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Danos morais no direito do consumidor e punitive damages:

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Academic year: 2021

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erraço Mestrando em Internacionalização, Trabalho e Sustentabilidade pela Faculdade de Direito da UnB –

Universidade de Brasília. Graduado em Direito pela Faculdade de Direito de Vitória – FDV. andreaugusto.gf@gmail.com

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ritto Mestre em Direitos e Garantias Fundamentais pela FDV, Pós-Graduado em Direito do Consumo e em Direito Penal Econômico pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e Pós-Graduado em Direitos Fundamentais e Transformação do Estado pela Universidad Carlos III de Madrid. Foi Coordenador Geral de Estudos e Monitoramento de Mercado na Secretaria Nacional do Consumidor – Ministério da Justiça. Atuou como Presidente do PROCON do Espírito Santo. Colaborador voluntário da Associação Portuguesa de Defesa do Consumidor (Coimbra, Portugal) e pesquisador convidado do Centro de Estudos do Consumo da Universidad de Castilla-La Mancha. Professor do IESB Centro Universitário (Brasília), consultor do IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor e advogado. igorbritto@procon.es.gov.br

Recebido: 13.06.2016 Pareceres: 27.09.2016 e 27.09.2016

áreado direito: Consumidor; Civil.

resumo: O artigo analisa, pela ótica

jurídico-so-ciológica, a função dissuasora da indenização por dano moral no contexto das relações consume-ristas contemporâneas, os principais aspectos do dano moral e da teoria americana dos punitive damages, assim como discorre sobre a (im)pos-sível adoção da teoria em comento, tendo como parâmetro o contexto socioeconômico brasileiro, primando pelo princípio da dignidade da pes-soa humana e os objetivos do Estado brasileiro

AbstrAct: This article analyzes by the legal and

sociological perspective, the deterrent function of compensation for off-balance sheet damage in the context of contemporary relationships, the main aspects of moral damage and the American theory of punitive damages, as well as the (im) possible adoption of theory under discussion, having as a parameter the Brazilian socio-economic peculiarities, giving priority to the principle of human dignity and the Brazilian government’s

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constitucionalmente assegurados. Com base na revisão bibliográfica dos textos legais vigentes e de doutrinas especializadas em filosofia, socio-logia, direito civil e consumerista brasileiro, as-sim como da jurisprudência, tem-se o escopo de analisar em que medida e situações é possível a adoção da teoria em comento pelo ordenamento pátrio, a fim de que se alcance o objetivo de pa-cificação social.

pAlAvrAs-chAve: Direito do consumidor – Direito

civil – Danos morais – Punitive damages – Inde-nização pedagógica.

objectives constitutionally guaranteed. Based on a literature review of legal texts and specialized doctrines in philosophy, sociology, civil and Brazilian consumerist law, as well as the case law of the suprem courts, the paper has the objective to analyze to what extent and situations it is possible to apply the punitive damages theory, so as to achieve the objective of social pacification proposed by the Brazilian law.

keyworDs: Consumer law – Civil Law – Moral

damage – Punitive damages – Pedagogical compensation.

SumáRio: 1. Introdução. 2. Danos morais no ordenamento jurídico brasileiro. 3. Punitive

damages como alternativa indenizatória. 4. Uma proposta de aplicação da teoria dos puni-tive damages no ordenamento jurídico brasileiro. 5. Conclusão. 6. Referências.

1. I

ntrodução

A massificação das relações sociais acarreta na intensificação dos conflitos de interesses, sendo, portando, salutar ao Direito apresentar institutos jurídi-cos para a persecução da função social pacificadora.

Sabe-se que princípios são “mandamentos de otimização”. Em tal medida, todos os meios possíveis para sua eficaz incidência deverão ser utilizados a fim de que se garanta a efetividade constitucional à dignidade da pessoa humana e aos princípios personalíssimos.

O ponto mais conturbado da responsabilidade civil talvez seja a busca por critérios adequados à atribuição de valor monetário nas indenizações por da-nos morais. A valoração do imaterial, em uma seara científica de legado dog-mático, nunca foi algo simples de ser pacificado entre os operadores do direito e, em contrapartida, a subjetividade intrínseca do instituto não possibilita, até então, que o legislador estabeleça parâmetros fixos de quantificação.

Sobre esse aspecto, o estudo se apropria da Teoria dos Punitive Damages como proposta para solução de tal problemática. Pretende-se discutir sobre a aplicação da teoria nas ações consumeristas por danos morais, pois, em-bora o ordenamento jurídico brasileiro não tenha contemplado tal instituto, esse tem sido ampla e progressivamente aplicado pelo Superior Tribunal de Justiça, ainda que com ressalvas, diante da vedação ao enriquecimento sem causa.

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Os principais objetivos da indenização punitiva são a punição e, princi-palmente, a prevenção. Tais finalidades servem como forte instrumento de combate ao lucro ilícito do ofensor, contribuindo para o sadio e equilibrado desenvolvimento das relações de consumo e atuando na defesa daqueles hipos-suficientes nas relações contratuais.

A aplicação do instituto é necessária em situações em que as finalidades pretendidas pelo mesmo sejam relevantes, em razão da presença de lesão fun-dada em conduta socialmente reprovável por dolo ou culpa grave do ofensor, ou devido à obtenção de lucro ilícito do ofensor contumaz.

Ressalta-se que a atribuição da indenização compensatória e da indenização punitiva deva ocorrer separadamente, para que sobre esta possam os tribunais de alçada exercer um melhor controle, em razão da reprovabilidade da conduta e da coerente aplicação dos postulados da razoabilidade da proporcionalidade.

O quantum debeatur deve considerar, dentre as possíveis circunstâncias, o grau da culpa ou a intensidade do dolo do agente, gravidade do dano em fun-ção do interesse jurídico tutelado, as condições pessoais do ofensor e da vítima (quando específicas), a capacidade econômico-financeira do ofensor e o lucro auferido com o ato ilícito.

É inviável, e contraditória à noção de dano moral e dignidade humana, a regulamentação do instituto por meio de parâmetros rígidos e objetivos à sua incidência, o que tendem a acarretar na restrição ao cabimento, o que ocasio-naria em uma proteção insuficiente aos mais variados atributos da personali-dade, em constante construção.

Ao abdicar do uso do instituto, o judiciário perde a oportunidade de con-ferir nova feição mais eficaz às ações indenizatórias por danos morais, o que possibilitaria condenações vultosas àqueles infratores contumazes. Tal posicio-namento auxilia a desembaraçar diversos tribunais brasileiros, pois, a “indús-tria dos danos morais”, que tanto abarrota as serventias judiciais, é alimentada por práticas danosas, que o caráter pedagógico dos punitive damages tem o fito de inibir.

6. r

eferênCIas

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138 Revistade diReitodo ConsumidoR 2017 • RDC 110

P

eSquiSaS do

e

ditorial

Veja também Doutrina

Punitive damages no direito brasileiro, de Luciana de Godoy Penteado Gattaz – RT 964/191-214 (DTR\2016\231); e

• Uma nova proposta para a diferenciação entre o dano moral, o dano social e os punitive damages, de Silvano José Gomes Flumignan – RT 958/119-147 (DTR\2015\10819).

Referências

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