forma de organização pecuarista não permitia que este setor dinamizasse o estado para o desenvolvimento capitalista.

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Dentre alguns fatores, levantados pela autora, para a ineficácia em criar condições para o desenvolvimento capitalista, encontra-se a questão das grandes extensões de terras para a produção de gado e o baixo emprego de mão-de-obra e distribuição de salários, pois não eram necessários muitos empregados para tomar conta da lida no campo. Assim, percebe-se que a pecuária não cria um mercado consumidor, ou seja, pessoas com capacidade aquisitiva, questão importante para o desenvolvimento industrial.

Sendo assim, não é da pecuária que sairá o capital necessário para investimentos industriais. O Rio Grande do Sul não possui um desenvolvimento industrial semelhante ao desenvolvimento do centro econômico do país, visto que, não ocorreu a transferência de capital da pecuária, produção de maior relevância até a terceira década do século XX. Por outro lado, o capital individual atua para a formação capitalista de desenvolvimento.

Neste contexto, o fluxo de imigrantes não cessa e dentre as levas de alemães que chegam a região sul do Estado, encontra-se Johannes Heinrich Kaspar Gerdau emigrante do Porto de Hamburgo (1869), fixa-se na Colônia de Santo Ângelo. Trazendo consigo a visão de negócios empresariais existente em um país que estava muito a frente do desenvolvimento econômico industrial do Brasil, ele envolve-se no comércio e no loteamento de terras. O espírito empreendedor e a disciplina para lidar com os negócios é característica de muitos imigrantes alemães que se instalaram no Rio Grande do Sul e que encontram neste lugar, condições de crescer e prosperar em investimentos industriais.

Analisando alguns aspectos cotidianos estabelecidos dentro do grupo Gerdau, como por exemplo, almoços promovidos pra todos trabalhadores os quais também possuem descendência germânica, percebe-se o espírito de comunidade da empresa. Há certa condescendência entre aqueles que possuem um passado comum, uma origem semelhante. Devido a carência de recursos do estado, é necessário que imigrantes investidores que compartilham o mesmo intuito de desenvolvimento empresarial, unam-se pela causa.

Dentre alguns aspectos que foram importantes a prosperidade da empresa Gerdau, está o rigor moral e a severa disciplina característica germânica que remete ao

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“ethos Guilhermino” (conceito criado por Norbert Elias), trata-se de uma expressão que demonstra as origens do espírito guerreiro e aburguesado que está presente na sociedade germânica e que se expressa nas relações entre patrão e trabalhador. Considera-se esta explicação válida para entender também atitudes como, por exemplo, atender sempre ao horário corretamente, não se atrasar em hipótese alguma, características relacionadas popularmente com valores herdados da moral germânica.

Metodologia

Primeiramente realiza-se uma revisão historiográfica a fim de verificar o que já existe de obras escritas sobre o tema que objetivo estudar. Partindo para a coleta destes dados, verifica-se a possibilidade de execução e a originalidade do trabalho a desenvolver.

No presente momento da pesquisa, trabalha-se com a bibliografia selecionada a fim de entender o processo de industrialização do Rio Grande do Sul, bem como, encontrar possíveis relações desse desenvolvimento industrial com a imigração alemã no estado.

É neste ponto do trabalho que se organizam os levantamentos de fontes primárias como, por exemplo, regimentos de trabalho da empresa Gerdau. Realizam-se contatos com o arquivo da Gerdau, situado na Avenida Farrapos, com o objetivo de buscar fontes empíricas que demonstrem as condições da empresa e do trabalhador no período de 1942-1945.

Na seqüência da pesquisa serão analisados os dados a fim de visualizar a relevância destes para a resolução da problemática proposta. Só então parte-se para a redação do trabalho.

Assim, penso não esgotar o tema trabalhado, mas, contemplar o estudo sobre a industrialização do Rio Grande do Sul sempre tendo em vista o caso de uma grande empresa que prosperou.

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Resultados (ou Resultados e Discussão)

Tendo a pesquisa em andamento, os resultados não são conclusivos e não arrisco a exposição dos mesmos.

Conclusão

Percebe-se a peculiaridade da industrialização do Rio Grande do Sul com relação ao centro do Estado (RJ, SP), bem como, a contribuição fundamental do empresariado imigrante para organizações mais dinâmicas do sul do país. No entanto, há a necessidade de muita pesquisa para que possamos responder com segurança se, de fato, existe a atuação dos valores e do rigor disciplinar dentro da empresa Gerdau e se estes valores influenciam no progresso da empresa. Assim, acredita-se que este trabalho permitirá o melhor entendimento sobre a industrialização do Rio Grande do Sul efetuada pela iniciativa imigrante alemã.

Referências

CHAMA empreendedora: a história e a cultura do Grupo Gerdau : 1901-2001. São Paulo : Prêmio, 2001. 271 p.

CORSI, Francisco Luiz. Estado Novo: política externa e projeto nacional. São Paulo: Unesp, 2000.

D’ARAÚJO, Maria Celina. “Estado, classe trabalhadora e políticas sociais”. In: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. O Brasil Republicano 2. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

ELIAS, Norbert. “Sobre o ethos da burguesia guilhermina”. In: ELIAS, Norbert. Os Alemães: A luta pelo poder e a evolução do habitus nos séculos XIX e XX. Rio de Janeiro: Zahar, 1997. FORTES, Alexandre. Nós do quarto distrito: a classe trabalhadora porto-alegrense e a era

Vargas. Caxias do Sul: Garamond, 2004. 459 p. (Coleção ANPUHRS)

PESAVENTO, Sandra Jatahy. RS: A economia e o poder nos anos 30. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1980. 190 p.

RONALDO, Herrlein Júnior. Rio Grande do Sul, 1889-1930: um outro capitalismo no Brasil

meridional?Campinas: UNICAMP, 2000. 168 p. Tese (Doutorado) – Programa de Pós

Referências

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