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A Política Nacional Indigenista e Território dos Akwẽ -Xerente

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25 a 28 de novembro de 2014 – Câmpus de Palmas

A Política Nacional Indigenista e Território dos Akwẽ -Xerente

Lilian Morais Oliveira Acadêmica do curso de Serviço Social do Câmpus Universitário de Miracema/UFT lilian-oliveira89@hotmail.com Layanna Giordana Bernardo Lima Doutoranda em Geografia Humana da Universidade de São Paulo – USP e professora da Universidade

Federal do Tocantins – UFT/Câmpus de Miracema - TO layanna@uft.edu.br RESUMO

O presente artigo faz parte de uma etapa da pesquisa do PIVIC, orientado pela profª Layanna Giordana B. Lima, que tem como objetivo principal analisar as relações sociais e econômicas dos Akwẽ -Xerente do estado do Tocantins. Para este estudo fez se necessário iniciarmos uma pesquisa bibliográfica a respeito da Política Nacional Indigenista no território dos Akwẽ -Xerente. Das leituras já realizadas para a compreensão da realidade vivida no passado e atualmente por essa etnia, podemos visualizar o panorama das contradições das relações sociais, econômicas, ambientais e culturais em que envolvem os Akwẽ -Xerente.

Palavras – Chave: Política Indigenista; Relações sociais; Território Relações Econômicas; Akwẽ -Xerente .

INTRODUÇÃO

Este estudo é uma etapa de revisão bibliográfica a respeito da Política Indigenista no Brasil e no território dos Akwẽ -Xerente. As fontes pesquisadas foram livros, artigos, dissertações dentre outros. Desde o início das leituras começamos a compreender que a realidade vivida no passado e atualmente por essa etnia, traz um panorama de contradições das relações sociais, econômicas, ambientais e culturais vivido por eles mediado pela interação nem sempre pacifica, e não tão pouco honesta com os não - índios.

MATERIAL E MÉTODOS

A revisão bibliográfica a respeito da Política Indigenista no Brasil e no

território dos Akwẽ -Xerente foi construída a partir das fontes: livros, artigos, dissertações

dentre outros. Desde o início das leituras começamos a compreender que a realidade vivida no passado e atualmente por essa etnia, traz um panorama de contradições das relações sociais, econômicas, ambientais e culturais vivido por eles mediado pela interação nem sempre pacifica, e não tão pouco honesta com os não - índios.

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25 a 28 de novembro de 2014 – Câmpus de Palmas RESULTADOS E DISCUSSÃO

O contato com o não – índio desde descobrimento nunca foi fácil, sempre os registros históricos marcam conflitos e desrespeitos aos povos indígenas. De acordo com Ribeiro (2006, p.38), os índios interpretaram a chegada dos europeus com uma visão mítica de que eram pessoas enviadas pelo deus sol – criador - Maíra – que vinham milagrosamente sobre as ondas do mar. Dessa forma ficaram pensando no mistério da chegada dessas pessoas diferentes, que poderiam ser ferozes ou pacíficos, espoliadores ou doadores. Ingenuamente deduziram que fossem pessoas generosas, tendo como base a sua realidade social, onde em seu mundo o mais belo era dar do que receber.

A política de aldeamentos teve início na região Centro Oeste do Brasil durante o século XVIII e surgiu em decorrência do fato de que a guerra ofensiva contra os índios não estava produzindo os efeitos desejados. A coroa portuguesa regulamentou esses aldeamentos, determinando que estes fossem incialmente sustentados com recursos reais e, posteriormente, se tornariam autossuficientes (Chaim 1983, p.102). Essa política permaneceu no século XIX com a construção dos Presídios Militares, com o intuito de garantir a navegação no rio Araguaia.

A resistência indígena persistia, com ataques aos presídios militares e às vilas de não-índios. Por isso, novas tentativas de aldeamentos dos Akwẽ -Xerente foram levados a cabo por padres capuchinhos, contando com o apoio de intervenções punitivas das forças militares do Governo. O século XX foi marcado pela difícil sobrevivência dos Akwẽ -Xerente, devido os conflitos existentes entre os indígenas e os fazendeiros que foram invadindo o pouco que restava de seu vasto território de ocupação tradicional. O SPI só instalou dois postos de assistência durante a década de 1940, principalmente após relatórios do etnólogo Curt Nimuendajú, que denunciavam as péssimas condições de vida dos Akwẽ -Xerente.

A partir de 1980, o processo decisório de delimitação das terras indígenas começou a extrapolar a FUNAI, julgada por vulnerável às pressões políticas dos índios e indigenistas (Oliveira Filho & Almeida 1989: 49-50), e passou, em 1983, para um grupo de trabalho interministerial (GTI) dominado pelos Ministérios do Interior (MINTER) e de Assuntos Fundiários (MEAF) - este último dirigido pelo Secretário-Geral do Conselho de Segurança Nacional (CSN). Este GTI foi instituído com a

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recomendação explícita de levar em conta os empreendimentos econômicos de terceiros já existentes nas terras indígenas no processo de sua delimitação (Carneiro da Cunha 1984). Abriu-se, também a autorização para mineração em terra indígena (CPI/SP 1985).

Todavia, a mobilização popular, que viabilizou o fim dos governos militares em 1984, neutralizou o impacto imediato destas medidas e o MEAF foi substituído, no governo da “Nova República”, pelo Ministério da Reforma e Desenvolvimento Agrário (MIRAD), ocupado por civis. Nesse período, deu-se um breve refluxo da intervenção pública dos militares na questão indígena. No entanto, a tutela militar sobre esta questão continuou a manifestar-se, ainda que discretamente, num processo de quase paralisação dos trabalhos do GTI encarregado de definir as delimitações de terras indígenas. Assim, entre março de 1983 e março de 1985, o GTI só havia aprovado 14 das 50 propostas de delimitação recebidas da FUNAI (Oliveira Filho & Almeida 1985).

A partir de 1988, com a publicação da nova Constituição Federal inicia – se uma nova concepção de Política indigenista que tem como intuito superar a ideologia preconceituosa da incapacidade dos indígenas. Aos povos indígenas foi reconhecido o protagonismo político na garantia e na efetivação dos seus direitos e a participação no desenvolvimento de políticas públicas de seu interesse. Com isso, numerosos órgãos governamentais e não-governamentais passaram a atuar nos diversos campos da ação indigenista, o que permitiu o surgimento de programas específicos gerenciados por diferentes instituições.

Os indígenas após a Constituição de 1988

A Constituição de 1988 rompeu com a herança tutelar originada no Código Civil de 1916, mudando o status dos índios, permitindo que individualmente ou através de suas organizações ingressassem em juízo para defender seus direitos e interesses.A Constituição Federal de 1988 rompeu a perspectiva integracionista estabelecida desde o SPI, às terras indígenas seriam definidas desde então como aquelas que possibilitam a reprodução dos índios, isto é, aquelas “necessárias a sua preservação física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições” (Brasil. Leis, 1993, p.16).

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A proximidade da reunião internacional sobre meio ambiente, a ECO-92, que foi realizada no Rio de Janeiro, estimulou a política de identificação e demarcação de terras no início dos anos 90. Como consequência da reunião, iniciou-se o financiamento internacional de programas para a proteção da floresta tropical. O “Programa piloto para a proteção das florestas tropicais do Brasil” (PPG-7) possibilitou a criação do Projeto Integrado de Proteção às Populações e Terras Indígenas da Amazônia Legal (PPTAL), responsável pela demarcação das terras indígenas dessa região nos anos 90.

Na metade dos anos 90, o procedimento de identificação e demarcação de terras indígenas passaria por uma nova interferência, com a edição do Decreto nº 1.775 (8/1/1996) regulamentando novamente o procedimento administrativo de demarcação de terras indígenas, instituindo a introdução do “contraditório” ainda no percorrer do processo administrativo. Por esse princípio, os procedimentos de demarcação de terras devem ser transparentes e levar em consideração os argumentos e a documentação reunida e apresentada à FUNAI pelas partes que se sentem prejudicadas em seus direitos.

É importante destacar que, ainda hoje, os Akwẽ -Xerente encontram-se lutando para a manutenção de seu território, já que continua a pressão colonizadora sobre seu território. A diferença é que, nos dias atuais, dominam ainda mais as nuanças que determinam o avanço colonizador. Do mesmo modo, fruto de sua própria persistência e resistência, vêm explicitando uma identidade própria, o que confere a eles maior força para serem reconhecidos em seus direitos.É necessário que se reafirme, a cada oportunidade, os direitos históricos que os povos indígenas das terras americanas possuem sobre os territórios que ocupam desde tempos imemoriais. As permanentes invasões sobre as terras indígenas também têm se dado nos campos jurídico e ideológico.

A criação do Estado de Tocantins foi conquistada principalmente a partir de uma grande pressão de grupos de poder com base de formação na propriedade da terra. Determinou-se inicialmente para sua capital provisória o Município de Miracema do Tocantins.

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Os Akwẽ -Xerente conquistaram a sua primeira área demarcada, denominada nos documentos pela FUNAI como “Área Grande”. Entretanto, a área que compreendia a aldeia Funil ficou de fora, o que fomentou a continuidade dos conflitos. Somente em 1976, quando ocorre um desentendimento entre os Akwẽ -Xerente e os posseiros que resultou em cinco mortes, acontece a demarcação e homologação da área Funil. O território dos Akwẽ -Xerente localiza-se atualmente no cerrado do Estado do Tocantins, na banda leste do rio Tocantins a uma distância de 70 km da capital de Palmas e possui uma população aproximadamente de 3.000 índios de acordo com censo de 2010 do IBGE.

A cidade de Tocantínia, localizada entre as duas terras indígenas, foi ao longo do século XX, palco de tensões entre a população local nãoindígena e os Akwẽ -Xerente. Os problemas que podemos elencar nas observações e na falas de alguns indígenas estão relacionados com a problemática relacionada a precariedade da política de saúde pública; ausência de saneamento básico dentro das aldeias. Os outras preocupações dos indígenas é a permanecia e valorização da cultura pelos jovens, que tem apresentados mais interesse na cultura não- indígena, e deixando de dar atenção aos cânticos, mitos e relatos dos mais velhos. Foram relato também que o índice do alcoolismo e de drogas ilícitas crescem drasticamente dentro das aldeias.

BIBLIOGRAFIA

CARNEIRO DA CUNHA, M. 1984. Ofensivas contra os direitos indígenas. Povos

indígenas no Brasil 1983. Aconteceu Especial. São Paulo, (14).

CHAIM, Marivone Matos. Aldeamentos indígenas: Goiás, 1749-1811/Marivone Matos Chaim.- 2ª.ed. rev.-São Paulo: Nobel; [Brasília]: INL, Fundação Nacional Pró-Memória, 1983.

OLIVEIRA FILHO, I. P. de & ALMEIDA, A. W. B. de 1985. Demarcações: uma avaliação do Grupo de Trabalho Interministerial. Povos indígenas no Brasil 1984

Aconteceu Especial, São Paulo, (15)

_________________. Demarcação e reafirmação étnica: um ensaio sobre a FUNAI. In: OLIVEIRA FILHO, J. P. de (org.).

OLIVEIRA REIS, Francisco Carlos. Aspectos do contato e formas socioculturais da

sociedade Akwen-Xerente (Jê). Dissertação de Mestrado. Brasília/DF: UnB, 2001.

________________. Os rituais de nominação Xerente e o contexto de contato com a

sociedade brasileira. In. Peirano, Marisa G. S. (Org.). Série Antropologia: 283 Análises de Rituais. Brasília/DF: UnB, 2000.

RIBEIRO, Darcy. “Culturas e Línguas Indígenas do Brasil”, Educação e Ciências Sociais (Rio de Janeiro, 1957), 1-102.

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RONDON, Cândido Mariano da Silva. Pelos nossos aborígenes. Rio de Janeiro: Papelaria Macedo, 1915.

SOUZA LIMA, Antônio Carlos de. “Poder tutelar e formação do Estado no Brasil: o Serviço de Proteção aos Índios e Localização de Trabalhadores Nacionais na Primeira República”. Cadernos de Memória, Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.82-91, out. 96/mar. 97. (Museu da República/IPHAN).

AGRADECIMENTOS

Agradeço a população indígena pela contribuição no desenvolvimento da pesquisa. À minha professora orientadora Msc. Layanna Giordana Bernardo Lima, pela atenção, dedicação na elaboração desse trabalho.

Referências

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